Correlações entre idade, auto-avaliação, protocolos de qualidade de vida e diagnóstico otorrinolaringológico, em população com queixa vocal

Documentos relacionados
Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc

Palavras-chaves: Qualidade da voz; Qualidade de vida, docente. (4). Um importante aspecto a ser avaliado em processos

INFLUÊNCIA DO SEXO, IDADE, PROFISSÃO E DIAGNÓSTICO FONOAUDIOLÓGICO NA QUALIDADE DE VIDA EM VOZ

Análise dos instrumentos de avaliação autoperceptiva da voz, fonoaudiológica da qualidade vocal e otorrinolaringológica de laringe em professores.

VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA FUNDAMENTAL: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE VOZES ADAPTADAS E DISFÔNICAS

ÍNDICE DE DESVANTAGEM VOCAL EM PACIENTES ADULTOS E IDOSOS COM QUEIXAS OTORRINOLARINGOLÓGICAS. Cláudia Amonte Barbosa

RESUMO SIMPLES. AUTOPERCEPÇÃO DA VOZ E INTERFERÊNCIAS DE PROBLEMAS VOCAIS: um estudo com professores da Rede Pública de Arari MA

TÍTULO: DESVANTAGEM VOCAL EM CANTORES POPULARES PROFISSIONAIS E AMADORES COM E SEM TREINAMENTO

Qualidade de vida em voz: o impacto de uma disfonia de acordo com gênero, idade e uso vocal profissional

Comparação dos escores dos protocolos QVV, IDV e PPAV em professores. Comparison of V-RQOL, VHI and VAPP scores in teachers

ÍNDICE DE DESVANTAGEM VOCAL NOS LARINGECTOMIZADOS TOTAIS

Análise dos aspectos de qualidade de vida em voz. após alta fonoaudiológica: estudo longitudinal

PERFIL VOCAL DA PESSOA COM DISFONIA: ANÁLISE DO ÍNDICE DE DESVANTAGEM VOCAL.

Escore Máximo. Masculino 50,63 17, , Feminino 52,21 18, ,27 29, Total 51,86 18, ,18 27,

AUTOPERCEPÇÃO DE LIMITAÇÕES ORGÂNICAS NA VOZ PÓS CIRURGIAS DE LARINGECTOMIA PARCIAL: CORRELAÇÕES COM ESTADO DE SAÚDE

Perfil de Participação e Atividades Vocais em Avaliação Vocal em Professores Universitários

QUALIDADE DE VIDA EM VOZ DE PROFESSORES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

Carolina dos Santos Almeida Souza. Isadora e Souza Guerci de Oliveira

Eficiência e valores de corte do Perfil de Participação e Atividades Vocais para não professores e professores

Revista CEFAC ISSN: Instituto Cefac Brasil

Palavras Chave: Distonia, Voz, Qualidade de Vida

ARTIGO ORIGINAL ISSN Revista de Ciências Médicas e Biológicas

LESÕES DE BORDA DE PREGAS VOCAIS E TEMPOS MÁXIMOS DE FONAÇÃO

SEMINÁRIO TRANSDISCIPLINAR DA SAÚDE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE VOCAL DO LOCUTOR DE RÁDIO: UMA AÇÃO DE PROTEÇÃO VOCAL

QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À VOZ DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS

Nathália Pôrto Martins da Costa IMPACTO DO SUPORTE SOCIAL NO PERFIL DE PARTICIPAÇÃO E ATIVIDADES VOCAIS DE PROFESSORAS

ÍNDICE DE AUTO-AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE VOCAL DO VOICE HANDICAP INDEX NO BRASIL

Revista CEFAC ISSN: Instituto Cefac Brasil

Validação do protocolo Perfil de Participação e Atividades Vocais no Brasil

Luciana Lourenço Ana Paula Dassie Leite Mara Behlau. Correlação entre dados ocupacionais, sintomas e avaliação vocal de operadores de telesserviços

AVALIAÇÃO VOCAL EM CRIANÇAS DISFÔNICAS ANTES E APÓS INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM GRUPO

Tempo Máximo de Fonação: influência do apoio visual em crianças de sete a nove anos

Percepção vocal e qualidade de vida*** Vocal perception and life quality. Silvia Tieko Kasama* Alcione Ghedini Brasolotto**

Efeitos da reabilitação fonoaudiológica na desvantagem vocal de cantores populares profissionais

TÍTULO: QUALIDADE DE VIDA EM PROFISSINAIS DE ENFERMAGEM CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: PSICOLOGIA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM MULHERES MASTECTOMIZADAS QUALITY OF LIFE ASSESSMENT IN WOMEN MASTECTOMIZED RESUMO

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

Qualidade de vida em voz e enfrentamento da disfonia por professores

VOZ E PROCESSAMENTO AUDITIVO: TEM RELAÇÃO??

Sintomas Vocais, Perfil de Participação e Atividades Vocais (PPAV) e Desempenho Profissional dos Operadores de Teleatendimento

Palestrantes: Amábile Beatriz Leal (2º ano) Jéssica Emídio (4º ano) Orientação: Fga. Ms. Angélica E. S. Antonetti

Questionário Condição de Produção Vocal Professor (CPV-P): comparação. Autores: SUSANA PIMENTEL PINTO GIANNINI, MARIA DO ROSÁRIO DIAS

Índice de desvantagem vocal no canto clássico (IDCC) em cantores eruditos**** Classical singing handicap index (CSHI) in erudite singers

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES DISFÔNICOS ACOMPANHADOS PELO PROVOX

QUALIDADE DE VIDA EM VOZ NA DOENÇA PULMONAR CRÔNICA

Validação no Brasil de protocolos de auto-avaliação do impacto de uma disfonia*****

Cláudia Fernanda Tolentino Alves CORRELAÇÃO ENTRE DADOS PERCEPTIVO-AUDITIVOS E QUALIDADE DE VIDA EM VOZ DE IDOSAS

CONTRIBUIÇÕES DE UM PROGRAMA DE ASSESSORIA EM VOZ PARA PROFESSORES

Autopercepção da Qualidade Vocal Estado de Saúde e Efeitos na Comunicação Diária Pós - laringectomia Parcial

Perfil epidemiológico dos distúrbios da comunicação humana atendidos em um ambulatório de atenção primária à saúde

Desvantagem vocal e rouquidão em cantores populares de Belo Horizonte

Diagrama de desvio fonatório na clínica vocal

1. Distúrbios da voz 2. Fatores de risco 3. Condições do trabalho

AUTOAVALIAÇÃO VOCAL DE PROFESSORES DE SANTA MARIA/RS

RELAÇÃO ENTRE TEMPO MÁXIMO DE FONAÇÃO, ESTATURA E IDADE EM CRIANÇAS DE 8 A 10 ANOS

COMUNICAÇÃO E RECURSOS AMBIENTAIS: ANÁLISE NA FAIXA ETÁRIA DE 1 A 3 ANOS.

Voz e disfunção temporomandibular em professores

Desvantagem vocal no canto: análise do protocolo Índice de Desvantagem para o Canto Moderno IDCM

Estratégias em Telesserviços. Josimar Gulin Martins 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE MEDICINA

Anexo 1: Fig. 1 Cartilagens da laringe. (McFarland, D. [2008]. Anatomia em Ortofonia Palavra, voz e deglutição. Loures: Lusodidacta)

O impacto das alterações de voz e deglutição na qualidade de vida de pacientes com a doença de Parkinson

Análise da comunicação oral, condições de trabalho e sintomas vocais de professores de curso pré-vestibular.

5º Simposio de Ensino de Graduação

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ ANA PAULA OLIVEIRA DA ROCHA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO DE PACIENTES TRATADOS DO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO

VOZ E CONDIÇÕES DE TRABALHO EM PROFESSORES

ANÁLISE COMPARATIVA DOS PARÂMETROS ESPECTROGRÁFICOS DA VOZ ANTES E DEPOIS DA FONOTERAPIA

PRODUTO TÉCNICO DO MESTRADO PROFISSIONAL INTRODUÇÃO

AUTOPERCEPÇÃO DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA GLOBAL DE USUÁRIOS DE UM AMBULATÓRIO DE FONOAUDIOLOGIA

Impacto das disfunções de saúde, voz e do comprometimento da deglutição sobre a qualidade de vida em pacientes com Doença de Huntington.

LEVANTAMENTO SOBRE ATUAÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO NA ÁREA DE VOZ

INSATISFAÇÃO CORPORAL E COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Faculdade de Medicina

ATIVIDADE FÍSICA E DISFONIA EM PROFESSORAS

Felipe Thiago Gomes Moreti. VALIDAÇÃO DA VERSÃO BRASILEIRA DA VOICE SYMPTOM SCALE VoiSS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

Pessoas com queixa vocal à espera de atendimento: auto-avaliação vocal, índice de disfonia e qualidade de vida *

INFLUÊNCIA DO CANTO CORAL NA QUALIDADE DE VIDA EM VOZ DOS USUÁRIOS DO SERVIÇO PÚBLICO DE SAÚDE

AÇÕES DE SAÚDE VOCAL O QUE O PROFESSOR UTILIZA NA ROTINA PROFISSIONAL EM LONGO PRAZO?

Percepção de voz e qualidade de vida em idosos professores e não professores

Correlação entre dados perceptivo-auditivos e qualidade de vida em voz de idosas****

Fatores de risco em crianças disfluentes sem recorrência familial: comparação entre o gênero masculino e feminino

COMPORTAMENTO E HÁBITOS VOCAIS PESQUISADOS NA CIDADE DE NITERÓI: UM ESTUDO PILOTO*

AVALIAÇÃO VOCAL NA PERSPECTIVA DE PROFESSORES E FONOAUDIÓLOGOS: SIMILITUDES RELACIONADAS À QUALIDADE VOCAL

Marque a opção do tipo de trabalho que está inscrevendo: (X) Resumo ( ) Relato de Caso

EDUCVOX - EDUCAÇÃO EM SAÚDE VOCAL: QUEIXAS E IMPRESSÕES VOCAIS DE PACIENTES PRÉ E PÓS INTERVENÇÃO EM GRUPO

ADOECIMENTO VOCAL: PREVALÊNCIA E ANÁLISE DO TRABALHO DE INSTRUTORES E TÉCNICOS DE MODALIDADES ESPORTIVAS DE UM CLUBE DA CIDADE DE BELO HORIZONTE

Disfonia e Lócus de Controle

Although there are several investigations focusing the

Priscila Campos Martins AVALIAÇÃO PERCEPTIVO-AUDITIVA DO GRAU DE DESVIO VOCAL: CORRELAÇÃO ENTRE ESCALA VISUAL ANALÓGICA E ESCALA NUMÉRICA

Análise do Índice de Desvantagem Vocal e a presença de distúrbio de voz em docentes

Gestação na adolescência: qualidade do pré-natal e fatores sociais

Sinais e sintomas da disfunção autônoma em indivíduos disfônicos

Verificação da interferência do frênulo lingual na força axial da língua

Impact in vocal quality in partial myectomy and neurectomy

ANÁLISE DE RESPOSTAS PSICOFISIOLÓGICAS E VOCAIS EM SITUAÇÃO DE FALAR EM PÚBLICO

Determinação do tipo facial: cefalometria, antropometria e análise facial

Uso das ferramentas de análise acústica para avaliação da voz sob efeitos imediatos de exercícios vocais.

A efetividade de um programa de treinamento vocal para operadores de telemarketing

Transcrição:

Correlações entre idade, auto-avaliação, protocolos de qualidade de vida e diagnóstico otorrinolaringológico, em população com queixa vocal Palavras-chave: Protocolos, Qualidade de Vida, Voz Fernanda Farias da Silva, Renata La Torre, Maria Gabriela Cunha, Marcia Menezes, Domingos Hiroshi Tsuji, Katia Nemr INSTITUIÇÃO: Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução Na Investigação da Queixa, a Escala Analógica Visual - EAV tem como seu objetivo principal captar a percepção do paciente em relação a sua própria voz. Para a sua realização o paciente é instruído a assinalar, na escala, o ponto que representa o quanto a sua voz é alterada, sendo zero nada alterada e dez muito alterada. Hogikyan e Sethuraman 1, elaboraram o protocolo de Mensuração de Qualidade de Vida e Voz - QVV, traduzido e adaptado por Behlau et al 2, utilizado para analisar o impacto da disfonia na qualidade de vida e dia-a-dia do sujeito. O questionário possui 10 itens, que abrangem dois domínios: o físico e o sócio-emocional. Suas respostas variam de zero a cinco. O protocolo Voice Handicap Index - VHI idealizado por Jacobson 3 é um questionário de auto-avaliação da capacidade vocal, criado com o desígnio de mensurar as dificuldades vivenciadas por sujeitos com distúrbios na voz, sendo utilizado para descrever o impacto vocal nos domínios emocional, funcional e orgânico. É composto por 10 questões em cada um de seus domínios, suas respostas variam de zero a quatro. O impacto das alterações vocais na qualidade de vida dos sujeitos disfônicos tem sido foco de pesquisas e podem auxiliar os profissionais nas condutas adotadas em relação às necessidades comunicativas dos sujeitos. Pesquisar possíveis diferenças do impacto das disfonias em relação ao diagnóstico de disfonias funcionais, orgânico-funcionais e orgânicas e das mesmas em relação à idade é fundamental para o estudo da voz humana e de suas alterações. Objetivo Este estudo tem o objetivo de pesquisar possíveis associações entre o sexo, as médias de idade, QVV, VHI e EAV, com os diagnósticos otorrinolaringológicos.

Método A. Casuística: Participaram do estudo indivíduos com lesões benignas em atendimento na RGV (Reunião Geral da Voz) na Divisão de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, no período entre março e maio de 2009, totalizando 39 casos. Dos indivíduos 22 eram mulheres (56,4%) e 17 homens (43,6%), com idades entre 9 e 80 anos. Dentre os sujeitos 5 apresentavam disfonia funcional, 12 disfonia orgânica e 22 apresentavam disfonia. Todos os sujeitos assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. B. Material: QVV; e o VHI. Para este estudo foram utilizados três protocolos: o de Investigação da Queixa; o C. Procedimento e análise dos dados Os pacientes responderam os protocolos antes do atendimento na RGV no Amblatório de ORL. A EAV foi a primeira a ser aplicada nos pacientes, seguida do QVV e por último, o VHI. Os dados foram analisados estatisticamente com aplicação dos testes: Qui- Quadrado, Mann-Whitney e Pearson, todos considerando significância de 5%. Resultados A tabela 1 mostra as associações entre idade, QVV, total VHI e seus três domínios: funcional, emocional e orgânico e EAV, dos pacientes com lesões benignas apresentando disfonia funcional, ou orgânica. Os dados apontam valor de p marginalmente significante (p=0,053) para a variável funcional. O grupo com disfonia obteve respostas com pontuações menores, no domínio funcional do VHI, do que os grupos de disfonia funcional e orgânica. Não houve valores significantes para nenhuma outra variável. Para a realização desta associação foi aplicado o teste de Mann-Whitney. Na correlação entre o diagnóstico e o sexo, apresentados na tabela 2, foram aplicados os testes de Qui-Quadrado. Não houve associação significativa entre o sexo e o diagnóstico otorrinolaringológico. O teste de Qui-Quadrado não foi aplicável devido à baixa incidência.

Para a associação das variáveis idade, QVV, VHI total e seus domínios funcional, emocional e orgânico, e EAV, utilizou-se o teste de Pearson. A variável idade não se correlacionou com nenhuma das outras variáveis, não sendo significante. Houve associação estatística de todas as outras variáveis entre si, com significância. Demonstrou-se, neste teste, que quanto mais alterações os indivíduos apresentaram na EAV, mais impactos negativos foram observados tanto no QVV quanto VHI em seus três domínios. IDADE QVV TOTAL VHI FUNCIONAL EMOCIONAL ORGÂNICO ESCALA ANALÓGICA Tabela 1 - Correlação entre Diagnóstico, Idade, QVV, Total VHI, Funcional, Emocional, Orgânico e EAV. Diagnóstico Teste Kruskal- Wallis Disfonia Disfonia Disfonia Funcional Orgânica Organofuncional (p) Média 39,6 52,0 41,6 17,1 21,4 18,4 0,196 Média 63,5 51,3 65,5 32,0 24,9 25,4 0,277 Média 49,8 55,8 42,2 30,3 26,3 26,1 0,379 Média 19,2 19,8 11,0 13,7 11,5 9,9 0,053 Média 14,4 13,4 12,7 13,0 10,3 9,9 0,955 Média 16,2 22,6 18,6 8,3 8,2 9,9 0,353 Média 4,0 5,6 5,1 2,2 3,5 1,8 0,430 n 5 12 22 Resultado SEXO Tabela 2 - Correlação entre Diagnóstico e sexo. DIAGNÓSTICO Disfonia Funcional Disfonia Orgânica Disfonia Organofuncional Total N % N % N % N % F 4 80,0% 6 50,0% 12 54,5% 22 56,4% M 1 20,0% 6 50,0% 10 45,5% 17 43,6% Total 5 100,0% 12 100,0% 22 100,0% 39 100,0%

Discussão Os protocolos de auto-avaliação são meios que permitem observar o impacto da disfonia na qualidade de vida do paciente, seja no domínio sócio-funcional, emocional, físico ou orgânico. É possível, também, utilizá-los para observar e avaliar os resultados dos tratamentos realizados 4. O QVV correlaciona o quanto o impacto vocal altera a qualidade de vida do sujeito 2. Ele vem sendo utilizado de modo crescente para associar a disfonia junto às dificuldades do dia-a-dia do paciente. É divulgado como um protocolo de fácil aplicação e rápido, tornando-o prático 5. Kosama e Brassoloto 4 correlacionaram os domínios do QVV concluindo que quanto maior for a pontuação no domínio sócio-emocional, maior será o valor obtido no domínio físico, ocorrendo o mesmo inversamente, resultando em um maior escore total. O VHI é utilizado para medir o impedimento vocal e os seus efeitos no dano social e psicológico das alterações vocais 3, porém permite a avaliação apenas do ponto de vista do paciente. Tsuji et al 7 em um estudo aplicaram o VHI em pacientes com disfonia espasmódica de adução. Após tratamento, o questionário mostrou melhoras evidentes na voz nos três domínios abordados pelo VHI, com reintegração social e econômica dos pacientes. A autopercepção vocal por parte do paciente é muito valorizada, por ser uma medida subjetiva é normalmente utilizada para comparação com as medidas objetivas obtidas na avaliação 4. A EAV é um ótimo método de mensuração da auto-avaliação. Neste estudo, observou-se que quanto maiores foram as alterações relatadas pelos pacientes, através da EAV, piores se mostraram os valores obtidos no QVV, VHI total e em seus três domínios. Resultado semelhante obteve-se em um estudo de Köhle et al 8, que buscou por correlações entre auto-avaliação vocal, por meio da EAV, queixas e avaliação fonoaudiológica perceptivo-auditiva e acústica para investigar o perfil da população atendida em uma ação de proteção da saúde vocal. Observou-se que indivíduos que apresentaram pior escore de auto-avaliação vocal tinham alteração vocal. Conclusão

Esta pesquisa mostrou uma tendência de associação entre o domínio funcional com maior impacto nas disfonias orgânica e funcional. Não houve associação entre idade, sexo em nenhuma das variáveis estudadas. Observou-se que quanto maiores às alterações na EAV, piores os escores observados no QVV e VHI, mostrando associação entre as diferentes formas do indivíduo demonstrar seu grau de insatisfação com a voz. Referências Bibliográficas 1. Hogikyan ND, Sethuraman G. Validation of an instrument to measure voice-related quality of life (V-RQOL). J. Voice, Mosby, vol. 13, nº 4, 557-569, dez. 1999. 2. Behlau M, Madazio G, Feijó D, Pontes P. Avaliação de voz. Voz O Livro do Especialista. Ed. Revinter; 2001. 123. 3. Jacobson BH, Johnson A, Grywalski C, Silbergleit A, JACOBSON GP, Benninger MS, Newman CW. The voice handicap index: development and validation. Amer J. Speech Lang. Pathol., Rockville, v. 6, nº 3, 66-70, ago. 1997. 4. Kosama, S.T. Brasolotto, A.G. Percepção vocal e qualidade de vida. Pró-fono, Barueri, vol. 19, nº 1, 2007. 5. Behlau M, Hogikyan ND, Gasparini G. Quality of life and voice: study of a Brazilian population using the voice-related quality of life measure. Folia Phoniatr Logop, vol. 59, nº 6, 286-96, 2007. 6. Spina AL, Maunsell R, Sândalo K, Gusmão R, Crespo A. Correlação da qualidade de vida e voz com atividade profissional. Rev. Bras. Otorrinolaringologia, São Paulo, vol. 75, nº 2, mar./apr., 275 a 279, 2009. 7. Tsuji DH, Chrispim FS, Imamura R, Sennes LU, Hachiya A. Impacto na qualidade vocal da miectomia parcial e neurectomia endoscópica do músculo tireoaritenóideo em paciente com disfonia espasmódica de adução. Rev. Bras. Otorrinolaringol, São Paulo, vol.72, nº2, 261-266, mar./apr. 2006. 8. Köhle J, Nemr K, Leite GCA, Santos AO, Lehn CN, Chedid HM. Ação de proteção de saúde vocal: perfil da população e correlação entre auto-avaliação vocal, queixas e avaliação fonoaudiológica perceptivo-auditiva e acústica. Dist. Com., São Paulo, vol. 16, nº 3, 333-341, dez. 2004.