AGRAVO INTERNO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 164371-96.2016.8.09.0000 (201691643718) COMARCA DE GOIÂNIA AGRAVANTE : SINDICATO DOS TRABALHADORES NO SERVIÇO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS AGRAVADO : SECRETÁRIO DE GESTÃO E PLANEJAMENTO DO ESTADO DE GOIÁS RELATOR : Juiz ROBERTO HORÁCIO REZENDE EMENTA: AGRAVO INTERNO EM MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO LIMINAR. DEMONSTRAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS NECESSÁRIOS. JUÍZO DE RETRATAÇÃO EXERCIDO NO AGRAVO INTERNO. I - Não há falar em violação ao princípio da dialeticidade, quando o recurso encontra-se devidamente fundamentado, contendo os motivos de fato e de direito pelos quais se requer um novo julgamento da questão, em impugnação específica à decisão guerreada. II - Demonstrada a coexistência dos requisitos autorizadores para a concessão da decisão liminar em mandado de segurança, quais sejam o fumus boni juris e o periculum in mora, a teor do artigo 7º, III da lei nº 12.016/09, revela-se comportável o acolhimento da medida reclamada liminarmente. AGRAVO INTERNO CONHECIDO E PROVIDO. RETRATAÇÃO EFETIVADA. DECISÃO MONOCRÁTICA Trata-se de Mandado de Segurança coletivo impetrado pelo SINDICATO DOS TRABALHADORES NO SERVIÇO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS contra ato atribuído ao MS 164371-96.2016.8.09.0000 (201691643718) 11 Página 1 de 7
SECRETÁRIO DE GESTÃO E PLANEJAMENTO DO ESTADO DE GOIÁS, consubstanciado na preterição às disposições da Lei Estadual nº 19.019/2015 e do Decreto Regulamentar nº 8465/2015, que estabelecem as diretrizes para o controle de frequência dos servidores públicos integrantes da administração direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo. Após a distribuição dos autos, foi indeferida a pretensão liminar, diante da não demonstração do pressuposto do fumus boni iuris. Não se conformando com o referido decisum, o SINDICATO DOS TRABALHADORES NO SERVIÇO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS interpõe o presente Agravo Interno, com fulcro no artigo 1.021 do Código de Processo Civil/15 e no artigo 364 e seguintes do Regimento Interno do (fls. 62/67). Em suas razões recursais, observa que a decisão agravada merece ser reconsiderada, sobrelevando que os descontos realizados na folha de pagamento de abril de 2016, de fato, correspondem aos atrasos dos meses de novembro e dezembro de 2015. Assevera, para tanto, ter colacionado, juntamente com o presente recurso, os comprovantes de frequência dos meses de janeiro, fevereiro, março e abril de 2016. MS 164371-96.2016.8.09.0000 (201691643718) 11 Página 2 de 7
Pondera, assim, que demonstrada a ilegalidade e arbitrariedade que macula o ato praticado pelo agravado, consistente no desconto do valor dos minutos na remuneração ou subsídio dos servidores, mesmo com a compensação no mesmo mês e/ou mês subsequente, dos atrasos ou saídas antecipadas, respeitando o limite de 08 (oito) ocorrências mensais (fls. 66). Menciona, nesses termos, a presença dos pressupostos necessários à concessão da medida liminar. A par desses considerações, requesta a reconsideração da decisão liminar, a fim de que seja deferida a ordem liminar, para determinar à autoridade coatora que se abstenha de descontar da remuneração ou subsídio dos servidores públicos do Estado de Goiás o valor correspondente aos atrasos ou saídas antecipadas, compensados no mês subsequente, respeitado o limite de 08 (oito) atrasos mensais, até o julgamento final do mandamus. Colaciona documentos às fls. 68/91. Preparo satisfeito às fls. 92. Devidamente instada, a Procuradoria Geral do Estado de Goiás, órgão de representação da pessoa jurídica interessada, MS 164371-96.2016.8.09.0000 (201691643718) 11 Página 3 de 7
apresentou contrarrazões às fls. 108/110. Na oportunidade, preliminarmente, altercou que o recurso não merece ser conhecido, porquanto a parte recorrente não impugnou de forma específica os fundamentos da decisão agravada. No mérito, defendeu o desprovimento do agravo interno. É, em síntese, o relatório. Decido. Em proêmio, impende ressaltar que, ao contrário do asseverado nas contrarrazões, não há falar em violação ao princípio da dialeticidade. No caso, verifica-se que as razões recursais de fs. 62/67, estão devidamente fundamentadas, contendo os motivos de fato e de direito pelos quais se requer um novo julgamento da questão, em impugnação específica à decisão guerreada. Feitas essas digressões, presentes os pressupostos de admissibilidade da irresignação, dela conheço, rememorando que o recurso de agravo interno tem por fundamento o artigo 1.021 do Código de Processo Civil/15, que assim dispõe: Art, 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal. ( ) MS 164371-96.2016.8.09.0000 (201691643718) 11 Página 4 de 7
2º. O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator levá-lo a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta.. (Negritei) Pois bem. Do exame acurado da matéria vertida neste agravo interno, vislumbro motivos para alterar a decisão censurada. Conforme previsto na Lei nº 19.019/15 e no Decreto 8.465/15, os servidores públicos estaduais que não cumprirem integralmente a jornada diária a que estão sujeitos, em virtude de atrasos ou saídas antecipadas, terão descontados de sua remuneração ou subsídio diário o valor dos minutos correspondentes a tais ocorrências, com a ressalva de que poderão compensar, sem perda da respectiva remuneração ou subsídio, até o mês subsequente, os atrasos ou as saídas antecipadas, limitada a 8 (oito) ocorrências mensais. Na espécie, a decisão de fls. 53/59 indeferiu a pretensão liminar com lastro na premissa de que não há elementos probatórios suficientes a demonstrar que os descontos efetuados na folha de pagamento do mês de abril de 2016 referem-se exatamente às faltas computadas nos meses de novembro e dezembro de 2015, porquanto não foram colacionados os demonstrativos de frequência e compensação dos meses de janeiro, fevereiro, março e abril de 2016. Contudo, da análise dos documentos trazidos pelo MS 164371-96.2016.8.09.0000 (201691643718) 11 Página 5 de 7
recorrente em sua peça recursal (fls. 68/91), depreende-se que os descontos efetuados na folha de pagamento do mês de abril de 2016, de fato, concernem às faltas apuradas nos meses de novembro e dezembro de 2015. Ao que consta, no mês de abril de 2016, vários servidores substituídos sofreram, em sua remuneração, o desconto dos minutos correspondentes aos atrasos relativos aos meses de novembro e dezembro de 2015, mesmo com a compensação dos minutos no mesmo mês ou no mês subsequente, respeitando o limite de 08 (oito) ocorrências mensais. Assim, a princípio, resta evidenciada preterição às disposições da Lei Estadual nº 19.019/2015 e do Decreto Regulamentar nº 8465/2015, que estabelecem as diretrizes para o controle de frequência dos servidores públicos integrantes da administração direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo. Nesse contexto, vislumbro o preenchimento do requisito do fumus boni iuris, tendente à concessão da medida liminar. Por outro lado, patente a existência do periculum in mora, porquanto demonstrado que o retardamento da prestação jurisdicional aos servidores públicos substituídos pode causar-lhes prejuízos remuneratórios. MS 164371-96.2016.8.09.0000 (201691643718) 11 Página 6 de 7
De tal sorte, conheço do Agravo Interno interposto e, ao analisar a relevância dos motivos invocados, faço uso das prerrogativas que me conferem os artigos 1.021, 2º, do Código de Processo Civil/15, e 364, 3º, do Regimento Interno, deste Tribunal de Justiça, para reconsiderar a decisão proferida às fls. 53/59 e conceder a pretensão liminar invocada, a fim de determinar à autoridade coatora que se abstenha de descontar da remuneração ou subsídio dos servidores públicos substituídos o valor correspondente aos atrasos ou saídas antecipadas, compensados no mês subsequente, respeitado o limite de 08 (oito) atrasos mensais, segunda as diretrizes previstas na Lei nº 19.019/15 e no Decreto 8.465/15, até o julgamento final do mandamus. Ato contínuo, determino a expedição de ofício à autoridade impetrada, comunicando o deferimento da medida liminar. Geral de Justiça. Após, colha-se o pronunciamento da Procuradoria Intimem-se. Cumpra-se. Goiânia, 13 de julho de 2016. ROBERTO HORÁCIO REZENDE Juiz Substituto em 2º Grau RELATOR MS 164371-96.2016.8.09.0000 (201691643718) 11 Página 7 de 7