Direito Processual Civil II - Turma A

Documentos relacionados
Direito Processual Civil II Exame de 1.ª Época 3.º ano Turma da noite Regência: Professor Doutor José Luís Ramos 7 de junho de minutos

António e Bernardete, brasileiros casados em regime de comunhão de adquiridos, domiciliados no

A) INTRODUÇÃO 7 1. Noção de direito processual civil 7 2. Princípios estruturantes do direito processual civil 11

Unificação das formas de processo tramitação da ação administrativa. Dinamene de Freitas Assistente da FDUL

Prática Processual Civil. Programa

Tópicos de correção. Responda de forma suscita, mas fundamentada, às seguintes questões (as questões são independentes entre si):

FASE DE FORMAÇÃO INICIAL - PROGRAMA DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL I I - ACESSO AO DIREITO II - ACTOS PROCESSUAIS DAS PARTES

COMISSÃO NACIONAL DE ESTÁGIO E FORMAÇÃO

UNIVERSIDADE DE MACAU FACULDADE DE DIREITO. Curso de Licenciatura em Direito em Língua Portuguesa. Ano lectivo de 2014/2015

nota à décima edição 5 prefácio 7 introdução 13 PARTE I ELEMENTOS DA AÇÃO DECLARATIVA 15

STJ tloz. BluaW!d DlnBd. O!J~t!SJaA!Un atua:loll. ope80apv. VNI03W'lV

Minuta de Ata de Missão que Esta Sociedade Segue nos Processos Arbitrais

FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA PROVA ESCRITA DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL II - TURMA A

PROVA ESCRITA NACIONAL DO EXAME FINAL DE AVALIAÇÃO E AGREGAÇÃO (RNE)

A IMPUGNAÇÃO DA SANÇÃO DISCIPLINAR - EM ESPECIAL, A AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DA REGULARIDADE E LICITUDE DO DESPEDIMENTO.

PROVA ESCRITA NACIONAL DO EXAME FINAL DE AVALIAÇÃO E AGREGAÇÃO 20 MAIO Área de Prática Processual Civil (5,5 Valores) GRELHA DE CORREÇÃO

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular DIREITO PROCESSUAL CIVIL DECLARATIVO Ano Lectivo 2014/2015

DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV 2015/2016 Mestrado Forense / Turma B (Rui Pinto) EXAME FINAL ( ) - Duração 2 h 30 m

Direito Processual Civil Declarativo Ano lectivo 2016/2017 Mariana França Gouveia

Direito Processual Civil Declarativo Ano lectivo 2015/2016 Mariana França Gouveia

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular DIREITO PROCESSUAL CIVIL DECLARATIVO Ano Lectivo 2013/2014

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL LEI 41/2013, DE 26/6

Direito Processual Civil Declarativo Ano lectivo 2013/2014 1º semestre Mariana França Gouveia

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular DIREITO PROCESSUAL CIVIL DECLARATIVO Ano Lectivo 2011/2012

1. SOLUÇÃO DE CONFLITOS 19

Critérios de correção I

Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa Regência: Professor Doutor José Luís Ramos Direito Processual Civil II (Noite) Ana Bernardo

Direito Processual Civil I - Turma A

UNIVERSIDADE CATÓLICA, LISBOA 27 DE NOVEMBRO DE 2015 Ana Celeste Carvalho

Defesa do réu. Espécies de defesa. 1. Matéria. I. Defesa contra o processo

ÍNDICE SISTEMÁTICO. Nota à 3ª edição. Apresentação à 1ª edição. Introdução. Capítulo I Petição Inicial

índice 5 nota introdutória à 2ª edição 13

nota prévia à 4.ª edição 5 nota prévia à 3.ª edição 7 nota prévia à 2.ª edição 9 nota prévia 11 abreviaturas 13

Direito Processual Civil I - Turma A

PROVA ESCRITA DE DIREITO E PROCESSO TRIBUTÁRIO

O Contencioso Administrativo

DA RESPOSTA DO RÉU. ESPÉCIES Contestação (Art. 300 a 303 do CPC); Reconvenção (Art. 315 a 318 do CPC); Exceção (Art. 304 a 314 do CPC).

Procedimentos no Novo CPC e Julgamento Conforme. Professor Zulmar Duarte

DIREITO PROCESSUAL CIVIL II PROFESSOR: BENEDITO MAMÉDIO TORRES MARTINS CH SEMESTRAL CH SEMANAL PRÉ-REQUISITO PERÍODO SEMESTRE 72 H 4 H DPC I

CPC adota TEORIA ECLÉTICA DA AÇÃO. Que parte de outras duas teorias: b) concreta: sentença favorável. Chiovenda: direito potestativo.

CRITÉRIOS DE CORREÇÃO

Aula 100. Providências preliminares:

MUNICIPÍO DE FERREIRA DO ZEZERE LISTAGEM DE PROCESSOS JUDICIAIS PENDENTES E SUA EVOLUÇÃO PROCESSUAL (Em cumprimento do artigo 25.º, n.º 2, alínea c),

Breviário de funções do secretário de justiça

Regulamento das Cus stas Processuais A Conta de Custas no Regulamento das Custas Processuais

Por iniciativa das partes (art. 262 Regra Geral). Princípio da Inércia. Princípio Dispositivo. Desenvolvimento por impulso oficial.

JUSTIÇA GRATUITA ATÉ 40% DO TETO DA PREVIDÊNCIA ART. 790, 3º E4º CLT. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA DEVIDOS ENTRE 5% E 15% - ART.

EXAME NACIONAL DE ACESSO AO ESTÁGIO GRELHAS DE CORRECÇÃO. I GRUPO Questões Obrigatórias (13,5 valores) II GRUPO Questões Opcionais (6,5 valores)

Processo Civil Prof. Darlan Barroso Aula de Respostas do Réu 2ª Fase Civil XXIII Exame de Ordem

A Tutela Cautelar no Procedimento e no Processo Administrativo. Conselho Regional de Lisboa da Ordem dos Advogados Lisboa, 31/01/2016

ÍNDICE GERAL. i n t rodução 5. ca pí t u lo i Garantias Administrativas 7

Práticas Processuais: Direito Civil

PROVA ESCRITA NACIONAL DO EXAME FINAL DE AVALIAÇÃO E AGREGAÇÃO (RNE)

Ficha de Unidade Curricular (FUC) de Direito Processual

Tópicos de correção. Daniel contesta dizendo apenas não tenho qualquer conhecimento dos factos que a Autora refere pelo que não devo ser condenado.

Prática Processual Civil I 30 de Janeiro de 2009

DICAS IMPORTANTES PARA A RE

SUMÁRIO CAPÍTULO 1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Responda, sucinta e fundamentadamente, às questões seguintes:

Tribunal Administrativo de Círculo de Capital. Rua da Meditação Colectiva, nº Capital

RECURSOS JURISDICIONAIS

AS CONTAS NAS CUSTAS PROCESSUAIS

PROVA ESCRITA NACIONAL DO EXAME FINAL DE AVALIAÇÃO E AGREGAÇÃO (RNE)

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA PRÁTICA FORENSE EM DIREITO DO CONSUMIDOR

Simulado Aula 04 TJ-RS PROCESSO CIVIL. Prof. Guilherme Koenig

PROVA ESCRITA NACIONAL DO EXAME FINAL DE AVALIAÇÃO E AGREGAÇÃO (RNE)

Introdução 11 1 A prova 11 A) Na realidade da vida 11 B) No direito 13

[ ], Advogado, com domicilio profissional [ ], em[ ], portador da cédula profissional [ ];

Código de Processo Penal Disposições relevantes em matéria de Comunicação Social

SUMÁRIO. Capítulo 2 JUSTIÇA DO TRABALHO E MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO 2.1 Organização da Justiça do Trabalho... 87

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. Fase Ordinatória. Professor Rafael Menezes

Regulamento das Custas Processuais Procedimentos a observar na tramitação das secretarias judiciais CFFJ

Acórdão Estradas de Portugal, Matéria de Facto e Realização da Justiça. Anabela Russo 31 de Janeiro de 2018

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

AGRADECIMENTOS INTRODUÇÃO... 19

Novo CPC Contestação Modelo

COMISSÃO NACIONAL DE ESTÁGIO E FORMAÇÃO PROGRAMA

LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÃO DOS PROCESSOS EXECUTIVOS

FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA DIREITO PROCESSUAL CIVIL II: A ACÇÃO DECLARATIVA Parte II (3.º ANO- Noite) PROGRAMA E BIBLIOGRAFIA

TRIBUNAL ARBITRAL DE CONSUMO

Petição Inicial I. Professor Zulmar Duarte

ÍNDICE GERAL ABREVIATURAS E SIGLAS USADAS APRESENTAÇÃO DA 19ª EDIÇÃO PREFÁCIO EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

MÓDULO DE PROCEDIMENTO E PROCESSO ADMINISTRATIVO

estrada municipal; insc. mat. art (VP Aguiar).

SUMÁRIO. Capítulo 2 JUSTIÇA DO TRABALHO E MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO 2.1 Organização da Justiça do Trabalho... 59

RECURSOS CIVIS. RECURSOS CIVIS Aula 4 Temas: I) PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL - Parte 2 Prof.: Denis Domingues Hermida

Curso Preparatório para o Concurso Público do TRT 12. Noções de Direito Processual Civil Aula 5 Prof. Esp Daniel Teske Corrêa

PROVA ESCRITA NACIONAL DO EXAME FINAL DE AVALIAÇÃO E AGREGAÇÃO

Em janeiro de 2016 Adolfo e Basílio celebraram, na casa de férias do primeiro, em Silves, um contrato

V CURSO DE FORMAÇÃO PARA ESTAGIÁRIOS DA ORDEM DOS NOTÁRIOS 18 DE MAIO DE 2018 TRAMITAÇÃO DO PROCESSO DE INVENTÁRIO

SUMÁRIO. Capítulo 2 JUSTIÇA DO TRABALHO E MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO 2.1 Organização da Justiça do Trabalho... 83

TRIBUNAL CONSTITUCIONAL ACÓRDÃO N. 116/2010. Acordam em Conferência, no plenário do Tribunal Constitucional:

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA PROVAS. Artigos 369 a 380 do Código de Processo Civil. Aula 68

Resposta do Réu e o novo CPC

NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E A CLT (DA CONTESTAÇÃO)

Transcrição:

Direito Processual Civil II - Turma A Regência: Professor Doutor Miguel Teixeira de Sousa 28 de Julho de 206 Duração: 2 horas Em de Janeiro de 206, A e B celebraram em Lisboa com C um contrato-promessa de compra e venda de um apartamento de C sito em Cascais, destinado a servir de casa de morada de família para o casal. O preço foi fixado em 400.000,00, estipulando-se ainda o pagamento de um sinal no montante de 00.000,00 a ser entregue a C em de fevereiro de 203. Nos termos do contrato-promessa, a escritura de compra e venda deveria ser celebrada em Lisboa, no dia 0 de abril. Não tendo C comparecido no cartório notarial para celebrar o contrato prometido, A instaura contra C, na secção cível da instância central do Tribunal da Comarca de Lisboa, uma ação em que pede (i) a execução específica do contrato-promessa ou (ii) o pagamento do sinal em dobro pelo incumprimento do contrato-promessa. Na contestação, C afirma que não compareceu no cartório notarial, uma vez que não recebera o sinal que A e B se obrigaram a entregar até ao dia de fevereiro de 206, pelo que pede (i) a absolvição do pedido; (ii) a resolução do contrato celebrado com os Promitentes-Compradores; ou, caso assim não se entenda, (iii) a condenação dos Promitentes-Compradores no pagamento do valor do sinal. Não tendo sido apresentados outros articulados, e após a realização de audiência prévia, o Tribunal profere despacho saneador, no qual refere que as Partes são legítimas, o Tribunal é competente e não existem nulidades processuais e fixa o seguinte tema de prova: Entrega de 00.000,00 por A e B a C em de fevereiro de 203. Na sequência da notificação das partes do despacho saneador, A, que não tinha apresentado rol de testemunhas nem requerido quaisquer meios de prova na petição inicial, pretende agora requerer apenas o seguinte para prova do pagamento antecipado do preço por meio de sinal: (i) depoimento de parte de C, com a expressa menção no despacho de admissão do requerimento de prova de que a não colaboração do Réu determinará a inversão do ónus da prova; e (ii) prova testemunhal de B. Finda a audiência final, o Tribunal julga o quesito n.º por não provado e absolve o Réu da instância por ilegitimidade activa fundamentando que Berta também deveria ter proposto a ação, caso em que nunca poderia ter sido arrolada como testemunha. Responda fundamentadamente a cada uma das seguintes questões:. Analise a admissibilidade dos pedidos formulados pelas partes na presente ação. (4 v.) 2. C considera que que o Tribunal cometeu um erro ao fixar aquele tema de prova. Tem razão? O que deve fazer? (3 v.). 3. Seria o requerimento probatório de A admitido? Se fosse advogado de C, o que diria acerca da

apresentação destes únicos meios de prova para prova daquele facto? (4 v.) 4. A considera que o Tribunal cometeu um erro ao proferir a sentença, por a questão da legitimidade não só não ter sido alegada por nenhuma das partes, e por já ter sido afirmada pelo Tribunal a regularidade da instância. Tem razão? (4 v.) 5. Admita que A, após ter sido notificado da prolação de sentença que julga improcedente a sua pretensão, apresenta requerimento junto do Tribunal, no qual se afirma que A já não pretende prosseguir com a exigência judicial do seu direito. O requerimento está assinado pelo mandatário de António que tem procuração forense que lhe "confere todos e os mais amplos poderes forenses". Quid juris? (3 v.) 6. Imagine agora que aquela sentença foi revogada pelo Tribunal da Relação de Lisboa e que o Tribunal de Comarca reformula a decisão condenando A a entregar a C o valor do sinal prometido. Imagine também que uma semana depois da notificação da decisão, A e B apresentam uma nova ação contra C no qual solicitam a resolução do contrato de compra e venda por perda do interesse objetivo na celebração do contrato. Quid juris? (2 v.)

TÓPICOS DE CORREÇÃO. Analise a admissibilidade dos pedidos formulados pelas partes na presente ação. (4 v.) - Identificação da cumulação alternativa dos pedidos de A e justificação da qualificação. 0,25 - Verificação dos requisitos da cumulação alternativa no caso concreto: i. Alternatividade substantiva; ii. Compatibilidade processual: competência absoluta e adequação das formas de processo;,25 iii. A conexão objetiva está garantida se existir alternatividade substantiva. - Concluir pela não verificação do requisito da alternatividade substantiva na posição do Senhor Professor Miguel Teixeira de Sousa. - Identificação de dois pedidos reconvencionais - (ii) e (iii) em cumulação subsidiária e justificação das qualificações. - Verificação dos requisitos de admissibilidade de cada um dos pedidos reconvencionais no caso concreto: i. Não exclusão por lei; ii. Compatibilidade processual: competência absoluta e adequação das formas de processo; iii. Conexão objectiva; iv. Compatibilidade procedimental. - Verificação dos requisitos da cumulação subsidiária no caso concreto: i. Compatibilidade processual: competência absoluta e adequação das formas de processo; ii. Não se exige a compatibilidade substantiva. 0,5 2. C considera que que o Tribunal cometeu um erro ao fixar aquele tema de prova. Tem razão? O que deve fazer? (3 v.). C invoca, na contestação, exceção de não cumprimento do contrato, tratando-se de uma exceção perentória modificativa. Esta defesa dá ao autor direito de resposta. A inclusão do cumprimento da prestação pelo autor como tema de prova dependeria da sua impugnação. Note-se que, não obstante o art. 584.º, a doutrina tem entendido que, quando há motivo para apresentar réplica (como é o caso, para resposta aos pedidos reconvencionais) o autor deve aproveitar o articulado para responder também às exceções. Ponderação das consequências de A não ter apresentado réplica e da possibilidade de vir ainda responder à exceção no início da audiência prévia. Concluindo-se que A não havia impugnado a exceção, o não cumprimento da prestação ficaria admitido por acordo. Aplicação fundamentada de todo o art. 574.º/2. Assim, este facto não deveria constar do despacho que fixa os temas da prova. Caso as Partes discordem da fixação dos temas da prova, deverão reclamar da mesma, neste caso com fundamento em excesso, e, em caso de indeferimento, recorrer daquele despacho juntamente com a decisão final. 0.5 0.5 3. Seria o requerimento probatório de A admitido? Se fosse advogado de C, o que diria acerca da

apresentação destes únicos meios de prova para prova daquele facto? (4 v.) Analisar a admissibilidade do requerimento probatório e o prazo da sua apresentação, considerando que houve audiência prévia (art. 598.º) Prova testemunhal: i. Inadmissibilidade da prova testemunhal para prova dos factos extintivos das obrigações (art. 395.º CC); - 0.5 ii. Sem prejuízo, possibilidade da testemunha recusar a prestação de depoimento; - 0.5 iii. A prova testemunhal é apreciada livremente pelo Tribunal (art. 396.º do CC).- 0.5 Prova por confissão: i. Admissibilidade do depoimento de parte 0.5 ii. A confissão tem força probatória plena, desde que reduzida a escrito - 0.5 iii. Insusceptibilidade de inversão do ónus da prova, atento o disposto nos arts. 357.º, n.º 2, CC e 47.º, n.º 2, CPC 0.5,5,5 4. A considera que o Tribunal cometeu um erro ao proferir a sentença, por a questão da legitimidade não só não ter sido alegada por nenhuma das partes, e por já ter sido afirmada pelo Tribunal a regularidade da instância. Tem razão? (4 v.) Análise do disposto no Art. 595.º, n.º 3, primeira parte do CPC e confrontação com o despacho saneador do enunciado na parte em que se refere a As Partes são legítimas, o Tribunal é competente e não se verifica nenhuma nulidade processual. Concluir pela não formação de caso julgado formal. - Discutir a aplicação do Art. 65.º/d) do CPC (nomeadamente o conceito de questões de que não podia tomar conhecimento ) e suas consequências; - Concluir que pese embora o Réu não tenha invocado a ilegitimidade ativa, trata-se de uma questão de conhecimento oficioso, que tem de ser sempre conhecida pelo Tribunal. Relacionar com a nulidade da sentença. - Análise da validade de uma decisão surpresa e determinação das suas consequências; - Análise da existência de um dever do juiz de providenciar pela sanação da falta de pressupostos processuais. - Aplicação do regime das nulidades processuais e sua relação com o regime das nulidades previstas no Art. 65.º do CPC; 2 0,5 5. Admita que A, após ter sido notificado da prolação de sentença que julga improcedente a sua pretensão, apresenta requerimento junto do Tribunal, no qual se afirma que A já não pretende prosseguir com a exigência judicial do seu direito. O requerimento está assinado pelo mandatário de António que tem procuração forense que lhe "confere todos e os mais amplos poderes forenses". Quid juris? (3 v.) - Qualificar, fundamentadamente, o negócio processual em causa, aplicando as regras de interpretação dos negócios jurídicos. Dependendo da justificação apresentada, pode aceitar-se a qualificação como desistência da instância ou do pedido. - O mandatário de António não tinha poderes especiais para desistir, sendo aplicável neste caso o disposto no artigo 29.º/3. - Análise da admissibilidade e dos efeitos deste negócio processual no momento em que foi realizado, tendo em conta que a sentença ainda não transitou em julgado.

6. Imagine agora que aquela sentença foi revogada pelo Tribunal da Relação de Lisboa e que o Tribunal de Comarca reformula a decisão condenando A a entregar a C o valor do sinal prometido. Imagine também que uma semana depois da notificação da decisão, A e B apresentam uma nova ação contra C no qual solicitam a resolução do contrato de compra e venda por perda do interesse objetivo na celebração do contrato. Quid juris? (2 v.) - Momento do trânsito em julgado da decisão. - Efeitos do trânsito em julgado da decisão. - Delimitação dos limites temporais do caso julgado. Determinação se a perda do interesse objetivo constitui um facto novo e suas consequências.