1. A SEGURIDADE SOCIAL

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Transcrição:

Cap. 2 C 2 A S S B SUMÁRIO 1. A Seguridade Social 2. Saúde 3. A Assistência Social 4. A Previdência Social 5. Questões comentadas de concursos públicos 6. Questões de concursos 1. A SEGURIDADE SOCIAL Como dissemos no capítulo anterior, a Constituição Federal de 1988 foi a primeira constituição brasileira que introduziu no seu texto o conceito de seguridade social. A Seguridade social brasileira, como prevê a Constituição de 1988, no art. 194, caput, é um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos fundamentais relativos à saúde, à previdência e à assistência social. O termo seguridade foi trazido pelo constituinte de 1988, a partir do termo espanhol seguridad. Por isso, em Portugal fala-se em segurança social. Para nosso estudo, seguridade e segurança social são expressões sinônimas. Da mesma forma, é comum chamar a previdência social de seguro social que, para nosso estudo, devem também ser compreendidas como sinônimos. Seguridade provém do latim securitate(m), decorrente de securitas, evidenciando a concepção de provisão para o futuro. Conforme preceitua o art. 194 da Constituição Federal, a Seguridade Social: COMPREENDE UM CONJUNTO INTEGRADO DE AÇÕES DE INICIATIVA DOS PODERES PÚBLICOS E DA SOCIEDADE, DESTINADAS A ASSEGURAR OS DIREITOS FUNDAMENTAIS RELATIVOS À SAÚDE, À PREVIDÊNCIA E À ASSISTÊNCIA SOCIAL. Daí, então, conclui-se com facilidade que a seguridade social é um gênero, do qual são espécies a previdência social, a assistência social e a saúde. Esse é conceito de Seguridade Social factível. Ensina MARTINS 1 que o Direito da Seguridade Social é um conjunto de princípios, de normas e de instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção aos indi- 1. MARTINS, Sérgio Pinto. Reforma da Previdência Social, in Revista da Previdência Social, ano XXIII, nº 299, p. 1224. 31

Adriana Menezes víduos contra contingências que os impeçam de prover as suas necessidades pessoais básicas e de suas famílias, integrado por ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, visando assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Importante ressaltar que, ainda, o seguro social é usualmente incluído como direito de segunda geração, por se tratar de direito social criado no século XIX. Já a seguridade, como grau máximo da proteção social, por materializar de modo mais evidente a solidariedade do sistema protetivo na atualidade, deve ser necessariamente inserida na terceira geração. A Seguridade Social é verdadeiro direito de terceira geração, já que é extensível a toda a sociedade, transcendendo o aspecto individual, à semelhança dos direitos clássicos de primeira geração. Essa posição é mantida dado o caráter universal do seu amparo. Há, também, o entendimento de que a seguridade social ostenta a natureza jurídica de direito fundamental de 2ª geração ou dimensão, devido à natureza coletiva dos direitos sociais 2. É de se registrar, no entanto, que a ordem social não esgota todas as ações, em favor da sociedade, mantidas pelo Estado. O constituinte de 1988, ao criar um Estado Social com amplas ações em prol da sociedade, não se limitou à previdência, à assistência e à saúde, mas também direcionou a ação estatal para outras áreas de interesse, como a educação. Por isso, apesar da seguridade social reunir as principais ações sociais do governo, não estão todas aí incluídas. A seguridade social é somente um componente (mas o principal) do Título Da Ordem Social da Constituição. Vale dizer, a seguridade social contempla ações que visam assegurar os direitos sociais à saúde, à previdência e à assistência social. No entanto, há outros direitos sociais, como educação, por exemplo, que não são contemplados pelo sistema de seguridade social. 2. SAÚDE A Saúde é, conforme dispõe o art. 196 da Constituição Federal, direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Não está o serviço de saúde sujeito à contribuição prévia do bene ciário de seu serviço, qualquer pessoa tem o direito de obter atendimento na rede pública 2. IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário, 19ªEd., Niterói: Editora Impetus, 2014. p. 4. 32

Cap. 2 e, atualmente, esse sistema possui organização totalmente distinta da previdência social. Isso signi ca que o usuário do sistema de saúde pública não necessita comprovar qualquer contribuição para o sistema de seguridade social para ser atendido. Independentemente de qualquer contribuição, tem-se o direito à saúde no Brasil. Com o novo modelo de saúde trazido pelo constituinte de 1988, não se exige daquele que vai receber o tratamento de saúde, pelo Poder Público, qualquer contribuição prévia ou mesmo que ele pertença a um sistema de previdência. É bom relatar que a confusão que muitas pessoas fazem entre os conceitos de previdência social e de prestação de saúde pelo Poder Público se deve ao fato de que, no modelo anterior à Constituição Federal de 1988, a proteção à saúde não era considerada um direito para todos, universal. As pessoas que tinham direito à prestação do serviço público de saúde eram aquelas vinculadas à Previdência Social, ou seja, o trabalhador que contribuía para a Previdência Social. Para exempli car, só eram atendidos por meio do INAMPS (Assistência Médica) os trabalhadores vinculados ao INPS (Previdência Social). A saúde, então, a partir da nova concepção trazida pela Constituição de 1988, é garantida mediante políticas sociais e econômicas, visando à redução do risco de doença e de outros agravos necessária para sua promoção, proteção e recuperação. As condições para implantação de tais ações da saúde, além de sua organização e de seu funcionamento, são objetos de regulamentação pela Lei nº 8.080/90. Ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único SUS, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: com direção única em cada esfera de governo; atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; e participação da comunidade. Percebe-se que, com a nova concepção das ações de saúde, o INAMPS não mais atendia ao comando constitucional e foi extinto em 1993. As ações de saúde passaram, então, para a responsabilidade direta do Ministério da Saúde, por meio do Sistema Único de Saúde SUS. O sistema único de saúde SUS é de nido pelo art. 4º da Lei nº 8.080/90 como um conjunto de ações e serviços de saúde prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direita e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público. Segundo a Constituição Federal de 1988, ao SUS compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: 33

Adriana Menezes controlar e scalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde, além de participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento cientí co e tecnológico e a inovação; scalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; participar do controle e scalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. O Sistema Único de Saúde é nanciado com recursos dos orçamentos da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. Caberá à lei ordinária de nir os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de assistência social da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos. A Lei nº 8.080/90, que dispõe sobre a organização e o funcionamento dos serviços de saúde, traz em seu art. 31 que o orçamento da seguridade social destinará ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a receita estimada, os recursos necessários à realização de suas nalidades, previstos em proposta elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos da Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias. É permitido aos gestores locais do sistema único de saúde admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos especí cos para sua atuação. O 5º do art. 198, alterado pela Emenda Constitucional nº 63/2010 dispõe que lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial pro ssional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência nanceira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial. 34

Cap. 2 É pertinente destacar que a Constituição Federal, em seu art. 198, 2º, determina que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem aplicar, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde, recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre suas arrecadações tributárias, além de parcela dos valores obtidos a partir de repasses da União, dos Estados e dos Fundos de Participação de Estados e Municípios. Esses percentuais mínimos deveriam ser xados em lei complementar, a qual, somente veio a ser editada e publicada em 16 de janeiro de 2012. Até o advento da Lei Complementar nº 141/2012, a Emenda Constitucional nº 29/2000 inseriu no art. 77 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias ADCT regras a serem cumpridas relativas à aplicação de recursos mínimos aplicados nas ações públicas de saúde, quais sejam: no caso da União, no ano de 2000, o montante empenhado em ações e serviços públicos de saúde, no exercício nanceiro de 1999, acrescentando-se, no mínimo, 5% (cinco por cento); para os anos de 2001 a 2004, seria o valor apurado no ano anterior, corrigido pela variação nominal do Produto Interno Bruto PIB; no caso dos Estados e do Distrito Federal, 12% do produto da arrecadação de impostos estaduais e dos recursos repassados pela União a título de imposto retido na fonte e os obtidos com o Fundo de Participação, deduzidas somente as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; no caso dos Municípios e do Distrito Federal, 15% do produto da arrecadação de impostos municipais e dos recursos repassados pela União (imposto retido na fonte e fundo de participação) e pelos Estados. Percebe-se que, mesmo após 2004, como não tinha sido aprovada a Lei Complementar nº 141/2012, as regras acima tiveram que ser respeitadas e aplicadas até que decorresse a referida lei. Com a publicação da Lei Complementar nº 141 de 13 de janeiro de 2012, as regras para a aplicação de recursos mínimos nas ações públicas de saúde passaram a ser as seguintes: A União deverá aplicar anualmente o montante correspondente ao valor empenhado em ações e serviços públicos de saúde, no exercício anterior, acrescido de, no mínimo, o percentual correspondente à variação nominal do Produto Interno Bruto PIB ocorrida no ano anterior ao da lei orçamentária anual; Os Estados deverão aplicar anualmente em ações e serviços públicos de saúde, no mínimo, 12% (doze por cento) dos recursos arrecadados com os impostos estaduais e com os repasses obtidos com os impostos de renda, IPI e Fundo de Participação dos Estados, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos municípios. Os municípios deverão aplicar anualmente em ações e serviços públicos de saúde, no mínimo, 15% (quinze por cento) dos recursos arrecadados com os 35

Adriana Menezes impostos municipais e com os repasses obtidos dos impostos da União e dos Estados e o Fundo de Participação dos Municípios. Mais tarde, com a publicação da Emenda Constitucional nº 86, de 17 de março de 2015, o art. 198 da Constituição Federal foi, novamente, alterado. Os recursos mínimos a serem aplicados anualmente em ações e serviços públicos de saúde pela União serão calculados sobre a receita corrente líquida do respectivo exercício nanceiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cento). Os Estados, Distrito Federal e Municípios continuarão a seguir o disposto na Lei Complementar nº 141/2012. A Constituição evidenciou, ainda, a possibilidade de assistência à saúde pela iniciativa privada. Vale dizer, a saúde não é exclusividade do Poder Público, podendo as instituições privadas participar de forma complementar do Sistema Único de Saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência às entidades lantrópicas e as sem ns lucrativos. Entretanto, é vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com objetivo de lucro (art.199, CF). A Constituição não veda a criação de empreendimentos voltados ao lucro na área da saúde. Apenas veda o aporte de recursos públicos, salvo a quitação de serviços prestados ao SUS. Veda, também, a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no país, salvo exceções previstas em lei. A Lei nº 13.097/2015 veio autorizar a participação direta ou indireta, inclusive o controle, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência à saúde nos casos de: 36 I doações de organismos internacionais vinculados à Organização das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e de financiamento e empréstimos; II pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionalizar ou explorar: a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado, policlínica, clínica geral e clínica especializada; e b) ações e pesquisas de planejamento familiar; III serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por empresas, para atendimento de seus empregados e dependentes, sem qualquer ônus para a seguridade social. 3. A ASSISTÊNCIA SOCIAL A Assistência Social é tratada pela Constituição nos arts. 203 e 204: Será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice.

Cap. 2 II o amparo às crianças e adolescentes carentes. III a promoção da integração ao mercado de trabalho IV a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária. V a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. Veja que para existir a prestação dos benefícios e serviços da Assistência Social não é exigida a contribuição direta do bene ciário para o sistema de seguridade social. A Assistência Social será prestada independentemente de contribuição à seguridade social. Outra questão a ser observada é que a Assistência Social não vai contemplar todas as pessoas, como garante a Constituição Federal no caso da Saúde prestada pelo Poder Público. A Constituição Federal deixa claro que a Assistência Social será prestada a quem dela necessitar, colocando, nesse caso, o requisito necessidade. A pessoa dotada de recursos para a sua manutenção, logicamente, não será destinatária das ações estatais na área assistencial, não sendo possível a ela o fornecimento de benefício assistencial pecuniário. Vale dizer que o benefício pecuniário só será concedido à pessoa que necessita desse amparo, por não ter condições nanceiras su cientes para suportar sua subsistência. Já em relação aos serviços sociais, não há exigência de comprovação de falta de condição nanceira. Uma pessoa poderá ser atendida, por exemplo, por programas de promoção e integração ao mercado de trabalho. A assistência social é regida por lei própria (Lei nº 8.742/93) Lei Orgânica da Assistência Social LOAS, contemplando a concessão, dentre outros, do benefício assistencial correspondente a um salário mínimo, na forma de benefício de prestação continuada, para pessoa portadora de de ciência e idoso com 65 anos ou mais, que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, atendidos os requisitos legais. O benefício de prestação continuada da Assistência Social será objeto de estudo em capítulo próprio. LOAS BENEFÍCIO ASSISTENCIAL ART. 203,V, CF ART. 20, LEI Nº 8742/93 Idoso (65 anos ou mais) Portador de de ciência Que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de não tê-la provida por sua família, atendidos os requisitos legais. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, além de outras fontes. 37

Adriana Menezes É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular ao programa de apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos por cento (0,5%) de sua receita tributária líquida. Neste caso, tais recursos cam, necessariamente, atrelados às ações sociais previstas, sendo proibida a aplicação destes com despesas com pessoal e encargos sociais, serviço da dívida ou qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações sociais apoiadas. No que diz respeito à organização das ações governamentais na área da assistência social, a Constituição Federal prevê em seu art. 204 que deverão obedecer às seguintes diretrizes: descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades bene centes e de assistência social; participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis. Nesse sentido, a LOAS foi alterada pela Lei nº 12.435/2011, passando a dispor que a gestão das ações na área de assistência social cará organizada sob a forma de sistema descentralizado e participativo, denominado Sistema Único de Assistência Social SUAS, com os seguintes objetivos: 38 I consolidar a gestão compartilhada, o cofinanciamento e a cooperação técnica entre os entes federativos que, de modo articulado, operam a proteção social não contributiva; II integrar a rede pública e privada de serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social; III estabelecer as responsabilidades dos entes federativos na organização, regulação, manutenção e expansão das ações de assistência social; IV definir os níveis de gestão, respeitadas as diversidades regionais e municipais; V implementar a gestão do trabalho e a educação permanente na assistência social; VI estabelecer a gestão integrada de serviços e benefícios; e VII afiançar a vigilância socioassistencial e a garantia de direitos. As ações ofertadas no âmbito do SUAS têm por objetivo a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice e, como base de organização, o território. O SUAS é integrado pelos entes federativos, pelos respectivos conselhos de assistência social e pelas entidades e organizações de assistência social abrangidas pela LOAS.

Cap. 2 4. A PREVIDÊNCIA SOCIAL A Previdência Social, como um dos pilares da Seguridade Social, pode ser conceituada como o conjunto de ações governamentais que tem por objetivo assegurar aos respectivos bene ciários os meios disponíveis de manutenção, uma vez presentes os riscos sociais básicos assim considerados: incapacidade; desemprego involuntário; idade avançada; tempo de contribuição; maternidade; encargos familiares; prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. Vale ressaltar que, juntamente com a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança pública, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados (assistência social), a previdência social constitui um direito subjetivo do trabalhador, conforme previsão do art. 6º da Constituição Federal, in verbis: Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Conforme preceitua o art. 201 da Constituição Federal: A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: I cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada. II proteção à maternidade, especialmente à gestante. III proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário. IV salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; V pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no 2º. Veja que a Constituição foi clara quando tratou da previdência social: organizada sob a forma de regime geral: vamos ter um regime geral de previdência social, abrangendo trabalhadores rurais e urbanos num só sistema; de caráter contributivo: signi ca que há a compulsoriedade da contribuição para a previdência social. O segurado da Previdência Social deverá pagar contribuição para a manutenção do sistema previdenciário; de liação obrigatória: signi ca que aqueles que venham a exercer atividade remunerada, de forma lícita, deverão obrigatoriamente se liar à Previdência Social; 39

Adriana Menezes preservação do equilíbrio nanceiro e atuarial: devem-se criar critérios de modo que o sistema previdenciário se mantenha equilibrado nanceira e atuarialmente. Não se pode admitir que o sistema previdenciário seja criado sem a preocupação com o equilíbrio das contas no intuito de poder arcar com o pagamento dos benefícios. Como exemplo, podemos citar: João, empregado de uma grande indústria no município de Araraquara, vai ser segurado obrigatório da Previdência Social e terá que contribuir para o regime. No caso, João exerce atividade remunerada lícita, será considerado liado à Previdência Social e deverá contribuir para a manutenção do sistema. Uma questão relevante deve ser apontada em relação aos objetivos da previdência social elencados no art. 201 da Constituição Federal a proteção do trabalhador contra o desemprego involuntário. Embora o seguro-desemprego seja um benefício criado pelo Governo como forma de proteger o trabalhador quando este é demitido involuntariamente e possuir natureza previdenciária, a Previdência Social não é responsável pela sua administração e concessão. O seguro-desemprego é concedido e administrado pelo Ministério do Trabalho e do Emprego 3 com recursos advindos do Fundo de Amparo ao Trabalhador FAT, não fazendo parte da lista de benefícios da Previdência Social. Portanto, a natureza do benefício é previdenciária, visto que a Constituição deu previsão expressa para que a previdência social se preocupasse com a questão do desemprego involuntário. No entanto, como o benefício não é fornecido pelo Plano da Previdência Social, ele não é considerado um benefício previdenciário. A previdência brasileira comporta dois regimes básicos que são o Regime Geral de Previdência Social RGPS e os Regimes Próprios de Previdência de servidores públicos RPPS, este último para servidores ocupantes de cargos públicos efetivos e militares. Em paralelo aos regimes básicos, há o regime de previdência complementar trazido pelo art. 202 da CF. Ao RGPS estão vinculados os trabalhadores brasileiros de modo geral, sendo disciplinado no art. 201 da Constituição. Já os RPPS são organizados por Unidade Federada, sendo abordados no art. 40 da Constituição. Isto é, cada Ente Federativo (União, Estados, DF e Municípios) tem competência para criar um único regime previdenciário para seus servidores, desde que estes sejam ocupantes de cargo de provimento efetivo. Assim, quais- 3 Com a edição da Medida Provisória nº 696/2015 os Ministérios do Trabalho e Emprego e da Previdência Social fundiram-se. Tem-se o Ministério do Trabalho e Previdência Social. 40

Cap. 2 quer outras pessoas contratadas pela Administração Pública que não ocupem cargo público efetivo são vinculadas ao RGPS, como, por exemplo, empregados públicos, comissionados, etc. Quando o regime próprio de previdência do servidor é criado, o ente instituirá uma contribuição social para nanciar o sistema, cobrada de seus servidores, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União, conforme dispõe o art. 149, parágrafo único da Constituição Federal. Percebam que, enquanto o RGPS é único para todo o Brasil, os RPPS são vários, criados por Entes Federativos e restritos aos servidores efetivos das respectivas unidades federadas. Cada Ente Federativo poderá ter um único RPPS. Além dos regimes básicos da previdência brasileira, há ainda a possibilidade de qualquer pessoa ingressar na previdência complementar, que é de natureza facultativa. Só entra quem desejar. É de fundamental importância perceber que a adesão à previdência complementar nunca excluirá a vinculação obrigatória dos trabalhadores aos regimes básicos! A previdência complementar pode ser privada ou pública, sendo que a privada pode ser aberta ou fechada, enquanto a pública é sempre fechada. Para memorizar: PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Planos básicos Planos complementares Regime Geral de Previdência Social Regimes Próprios de Previdência Social Regime Público Aberto Regime Privado Fechado E para nalizar, veja o quadro que sintetiza o conceito de Seguridade Social: SEGURIDADE SOCIAL (ART. 194, CF) Previdência Social Assistência Social Saúde Para que dela necessitar; Organizada sob a forma de regime geral; Caráter contributivo; Filiação obrigatória (art. 201, CF); Previdência Complementar de natureza facultativa (art. 202, CF). Independe de contribuição (arts. 203 e 204, CF). Direito de todos e dever do Estado; Independe de contribuição; Ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único de saúde SUS (arts. 196 a 200, CF). 41

Adriana Menezes 5. QUESTÕES COMENTADAS DE CONCURSOS PÚBLICOS 01. (FCC Analista Judiciário Área Judiciária O cial de Justiça TRT 16/2014) Fernanda, pessoa com de ciência de acordo com a legis lação competente, necessita que o Estado promova a sua reabilitação e integração à vida comunitária. Dessa forma, será a ela prestada a assistência social, a) desde que tenha sido primeiramente concedido o auxílio-doença. b) independentemente de contribuição à seguridade social. c) desde que tenha sido primeiramente concedida a aposentadoria por invalidez. d) desde que tenha sido respeitada a carência de 12 (doze) contribuições mensais. e) desde que tenha sido respeitada a carência de 180 (cento e oitenta) contribuições mensais. COMENTÁRIOS Alternativa correta: b. A habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de de ciência e a promoção de sua integração à vida comunitária são objetivos a serem cumpridos pela assistência social. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social. Não se exige do bene ciário dos serviços e benefícios assistenciais qualquer contrapartida a título de contribuição para a seguridade social. Sendo assim, todas as demais assertivas estão erradas. Não há que se falar em cumprimento de carência mínima de contribuições para que se tenha direito a um serviço ou a um benefício promovido pela assistência social. E, se tratando de serviço prestado pela assistência social, não há que vinculá-lo ao recebimento prévio de um benefício previdenciário, como auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. 02. (FCC Analista Judiciário Área Judiciária O cial de Justiça TRT 16/2014) Patrícia é professora universitária em uma instituição pri vada no estado do Maranhão. Casada há cinco anos com Gustavo, após diversas tentativas, nalmente conseguiu engravidar. A proteção à maternidade da gestante Patrícia, observados critérios que preservem o equilíbrio nanceiro e atuarial, será atendida, nos termos da lei, pela a) assistência social, organizada sob a forma de regime geral, independentemente de liação e de contribuição à seguridade social. b) previdência social, organizada sob a forma de regime especial próprio de servidores públicos, de caráter contributivo e de liação facultativa. c) previdência social, organizada sob a forma de regime geral, independentemente de liação e de contribuição à seguridade social. d) previdência social, organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de liação obrigatória. e) previdência social, organizada sob a forma de regime especial próprio de servidores públicos, independentemente de liação e de contribuição à seguridade social. 42

Cap. 2 COMENTÁRIOS Inicialmente, há que se registrar que Patrícia é segurada da previdência social, na condição de empregada e, portanto, deverá se submeter às diretrizes traçadas pelo art. 201 da Constituição Federal. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, terá caráter contributivo e liação obrigatória. Alternativa correta: d. Os critérios que preservem o equilíbrio nanceiro e atuarial foram determinados para observância da previdência social, bem como a proteção à maternidade, especialmente à gestante. Como Patrícia é gestante e empregada, ela terá amparo da previdência social, organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de liação obrigatória. Alternativa a : errada. A assistência social não é organizada sob a forma de regime geral, embora seja prestada independentemente de liação e de contribui ção à seguridade social. Alternativa b : errada. No caso de Patrícia, pode-se a rmar que o amparo será dado pela previdência social, organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e liação obrigatória. Patrícia não é servidora pública abrangida por regime próprio de previdência social. E não é demais registrar que o regime próprio de previdência dos servidores públicos tem cará ter contributivo e liação obrigatória. Alternativas c e e : erradas. A previdência social que ampara Patrícia é organizada sob a forma de regime geral, tem caráter contributivo e liação obrigatória. 03. (Analista Judiciário/TRT 6/FCC/2012)Em relação à saúde e à assistência social, está previsto na Constituição Federal brasileira que a) há vinculação de receita mínima anual para ações e serviços públicos de saúde apenas para União, Estados e Distrito Federal. b) a assistência social será prestada a quem dela necessitar, mantendo relação direta com a contribuição à seguridade social. c) as ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único. d) as instituições privadas não poderão participar, ainda que de forma complementar, do sistema único de saúde. e) as ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do tesouro nacional, sendo vedada a destinação de recursos do orçamento da seguridade social para tais ns. COMENTÁRIOS Alternativa correta: c. É o que dispõe o art. 198, caput, da Constituição Federal. A assertiva a está errada. A vinculação de receita é regra imposta para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Conforme o art. 198, 2º, da Constituição Federal a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: I no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cento) 43

Adriana Menezes II no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159,I, a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; III no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, I, b e 3º. Mais tarde, com a publicação da Emenda Constitucional nº 86, de 17 de março de 2015, o art. 198 da Constituição Federal foi, novamente, alterado. Os recursos mínimos a serem aplicados anualmente em ações e serviços públicos de saúde pela União serão calculados sobre a receita corrente líquida do respectivo exercício nanceiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cento). Os Estados, Distrito Federal e Municípios continuarão a seguir o disposto na Lei Complementar nº 141/2012. A assertiva b está errada, uma vez que o art. 203, caput da Constituição Federal reza que a assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social. O bene ciário das ações de assistência social não precisa comprovar prévia contribuição à Seguridade Social para que possa usufruir dos benefícios e serviços assistenciais. A assertiva d está errada. As instituições privadas poderão participar, de forma complementar, do sistema único de saúde. Nesse caso, o art. 199, 1º, da Constituição Federal dispõe que as instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades lantrópicas e as sem ns lucrativos. A assertiva e está errada. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, além de outras fontes, conforme preceitua o art. 204 da Constituição Federal. É de se registrar que a assistência social é um dos pilares da seguridade social. A seguridade social visa a atender aos direitos de saúde, assistência e previdência social. 04. (Juiz do Trabalho Substituto 8ª Região/TRT 8/2011) Analise as proposições abaixo e assinale a alternativa CORRETA: I. É facultada aos Estados e ao Distrito Federal a vinculação a programa de apoio à inclusão e promoção social de até 5 (cinco) décimos por cento de sua receita tributária líquida, observadas as vedações constitucionais, dentre outras, despesas com pessoal e encargos sociais. II. A assistência social, vinculada à contribuição para a seguridade social, será prestada a quem dela necessitar, possuindo, dentre seus objetivos, a proteção à família, à maternidade, à infância e à velhice. III. A admissão, pelos gestores locais do sistema único de saúde, de agentes comunitários de saúde e de agentes de combates de endemias, deve ser precedida de concurso público de provas. IV. É vedada a participação direta ou indireta de empresa ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo expressa previsão em lei. a) As alternativas I e IV estão corretas. b) As alternativas I e III estão corretas. c) As alternativas I e II estão corretas. 44

Cap. 2 d) As alternativas III e IV estão corretas. e) As alternativas II e IV estão corretas. COMENTÁRIOS Nota da autora: veri ca-se que o examinador procurou explorar as disposições constitucionais acerca da Assistência Social e da Saúde. Alternativa correta: a. Estão corretas as a rmativas I e IV. A assertiva I está correta, visto que o parágrafo único do art. 204, da Constituição Federal, reza que é facultado aos Estados e ao Distrito Federal a vinculação de até 0,5% da receita tributária líquida a programa de apoio à inclusão e à promoção social. Esses recursos não poderão ser aplicados no pagamento de despesas com pessoal e com encargos sociais, de serviço da dívida ou de qualquer despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados, conforme dizem os incisos I, II e III do parágrafo único do art. 204, CF. Cuidado! O art. menciona o termo facultado. Portanto, não é dever dos Estados e do Distrito Federal vincular a receita tributária líquida, mas uma faculdade. A assertiva II está errada, visto que a assistência social, independentemente de contribuição à seguridade social, será prestada a quem dela necessitar. É bom enfatizar que a assistência social é prestada aos bene ciários sem exigir deles qualquer contribuição prévia ao sistema de seguridade social. Dentre os objetivos da assistência social estão a proteção à família, à maternidade, à infância, à velhice, à adolescência, assim como a promoção da integração ao mercado de trabalho. Con ra o art. 203, CF. A assertiva III está errada. O art. 198, 4º, CF, assim dispõe: os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e a complexidade de suas atribuições e com os requisitos especí cos para sua atuação. Dessa maneira, não está condicionando que em todos os casos deva haver concurso com provas. A assertiva IV está correta. É o que diz o art. 199, 3º, da CF. 05. (Técnico Previdenciário/INSS/CESGRANRIO/2005) A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar os direitos relativos a: I. saúde; II. educação; III. habitação; IV. assistência social; V. previdência social. Estão corretos os itens: a) IV e V, apenas. b) I, II e V, apenas. c) I, IV e V, apenas. d) II, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV, apenas. 45

Adriana Menezes COMENTÁRIO Conforme dispõe o art. 194 da Constituição Federal os direitos compreendidos no sistema de seguridade social são os relativos à SAÚDE, PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL, somente. Educação e habitação, embora sejam direitos sociais, não estão abrangidos pelo sistema de Seguridade Social. Portanto, a resposta correta é a c. 06. (Técnico da Receita Federal/ESAF/2006) De acordo com a Constituição Federal/88, as instituições poderão participar do Sistema Único de Saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades lantrópicas e as sem ns lucrativos, podendo elas participar de forma: a) alternativa b) supletiva c) complementar d) contributiva e) suspensiva COMENTÁRIO A resposta correta é a c. Tem-se que a Saúde é um direito constitucional garantido a todos, mas a iniciativa privada poderá atuar nessa área. A resposta encontra respaldo no art. 199, 1º da Constituição Federal: Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. 1º As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência às entidades lantrópicas e as sem ns lucrativos. 6. QUESTÕES DE CONCURSOS 01. (FCC Analista Judiciário O cial de Justiça Avaliador TRT 2/2014) O Sistema Único de Saúde deve ser nanciado a) exclusivamente, com recursos do orçamento da seguridade social e da União. b) entre outras fontes, mediante aplicação de recursos mínimos estaduais, distritais e municipais derivados dos seus impostos e da repartição constitucional de receitas tributárias. c) por recursos provenientes das contribuições sociais das empresas incidentes sobre a folha de pagamentos e dos trabalhadores e demais segurados da previdência social. d) entre outras fontes, por contribuições diretas dos cidadãos usuários do sistema. e) mediante aplicação de recursos mínimos estaduais e municipais derivados de suas receitas não tributárias, dada a vedação constitucional da vinculação de receitas de impostos a fundos e despesas. 02. (FCC Analista Judiciário Área Judiciária TRT 2/2014) As ações e serviços públicos de saúde constituem um sis tema único, organizado de acordo com diretrizes determinadas. Dentre elas, está a) o caráter contributivo e de liação obrigatória. b) a promoção da integração ao mercado de trabalho. 46

Cap. 2 c) a centralização, com direção única no Governo Federal. d) a observância de critérios que preservem o equilíbrio nanceiro e atuarial. e) o atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas. 03. (CEPERJ/Especialista Engenharia Civil/Rio Previdência/2013) No âmbito da Assistência Social emendou-se a Constituição Federal para permitir-se aos Estados e ao Distrito Federal vincular a programa de apoio à inclusão e promoção social percentual da receita tributária líquida correspondente a até: a) dez por cento (10%) b) um por cento (1%) c) cinco por cento (5%) d) três por cento (3%) e) cinco décimos por cento (0,5%) 04. (CESPE/Auditor-Fiscal do Trabalho/MTE/2013) A assistência social, como uma das ações integrantes da seguridade social, deve prover os mínimos sociais, por meio de iniciativas do poder público e da sociedade com o propósito de garantir o atendimento às necessidades básicas, vedado o pagamento de qualquer benefício pecuniário. GAB: Certo Errado 05. (Procurador Federal/CESPE/2013) A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social, sendo que a universalidade da cobertura e do atendimento, bem como a uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais estão entre os objetivos em que se baseia a organização da seguridade social no Brasil. GAB: Certo Errado 06. (Juiz do Trabalho da 8ª Região/TRT 8ª/2013) A respeito da saúde, integrante da seguridade social, é CORRETO dizer: a) As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I centralização, com direção única em cada esfera de governo; II atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III participação da comunidade. b) A saúde é direito de todos que não possam custeá-la e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. c) O sistema único de saúde será nanciado com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. d) As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, sem preferências. 47

Adriana Menezes e) É permitida a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com ou sem ns lucrativos. 07. (Juiz do Trabalho da 6ª Região/ TRT 6/2013). No âmbito da seguridade social, a previdência social tem por nalidade assegurar aos seus a) bene ciários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem não dependiam economicamente. b) dependentes meios indispensáveis de manutenção digna, por motivo de incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego involuntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. c) bene ciários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de capacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego involuntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem não dependiam economicamente. d) bene ciários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego involuntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. e) dependentes meios indispensáveis de manutenção digna, por motivo de incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego involuntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. 08. (Juiz do Trabalho da 6ª Região/ TRT 6/2013). As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: a) descentralização, com direção única no governo federal; atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; e participação dos Poderes Públicos Municipal, Estadual e Federal. b) descentralização, com direção única em cada esfera de governo; atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; e participação da comunidade. c) centralização, com direção única em cada esfera de governo; atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; e participação dos Poderes Públicos Municipal, Estadual e Federal. d) descentralização, com direção pulverizada em cada esfera de governo; atendimento restrito, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços previdenciários; e participação da comunidade. e) centralização, com direção única em cada esfera de governo; atendimento restrito, com prioridade para as atividades combativas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; e participação da comunidade. 09. (Técnico do Seguro Social/INSS/FCC/2012) É correto a rmar que a Seguridade Social compreende a) a Assistência Social, a Saúde e a Previdência Social. b) a Assistência Social, o Trabalho e a Saúde. c) o Sistema Tributário, o Lazer e a Previdência Social. 48

Cap. 2 d) a Educação, a Previdência Social e a Assistência Social. e) a Cultura, a Previdência Social e a Saúde. 10. (Técnico do Seguro Social/INSS/FCC/2012) No tocante à Previdência Social, é correto a rmar que a) é organizada sob a forma de regime especial e observa critérios que preservem o equilíbrio nanceiro. b) é descentralizada, de caráter facultativo. c) tem caráter complementar e autônomo. d) baseia-se na constituição de reservas que garantam o benefício contratado. e) é contributiva, de caráter obrigatório. 11. (Médico Perito/INSS/CESPE/2010) O benefício de prestação continuada é a garantia de 1 salário mínimo mensal à pessoa portadora de de ciência e ao idoso com 70 anos de idade ou mais e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família. GAB: Certo Errado 12. (Médico Perito/INSS/CESPE/2010) A competência do SUS para executar as ações de saúde do trabalhador está expressa na CF. GAB: Certo Errado 13. (Médico Perito/INSS/CESPE/2010) Cabe ao SUS participar da normatização, scalização e controle dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas. GAB: Certo Errado GABARITO FUNDAMENTAÇÃO 01 B Art. 198, 1º, CF. 02 E Art. 198, II, CF. 03 E Art. 204, parágrafo único, CF. 04 E Art. 203, V, CF. 05 C Art. 194, caput e incisos I e II, CF 06 C Art. 198, 1º, CF 07 D Art. 201, CF 08 B Art. 198, incisos I, II e III, CF 09 A Art. 194,caput, CF 10 E Art. 201, caput, CF 11 E Art. 20, caput, Lei nº 8.742/93 12 C Art. 200, II, CF 13 C Art. 6º, 3º, III, Lei nº 8.080/90 49