O sector das pescas contribui com cerca de 3% do PIB com a produção total estimada em cerca de 138 mil toneladas (2008), das quais a pesca de pequena escala contribui com 84%, a pesca industrial com 15% e a actividade de aquacultura em estado emergente com 1%. Em rendimento económico a relevância centra-se na pescaria de camarão de águas pouco profundas (79%) ao que se segue a pescaria da gamba (9%), a kapenta (sardiha de água doce) 4% e o restante provém da aquacultura principalmente da cultura do camarão marinho e das pescarias de caranguejo e de peixe de profundidade. Organização do Sector de Pescas Estrutura Aministrativa A estrutura administrativa das pescas em Moçambique centra-se em três sub-sistemas, nomeadamente o político formado pelo Ministério das Pescas, e respectivas representações provinciais; O sub-sistema de gestão das pescas e o sub-sistema de promoção e desenvolvimento do sector. O sub-sistema de gestão das pescas é constituido pelo Instituto Nacional de Investigação Pesqueira (IIP) cuja função é a investigação e a gestão dos recursos pesqueiros, pela Direcção Nacional de Administração das Pescas (DINAP) que define as condições e administra as actividades da pesca, e pelo Instituto Nacional de Inspecção do Pescado (INIP) autoridade responsável por assegurar a qualidade dos produtos da pesca e administrar o sub-sector de processamento dos produtos da pesca. O susb-sistema de promoção e desenvolvimento das pescas é formado pelas seguintes instituições: - Instituto Nacional de Desenvolvimento da Pesca de Pequena Escala (IDPPE) que possui a incumbência de promover e assistir o desenvolvimento da pesca de pequena escala, centrada na reducão da pobreza e no melhoramento do nível de vida dos pescadores; - Instituto Nacional de Aquacultura (INAQUA) responsável pela promoção e administração da actividade de aquacultura; - Fundo de Fomento Pesqueiro (FFP), uma insituição financeira com a função de gestão dos fundos de investimento público, e provisão de crédito para desenvolvimento das pescas; - Escola de Pescas (EP) que providencia formação de nível básico e médio em diferentes áreas da pesca. 1 / 6
Sector Produtivo O sector produtivo sub-divide-se em: - Pesca industrial representada por empresas e armadores de pesca operando embarcações acima de 20 m de comprimento, e com autonomia de processamento e congelação a bordo; - Pesca semi-industrial composta por empresas e armadores operando embarcações entre 10 e 20 m, e com autonomia de conservacão a bordo; - Pesca de pequena escala formada por pescadores artesanais e pequenos armadores operando embarcações com menos de 10 m de comprimento e conservação limitada a gelo. A pesca de pequena escala representa em termos de número e volúme de produção a maior componente produtiva do sector pesqueiro. Ela é igualmente a mais relevante em termos de criação de emprego no sector pesqueiro e na garantia do actual consumo de peixe per capita estimado em 6,9 kg. O censo pesqueiro realizado em 2007 indica um total de cerca 334 mil profissionais associados à pesca de pequena escala, afiliados a cerca de 1217 centros pesqueiros existentes ao longo da costa de Moçambique. Principais Pescarias As principais pescarias de Moçambique quer em volume de produção como em valor compreendem: - Camarão de águas pouco profundas - Gamba - Peixe à linha e com covos - Kapenta (sardinha de água doce) - Atum 2 / 6
A pescaria do camarão de águas pouco profundas é uma das principais e a de maior valor económico, contribuindo com cerca de USD76 milhões em valor das exportações anuais. Esta pescaria é operada quer em pequena escala como a nível semi-industrial e industrial, representando o último sector cerca de 90% da produção nacional. A pesca centra-se ao longo do Banco de Sofala na costa centro-norte de Moçambique, mas também é realizada em menor escala na Baía de Maputo e na foz dos rios Limpopo, no Sul, e Rovuma no limite norte do país. As principais espécies capturadas são o camarão branco, Penaeus indicus e o camarão castanho Metapenaeus monoceros que representam cerca de 80-90% das capturas industriais. As restantes espécies e cuja contribuição da captura varia entre 10% e 20% inclui o camarão tigre gigante Penaeus monodon, o camarão flor Penaeus japonicus e o camarão rosa Penaeus latisulcatus. Presentemente esta pescaria está encerrada a novos armadores e possui até mesmo excedente capacidade de pesca licenciada. As capturas industriais têm vindo a decrescer de uma média cima de 8000 t/ano observada há mais de 5 anos atrás para entre 7000 e 5300 t/ano nos últimos anos. A gestão centra-se no licenciamento e atribuição de quotas anuais de pesca baseadas no sistema TAC (Total Allowable Catch). A captura total permitida (TAC) em cada ano é recomendada pelo IIP, instituição responsável pela avaliação do recurso. Outras acções de investigação orientam-se para uma gestão da pescaraia que permita maximizar o redimento económico mas conservando o recurso. A pescaria da gamba teve início em 1968 e, a seguir à pescaria do camarão, é a segunda mais importante, em termos económicos. A pesca é operada exclusivamente por arrastões industriais. A produção máxima de 3000 t/ano alcancada em finais dos anos 80, decresceu e tem-se mantido estável à volta das 1500 t/ano nos últimos 4 anos. Ao longo deste periodo verificou-se um decréscimo do esforço de pesca em número de dias, e um melhoramento gradual do redimento estimado em 600 kg/h de arrasto. Não obstante, esta pescaria é sazonal, pelo que a frota está vocacionada igualmente para a pesca da lagosta e de peixe por arrasto. Outra pescaria importante é a pesca de peixe à linha e com covos, presentemente mais concentrada na costa centro-norte ao longo do Banco de Sofala. Esta pescaria incialmente concentrou-se na costa sul, mas devido ao esforço de pesca e redução do recurso, a frota deslocou-se para norte. A composição específica da captura na região a sul do Rio Save é dominada por Marreco Chrysoblephus puniceus (37% da captura), Cachucho Polysteganus coeruleopunctatus (20%) e Robalo Cheimeirus nufar com 10%. Na região norte a captura é principalmente dominada por Pargo Lavanda Pristipomoides sieboldii, Pargo Pristipomoides filamentosus e Cachucho. A taxa de captura com covos tem aumentado supostamente por maior eficiência do uso da arte de pesca. A pescaria do atum na maioria operada por armadores da União Europeia (UE), é realizada por cerco e palangre dentro da ZEE, a partir das 12 milhas náuticas da costa. Enquanto que a pesca de 3 / 6
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