Passo a Passo para a Formação de uma Boa Pastagem

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Transcrição:

A FORMAÇÃO DE UMA PASTAGEM O sucesso da formação de uma pastagem depende muito mais de conhecimento do que de sorte. Grande parte dos procedimentos necessários a uma boa formação, apresentados a seguir, não implica em aumento de custos. Escolha da espécie de forrageira Lembre-se que, para cada invernada ou área da propriedade, existe uma espécie ou cultivar mais adaptada e produtiva; A escolha só deve ser feita depois da análise química e física do solo, da avaliação do clima, da topografia da existência de impedimentos físicos, da presença de invasoras e do histórico da área; Dependerá ainda da produtividade desejada, do nível das tecnologias que se quer usar, do objetivo que se busca na produção, da época do ano que se pretende utilizar a forragem, dentre outros; Escolha sempre sementes com garantia, com procedência garantida. A baixa qualidade deste insumo é fator de insucesso na formação de pastagens.

O preparo do solo Optar pelo plantio direto sempre que as condições técnicas permitirem. Inicia-se p ela coleta de amostras do solo para análise. Com os resultados, um engenheiro-agrônomo pode fazer recomendações de calagem e adubação, no que será considerado, também, o tipo de capim escolhido para o plantio. Nota: avise sempre o técnico responsável pela análise sobre que você deseja implantar. Lembre-se que cada cultivar responde melhor a cada tipo de solo. Metade da quantidade de calcário recomendada deve ser esparramada na área antes da aração e, a outra metade, após a primeira gradagem. A primeira movimentação do solo pode ser feita com arado ou gradeadora ("grade rome"), incorporando todo o material vegetal existente na superfície. Em seguida, com uma grade niveladora faz-se o destorroamento do solo, nivelamento da superfície e eliminação de eventuais invasoras. Quase sempre, duas passadas da grade niveladora são suficientes. Aplicação a lanço de fertilizantes (superfosfato, por exemplo) deve ser feita antes da primeira gradagem niveladora ou entre a primeira e a segunda, para uma boa incorporação do fertilizante.

Cuidados no preparo do solo As ações para o controle de erosões, com o a construção de terraços e curvas de nível, devem ser executadas após o nivelamento do solo. O destorroamento excessivo, resultante de número exagerado de gradagens, deve ser evitado a todo custo. A calagem deve ser feita entre 60 e 90 dias antes do plantio, para que o calcário tenha tempo de reagir no solo. Nota: é muito importante esperar que o material vegetal incorporado ao solo pela aração apodreça antes do plantio; caso contrário, as sementes morrerão por causa dos efeitos da fermentação deste material. O plantio A melhor época de plantio é quando as chuvas passam a ocorrer com com maior freqüência (novembro a janeiro no Brasil Central). Seja qual for o método escolhido o plantio deve possibilitar a distribuição uniforme das sementes por toda a área a ser formada. No caso de plantio em linhas ou covas, o espaçamento entre elas deve ser o menor possível: Uma causa freqüente de insucesso é o plantio de quantidades insuficientes de sementes. A boa regulagem do equipamento de plantio é uma forma de garantir que a quantidade certa de sementes seja plantada. Essa quantidade, chamada de taxa de semeadura, varia de acordo com o tipo de capim e lote de sementes. Sugestões de taxas adequadas de semeadura (kg de sementes por hectare) são mostradas na Tabela 1.

Tanto a compra das sementes quanto o cálculo da taxa adequada de semeadura devem ser baseadas no Valor Cultural (%VC) da semente a ser plantada. Esse valor resulta da análise da semente em laboratório e representa a percentagem de sementes puras viáveis contida no lote de sementes. Os valores mostrados na Tabela 1 permitem ajustar a taxa de semeadura de lotes com diferentes % VC. As sementes devem ser cobertas pelo solo após a sua distribuição na área. As semeadeiras de linha e as "matracas" fazem isto automaticamente. O enterrio excessivo das sementes também é uma causa freqüente de insucesso na formação de pastagens. Sementes miúdas como as dos capins Massai, Tanzânia, Mombaça, andropógon e setária devem ser enterradas, no máximo, a 3 cm de profundidade, enquanto que as dos capins Piatã, Xaraés e Marandu entre 2 e 5 cm. Nos plantios a lanço, feitos, por exemplo, com esparramadeira de calcário ou avião, as sementes são depositadas sobre a superfície do solo e precisam ser logo enterradas. Isso pode ser feito: a) com rolo, compactador, de ferro ou de um ou mais conjuntos de pneus lisos, que podem ser construídos na própria fazenda (Figura 1) ou b) com grade niveladora leve fechada, isto é, regulada de forma que os discos fiquem paralelos à direção de avanço do equipamento, para que não enterrem muito as sementes. Fig 1. Rolo de pneus lisos, rústico, utilizado para promover o enterrio das sementes de capim

Cuidados no preparo do solo Muitos equipamentos usados para plantio (principalmente as esparramadeiras de calcário) não permitem regulagens para quantidades inferiores a 7 kg - 8 kg de sementes por hectare. Se for necessário plantar quantidades menores que estas, areia, fosfato de rocha, calcário, esterco seco e moído, pó-de-serra, ou casca de arroz, podem ser misturados às sementes para aumentar o volume a ser plantado. Alguns fertilizantes, como cloreto de potássio, uréia e sulfato de amônia, não podem ser misturados com as sementes porque causam sua morte. Por outro lado, o superfosfato simples granulado pode ser misturado, desde que o plantio ocorra no mesmo dia em que a mistura foi preparada. A rolagem, imediatamente após a distribuição das sementes, favorece o seu contato com o solo, posicionando-se na profundidade adequada e possibilitando uma emergência rápida e homogênea das plantinhas. No entanto, ela não deve ser feita logo após a distribuição das sementes, nem, tampouco, em solos muito argilosos, especialmente, quando úmidos (porque a chuva, por si só, promove o enterrio a maior parte das sementes). Em plantios aéreos ou feitos com "matracas", devem-se utilizar sementes com altas % VC. Trabalhar com o depósito de sementes da semeadeira sempre cheio diminui a excessiva separação (estratificação) das sementes pesadas das leves. Se isso não for feito, as sementes pesadas (de melhor qualidade) tenderão a ser plantadas primeiro e as mais leves vão ficando para o fim. Esse problema ocorre dentro do depósito por causa da trepidação da máquina em movimento, e pode resultar em grande desuniformidade no estabelecimento da pastagem.

Estimando o sucessso Para o bom início da formação de uma pastagem é necessário que se obtenham, no mínimo, 20 plantinhas nascidas (e bem distribuídas) por metro quadrado no caso dos capins Piatã, Xaraés e Marandu (brizantão), enquanto que 40 plantinhas por metro quadrado são necessárias no caso dos capins, Tanzânia, Mombaça e Massai. Manejo de formação O primeiro pastejo, quando feito d e modo correto, garante o sucesso de uma formação bem iniciada. Ele deve ser feito logo que as plantas estiverem crescidas e cobrindo toda a área plantada. Neste caso, é melhor utilizar animais leves, jovens, para fazer apenas um desponte das plantas. Nesta fase, se forem utilizados animais pesados, as plantas poderão ser arrancadas durante o pastejo. Se o primeiro pastejo for feito bem mais tarde, muitas plantas morrerão por causa da competição entre elas. Isso aumenta os espaços vazios na pastagem, diminui a produção de capim e facilita o crescimento de ervas daninhas. A partir do primeiro pastejo, à medida em que as plantas se desenvolvem, a pastagem pode passar a ser utilizada normalmente.

Taxas de semeadura Sugestões de taxas de semeadura de algumas gramíneas forrageiras lançadas pela Embrapa quando plantadas entre novembro e janeiro (Brasil Central) em áreas de solo preparado. Capim Piatã Marandu Xaraés Mombaça Tanzânia Massai Campo Grande Taxa Mínima de semeadura (Kg/ha de SPV) 4,00 4,00 4,50 3,00 3,00 3,00 3,00 Para ajustar a taxa de semeadura para lotes comerciais de sementes que não apresentam 100% de VC, faz-se o seguinte cálculo: Taxa de semeadura = kg/ha SPV (ver tabela acima) x 100 % de VC do lote de sementes disponível O valor resultante corresponderá à quantidade mínima de quilogramas do lote de sementes disponível, a ser plantada por hectare. Em caso de plantio aéreo esta taxa deverá aumentar em pelo menos 50%.