PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTORES DE FUMO EM ESTRELA VELHA RS

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Transcrição:

0 UNIJUÍ UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DEAg DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS CURSO DE AGRONOMIA PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTORES DE FUMO EM ESTRELA VELHA RS MAIRA APARECIDA CORRÊA Ijuí RS 2012

1 MAIRA APARECIDA CORRÊA PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTORES DE FUMO EM ESTRELA VELHA RS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Agronomia do Departamento de Estudos Agrários DEAg da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul UNIJUÍ, como requisito para a obtenção do título de Engenheiro Agrônomo. Orientador: Prof. MSc Nilvo Basso Ijuí RS 2012

2 MAIRA APARECIDA CORRÊA PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTORES DE FUMO EM ESTRELA VELHA RS Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Agronomia Departamento de Estudos Agrários Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, aprovado pela banca abaixo subscrita. Prof. MSc Nilvo Basso DEAg/UNIJUÍ Orientador Dagmar Camacho Garcia Prof. Dr. DEAg/UNIJUÍ Ijuí, dezembro de 2012

3 AGRADECIMENTOS Ofereço esta conquista à meu Pai José Francisco Corrêa, Mãe Maria Lasch Corrêa, ao meu esposo Edson Casarin, meus irmãos Lindomar Corrêa, Lindomaura Corrêa e Mauricio Corrêa, meus sobrinhos Henrique, Fabrício, João, Victoria. Agradeço a Deus, agradeço pelo sonho realizado, pelas dificuldades superadas, pela família e amigos que me auxiliaram na minha caminhada. Obrigado Senhor. Aos professores do Curso de Agronomia, em especial ao meu orientador Nilvo Basso pela paciência, dedicação e orientação neste último ano. As minhas amigas e colegas que sempre estiveram ao meu lado, Camila Trenepphol, Nadiesca Casagrande, Liara Nedel e Daniela Krey. Meu agradecimento especial à Eng Agrônoma Angélica de Oliveira Henriques. Agradeço também o apoio da Prefeitura e Emater do município de Estrela Velha, e em especial ao prefeito Regis Antonio Scapin pelo apoio, e a ajuda do professor Jaime Lorenzoni.

4 Há homens que lutam um dia e são bons... Há outros que lutam um ano e são melhores. Ainda há aqueles que lutam muitos anos e são muito bons... Mas há aqueles que lutam a vida inteira: Estes são imprescindíveis. Bertold Bretch

5 PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTORES DE FUMO EM ESTRELA VELHA RS Aluna: Maira Aparecida Corrêa Orientador: Nilvo Basso RESUMO O presente estudo é voltado para a elaboração de projetos para a substituição da cultura do fumo, onde foram modelizados três tipos de produtores de fumo de Estrela Velha - RS. Buscou-se a construção de uma síntese dos principais resultados da análise da agricultura local e a compreensão da problemática da cultura na região. O presente trabalho baseou-se em alguns passos da metodologia de sistemas agrários e nos procedimentos técnicos e metodológicos de elaboração e avaliação de projetos. Tendo como público alvo os agricultores que cultivam fumo, foram propostos projetos estratégicos para a substituição pela produção de leite e implantação fruticultura com uva, e laranja. Os resultados obtidos através da análise de viabilidade demonstram que ambos os projetos podem ser implantados, possuem uma grande viabilidade, que poderá contribuir para o desenvolvimento do município. Palavras-chave: projetos de desenvolvimento; fumo; viabilidade econômica.

6 LISTA DE SIGLAS, SÍMBOLOS E ABREVIATURAS % - porcentagem ABR- Abril AGO- Agosto AM Amortização AM- Amortização Capital Cab Cabeças CF Custo Fixo CI- Consumo Intermediário CPT Custo de Produção Total Custo Uni- Custo Unitário CV Custo Variável Cx- Caixa Dep- Depreciações DEZ- Dezembro DVA- Destribuição do Valor Agregado Líquido FEV- Fevereiro Fin- Financiamento Fl. Finan - Fluxo Financeiro Fl. Liq. Cx.- Fluxo Líquido de Caixa Flec Fluxo Econômico ha hectare JAN- Janeiro JUN- Junho JUL- Julho Lts Litros MAR- Março MB Margem Bruta MB- Margem Bruta NOV- Novembro N - Número NRS Nível de Reprodução Social

OUT- Outubro PP- Pequeno Porte PRC- Período Retorno Capital PRK Período de Retorno de Capital PRK- Período Recuperação Capital PW- Prodotalutividade Trabalho Qtd- Quantidade R$ - reais RA Renda Liquida RB Renda Bruta RL Renda Líquida RS Rio Grande do Sul RWF- Remuneração do Trabalho SA- Superfície Agrícola Sal. Liq. Cx Saldo Liquido de Caixa SAU- SuperfÍcie Agricola Útil Sc Sacas SD Saldo Devedor SD- Saldo Devedor SET- Setembro ST- Superfície Total TIR Taxa Interno de Retorno TMC - Tração Mecanizada Completa TMI - Tração Mecanizada Incompleta Ton- Toneladas Un- Unidade Unit.- Unitário UTF Unidade de Trabalho Familiar UTF- Unidade de Trabalho Familiar UTF- Unidade de Trabalho Familiar UTT- Unidade de Trabalho Total V- Valor VAB- Valor Agregado Bruto VAL- Valor Agregado Liquído Vc Vaca VPL Valor Presente Líquido 7

8 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Estrutura fundiária do município de Estrela Velha RS... 25 Tabela 2: Indicadores econômicos da unidade de produção atual e com a participação do projeto, produtor tipo patronal fumo-soja TMI... 29 Tabela 3: Financiamento e saldo de caixa do projeto... 32 Tabela 4: Indicadores econômicos da unidade de produção atual e com a participação do projeto, familiar/pp/fumo/grãos... 34 Tabela 5: Financiamento e fluxo líquido de caixa do projeto... 36 Tabela 6: Indicadores econômicos da unidade de produção atual e com a participação do projeto... 38 Tabela 7: Financiamento e fluxo líquido de caixa do projeto... 39

9 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Localização do município de Estrela Velha... 24 Figura 2: Evolução da área plantada dos principais cultivos... 25 Figura 3: Composição da renda/utf do tipo patronal fumo-soja TMI... 27 Figura 4: Comportamento da renda com a substituição da cultura do fumo... 31 Figura 5: Comparativo da renda... 31 Figura 6: Composição da renda/utf familiar/pp/fumo/grãos... 33 Figura 7: Comparativo das rendas familiar/pp/fumo/grãos... 35 Figura 8: Comportamento da renda com a substituição da cultura do fumo... 36 Figura 9: Composição da renda/utf, familiar fumo/pequeno porte... 37 Figura 10: Comportamento da renda com a substituição da cultura do fumo... 39 Figura 11: Comparativo da renda do projeto... 40

10 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Valor agregado bruto das atividades alternativas... 26 Quadro 2: Usos das áreas de acordo com as produções ao longo do ano... 29

11 LISTA DE ANEXOS ANEXO A: Detalhamento dos Cálculos para a Implantação Pecuária Leiteira... 45 ANEXO B: Detalhamento dos Cálculos para Implantação da Laranja... 52 ANEXO C: Detalhamento para Implantação da Uva... 57

12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 13 2 REVISÃO DA LITERATURA... 15 2.1 SISTEMAS AGRÁRIOS... 15 2.2 PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO... 17 2.3 PLANEJAMENTO E PROJETO... 17 2.4 FASES DE UM PROJETO... 18 2.5 A PROBLEMÁTICA DA CULTURA DO FUMO... 18 2.6 A CADEIA PRODUTIVA DO FUMO... 20 3 MATERIAL E MÉTODOS... 22 3.1 TIPO DE PESQUISA... 22 3.2 PASSOS DESENVOLVIDOS NA PESQUISA... 22 4 PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO DOS AGRICULTORES... 24 4.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO... 24 4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS TIPOS DE AGRICULTORES E PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO... 26 4.2.1 Agricultor Patronal/Fumo/Soja/Mecanização Incompleta... 26 4.2.1.1 Projeto Substituição do Fumo pela Pecuária Leiteira... 27 4.2.2 Familiar/Pequeno Porte/Fumo/Grãos... 32 4.2.2.1 Projeto Substituição do Fumo pela Fruticultura Laranja... 33 4.2.3 Familiar Fumo/Pequeno Porte... 36 4.2.3.1 Projeto Substituição do Fumo pela Uva... 37 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 41 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 42 7 ANEXOS... 44

13 1 INTRODUÇÃO O presente estudo teve como base empírica o município de Estrela Velha, município gaúcho localizado na microrregião fumicultora de Santa Cruz do Sul. Com uma população de 3.659 habitantes esse município tem sua base econômica centrada na agricultura. (IBGE, 2007). O Trabalho de Conclusão de Curso TCC - teve como sua razão principal iniciar os acadêmicos na área da pesquisa e no caso específico identificou alternativas de produção com a indicação de possíveis atividades em substituição a cultura do fumo, já que a mesma possui restrições quanto ao cultivo e legislação que preconizam a sua erradicação. O tema proposto se inscreve na pesquisa desenvolvimento sendo uma intervenção na agricultura a partir de projetos de desenvolvimento tendo como alvo produtores de fumo do município de Estrela Velha - RS A cultura do fumo é de suma importância para a economia gaúcha e tem se constituído numa alternativa de reprodução social para milhares de famílias. Estrela Velha não é diferente onde possui grande responsável pela geração de emprego, pois além de ocupar grande parte da mão-de-obra local, constitui-se atualmente uma das principais atividades agrícolas comercial de grande parte dos agricultores familiares locais com grande importância econômica e social para o sustento de suas famílias. Por outra parte é uma atividade que exige uma quantidade considerável de pesticidas e outros agroquímicos, sendo responsável por intoxicações agudas e crônicas. Além disso, o Brasil assinou um acordo internacional que prevê a extinção da cultura e cada vez mais está havendo restrições ao consumo do tabaco, como política de aumento dos preços ao consumidor. A adoção de estratégias de diversificação e as medidas de controle voltadas à redução da produção do tabaco ainda enfrentam barreiras consideráveis. A falta de recursos para investimentos, a ausência de canais de comercialização para grande parte das culturas agrícolas tradicionais e outras restrições, tais como limitações na infra-estrutura de transporte e armazenamento, são fatores que contribuem para dificultar a transição da cultura do fumo.

14 É importante ressaltar que a microrregião no município de Estrela Velha onde é cultivado o fumo, apresenta um relevo que varia de ondulado a fortemente ondulado, onde predominam os solos pouco profundos e com importantes limitações ao uso agrícola. Com efeito, a problemática do fumo é da maior relevância tanto do ponto de vista acadêmico como principalmente de ordem social e econômica. Este estudo teve por objetivo principal identificar e avaliar atividades com potencial econômico para compor projetos de sistemas de produção alternativos e viáveis visando à substituição da cultura do fumo no município de Estrela Velha. Especificamente buscam-se os seguintes objetivos: - identificar e avaliar o potencial econômico das atividades desenvolvidas no município; - conceber e elaborar os projetos de novos sistemas de produção voltados ao público alvo; - avaliar a viabilidade técnica e econômica dos projetos de desenvolvimento, verificando as condições e ações necessárias para a implantação das propostas. Para alcançar estes objetivos foi necessário conhecer muito bem a realidade da agricultura e dos agricultores. Isso foi possível mediante a disciplina de Estágio II do Curso de Agronomia que fez o estudo da agricultura do município valendo-se da metodologia de analise e diagnostico de sistemas agrários.

15 2 REVISÃO DA LITERATURA O estudo se fundamentou na Teoria de Sistemas Agrários, originalmente elaborada pela Cátedra de Agricultura Comparada do Instituto Nacional Agronômico de Paris-Grignon França, a qual se desenvolveu através do acúmulo de conhecimentos sobre a evolução e diferenciação da agricultura em diferentes regiões do mundo. A partir deste acúmulo foi elaborado o método de Análise- Diagnóstica de Sistemas Agrários ADSA, destinado ao estudo específico de situações de desenvolvimento agrário. Esta metodologia nos permite entender cada forma de agricultura e sua complexidade, e de percebermos as transformações históricas e geográficas da agricultura durante o tempo, as quais variam de uma localidade para outra, utilizando-se para isso uma analise metódica de sua organização e funcionamento. Permite-nos, além disso, classificar inúmeras formas de agriculturas caracterizandoas por um gênero de organização e funcionamento. È através deste reconhecimento da realidade agrícola, que surge a adoção de novas tecnologias pelos agricultores e evitando o insucesso de muitos projetos de desenvolvimento e implantação agrícolas realizados. Os projetos para as unidades de produção são voltados para a concepção e instalação de novos empreendimentos econômicos no qual exige um rigor técnico mais apurado no processo de elaboração, principalmente no que se refere ao estudo do mercado. Quando propostos para um público mais abrangente se caracterizam como projetos de desenvolvimento que são voltados para a promoção de determinados segmentos da sociedade através de mecanismos de apoio a atividade produtiva. Pode envolver recursos tecnológicos, meios de produção, ações educacionais e até mesmo recursos financeiros. No entanto, para todos os tipos é necessário que haja clareza e objetividade nas informações de forma a não deixar dúvidas sobre os objetivos ou a viabilidade do projeto. 2.1 SISTEMAS AGRÁRIOS De acordo com MAZOYER (2001) a teoria dos sistemas agrários é um instrumento intelectual que nos permite aprender a complexidade de cada forma da

16 agricultura e de nos darmos conta, a traços largos, das transformações históricas e da diferenciação geográfica das agriculturas humanas. Segundo Silva Neto (2005) para que se possa entender o que é um sistema agrário, é necessário distinguir a agricultura tal como ela se apresenta na realidade, ou seja, um objeto de observação e analise daquilo que o observador pensa do objeto. È nessa ultima categoria que se inclui um sistema agrário, o qual corresponde a um conjunto de conhecimentos metodicamente elaborados como resultado da observação, delimitações e análise de uma agricultura particular. Para Garcia Filho (1999), o principal objetivo do Diagnóstico dos Sistemas Agrários é contribuir para a elaboração de linhas estratégias do desenvolvimento rural, ou seja, definição de políticas publicas, de programas de ação e projetos (governamental, de organizações de produtores, de ONG, etc.) Para que se tenha um diagnostico com precisão é imprescindível, o seguinte questionamento: Quais são as praticas técnicas; sociais; e econômicas dos agricultores e seus sistemas de produção, as razões que explicam essas praticas as tendências de evolução; os fatores que levam essa evolução; problemas que enfrentam; o que se deve fazer para esses problemas. Um diagnóstico agrário é constituído de diversas etapas: - levantamento das situações ecológicas, sócio-econômicas dos agricultores; - Identificação dos tipos de agricultores, (familiares, patronais...) e quais os agentes que os envolvem (comércio, bancos, indústria, poder publico, etc.); - uma breve caracterização e identificação dos principais sistemas de produção, dos diferentes produtores, quais as praticas técnicas, sociais e econômicas, e os problemas que enfrentam; - realização de cursos para o desenvolvimento rural, ou seja, quais as tendências de desenvolvimento da agricultura da região; - identificar os elementos que são responsáveis por esta evolução; elementos ecológicos sócio-econômicos, técnicos, políticos, etc.; - ver a realidade para uma possível evolução agrária; - estabelecer políticas, projetos e programas de desenvolvimento dando preferência às prioridades.

17 2.2 PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO Segundo Mazoyer (1992-1993), para que os projetos de desenvolvimento agrícola sejam apropriados às condições, possibilidades e dificuldades de certa agricultura, é preciso que a formulação, seleção e identificação sejam precedidas de uma análise-diagnóstica metódica da situação e da evolução dessa agricultura em questão. Para que as formulações de proposição de desenvolvimento tenham sucesso é necessário se apoiar sobre um arcabouço de conhecimentos relativos à estrutura, funcionamento e dinâmica dos sistemas agrários. O desenvolvimento rural é, em primeiro lugar, um encadeamento de transformações técnicas, ecológicas, econômicas e sociais. Convém entender a sua dinâmica passada e as suas contradições presentes para prever as tendências futuras (DUFUMIER, 1996). O diagnóstico de sistemas agrários tem como seu principal objetivo contribuir para a elaboração de linhas estratégicas, definindo projetos de desenvolvimento (GARCIA FILHO, 1999). 2.3 PLANEJAMENTO E PROJETO Neste momento faz necessário referenciar o conceito de planejamento e projeto. Para Buarque (1991), planejamento e projeto não podem ser pensados separadamente, sendo que exige um processo continuo no tempo através de considerações de caráter técnico, econômico e financeiro. Já para Woiller e Mathias (1994), planejamento e projetos são fases de tomada de decisão independente entre elas, decisões estas que procuram levar a propriedade em um patamar maior de satisfação, mas para isso é necessário que haja uma coerência entre as decisões atuais e as passadas, e que haja uma sincronia entre decisões e resultados. O planejamento orienta o empreendimento. Segundo Robbins (2004), planejamento envolve a definição dos objetivos ou metas do sistema produtivo, o estabelecimento de uma estratégia geral para atingir esses objetivos, e o desenvolvimento de uma hierarquia abrangente de projetos para integrar e

18 coordenar as atividades. Ele diz respeito, portanto, ao fim (o que deve ser feito) assim como os meios (como deve ser feito). 2.4 FASES DE UM PROJETO A elaboração de um projeto segundo Buarque (1991), divide-se em identificar a idéia, o estudo de previabilidade, de viabilidade, o detalhamento a engenharia e a execução. Sendo que as três primeiras fases devem ser muito bem analisadas, para posteriormente a implantação, ou não do projeto. Durante a fase de identificação, os projetistas devem analisar anteriormente se a idéia da implantação do projeto é viável, ou não, se há um sentido de analisar essa idéia deve-se fazer então o estudo da previabilidade, que é o estudo com dados não necessariamente definitivos ou complexos, se o estudo de previabilidade justificar o investimento, só aí então é que os projetistas partem para o estudo da viabilidade. Um projeto deve conter as seguintes etapas básicas: - estudo de mercado e comercialização; - tamanho e localização; - a engenharia; - uma análise de custos e receitas; - avaliação do mérito do projeto, ou seja, uma análise de rentabilidade. 2.5 A PROBLEMÁTICA DA CULTURA DO FUMO A fumicultura é uma das atividades agroindustriais de maior importância econômica e social na região Sul do Brasil. Em 704 municípios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, o tabaco é cultivado em 373 mil hectares, por 187 mil produtores integrados. Um universo de aproximadamente 742 mil pessoas participa desse ciclo produtivo no meio rural, somando uma receita anual bruta de R$ 4,1 bilhões.(sindifumo, 2012). Outro aspecto importante a ser verificado é que, apesar do fumo apresentar um peso considerável na economia desses municípios, a cultura do fumo não tem sido um fator de desenvolvimento destes. A maioria dos municípios produtores de fumo situa-se no grupo de localidades com menor desenvolvimento nos seus respectivos Estados (MDA, 2007).

19 O grande desafio é facilitar o acesso às informações ao fumicultor, pois as empresas fumageiras promovem um poderoso esquema de manipulação induzindo o pequeno agricultor a assumir que a cultura do fumo representa a única alternativa. A empresa vai impondo ao agricultor uma efetiva alienação tecnológica, segundo a qual o seu saber fazer, com o passar do tempo, limita-se à produção de fumo. Assim a tarefa se coloca é informacional e cabe, em nosso entendimento, ao poder público através de seus organismos de pesquisa e extensão agropecuária, notadamente das universidades públicas (CARVALHO, 2006). As empresas do tabaco exercem controle sobre todos os aspectos do cultivo do fumo no Brasil, sem arcar com quaisquer riscos (DESER, 1998). Os pequenos agricultores se expõem às ameaças decorrentes do cultivo de tabaco e se sujeitam nos contratos a responsabilidades civis, criminais e ambientais às quais as empresas se eximem, sendo poucos os que têm autonomia sobre as suas próprias práticas. As empresas recomendam, financiam e vendem agrotóxicos aos fumicultores, oferecendo uma parca orientação sobre manuseio e segurança aos mesmos, que depois explora no momento da classificação e comercialização do tabaco curado (FRANZ e SCHNITZLER, 1999). Existe considerável evidência de que os pequenos agricultores sofrem de doenças associadas à exposição aos chamados defensivos químicos, entre as quais depressão, ansiedade, disfunções neurológicas, dores musculares e tremores semelhantes aos causados pelo mal de Parkinson, além de vômitos, problemas relacionados ao fígado, dores de cabeça, insônia, câncer. Eles também sofrem com a exposição a altos níveis de nicotina e apresentam um rol de doenças anuais que coincidem com o calendário do cultivo do tabaco (ETGES, 2001). Alguns especialistas em agrotóxicos se preocupam com a possibilidade de a nicotina e os inseticidas com organofosfatos, que atuam na mesma área do sistema nervoso, apresentarem, juntos, maior risco aos agricultores. E o mais grave é que são comuns os casos e as tentativas de suicídio nas pequenas propriedades em que há cultivo do tabaco. Em 1996 foi realizado um estudo que constatou índice de suicídios sete vezes superior à média brasileira, na região onde se concentra a produção de fumo no sul do país (ETGES, 2001 e PINHEIRO et al., 1996). As fumageiras, hoje, não precisam obrigar o produtor a absorver insumos, optar por seguro ou construções de investimento, pois o fumicultor já está irremediavelmente atrelado ao esquema e seus instrutores controlam a fidelidade. Os fumicultores reconhecem que estão intoxicados e com suas vidas e a de seus

20 filhos seriamente comprometidos. Também não acreditam que seja possível produzir sem esta relação opressiva, e nem sequer acreditam que existam alternativas. Submetem-se. E a ideologia do dominador passa a ser a visão do dominado. Infelizmente, este é o auge da servidão (PINHEIRO e LUZ, 1998). Etapas do ciclo de cultivo realizadas dentro da unidade produtiva: (Carvalho, 2006) 1 - Produção das mudas. 1.1 - Uso da talagarça 1.2 - Repicagem 1.3 - Podas 1.4 - Uso de agrotóxicos 2 - Preparo do solo 3 - Plantio 4 - Tratos culturais 4.1 - Agrotóxicos 4.2 - Fertilização 4.3 - Capina 4.4 - Capação e desbrote 5 - Colheita 6 - Secagem ou cura 2.6 A CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A relação entre produtores de fumo e as indústrias processadoras no Brasil é baseada no chamado sistema integrado de produção. Neste sistema, as indústrias fornecem as sementes e assistência técnica, determinam o uso de insumos e agrotóxicos e, ao mesmo tempo, garantem a compra do fumo em folha produzido pelos fumicultores integrados. (VARGAS, 2004). Conforme (DESER 2003), as principais vantagens que a cultura do fumo apresenta são na visão dos agricultores: que a cultura ocupa uma pequena parte da terra, gera a maior renda dentre as demais culturas, a comercialização do produto é garantida, existe o seguro 431 contra granizo, e o crédito é facilitado pela empresa fumageira aos seus integrados. O mesmo grupo também identifica alguns dos principais problemas da cultura: absorve muita mão-de-obra; a classificação do

21 produto pelas empresas apresenta uma exigência muito alta; a grande quantidade de classes é considerada excessiva; o sistema de integração provoca falta de liberdade de produção e comercialização; a assistência técnica das empresas é considerada insuficiente; há carência de lenha em algumas propriedades para a cura do fumo e a Previdência Social não reconhece as intoxicações por agrotóxicos como doença de trabalho. O sistema integrado de produção consiste no estabelecimento de vínculos entre as empresas e o universo de produtores de fumo em folha que se baseiam na exclusividade do fornecimento e adoção dos padrões de produção estabelecidos pelas empresas. Por um lado, as empresas repassam os insumos certificados e autorizados ao cultivo do fumo, prestam assistência técnica quanto aos métodos de plantio através de agrônomos e técnicos agrícolas, operam com a intermediação de financiamentos aos agricultores, são responsáveis pelo transporte do produto da propriedade até as usinas de beneficiamento e garantem a compra integral da produção (AFUBRA, 2010). O sistema integrado foi adotado ainda em 1918, mas somente na década de 70, com a reestruturação e modernização do setor, é que ele passa a fazer parte do arranjo fumageiro. Enquanto os vínculos de subordinação entre os produtores e o capital mercantil ainda não se encontravam estabelecidos através do sistema integrado, a quantidade produzida era arbitrada pelos próprios produtores. Eles não contavam com orientação técnica para o cultivo, que estava baseado no uso de adubos orgânicos. Quando grandes empresas passam a se instalar no sul do Brasil, essa autonomia deixa de existir. Diversas mudanças são introduzidas, como a utilização de defensivos e fertilizantes químicos no cultivo do fumo, mudanças no sistema de secagem (estufas) e a adoção da assistência técnica direta. Da mesma forma, com relação ao financiamento das atividades agrícolas, antes de surgir o Sistema Nacional de Crédito, as indústrias mantinham financiamento da produção diretamente com os produtores. Com o surgimento desse sistema, os financiamentos passam a ser feitos através do sistema financeiro com a intermediação das empresas (Vargas, 2004).

22 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 TIPO DE PESQUISA O presente estudo é caracterizado como uma pesquisa exploratória, pois expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação (Gil, 1999). Quanto aos meios de investigação, o presente estudo é classificado como pesquisa ação, pois será pesquisa cooperativa ou colaborativa, com base empírica, que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo. 3.2 PASSOS DESENVOLVIDOS NA PESQUISA A pesquisa envolveu uma seqüência com as seguintes etapas: - pesquisa de campo para identificar agricultores que representam os tipos apontados como publico alvo; - avaliação e analise técnica e econômica dos sistemas de produção; - elaboração da proposta técnica para cada agricultor; - elaboração de orçamento do projeto envolvendo os investimentos, os custos e as previsões de receitas; - elaboração da analise da viabilidade técnica, econômica e financeira dos projetos. Para a realização da analise da viabilidade econômica e financeira serão adotados os procedimentos recomendados por Buarque (1991). Avaliação e análise da viabilidade econômica têm como procedimentos: - receita bruta (RB): valor anual da produção a ser comercializada; - margem bruta (MB): é a sobra, obtida através do valor das receitas menos o valor dos custos variáveis. Indica o grau de intensificação e compara o desempenho das diferentes atividades produtivas; - renda líquida (RL): é o resultado econômico líquido, parte do valor bruto a ser gerado no projeto que sobrará para remunerar o produtor;

23 - fluxo econômico do projeto (Flec): é a contribuição anual do projeto, é representado pelo valor da renda líquida (RL) anual acrescido do valor anual da depreciação do capital fixo. Avaliação da Capacidade de pagamento do capital investido: - amortização do capital (AM): devolução do dinheiro financiado ao banco credor conforme as condições de pagamento pré-estabelecidas; - juros: referente aos empréstimos segundo uma taxa pré-estabelecida; - prestação: parcela a ser paga aos credores, valor do capital e acréscimos correspondentes aos juros; - saldo devedor (SD): valor da dívida que resta a ser pago após cada amortização do capital; - saldo líquido de caixa: valor anual disponível em caixa após efetuar todos pagamentos previstos na execução do orçamento do projeto. Avaliação da Rentabilidade do capital investido Existem vários critérios para determinar a rentabilidade de um projeto do ponto de vista privado: o tempo de retorno do capital (PRC), a taxa interna de retorno (TIR), valor presente líquido (VPL) e a rentabilidade simples. Valor Presente Líquido trata-se da atualização dos valores projetados no futuro para os dias atuais. Sobre o fluxo econômico anual projetado aplica-se uma taxa de atualização (desconto) equivalente a remuneração do capital investido. Esta taxa de atualização deve corresponder ao custo de oportunidade do capital (BUARQUE, 1991). Segundo BUARQUE (1991), a TIR representa a rentabilidade do capital investido evidenciado, portanto, o ganho anual (taxa de juro) com a aplicação do capital no projeto. Serve para comparar diferentes projetos entre si e compará-los com a rentabilidade geral possível na economia (custo de oportunidade do capital), ou seja, deve-se comparar com o custo financeiro monetário do país. Quanto maior a TIR mais atraente será o projeto e para ser aceitável nunca deverá ser inferior ao custo de oportunidade do capital. O período de retorno do capital representa o tempo necessário para a recuperação do capital investido, isto é, quanto tempo levará para recuperar o capital investido no projeto.

24 4 PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO DOS AGRICULTORES 4.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO O município de Estrela Velha foi emancipado em 28 de dezembro de 1995 e fica localizado na mesorregião do centro oriental rio grandense, na microrregião fumicultora de Santa Cruz do Sul, conforme a figura 01 que segue. Sua Área é de 281,67 km² com um IDH é de 0,741 segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano/PNUD (2000). Figura 1: Localização do município de Estrela Velha De acordo com os dados da estrutura fundiária constante da tabela 01, o município possui 814 estabelecimentos agropecuários, dos quais 63,8 % possuem menos de 20 ha, e ocupam 20,4 % da área. Cerca de 86,9 % dos estabelecimentos agropecuários possuem menos de 50 ha. O maior número de estabelecimentos (258) se concentra no extrato de área entre 10-20 hectares com 14,4 % da área agrícola do município.

Área Plantada (Hectares) 25 Tabela 1: Estrutura fundiária do município de Estrela Velha RS Área (ha) Nº Estabelecimento % Estabelecimento % Acumulado Área Total (ha) Percentual Área % Acumulado 0-5 103 12,7 12,7 314 1,3 1,3 5-10 158 19,4 32,1 1.136 4,7 6,0 10-20 258 31,7 63,8 3.500 14,4 20,4 20-50 188 23,1 86,9 5.631 23,1 43,5 50-100 51 6,3 93,2 3.298 13,5 57,0 100-200 23 2,8 96 2.849 11,7 68,7 200-500 16 2,0 98 5.039 20,7 89,4 500-1000 4 0,5 98,5 2.600 10,7 100,1 Sem 13 1,5 100 0,0 0,0 100 área TOTAL 814 100,00-24.367 100,00 - Fonte: Adaptado IBGE, 2006. Segundo informações do censo demográfico, o município possuía uma população de 3.628 no ano de 2010, dos quais 72,6% residiam no meio rural e 27,4% na área urbana. A produção de grãos tem grande importância econômica no município, verifica-se na figura 02 que ao longo dos anos a cultura da soja se destaca no uso da área comparativamente à produção de milho, feijão e trigo, atingindo em 2010 cerca de 11.200 hectares destinados a cultura. A cultura do fumo manteve-se praticamente constante, com uma pequena elevação crescente na área plantada a partir dos últimos 10 anos. 12000 10000 8000 6000 4000 2000 0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Anos Fumo Feijão Milho Soja Trigo Figura 2: Evolução da área plantada dos principais cultivos Fonte: IBGE (2012).

26 O quadro 1, que segue apresenta o desempenho econômico médio das atividades com maior potencial de geração de valor agregado. Para compor os projetos de desenvolvimento, em substituição da cultura do fumo, foram escolhidas a atividade leiteira, a produção de laranja e a cultura da uva de mesa. Quadro 1: Valor agregado bruto das atividades alternativas Atividades Valor Agregado Bruto Médio/ha Pecuária Leiteira 3.109,93 Feijão 1.780,00 Fumo 11.140,00 Uva 19.422,50 Laranja 7.858,00 Tomate 18.886,50 Peixe 5.969,00 Fonte: Dados do Estagio II 2012, Estrela Velha. 4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS TIPOS DE AGRICULTORES E PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO Foram identificados três tipos de agricultores que representam o universo de produtores de fumo. Levou-se em conta a escala de produção de fumo a as diferentes formas de combinação de atividades associadas à cultura do fumo. Os três tipos selecionados formam: Produtor Patronal/fumo/soja/Mecanização incompleta; Agricultor Familiar/PP/Fumo/Grãos e Agricultor Familiar fumo/pequeno porte. 4.2.1 Agricultor Patronal/Fumo/Soja/Mecanização Incompleta Este tipo de agricultor possui em torno de 45,0 ha de superfície agrícola total e 40 de superfícies agrícola útil, 2 unidades de trabalho familiar, e 4 empregados para trabalhar no fumo. A cultura do fumo é a sua principal fonte de renda, com uma área de 5 hectares de fumo de estufa e 4 hectares de fumo de galpão, além do fumo ele possui outras fontes de renda, como a produção de soja, em 20 ha, e 1,5 de feijão destinados a venda, também produz milho e aveia branca que destina para a subsistência ao trato dos animais.

27 Os resultados econômicos obtidos por esse sistema de produção são: R$ 122.608,25 de VAB total, R$ 3.065,21 de VAB/SAU e R$ 38.797,13 de RA/UTf. A renda agrícola é de R$ 77.594,26, sendo que a cultura do fumo é responsável por 80% deste valor, seguido pela produção de soja com 15%, e 2,3% da subsistência, e 1,7% da produção de feijão, conforme pode ser visualizado a partir das informações constantes na figura. 50,000.00 40,000.00 30,000.00 20,000.00 10,000.00 - (10,000.00) (20,000.00) (30,000.00) 0 5 10 15 20 Soja (a=892) Fumo est (a=10.792) Fumo Galpao (a=10.595) Feijao(a=1.324,69) Subsistência (a=573,81) NRS = 24.258,00 Figura 3: Composição da renda/utf do tipo patronal fumo-soja TMI Percebe-se que o fumo possui alta capacidade de geração de renda por hectare e que não existe grande diferença de renda entre estufa e galpão. Este agricultor possui uma renda satisfatória, devido ao fumo que tem um alto valor agregado por hectare, destinando a este uma VAB/ha de R$10.988,00. 4.2.1.1 Projeto Substituição do Fumo pela Pecuária Leiteira A proposta de intervenção consiste em um projeto de viabilidade da implantação da pecuária de leite, levando em conta que esta atividade esta tendo um bom acréscimo de adeptos na região, podendo-se ainda salientar que possui um mercado bem estruturado, garantia de compra na região. O fator mercado é um aspecto relevante no projeto, além de outros benefícios que a atividade traz para o agricultor, tais como a segurança financeira, a

28 regularidade da entrada de recursos na propriedade, à segurança de possuir um giro financeiro todo mês. Através da análise dos dados obtidos no estudo realizado, pode-se observar que a pecuária de leite, possui uma alta remuneração do trabalho, usando como modelo para a escolha e a suposta implantação da pecuária leiteira para o tipo de produtor aqui sugerido. O projeto inicia-se com investimentos em construções, como o de uma sala de ordenha, e alguns equipamentos necessários como uma ordenhadeira e um resfriador. Compra de vacas de boa qualidade genética também é importante para a produção de leite (Anexo A). O total dos investimentos para o financiamento é em torno de R$ 127.000, 00 valor que poderá ser quitado em dez anos, com três anos de carência e taxa de juros de 2% ao ano, pois estes agricultores se enquadram no programa de financiamento do Mais Alimentos. O Pronaf Mais Alimentos destina recursos para investimentos em infraestrutura da propriedade rural e, assim, cria as condições necessárias para o aumento da produção e da produtividade da agricultura familiar. O limite de crédito é de R$ 130 mil por ano agrícola, limitado a R$ 200 mil no total, que podem ser pagos em até dez anos, com até três anos de carência e juro de 2% ao ano. Para projetos coletivos, o limite é de R$ 500 mil. Para operações de até R$ 10 mil, o juro é de 1% ao ano. (PRONAF, 2012) A superfície do fumo no projeto foi substituída totalmente, a intenção do projeto foi de substituir apenas a área do fumo, analisando assim o impacto econômico que causará a erradicação desta cultura. Não possui uma proposta de diminuição da área de grãos no projeto. A demanda de trabalho exigida pelo manejo com as vacas consegue ser superada pelas unidades de trabalho familiar, apenas ira utilizar mão-de-obra mais intensamente na hora da ordenha, e no piqueteamento dos animais. O quadro 02 apresenta um roteiro prevendo como ficara o uso da área após a implantação do projeto, separando as culturas, nos meses em que as mesmas serão cultivadas.

29 Quadro 2: Usos das áreas de acordo com as produções ao longo do ano Milho Silagem (ha) Aveia Preta (ha) Soja Feijão Sorgo Milheto Azevém Subsistência (ha) (ha) (ha) (ha) (ha) (ha) JAN 20 3 4 2 5 1 FEV 20 4 2 5 1 MAR 20 4 2 5 1 ABR 20 5 1 MAIO 10 5 1 JUN 10 6 5 1 JUL 10 6 5 1 AG 2 10 6 5 1 SET 3 2 10 6 5 1 OUT 3 4 2 6 5 1 NOV 20 3 4 2 5 1 DEZ 20 3 4 2 5 1 Tifton (ha) A tabela 02 que segue mostra a situação atual e a proposta com substituição do fumo pela produção leiteira assim como a evolução dos principais indicadores econômicos e financeiros ao longo dos anos. Tabela 2: Indicadores econômicos da unidade de produção atual e com a participação do projeto, produtor tipo patronal fumo-soja TMI Especificação Situação Atual Proposta Ano 1 Proposta Ano 2 Proposta Ano 3 Proposta Ano 4 Condições Estruturais SAL 40,00 40,00 40,00 40,00 40,00 UTF 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 Sistema de Produção Fumo estufa 5,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Fumo Comum 4,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Soja (ha) 20.00 20,00 20,00 20,00 20,00 Feijão 3,00 3.00 3.00 3.00 3.00 Vacas lactação 0,00 17,07 23,18 24,00 24,00 Vacas totais 0,00 21,34 28,98 30,00 30,00 Produção Anual de Leite (l) 0,00 93.075, 00 134.320, 00 151.110, 0 75.200, 00 Rendimento Vaca Dia (l) 15,00 15,00 16,00 18,00 20,00 Milheto 0,00 2,00 2,00 2,00 2,00 Milho silagem 0,00 2.00 2.00 2.00 2.00 Sorgo pastejo (ha) 0.00 4,00 4,00 4,00 4,00 Tifton (ha) 0,00 0,50 1,00 1,00 1,00 Aveia preta (ha) 0,00 10,00 10,00 10,00 10,00 Azevém pastagem (ha) 0,00 6,00 6,00 6,00 6,00 Subsistência 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 VAB/há 3.064,48 1.934,96 2.635,00 2.923,43 3.341,81 Subsistência 1.050,00 1.050,00 1.050, 00 1.050, 00 1.050, 00 Soja 1.180,00 1.180,00 1.180,00 1.180, 00 1.180, 00 Feijão 1.780,00 1.800,00 1.800,00 1.800,00 1.800, 00 Fumo estufa 11.684,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Fumo comum 11.140,00 0,00 0,00 0,00 0,00

30 Especificação Situação Proposta Proposta Proposta Proposta Atual Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Leite 0 4.323,36 7.194,45 8.476,34 10.335,8 Indicadores de Resultados VAL (R$) 110.082,00 61.401,54 89.403,13 100.940,12 116.675,20 Dep. 12.497,00 15.997,00 15.997,00 15.997,00 16.997,00 RA (R$) 77.566,00 43.523,68 68.321,23 63.712,90 79.377,63 RA/UTf (R$) 31.026,40 17.409,47 27.328,49 25.485,16 31.751,05 TIR 48,4% PRK 8 anos Fonte: Dados da Pesquisa 2012 Verifica-se na tabela 02 que a superfície agrícola útil permanece a mesma, não necessitando a aquisição de novas áreas. Nota-se que a unidade de trabalho familiar é suficiente, apenas utiliza-se a mão-de-obra durante o ano todo não apenas em períodos concentrados. A proposta é de buscar alternativas viáveis a cultura do fumo, assim como ele dificilmente se igualará a outras atividades pela sua intensidade de retorno econômico. Na situação com o projeto no ano 1, mostrada na tabela acima, demonstrase que há entrada de renda líquida pela atividade leiteira, uma vez que a atividade possui um rápido retorno econômico desde que haja um manejo alimentar e sanitário para os animais produzirem o leite. No ano 1, a renda líquida por unidade de trabalho familiar do projeto é menor, e possui uma alta instabilidade até o quarto ano. A queda acentuada na renda no primeiro ano, mas logo sendo recuperada no segundo ano da implantação do projeto. Após uma irregularidade a estabilização do projeto vem a partir do quarto ano, como poder visualizado na figura 04.

RA/UTF Renda Global 31 RENDA AGRÍCOLA 100,000.00 80,000.00 60,000.00 40,000.00 RENDA AGRÍCOLA 20,000.00 0.00 0 1 2 3 4 5 ANOS Figura 4: Comportamento da renda com a substituição da cultura do fumo A TIR do projeto é de 48,4%, o que representa uma taxa elevada, indicando que o projeto é um bom investimento. O período de retorno de capital é de quatro anos. Na figura 05 observa-se uma comparação da renda, sendo as duas equivalentes ao longo dos anos e no final a renda do projeto consegue superar a atual. 35000 30000 25000 20000 15000 10000 5000 0 0 5 10 15 20 25 SAU/UTF RA/UTF Sit Atual RA/UTF NRS (13*sm) Figura 5: Comparativo da renda A tabela 03 que segue apresenta os dados referentes à projeção de um financiamento onde se constata que a renda agrícola anual com o projeto de leite faz

32 frente às prestações gerando um fluxo de caixa positivo em todos os anos e ao final do período de dez anos tem-se um total de R$ 461.638,46 de saldo de caixa. Tabela 3: Financiamento e saldo de caixa do projeto Anos Financia/ K Amortização Juros Prestação Saldo Devedor Fl. Liq. Cx 0 127,000.00 0 0 0 127,000.00 34,208.54 1 127,000.00 0 2,540.00 2,540.00 127,000.00 62,210.13 2 127,000.00-2,540.00 2,540.00 127,000.00 57,872.12 3 127,000.00 15,875.00 2,540.00 18,415.00 111,125.00 74,924.70 4 111,125.00 15,875.00 2,222.50 18,097.50 95,250.00 75,242.20 5 95,250.00 15,875.00 1,905.00 17,780.00 79,375.00 75,559.70 6 79,375.00 15,875.00 1,587.50 17,462.50 63,500.00 75,877.20 7 63,500.00 15,875.00 1,270.00 17,145.00 47,625.00 76,194.70 8 47,625.00 15,875.00 952.50 16,827.50 31,750.00 76,512.20 9 31,750.00 15,875.00 635.00 16,510.00 15,875.00 76,829.70 10 15,875.00 15,875.00 317.50 16,192.50-76,829.70 TOTAL 127,000.00 16,510.00 143,510.00 762,260.89 4.2.2 Familiar/Pequeno Porte/Fumo/Grãos Este agricultor possui 10 ha de superfície agrícola total e 5,1 de superfície agrícola útil, uma unidade de trabalho familiar. A cultura do fumo é a sua principal fonte de renda, a qual contribui significativamente com a renda do mesmo, com uma área de 1 hectare de fumo, além do fumo ele cultiva, 2 ha de soja, e 1 de milho destinados a venda, e possui outras atividades destinadas a subsistência. Os resultados obtidos por esse sistema de produção são: R$ 14.747,00 de VAB total, R$ 2.871,96 de VAB/SAU e R$ 12.947,20 de RA/UTf. A cultura do fumo é responsável por 72% deste valor, seguido pela produção de soja com 16%, o milho com 8% e a subsistência com 4%, conforme pode ser visualizado a partir das informações constantes na figura 06.

33 14,000.00 12,000.00 10,000.00 8,000.00 6,000.00 4,000.00 2,000.00 - (2,000.00) 0 2 4 6 Soja (a=669,64) Fumo (a=7961,79) milho (a=211,79) Subsistência (a=527,00) NRS = 9100,00 Figura 6: Composição da renda/utf familiar/pp/fumo/grãos 4.2.2.1 Projeto Substituição do Fumo pela Fruticultura Laranja A proposta de intervenção consiste em um projeto de viabilidade da implantação da laranja, levando em conta que esta atividade esta tendo um bom acréscimo de adeptos na região, podendo-se ainda salientar que possui um mercado bem estruturado, garantia de compra na região. O fator mercado é um aspecto relevante no projeto, além de outros benefícios que a atividade, pois terão que ser criados mecanismos de vendas para esta cultura. Através da análise dos dados obtidos no estudo realizado, pode-se observar que a cultura da laranja, possui uma alta remuneração do trabalho, usando como modelo para a escolha e a suposta implantação da cultura da laranja para o tipo de produtor aqui sugerido. O projeto inicia-se com investimentos em mudas, adubações, correção do solo, caixas para laranja, conforme em (Anexo B). O total dos investimentos para o financiamento é em torno de R$ 13.484,00 valor que poderá ser quitado em dez anos, com três anos de carência e taxa de juros de 2% ao ano, pois estes agricultores se enquadram no programa de financiamento do Mais Alimentos. A superfície do fumo no projeto foi substituída totalmente, a intenção do projeto foi de substituir apenas a área do fumo, analisando assim o impacto econômico que causará a erradicação desta cultura. Não possui uma proposta de diminuição da área de grãos. A demanda de trabalho exigida pela cultura para as

34 diversas etapas de manejo consegue ser superada pelo agricultor, necessitando de contratação de mais mão de obra apenas na colheita. Tabela 4: Indicadores econômicos da unidade de produção atual e com a participação do projeto, familiar/pp/fumo/grãos Especificação Situação Atual Proposta Ano 1 Proposta Ano 3 Proposta Ano 5 Proposta Ano 7 Condições Estruturais SAL 5.10 5.10 5.10 5.10 5.10 UTF 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 Sistema de Produção Fumo estufa 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 Fumo Comum 1.00 0.00 0.00 0.00 0.00 Milho 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 Soja 2 2 2 2 2 Laranja 0.00 1.00 1.00 1.00 1.00 Subsistência 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 VAB/há 2,871.96 795.00 1,476.86 2,457.25 4,418.04 Fumo estufa 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 Fumo Comum 10,592.50 0.00 0.00 0.00 0.00 Milho 1,162.50 1,162.50 1,162.50 1,162.50 1,162.50 Soja 1,182.50 1,182.50 1,182.50 1,182.50 1,182.50 Laranja 0.00 0.00 3,477.50 8,477.50 18,477.50 Subsistência 521.78 521.78 521.78 521.78 521.78 Indicadores de Resultados VAL (R$) 13,382.00 2,789.50 5,537.73 10,537.73 20,537.73 Dep. 1,265.00 1,265.00 1,994.28 1,994.28 1,994.28 DVA 1,400.00 1,000.00 1,250.00 1,300.00 1,350.00 RA (R$) 12,945.00 2,519.50 5,007.98 9,892.98 19,662.98 RA/UTf (R$) 12,945.00 2,519.50 5,007.98 9,892.98 19,662.98 TIR 14,14% PRK 8 anos Fonte: Dados da Pesquisa, 2012. A tabela 04 que segue mostra a situação atual e a proposta com substituição do fumo pela produção de laranja, assim como a evolução dos principais indicadores econômicos e financeiros ao longo dos anos. A proposta é de buscar alternativas viáveis a cultura do fumo, assim como ele dificilmente se igualara a outras atividades pela sua intensidade de retorno. Verifica-se na tabela 04 que a superfície agrícola útil permanece a mesma, a um grande declínio na renda do agricultor nos primeiros anos da instalação do projeto sendo quase nula sua renda, mas sua renda será superada e estabilizada a partir do oitavo ano. Na situação com o projeto no ano um mostrada na tabela acima, demonstrase que a entrada de renda líquida é muito baixa comparada a anterior, pois a cultura

RENDA AGRÍCOLA 35 da laranja possui um longo período até que a mesma se estabilize, e ainda sua renda diminui. A TIR do projeto é de 14,14%, o que representa uma taxa aceitável, indicando que o projeto é um bom investimento. O período de retorno de capital é de um ano, sendo que a cultura proposta não possui um alto custo para a implantação. A renda agrícola atual e o rápido acréscimo no segundo ano da implantação do projeto, já a estabilização da renda possui uma maior irregularidade visualizadas na figura 07. RENDA AGRÍCOLA 25,000.00 20,000.00 15,000.00 10,000.00 RENDA AGRÍCOLA 5,000.00 0.00 0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 7.0 8.0 ANOS Figura 7: Comparativo das rendas familiar/pp/fumo/grãos A tabela 05 que segue apresenta os dados referente a projeção de um financiamento onde constata-se que a renda agrícola anual com o projeto com a instalação da laranja, faz frente as prestações gerando um fluxo de caixa positivo em todos os anos e ao final do período de dez anos tem-se um total de R$ 42.897,08 de saldo de caixa.

Ra/Utf 36 Tabela 5: Financiamento e fluxo líquido de caixa do projeto Ano Principal Amortização Juros Prestação Saldo Devedor Fl. Liq. Cx. 0 28,485.50 0 0 0 28,485.50 0 1 28,485.50 0 569.71 569.71 28,485.50 3,374.07 2 28,485.50-569.71 569.71 28,485.50 3,374.07 3 28,485.50-569.71 569.71 28,485.50 4,812.54 4 28,485.50 4,069.36 569.71 4,639.07 24,416.14 743.18 5 24,416.14 4,069.36 488.32 4,557.68 20,346.79 3,267.07 6 20,346.79 4,069.36 406.94 4,476.29 16,277.43 3,348.46 7 16,277.43 4,069.36 325.55 4,394.91 12,208.07 5,872.34 8 12,208.07 4,069.36 244.16 4,313.52 8,138.71 5,953.73 9 8,138.71 4,069.36 162.77 4,232.13 4,069.36 6,035.12 10 4,069.36 4,069.36 81.39 4,150.74-6,116.51 Total - 28,485.50 3,987.97 32,473.47 0 42,897.08 Na figura 08 observa-se uma comparação das rendas, sendo as duas equivalentes, a renda da situação inicial sendo um pouco menor do que a proposta. 25,000.00 20,000.00 15,000.00 10,000.00 RA/UTF Sit Atual RA/UTF NRS (13*sm) 5,000.00 0.00 0 1 2 3 4 5 6 RA/Utf Situaçao Inicial Figura 8: Comportamento da renda com a substituição da cultura do fumo 4.2.3 Familiar Fumo/Pequeno Porte Este agricultor possui 3,5 ha de superfície agrícola total e 3 ha de superfície agrícola útil, 2 unidades de trabalho familiar. A cultura do fumo é a sua única fonte de renda, a qual contribui significativamente com a renda do mesmo, onde tem 2,3 ha são de fumo e restante é utilizado para subsistência.

37 Os resultados obtidos por esse sistema de produção são: R$ 29.840,00 de VAB total, R$ 5.630,19 de VAB/SAU e R$ 13.256,10 de RA/UTf. A cultura do fumo é responsável por 96,5% deste valor, e o restante é dado pela subsistência 3,5%. Conforme pode ser visualizado a partir das informações constantes na figura 09. 14,000.00 12,000.00 10,000.00 8,000.00 6,000.00 4,000.00 2,000.00 - (2,000.00) 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 Fumo (a=13552,39) Subsistencia (a=415,83) NRS = 9100) Figura 9: Composição da renda/utf, familiar fumo/pequeno porte 4.2.3.1 Projeto Substituição do Fumo pela Uva A proposta de intervenção consiste em um projeto de viabilidade da implantação da cultura da uva, levando em conta que esta atividade possui um alto valor agregado por hectare. O fator mercado é um aspecto relevante no projeto, além de outros benefícios que a atividade traz para o agricultor, possui uma segurança financeira ao projeto por ser uma mercadoria de alta aceitação em todos os mercados, que além de ser vendida em natura pode ser processada e transformada em vinho, vinagre ou chirmer. Através da análise dos dados obtidos no estudo realizado, pode-se observar que a fruticultura, possui uma alta remuneração do trabalho, usando como modelo para a escolha e a suposta implantação da uva para o tipo de produtor aqui sugerido.

38 Tabela 6: Indicadores econômicos da unidade de produção atual e com a participação do projeto Especificação Condições Estruturais Situação Atual Proposta Ano 1 Proposta Ano 2 Proposta Ano 3 Proposta Ano 4 SAL 3.00 3.00 3.00 3.00 3.00 UTF 2.00 2.00 2.00 2.00 2.00 Sistema de Produção Fumo 2.30 0.00 0.00 0.00 0.00 UVA 0.00 2.30 2.30 2.30 2.30 Subsistência 0.70 0.70 0.70 0.70 0.70 VAB/há 9,946.67 175.67 5,934.83 9,268.17 12,601.50 Fumo 40,692.00 175.67 5,934.83 9,268.17 12,601.50 Uva 0.00 0.00 17,277.50 30,000.00 37,277.50 Subsistência 3,060.00 3,060.00 3,060.00 3,060.00 3,060.00 Indicadores de Resultados VAL (R$) 28,092.50-2,267.28 15,060.23 25,060.23 35,060.23 Dep. 1,265.00 1,265.00 2,744.28 2,744.28 2,744.28 DVA 1,580.30 714.75 1,174.75 1,404.75 3,664.28 RA (R$) 26,512.20-2,982.03 13,885.48 23,655.48 31,395.95 RA/UTf (R$) 13,256.10-1,491.01 6,942.74 11,827.74 15,697.98 TIR 28,16% PRK Fonte: Dados da Pesquisa, 2012. 6 anos O projeto inicia-se com investimentos em preparo do solo, palanques, correção do solo, adubações, arame e agroquimicos (Anexo A). O total dos investimentos para o financiamento é em torno de R$ 73.027,78 valor que poderá ser quitado em 10 anos, com 3 anos de carência e taxa de juros de 2% ao ano, pois estes agricultores se enquadram no programa de financiamento do mais alimentos. A superfície do fumo no projeto foi substituída totalmente, a intenção do projeto foi de substituir apenas a área do fumo, analisando assim o impacto econômico que causará a erradicação desta cultura. A demanda de trabalho consegue ser superada pelas unidades de trabalho familiar, para os manejos da cultura, ainda mais se o agricultor executar um escalonamento de variedades, sendo apenas necessário contratar mão de obra apenas para o momento da colheita.