O ESTÁGIO SUPERVISIONADO COMO ELEMENTO FUNDAMENTAL PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL

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Transcrição:

O ESTÁGIO SUPERVISIONADO COMO ELEMENTO FUNDAMENTAL PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL Elaine Gomes de Oliveira 1 Suênya Thatiane Souza de Almeira 2 RESUMO Este trabalho busca compreender e analisar de que forma a prática do estágio supervisionado em Serviço Social se configura como elemento fundamental para a formação profissional dos assistentes sociais. Deste modo, traça alguns elementos necessários para a compreensão do processo de formação na contemporaneidade, buscando identificar particularidades e o papel que o mesmo vem desempenhando no atual contexto social e econômico que rebate diretamente na formação, levando em consideração as artimanhas do capital diante da educação superior no Brasil e suas implicações para o Serviço Social. Palavras-chave: Estágio Supervisionado, ensino superior e formação profissional. 1 Estudante do 8º Período do Curso de Serviço Social da Faculdade Novos Horizontes Belo Horizonte / MG. 2 Coordenadora do Curso de Serviço Social da Faculdade Novos Horizontes - Belo Horizonte / MG. Doutoranda em Serviço Social pela UNESP / Franca - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Mestre em Serviço Social pela UNESP / Franca - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Especialista em Intervenção Familiar pela Faculdade Santo Agostinho de Montes Claros (2005). Graduação em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2001).

2 1 INTRODUÇÃO Pode-se inferir que os questionamentos sobre Estágio Supervisionado em Serviço Social não se constitui como uma nova discussão sobre a formação profissional da categoria no âmbito brasileiro. Entretanto, diante do cenário atual, de mercantilização da educação e contrarreformas do ensino superior, a busca por mão de obra capacitada intensificou-se e competências comportamentais, éticas e políticas passaram a ser mais exigidas pelo mercado do que a qualificação em si. Diante destes desafios o tema, Estágio Supervisionado adquire novas nuance e se torna um debate atual, para os/as assistentes sociais e suas organizações, para as Unidades de Formação Acadêmica em Serviço Social, campos de estágios bem como para todos os sujeitos que estão direta ou indiretamente envolvidos nesse processo. O Estágio supervisionado é concebido como atividade curricular obrigatória, objetivando a capacitação do aluno a partir da sua inserção em espaço sócio ocupacional, onde pressupõe supervisão sistemática, tendo como base a Lei 8.66/93 (Lei que Regulamenta a Profissão de Serviço Social), o Código de Ética Profissional (1993) e a RESOLUÇÃO CFESS Nº 533, de 29 de setembro de 2008. Sendo assim, a formação profissional do assistente social é alicerçada em um direcionamento crítico que vincula as bases da profissão ao projeto social das classes subalternas e seus interesses coletivos e põe no horizonte do Projeto Ético Político profissional a superação da ordem burguesa. Busca-se despertar a atenção para as exigências do mundo contemporâneo e suas implicações para a formação acadêmica, dado a conjuntura atual de desenvolvimento do capitalismo, sobretudo nas contrarreformas do Estado, no bojo da reestruturação produtiva, nas perdas de direitos sociais, no desmonte e na precarização do processo de trabalho. Sendo assim, observa-se a necessidade de indagações acerca do Estágio Supervisionado uma vez que, o mesmo configura-se como locus de apropriação da prática profissional dos futuros/as Assistentes Sociais. Este processo encontra-se diretamente ligado ao futuro da profissional dos Assistentes Sociais, e o modo em que ele está sendo capacitado para enfrentar o mercado de trabalho e formular respostas aos usuários de seus serviços. Deste modo, considero de grande relevância a problematização a respeito desta temática.

3 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 Serviço Social brasileiro: um breve resgate Não se pode falar em Serviço Social sem fazer menção ao capitalismo. O Serviço Social nasce pela ideologia do capital que segundo Estevão, (1984) pode ser compreendido como fruto da união entre a cidade com a indústria, nasce para controle da pobreza e adestramento da classe trabalhadora, em um dado momento da história em que nada poderia impedir o aumento e a consolidação do modo de produção capitalista. Foi necessário um profissional capaz de lidar com a crescente demanda do processo de exploração vivenciado pela classe trabalhadora. Neste primeiro momento o Serviço Social é tido com instrumento do Estado para manutenção da ordem burguesa. Inicialmente, a profissão servia para o controle da pobreza. Existiam as damas de caridade que contribuíam para realizar atividades que eram impostas pela Igreja Católica. Com o aumento e a consolidação do modo de produção capitalista começou a expandir a questão social, onde a classe burguesa tinha que conseguir mecanismo para manter a ordem e a continuidade do seu poder. A realidade trazida pelo capitalismo estava posta e imposta: ou o trabalhador se mercantilizava, assumindo a condição de mercadoria útil ao Capital, ou se coisificava, assumindo o estado de coisa pública - república a que correspondia a perda da cidadania, a não-cidadania. (MARTINELLI, 2005 p. 57) Nesse contexto foi visto a necessidade de se criar instituições, que se encarregassem de formar profissionais que atuassem especificamente na área da assistência social e colocar em questão a institucionalização do Serviço Social. Nessas práticas as ações prestadas pelo assistente social ainda eram o controle da pobreza visando o lucro do capitalismo. No Brasil, o Serviço Social começou entre os anos de 1930. Nessa década, o Brasil vivia um processo de início dentro da industrialização de importações, num contexto de capitalismo dependente e agroexportador. No período de 1930 a 1935, o governo brasileiro começou a sofrer pressões da classe trabalhadora, que é então controlada através da criação de organismos normalizadores e disciplinares das relações de trabalho, em especial través do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. [...] a origem do Serviço Social como profissão tem, pois, a marca profunda do capitalismo e do conjunto de variáveis que a ele estão subjacentes-alienação, contradição, antagonismo, pois foi nesse vasto caudal que ele foi engendrado e desenvolvido (MARTINELLI, 2005, p. 66)

4 Recém-formados, em 1936, os novos assistentes sociais tinham por finalidade intervir com as famílias, mas essa intervenção era na moral, na higiene e como inseri-los na ordem social. [...] Exemplos dessa articulação, na prática, podem ser vistos através das atividades das assistentes sociais subindo os morros das favelas para levar as pessoas a regularizarem suas relações de casal por uma certidão de casamento ou certidão de nascimento dos filhos e a evitar relações consideradas promíscuas ou perigosas: era a ordem moral e social para harmonizar classes sociais e edificar a boa família, o bom operário, o homem e a mulher sadia (FALEIROS, 2005 p.13). Analisando esse contexto notava-se que o assistente social tinha por base a intervenção na moral dos usuários. Identificado como profissional assalariado, o assistente social começou a desenvolver sua prática de acordo com a política a qual lhe era oferecida pelo Estado e por grandes empresas, tendo como público alvo a massa trabalhadora. Segundo Faleiros (2005), com isso, o processo de formação e expansão políticas, sociais e econômicas o profissional era chamado para não mais resolver as demandas da moral ou higiene, mais para articular a harmonia entre Estado e sociedade. E buscando ter sua própria teoria o Serviço Social vivenciou muitos conflitos ideológicos e políticos. Esses movimentos de elaboração crítica articulam-se com as lutas estudantis e lutas políticas pela transformação das relações de dependência entre países e das relações de exploração e dominação entre classes. A chamada geração de 65 [...] marcadamente latino-americano, questionando o importado, enquanto outros, já influenciados pela Revolução Cubana e pela luta anti-imperialista e anti-capitalinista dos anos 60, passaram a crítica do processo de dominação de classe presente no Serviço Social implicando também a crítica à burocratização do Serviço Social. Buscavam outra inserção do Serviço Social junto às classes trabalhadoras, na realidade a elas articulada (FALEIROS, 2005, p. 17). Assim, começou-se a notar que o Serviço Social precisava de um embasamento teórico-metodológico que construísse uma possibilidade de transformação social. Os movimentos sociais trouxeram para o Serviço Social uma visão crítica despertando a atenção para a busca de uma teoria fundamentada, o que já era discutido na Europa por Karl Marx. Muitos dentro do Serviço Social tiveram a base nas teorias Marxistas. Mas, com a vinda da ditadura em 1964 os movimentos sociais tiveram seus direitos cortados e assim afastaram o Serviço Social da classe trabalhadora devido à nova organização do governo. Os anos 60, ao longo dos quais se processou um agravamento do quadro político nacional, encontravam o Serviço Social recuado do cenário histórico, produzindo e

5 reproduzindo práticas incapazes de se somarem aos esforços de construção e prevenção de espaços democráticos em uma sociedade oprimida por uma ditadura militar (MARTINELLI, 2005, p. 142) A ditadura militar causou inúmeros retrocessos não apenas na profissão, mas também em todas as partes da sociedade. Houve morte, exílio, perseguição torturas, proibição de música a arte a cultura a imprensa e manifestações sociais principalmente. Foi um momento de retrocesso para a profissão em termos teórico-metodológicos que tiveram livros queimados e proibidos de serem impressos. Nesse momento os profissionais sentiram a necessidade de rever sua formação profissional, sentiam necessidade de um processo de ruptura. [...] percebe-se que a formação de aliança dos assistentes sociais com a clientela e com os outros profissionais é colocada na perspectiva de uma ação coletiva, visa um processo de organização e mobilização dos assistentes sociais, enquanto categoria profissional de forma que suas ações tenham reflexão na constituição de sujeitos coletivos que visa a um processo de organização e mobilização dos assistentes sociais enquanto categoria profissional (OLIVEIRA, 1988 apud SILVA & SILVA, 2007, p. 175) Segundo Faleiros (2005), em 1988, a Associação Brasileira de Ensino de Serviço Social (ABESS) buscou discutir sobre a implantação da metodologia no Serviço Social. Pretendia começar uma reflexão dialética que tem a crítica como instrumento de penetração dos meandros da produção de uma atividade profissionalizada, institucionalizada e organizada no contexto político entre capital x trabalho. [...] Coloca-se a necessidade de uma base teórica sólida, tendo em vista a formação para pesquisa e a formação técnica-operativa para intervenção, devendo superar outro dilema: o da relação teoria/prática. E aqui reafirmamos nosso entendimento de que a fragilidade, dita instrumental, no Serviço Social, tem como determinação maior a fragilidade teórico-conceitual, entendendo que o teórico-metodológico constitui uma unidade, uma totalidade (SILVA & SILVA, 2007, p. 249) Ainda segundo Faleiros (2005), um desafio metodológico da profissão é trabalhar a representação e a reprodução a fim de mediar suas complexidades, pois envolve uma série de pressupostos de diferentes abordagens. Nesse momento o Serviço Social se apropria da teoria marxista, com a introdução do conceito de participação popular, na busca de uma ruptura com a visão conservadora. No intuito de romper com a visão conservadora e tradicional da profissão, o Movimento de Reconceituação preocupou-se como desenvolvimento teórico, a dimensão crítica e política do Serviço Social. Para Iamamoto (2012), afirma que o Serviço Social

6 centrou sua análise com a questão de classe, na defesa do trabalhador, e hoje acrescenta de maneira nítida, ao processo de compreensão e intervenção social a questão da cidadania. Assim, trabalho e formação profissional encontram-se estreitamente ligados a um desafio comum: compreender suas raízes, de modo que qualifique a postura do Assistente social e o transforme em um profissional adequado ao mercado trabalho e ao projeto ético político da profissão, sem abrir mão de seus compromissos com a construção da cidadania, a defesa da esfera pública, o cultivo da democracia, parceria da equidade e da liberdade, princípios fundamentais inscritos no Código de Ética do Assistente Social de 1993. 2.2 O Estágio Supervisionado e a Formação profissional do Assistente Social no cenário contemporâneo Na busca pela formulação de novos conhecimentos, o Estágio Supervisionado pode ser compreendido como instrumento de suma importância para a formação profissional embora não seja o único. É importante atentarmos para as transformações do mercado de trabalho que incidem na dinâmica do trabalho do assistente social e interferem na dinâmica do Estágio Supervisionado. [...] o estágio, que, a partir da década de 1990, vê-se subjugado cada vez mais a critérios de seleção específicos do próprio campo, conforme tendência do mercado que busca um estagiário cujo perfil seja mais adequado aos seus interesses e necessidades (RIBEIRO, 2013, p.88). De acordo com Ribeiro (2013), o mercado vem tentado subordinar o processo de estágio à lógica mercantilista, e tal tendência incidiu negativamente no processo de formação prático profissional. Assim, estágio compreendido como momento essencial para a formação do aluno de Serviço Social, pode ser percebido em alguns momentos como algo meramente burocrático para cumprir uma grade curricular. O mercado de trabalho reivindica do profissional de Serviço Social uma qualificação, que segundo Souza & Azevedo (2004), não é uma competência no sentido operacional, mas uma competência, ligada diretamente às necessidades que emergiram do mundo do trabalho e do sistema produtivo, criando um perfil profissional aceitável ao mercado de trabalho, que exige do profissional, competências múltiplas, reatualizado de acordo com as necessidades apenas do mercado, tornando o trabalho cada vez mais alienado.

7 [...] a subalternidade de muitos assistentes sociais e estagiários ante outras profissões e/ou às hierarquias institucionais. Há, no estagio, uma tendência de a instituição campo apropriar-se do trabalho do estagiário que é incorporado em suas rotinas, compondo a burocracia institucional, o que leva o estagiário muitas vezes, ao ativismo ou a afirmativa de que na prática a teoria é outra. (RIBEIRO, 2013 p.84). Existe uma clara tendência pela busca de qualificação permanente dos profissionais, entretanto, é necessário atentarmos para a possibilidade de construir ainda na academia, meios para um processo de formação que possibilite ao aluno maior qualificação intelectual e cultural, para que possa responder com competência e criatividade as demandas que emergem em sua trajetória. Embora as Diretrizes Curriculares e o Projeto Ético-Politico da categoria indicarem uma direção hegemônica e alguns profissionais se posicionarem em defesa do mesmo, notamos que no cotidiano da prática acabam imprimindo um sentido contrário. Alguns supervisores delegam tarefas estratégicas do serviço em que atuam ao estagiário, alegando que apenas dessa forma poderá o aluno desenvolver autonomia e segurança. Ressalto que tal postura não contribui com o processo de formação do aluno; ao contrário, tende a desqualifica-lo, tendo em vista que ignora seu grau de amadurecimento teórico, técnico e interventivo, fazendo do estágio um laboratório em que as atividades são desenvolvidas a partir do binômio ensaio erro.( ORTIZ, 2013 p.125). Buriolla (2011) afirma que o Estágio Supervisionado deve ser considerado, como momento único de sua aprendizagem, propõe reflexão sobre a ação profissional amadurecimento, possibilitando a construção de uma visão crítica da dinâmica das relações existentes no campo institucional apoiando na supervisão ao indagar sobre si mesmo e seu objeto, tomado por reflexões, em sua processualidade dialética, transcendendo, tendo em vista possibilidade e elaboração de novos conhecimentos. Santos (2004) considera que instrumentos e técnicas utilizados pelo Serviço Social possuem relação quase direta com a prática e não um detrimento da outro, sendo necessário conhecimento procedimental, mas que não dispensa conhecimento teórico, no estágio não se pode privilegiar o, como fazer, mas sim, manter periodicamente uma reflexão de âmbito teórico, no sentido do para que fazer, por que fazer, quando fazer. A supervisão de Estágio integra o processo de formação profissional. Seus pressupostos e princípios, orientação teórico-metodológico e direção social estão afirmados nas diretrizes curriculares e nos demais componentes do projeto ético politico da profissão, tais como à Lei de Regulamentação da Profissão, o código de Ética de 1993, a Resolução 533/2008 do CFESS e a Política Nacional de Estágio da ABEPSS.

8 Para Buriolla (2011) a legislação existente acerca o estágio, tanto geral quanto específica, atribui para a execução do estágio um caráter de proteção e de formação prática do aluno, cria um arcabouço de modo que o estagiário possa se desenvolver efetivamente, nesta etapa de seu processo de formação profissional. Assim, Buriolla (2011a), salienta que o estagiário vem para este processo com uma visão particular de mundo e da profissão de assistente social. A partir de si mesmo faz seu questionamento e traz sua contribuição ao nível teórico-prático. É desta maneira que o aluno manifesta um elemento participante no processo de Supervisão. Muitas vezes, seus questionamentos correspondem à sua vivência, outras vezes não; são reflexos de sua formação teórica construída na faculdade. Com o objetivo de garantir a qualidade no processo de Estágio Supervisionado a (ABEPSS/2010) estabelece Diretrizes Gerais do Curso de Serviço Social como base comum, no plano nacional, para os cursos de graduação, dispondo de princípios que fundamentam a formação profissional, a partir da qual cada Instituição de Ensino Superior (IES) elabora sua grade curricular em consonância com as Diretrizes Gerais estipulados pela (ABEPSS, 2010). Princípios estes que atentam para uma formação de qualidade, que não seja apenas uma reprodução com vistas a atender os interesses do mercado, mas uma formação dirigida por compromissos ético-políticos com a objetivação de conhecimento e de valores que possam contribuir para a ampliação dos direitos, da liberdade, da justiça social, da democracia, pretendendo dar visibilidade ás particularidades e às possibilidades de construção para o pleno desenvolvimento do aluno. O estágio se configura a partir da inserção do aluno no espaço sócio institucional objetivando capacita-lo para o exercício do trabalho profissional, o que pressupõe supervisão sistemática. Essa supervisão será feita pelo professor supervisor e pelo profissional do campo, através da reflexão, acompanhamento e sistematização com case em planos de estágio, elaborados em conjunto entre unidade de ensino e unidade campo de estágio tendo como referencia a Lei 8662/93(lei que regulamenta a profissão) e o Código de Ética do profissional (1993). O Estágio Supervisionado é codominante ao período letivo escolar. (ABEPSS, 1996 p 71). O estágio ainda é uma das formas mais utilizadas como instrumento de interação entre as instituições de ensino superior e as empresas. Toda esta interação é regulamenta por uma legislação geral e específica que dispõe sobre as competências de cada um dos atores envolvidos.

9 2.3 Sujeitos envolvidos no processo do estágio e seus papéis. A Associação Brasileira de Ensino e pesquisa em Serviço Social- ABEPSS, instituição da sociedade civil de natureza acadêmico-cientifica em âmbito nacional, delibera por traçar uma Política Nacional de Estágio na área do Serviço Social, entendendo que este documento seja constituído como parte fundamental para balizar o processo de mediação teórico-prática na integralidade da formação profissional do assistente social. Esse processo coletivo de debates demostra o caráter mobilizador e estratégico da PNE na defesa do projeto de formação profissional e instrumento de luta contra a precarização do ensino superior. [...] nesta tarefa as UFAs e os sujeitos e profissionais não se furtam da contribuição na qualificação e aprofundamento dos debates, proposições e praticas para a efetivação do papel do estágio supervisionado em consonância com as Diretrizes Curriculares e com a direção ético-político do Serviço Social brasileiro.( ABEPSS, 2010). Uma das premissas do estágio supervisionado trazido pela PNE é o de oportunizar ao estudante o estabelecimento de relações mediatas entre os conhecimentos teóricosmetodológicos e o trabalho profissional, a capacitação técnico-operativo e o desenvolvimento de competências necessárias ao exercício profissional nesse contexto político- econômicocultura, sob hegemonia do capital.( ABEPSS, 2010 pag.14). Este processo politico pedagógico constitui-se como num momento importante e de atenção as questões conjunturais que complexificam e dificultam esta etapa da formação profissional, tais como: a precarização nos campos de estagio e nas instituições de ensino, pela deficiência de recursos materiais, físicos e humanos, a bolsa de estagio que não condiz com a realidade de estudantes-trabalhadores, a massificação do processo de supervisão acadêmica pelo numero excessivo de estudantes, dentre outros. (ABEPSS, 2010 pag.15). Diante de tantos desafios e situações que podem acarretar prejuízos para o processo de Estágio e visando o enfrentamento desses desafios a PNE, incumbiu-se de caracterizar os sujeitos envolvidos no processo de estágio e suas atribuições. Aos(às) supervisores(as) acadêmicos(as) compete o papel de orientar os estagiários e avaliar seu aprendizado, em constante diálogo com o(a) supervisor(a) de campo, visando a qualificação do estudante durante o processo de formação e aprendizagem das dimensões teórico-metodológicas, ético-políticas e técnico-operativas da profissão, em conformidade com o plano de estágio. Aos(às) supervisores(as) de campo cabe a inserção, acompanhamento, orientação e avaliação do estudante no campo de estágio, em conformidade com o plano de estágio, elaborado em consonância com o projeto pedagógico e com os programas institucionais vinculados aos campos de estágio; garantindo diálogo permanente com o/a supervisor/a acadêmico/a, no processo de supervisão.

10 A política nacional de Estágio em Serviço Social de cita de forma objetiva as atribuições de cada ator envolvido. Aos(às) estagiárias o papel de cumprir com os princípios éticos e legais da profissão, ter competência crítica, teórica e política no desenvolvimento de suas funções, ser propositivo, competente e responsável, ir de encontro com os princípios do Projeto Ético-político da profissão, dentre outros. 2.4 Legislações pertinentes acerca do Estágio Supervisionado em Serviço Social. A atividade de Estágio é obrigatória no Brasil desde a fundação das primeiras escolas de Serviço Social na década de 1930. Trataremos neste texto os aspectos legais acerca do estágio supervisionado e a legislação em vigência para subsidiar o mesmo. 2.4.1 Legislação Federal de Estágio nº 11.788. O Estágio no Brasil é regulamentado por uma legislação Federal que pode ser compreendida como marco geral, fundamentado na Lei n 11.788 de 25 de setembro de 2008, que trata da definição, classificação e relações dos diversos atores envolvidos no processo de estágio em âmbito nacional. Este ordenamento caracteriza as dimensões do estágio como sendo um ato educativo, desenvolvido no ambiente profissional, que visa o aprendizado de competências próprias de cada profissão, objetivando o desenvolvimento do aluno para a vida cidadã e para o trabalho. Em seu artigo 1º, a Lei federal versa que: Art. 1. O Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos (Brasil, 2008). De acordo com a Lei geral do estágio, o mesmo é parte fundamental na formação profissional e deve fazer parte do projeto pedagógico do curso, integrando o itinerário formativo do aluno. A legislação afirma que o estágio pode ser ofertado em dois aspectos estágio obrigatório e não obrigatório, o primeiro se constitui como atividade obrigatória cuja carga horaria é requisito para aprovação e obtenção do diploma e deve constar no projeto do curso, já o segundo é compreendido como atividade opcional, que pode ser acrescida, à carga horária

11 regular e obrigatória, e também deve ser constituído como parte do projeto pedagógico do curso (Brasil, 2008). 2.4.2 Resolução nº 533/2008. No intuito de sistematizar e qualificar de forma específica o Estágio Supervisionado em Serviço Social, o conjunto CEFES/CRESS criou em 2008 a Resolução 533 que regulamento a supervisão direta e estágio em Serviço Social. Esta Resolução constitui um processo democrático de mobilização nacional, que contou com representantes do CEFSS, da ABEPSS e da Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social-ENESSO, que discutiram a relação do estágio supervisionado com a Politica Nacional de Fiscalização. A Resolução n 533 visa regular a supervisão direta de estágio em Serviço Social, normatizando a relação direta, sistemática e continua entre as Instituições de Ensino Superior, os campos de estágio e os CRESS. Deste modo considera: O Estágio Supervisionado é uma atividade curricular obrigatória que se configura a partir da inserção do aluno no espaço sócio-institucional, objetivando capacita-lo para o exercício profissional, o que pressupõe supervisão sistemática. Esta supervisão será feita conjuntamente por professor supervisor e por profissional do campo, com base em planos de estagio elaborados em conjunto pelas unidades de ensino e organizações que oferecem estágio (CRESS, 2008). A resolução do CFESS estabelece que seja de responsabilidade das unidades de ensino credenciar e comunicar ao respectivo conselho os campos de estágios de seus alunos e designar os assistentes sociais responsáveis pela supervisão de campo e que somente estudantes de Serviço Social, sob supervisão direta do assistente social em pleno gozo de seus direitos profissionais, poderão realizar estágio em Serviço social. Embora a Resolução 533/2008, esteja em consonância com a Lei geral do Estagio, quando comparamos os aspectos acerca da quantidade de alunos supervisionados encontramos uma não conformidade entre o que estipula a legislação Federal e o qual deve ser a quantidade ideal de alunos supervisionados segundo a Resolução 533/2008. A resolução 533/2008 estabelece que: A definição do número de estagiários a serem supervisionados deve levar em canta a carga horária do supervisor de campo, as peculiaridades do campo de estágio e a complexidade das atividades profissionais, sendo que o limite máximo não deverá exceder 1 (um) estagiário para cada 10 (dez) horas semanais de trabalho (CRESS, 2011 pag.126). Enquanto a Lei Federal de Estágio 11.788, de setembro de 2008.

12 Art. 9º. III indicar funcionário de seu quadro de pessoal, com formação ou experiência profissional na área de conhecimento desenvolvida no curso do estagiário, para orientar e supervisionar até 10 (dez) estagiários simultaneamente; (BRASIL, 2008). A limitação do número de estagiários pode ser considerada como um dos fatores que mais geram discussão e debates, em Fóruns, Seminários e Encontros de Estudantes e profissionais, uma vez que muitas instituições de ensino tem encontrado dificuldade em abertura de campos de estágios, pois os profissionais passaram a ter uma limitação em relação ao numero de estagiários, o que tem sido um grande problema diante da realidade institucional e dos espaços sócio-ocupacionais do assistente social que ainda são limitados. No entanto sabemos que esta resolução busca uma formação mais qualificada e embasada nos princípios ético-políticos da profissão. A supervisão de estágio busca legitimar a interação entre os sujeitos envolvidos no processo de estágio supervisionado, assim, o supervisor de campo e o supervisor acadêmico vêm colaborar diretamente para o processo de formação acadêmica do aluno, desempenhando uma função pedagógica. Este elo privilegiado busca aprimorar as condições do estágio e encurta a distância entre a academia e os campos de estágio, possibilitando interlocução, entre os supervisores de campo, através da troca de saberes e experiência, contribuindo de forma decisiva na atuação profissional e amadurecimento do aluno. 3 Considerações Finais Para que o estágio supervisionado alcance o objetivo proposto, associando o processo educativo à aprendizagem prática da profissão, é necessário que além do planejamento, execução, acompanhamento e avaliação, entre em consonância com as diretrizes bem definidas e com pressupostos que norteiam o projeto pedagógico do curso de Serviço Social e com todas as condições dispostas pela legislação geral e específica vigente. É preciso que o estagiário, supervisor de campo e supervisor acadêmico construam juntos o caminho a ser trilhado. O estágio Supervisionado como parte da formação acadêmico/profissional em Serviço Social, carrega suas contradições e possibilidade de superação, que se expressam diante das exigências e dos desafios traçados na contemporaneidade da formação profissional e ao exercício profissional. Para a superação das contradições, a formação acadêmica deve buscar um estreitamento entre a academia e os campos de estágio com o objetivo de construir um diálogo contínuo que contribua com o processo de formação dos futuros profissionais.

13 4. REFERÊNCIAS ABEPS. CEDEPSS. Diretrizes Gerais para o Curso de Serviço Social. Rio de Janeiro, 1996. ABEPS. Diretrizes Gerais para o Curso de Serviço Social. Rio de Janeiro 1996. BURIOLLA, Marta A. F. O Estágio Supervisionado. 7 ed. São Paulo: Cortez, 2011b. BURIOLLA, Marta A. F. Supervisão em Serviço Social: O supervisor e suas relações e seus papeis. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2011a. CEFES. CRESS. Código de Ética Profissional do (a) Assistente Social. Brasília, DF. 1993. CEFES. CRESS. Resolução nº533, de 29 de setembro de 2008. CEFES. Legislação e Resoluções sobre o trabalho do/a assistente social/conselho Federal de Serviço Social- Gestão Atitude Critica para Avanças na Luta. Brasilia: CEFESS, 2011 p.185. ESTEVÃO, Ana Maria R. O QUE É SERVIÇO SOCIAL. 111ed. São Paulo: editora brasiliense. FALEIROS, Vicente de Paulo. Saber Profissional e Poder Instucional. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2005. FREIRE, Paulo.Educação como Pratica de Liberdade. 30 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, p.158. GUERRA, Yolanda. A Instrumentalidade do Serviço Social. 5. Ed. São Paulo: Cortez, 2007. IAMAMOTO, Marilda Vilela. Renovação do Conservadorismo No Serviço Social ensaios críticos, 11 ed. São Paulo: Cortez, 2012, p.216. IAMAMOTO, Marilda Vilela. Renovação do Conservadorismo no Serviço Social. 11 ed. São Paulo: Cortez, 2011. IAMAMOTO, Marilda Vilela. Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 23 ed. São Paulo: Cortez, 2012, p. 325. LEWGOY, Alzanira M. B. Supervisão de Estagio Em Serviço Social: desafios para a formação e o exercício profissional. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2010. LEWGOY, Alzira Maria Baptista. Supervisão de Estágio Serviço Social: desafios para a formação e o exercício profissional. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2010, 232p. LIMA, Kátia. Expansão da educação superior brasileira na primeira década do novo século. In Pereira, Larissa D. e Almeida, Ney Luiz T. (orgs.) Serviço Social e Educação. 2 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013, 176p.

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