ARTIGO ORIGINAL. Resumo

Documentos relacionados
FIOS CIRÚR Ú GI G C I OS

FIOS de SUTURAS. Profª Esp. Patrícia Silva de Medeiros

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE UFCG UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS DA VIDA UACV CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES CFP

FIOS CIRÚRGICOS (2011) - prof. Neil Venter por Carol Couto 2015 CARACTERÍSTICAS DOS FIOS CIRÚRGICOS

Agulhas, fios de sutura e bisturi elétrico: As agulhas são os instrumentos utilizados para conduzir o fio de sutura através dos tecidos.

Acta Cirurgica Brasileira On line version ISSN

FIOS DE SUTURA ABSORVÍVEIS

SUTURAS CIRÚRGICAS DEMETECH

Síntese da parede abdominal. Avaliação de dois tipos de sutura contínua em ratos 1

Estudo comparativo entre os fios de poliglecaprone-25 e de polidioxanona na vesicorrafia, em ratos wistar

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ Página: 1 / 10 11/02/2011. Emissão: Anexos - Analítico

J O R N A L I N T E R D I S C I P L I N A R D E B I O C I Ê N C I A S

Departamento de Clínica Cirúrgica

Acta Cirurgica Brasileira versão On-line ISSN

Princípios básicos de Cirurgia

Acta Cirurgica Brasileira versão On-line ISSN

TIPOS DE SUTURAS. Edevard J de Araujo -

ANEXO I LISTA DE PADRONIZAÇÃO DOS FIOS DE SUTURA SES/GO

Introdução à Medicina I. Princípios básicos de Técnica Cirurgia

FIOS E NÓS CIRÚRGICOS

CIRURGIAS DO TRATO URINÁRIO

INFLUÊNCIA DE ADERÊNCIAS PERITONEAIS E FIO CIRÚRGICO NA TENSÃO DE RUPTURA DA PAREDE ABDOMINAL EM RATOS

FÍSTULA EM FACE LATERAL DE MEMBRO PÉLVICO DE CADELA, CAUSADA POR REAÇÃO AO FIO DE SUTURA UTILIZADO EM OVÁRIO-HISTERECTOMIA

17/10/2016 ANATOMIA DO REPRODUTOR DE CANINO CIRURGIAS DO APARELHO REPRODUTOR MASCULINO ANATOMIA DO REPRODUTOR DE FELINO ANATOMIA DO REPRODUTOR

PROCESSO DE REPARAÇÃO CUTÂNEA APÓS INCISÃO E SUTURA COM FIOS DE POLIGLACTINA 910 E POLIGLECAPRONE 25: ESTUDO MICROSCÓPICO COMPARATIVO EM RATOS

RETALHOS ÂNTERO-LATERAL DA COXA E RETO ABDOMINAL EM GRANDES RECONSTRUÇÕES TRIDIMENSIONAIS EM CABEÇA E PESCOÇO

Patologia Clínica e Cirúrgica

DISCIPLINA DE OTORRINOLARINOGOLOGIA UNESP- BOTUCATU

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE CLÍNICA E CIRURGIA VETERINÁRIAS. Disciplina:

Quanto à condição funcional do músculo temporal, todos apresentavam-se normais palpação, no pré-operatório.

Tailored Solutions for Visceral Surgery by FEG Textiltechnik mbh CICAT. EndoTORCH. DynaMesh -CICAT. milo. Técnica Mini Less Open Sublay

ANDRÉ IVAN BRADLEY DOS SANTOS DIAS. Enteromiotomia helicoidal no rato: um modelo experimental de alongamento do intestino.

Departamento de Clínica Cirúrgica

Acta Cirurgica Brasileira On line version ISSN

RETALHO AXIAL CAUDAL LATERAL PARA RECONSTRUÇÃO DE LACERAÇÃO CUTÂNEA EM FELINO RELATO DE CASO

FERIMENTOS SIMPLES. Edevard J de Araujo

Anais Expoulbra Outubro 2015 Canoas, RS, Brasil

Suturas. Carlos Mesquita. Hospitais da Universidade de Coimbra

ANEXO A: TÉCNICA CIRÚRGICA

CIRURGIAS RESPIRATÓRIO CICATRIZAÇÃO RESPIRATORIO CRIPTORQUIDECTOMIA

TÍTULO: EFEITO DA CASTRAÇÃO E DA REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE OS PARÂMETROS CORPORAIS E ÓRGÃOS GENITAIS INTERNOS DE RATOS MACHOS E FÊMEAS

CELIOTOMIA 2/9/2016 CELIOTOMIA. CELIOTOMIA (laparotomia mediana) DEFINIÇÃO CLASSIFICAÇÃO:

O USO DE ADESIVO CIRÚRGICO NA CICATRIZAÇÃO CUTÂNEA

Tesoura Mayo Curva e Reta. Tesoura Metzenbaum curva e reta

SUTURAS DESCONTÍNUAS

Liga de Cirurgia de Cabeça e Pescoço SÍNTESE CIRÚRGICA Walber Mendes Fortaleza, 02 de julho de 2013

CIRURGIAS OFTÁLMICAS ENUCLEAÇÃO 10/8/2018 CIRURGIAS OFTÁLMICAS CIRURGIAS OFTÁLMICAS CIRURGIAS OFTÁLMICAS CIRURGIAS OFTÁLMICAS PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS

TÍTULO: EFEITO DA IRRADIAÇÃO DO LASER DE BAIXA INTENSIDADE NA SINOVITE AGUDA EM RATOS WISTAR

- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA -

RESISTÊNCIA TENSIONAL DO PERICÁRDIO BOVINO COMPARADA COM A DA VEIA SAFENA MAGNA

ESTUDO COMPARATIVO SOBRE AS PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS DE CERATOPLASTIA COM ENXERTO CONJUNTIVAL LIVRE E PEDICULADO EM CÃES

Diérese. Exérese. Hemostasia. Síntese. Exposição de raízes residuais que foram fraturadas durante a realização de exodontias pelo método fechado;

Guia Prático de Pequena Cirurgia

Exérese Percutânea de Lesões Benignas de Mama Assistida à Vácuo

INSTRUMENTAÇÃO

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

AVALIAÇÃO MECÂNICA DE TERMINAIS E BARRAS DE DIREÇÃO DE ACORDO COM

Avaliar a viabilidade de retalhos cutâneos randômicos por meio da. Avaliar os efeitos individuais e em associação da N-acetilcisteína

AVALIAÇÃO DAS HISTERECTOMIAS VAGINAIS REALIZADAS NO HOSPITAL DE CÍNICAS DE TERESÓPOLIS.

BIOMODULAÇÃO NOS PROCEDIMENTOS PÓS-OPERATÓRIOS EM CIRURGIA PLÁSTICA. Profa. Maria Helena Lourenço Monteiro Pimenta Rossi

ALTERNATIVA PARA RECONSTRUÇÃO DA PAREDE ABDOMINAL

Gerenciamento de fios cirúrgicos na farmácia do centro cirúrgico do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí

Adesivo tópico de pele & Sistema de proteção de ferida

Sutura Silhouette Silhouette Lift, Inc.

5 Discussão dos resultados

Fios de sutura. Surgical sutures. Aldo Cunha Medeiros, Irami Araújo-Filho, Marília Daniela Ferreira de Carvalho

Sistema extrator minimamente invasivo para o tendão do quadríceps ART /2015-PT

TÍTULO: NÃO HÁ APLICABILIDADE PARA A HASTE DE POLIAMIDA PARA CORREÇÃO DE FRATURAS EM AVES?

Humberto Lago de Castro Graduando Faculdade de Odontologia Universidade de Passo Fundo Passo Fundo RS-Brasil

Cintas tubulares de poliéster em anel para elevação de cargas

irurgia Revista Portuguesa de Órgão Oficial da Sociedade Portuguesa de Cirurgia II Série N. 12 Março 2010

Anastomose arterial com fio de polidioxanona e fio de polipropileno. Estudo comparativo em cães

Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Clínica Cirúrgica

FIOS CIRÚRGICOS. Maria da Conceição Muniz Ribeiro

Dispositivo de Fechamentos de Ferida CURAZIP

INSTRUÇÕES DE USO FIOS DE SUTURA TIGERWIRE SEM AGULHA

SITIOS DE INCISÃO ABDOMINAL. Prof. Dr. João Moreira da Costa Neto Departamento de Patologia e Clínicas UFBA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA THIAGO GONDIM SACRAMENTO EMPREGO DA ABRAÇADEIRA DE NÁILON NA ORQUIECTOMIA EM CAPRINOS

Universidade Federal do Espírito Santo, Campus de Alegre para contato:

Cap 3 Introdução à Experimentação

Cistostomia. Cistostomy. 1. Considerações Gerais. "O ideal custa uma vida, mas vale a eternidade"

Desenhos de estudos científicos. Heitor Carvalho Gomes

ANTES DE USAR ESTE PRODUTO, LEIA COM ATENÇÃO AS INFORMAÇÕES A SEGUIR.

INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM NA FERIDA OPERATÓRIA

Para a preparação do PVC, original e reciclado, conforme descrito anteriormente, - Granuladora Dupla Rosca Paralela. - Pulverizador Turborotor G-90

Relatório de Ensaio AFK0448/18

PATOLOGIA E CLÍNICA CIRÚRGICA

Resumo: Anais do 38º CBA, p.2097

Materiais e Métodos 5.1. Animais

APENDICITE AGUDA O QUE É APÊNCIDE CECAL? O QUE É APENDICITE E PORQUE OCORRE

comparando seus usos considerando a especificidade de cada tecido. Métodos: Revisão

Tratamento das coleções Intraabdominais PT Vs OD

Linhagens de animais com alta e baixa taxa da resposta de congelamento condicionado

Expansão do Couro Cabeludo

3. Metodologia experimental

Comparação de insuflação com dióxido de carbono e ar em endoscopia e colonoscopia: ensaio clínico prospectivo, duplo cego, randomizado - julho 2017

6.1. Materiais e Métodos Animais Conforme descrito no experimento Equipamento

Tailored Implants made of PVDF. by FEG Textiltechnik mbh. PRS Sacrocolpopexia MRI. visible. Próxima geração em PVDF

ENSAIOS DE CORDAS SEMI-ESTÁTICAS. Luiz Spinelli

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC CENTRO DE ENGENHARIA, MODELAGEM E CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES (BC 1105)

Transcrição:

1806-4280/07/36-01/51 Arquivos Catarinenses de Medicina Arquivos Catarinenses de Medicina Vol. 36, n o. 1, de 2007 51 ARTIGO ORIGINAL Estudo da força de ruptura do plano músculo-aponeurótico da parede abdominal após sutura em pontos separados comparando três tipos de fios cirúrgicos em ratos Wistar Luiz Fernando Cadore Valle 1, Armando José d Acampora 2, Darlan Medeiros Kestering 3, Thiago Mamôru Sakae 4, Eduardo Ancelmo Martins 1, Ricardo Fantazzini Russi 5 Resumo Introdução/Objetivos: Estudo do tipo experimental realizado em ratos da linhagem Wistar, para avaliar a tensão de ruptura da síntese do plano músculoaponeurótico, com três tipos de fios de sutura. Métodos: Os animais foram distribuídos em três grupos de quinze, num total de quarenta e cinco animais. Após a realização da laparotomia mediana, o plano músculo-aponeurótico foi suturado com pontos separados nos locais previamente marcados com corante azul de metileno. Em cada grupo foi realizado a ráfia do plano músculo-aponeurótico com um tipo de fio diferente e posterior fechamento da pele, com sutura continua tipo barra grega. Os fios escolhidos para o estudo são Polipropileno 3.0, Nylon 3.0, Poligalactina 910 3.0. Com 29 dias de pós-operatório os animais foram submetidos à eutanásia. Rebateu-se a pele na parte ventral da parede abdominal expondo assim o objeto do estudo, o plano músculo-aponeurótico da parede abdominal que foi retirado em partes de 50mm no sentido longitudinal, e 50mm no sentido transversal, sendo que 25mm para cada lado da sutura previa. As amostras foram fixadas em duas garras, uma em cada extremidade da amostra e o local da síntese permaneceu no meio. O ensaio da força de ruptura da síntese do plano músculo-aponeurótico foi 1 M.D., graduado pela Universidade do Sul de Santa Catarina UNISUL. 2 M.D., M.Sc.,Ph.D., professor da disciplina Bases da Clínica Cirúrgica e Cirurgia Experimental (UNISUL e UFSC). 3 M.D., M.Sc., professor da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). 4 M.D., mestrando em Saúde Pública Epidemiologia UFSC, Serviço Social da Indústria SESI Coordenadoria de Saúde. 5 M.D., M.Sc., professor da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), chefe do serviço de Residência do Hospital Gov. Celso Ramos SC. realizado com a utilização de uma Máquina Universal de Ensaios modelo EMIC DL 2000. Resultados/Discussão: Os resultados encontrados após o termino do experimento nos levam a crer que a força máxima de ruptura que a síntese do plano músculoaponeurótico pode suportar tem grande relação com o tipo de resposta inflamatória que o material utilizado na síntese provoca. Onde o Polipropileno e o Nylon que são inertes, causando reação tecidual mínima, apresentaram os maiores valores em média de resistência a força de ruptura, respectivamente 33.619N e 30.569N. Já o poligalactina 910, absorvível com reação tecidual moderada, onde a sua degradação se dá por hidrólise química apresentou os menores valores em média de resistência a força, 28.488N. Descritores: 1. Força; 2. Ruptura; 3. Abdômen; 4. Síntese; 5. Fio cirúrgico; 6. Músculo-aponeurótico Abstract Introduction/Objectives: Experimental study accomplished in mice of the lineage Wistar, to evaluate the force of rupture of the synthesis of the plan muscleaponeurotic, with three types of suture threads. Materials and Methods: The animals were distributed in three groups of fifteen, in a total of forty five animals. After the accomplishment of the medium laparotomy, the plan muscle-aponeurotic it was sutured 51

52 Arquivos Catarinenses de Medicina Vol. 36, n o. 1, de 2007 Estudo experimental da força de ruptura do plano músculo-aponeurótico with separate points in the places marked previously with blue color of metylen. In each group the suture of the plan was accomplished muscle-aponeurotic with a type of different thread and subsequent closing of the skin, with suture it continues type obstructs Greek. The chosen threads for the healthy study Polypropylene 3.0, Nylon 3.0, Polyglactin 910 3.0. With 29 days of postoperative the animals were submitted to the euthanasia. The skin was rebutted in the ventral part of the abdominal wound exposing like this the object of the study, the plan muscleaponeurotic of the abdominal wound that it was solitary in parts of 50mm in the longitudinal sense, and 50mm in the traverse sense, and 25mm for each side of the suture foresaw. The samples were fastened in two claws, one in each extremity of the sample and the place of the synthesis stayed in the middle. The rehearsal of force of the rupture of the synthesis of the plan muscle-aponeurotic it was accomplished with the use of an Universal Machine of Rehearsals model EMIC DL - 2000. Results/Discussion: The results found after finish of the experiment take us to have faith that the maximum force of rupture that the synthesis of the plan muscleaponeurótico it can support has great relationship with the type of inflammatory answer that the material used in the synthesis provokes. Where Polypropylene and the Nylon that are inert, causing reaction minimum tecidual, they presented the largest values on average of resistance the rupture force, respectively 33.619N and 30.569N. Already the Polyglactin 910, absorvível with reaction moderate tecidual, where degradation feels for chemical hidrólise presented the smallest values on average of resistance the force, 28.488N. Keywords: 1. Force; 2. Rupture; 3. Abdomen; 4. Synthesis; 5. Surgical thread; 6. Muscle-aponeurotic. Introdução A busca do fio de sutura ideal caminha junto à história da cirurgia. 1 Galeno no século II d.c., iniciou o uso do categute em suturas e ligaduras (1), não ocorrendo mudanças nos conhecimentos de Galeno até, praticamente, o século XVIII. Até a 5ª década do século passado, as feridas abdominais eram rotineiramente fechadas por planos, pois era conceitual que a sutura meticulosa por planos proporcionava melhor cicatrização, baseando-se nas desapontantes experiências com o fechamento da parede abdominal em massa no início do século, porém sem levar em consideração aspectos de assepsia e material de sutura onde o categute, o categute cromado, algodão, seda e linho eram utilizados com maior frequência. (3) Em 1940 surge o fio de Nylon, em 1962 o fio de Polipropileno, em 1970 o Ácido poliglicólico e em 1974 a Poligalactina 910. (4) Em 1941 Jones, Newell e Brubaker introduziram o fechamento em massa da parede abdominal, onde incluiase o plano músculo-aponeurótico e o peritônio, com pontos separados em figura de oito vertical com fio de aço observando vantagens no que tange ao menor índice de infecções e deiscência (4). Somente em 1974, com o objetivo de minimizar as complicações deste material como a dor persistente, foi proposto o uso de fio monofilamentar sintético (polipropileno). (5) Desde a segunda metade do século XX novos fios foram desenvolvidos: absorvíveis e inabsorvíveis; mono e multifilamentares onde diversas publicações destacaram o uso do nylon (1,2,6), poliamida (1,2,6,7), polipropileno (5,6,8,9,10), poligalactina 910 (10,11,12,13,14), ácido poliglicólico (2,6,7,15), polidioxanona (9,15,16,17), e poliglecaprone 25 (11,12) na síntese da parede abdominal em diferentes técnicas. No campo da experimentação animal, comparando as técnicas de síntese com pontos contínuos e separados em ratos, encontrou-se estudos evidenciando a mesma segurança tanto com sutura contínua como com pontos separados (45), com menor gasto de tempo e material na sutura contínua (23) ; estudo onde se observou maior resposta inflamatória (maior quantidade de corpo estranho) quando eram realizados pontos separados (24) e estudo que constatou maior resistência na parede abdominal submetida à sutura contínua. (25) A abundância de literatura a respeito da técnica operatória para fechamento da parede abdominal, traduz, de certo modo, a falta de consenso sobre a técnica de sutura ideal. A técnica cirúrgica e os aspectos relacionados são extremamente importantes no bom resultado cirúrgico e na redução das complicações, dentre esses aspectos a escolha do fio adequado para cada situação. (22,26-28) O material de sutura interfere na reparação tecidual, pois age como corpo estranho, induzindo uma resposta inflamatória celular do tecido de maior ou menor intensidade de acordo com o material sintético ou orgânico utilizado. (29-32) A variedade de materiais de sutura existente 52

Estudo experimental da força de ruptura do plano músculo-aponeurótico no mercado, permite uma seleção mais adequada do calibre e material para cada situação, selecionados de acordo com necessidades específicas. Os mais utilizados são os fios (mono ou multifilamentar), devido a fácil manipulação, menor custo e bom resultado na cicatrização tecidual. Os fios podem ser absorvíveis ou inabsorvíveis (33), sintéticos ou orgânicos. Os absorvíveis podem ser a partir de polímero sintético ou natural como o categute simples e cromado, manufaturado com colágeno proveniente de mamíferos saudáveis a partir de serosa ou submucosa intestinal e absorvidos por degradação enzimática, podem ser tratados para modificar o seu tempo de absorção, já os fios sintéticos absorvíveis como o ácido poliglicólico, poligalactina 910 e o polidioxanone são absorvidos por processo de hidrólise, sendo pouco afetados pelas alterações do ambiente em que são utilizados, podendo apresentar-se em forma de monofilamento ou multifilamento. (34-38) Se multifilamentar, os filamentos individuais podem ser combinados por rotação, torção, entrelaçamento ou quaisquer dessas combinações. Os fios inabsorvíveis também podem ser sintéticos ou naturais. Os naturais são a seda, o linho e o algodão muito usados no passado e hoje com uso restrito. Os inabsorvíveis sintéticos compreendem o nylon, o polipropileno, poliéster, o aço inoxidável e as poliamidas, sendo que dentre todos o nylon monofilamentado é o mais utilizado. (39,40) Estudos indicam que os fios inabsorvíveis sintéticos causam menor reação tecidual seguidos pelos absorvíveis sintéticos, enquanto que os fios naturais absorvíveis e inabsorvíveis produzem maior resposta celular. (31,39) Uma boa sutura deve ser capaz de coaptar as bordas da ferida, manter a resistência à tensão até que a cicatriz seja capaz de fazê-lo (41,42) ; permitir a funcionalidade e induzir reação inflamatória mínima. Nos últimos anos tem crescido o número de pesquisas por materiais de sutura que induzam uma resposta inflamatória menor, uma cicatrização rápida e um efeito estético melhor. (25) Para escolha do material de sutura deve-se considerar a resistência normal dos tecidos, a velocidade com que a cicatriz irá recuperar a força tênsil, a resistência do material, a velocidade com que ele perde essa resistência e as interações entre o material e o tecido. (24,27,31,39,43,44,46) Visando ao esclarecimento de qual o fio que proporcionaria uma melhor cicatrização, e conseqüentemente uma maior resistência à força de ruptura resolveu-se desenvolver este trabalho, do qual não foi encontrado similar na literatura. Arquivos Catarinenses de Medicina Vol. 36, n o. 1, de 2007 53 Métodos Foram utilizados 45 ratos machos da linhagem Wistar, com idade em torno de 180 dias e peso variando entre 250 e 300 gramas. Os animais foram distribuídos em 3 (três) grupos de 15 (quinze) ratos cada, conforme a descrição a seguir: Grupo I (n=15) Polipropileno: Constou de 15 (quinze) ratos que foram submetidos à sutura em pontos separados da parede no plano músculo-aponeurótico com o fio cirúrgico polipropileno 3.0. Grupo II (n=15) Nylon: Constou de 15 (quinze) ratos que foram submetidos à sutura em pontos separados da parede abdominal no plano músculo-aponeurótico com o fio cirúrgico nylon 3.0. Grupo III (n=15) Poligalactina 910: Constou de 15 (quinze) ratos que foram submetidos à sutura em pontos separados da parede abdominal no plano músculoaponeurótico com o fio cirúrgico de poligalactina 910 3.0. O experimento foi executado no Laboratório de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Universidade do Sul de Santa Catarina. Os animais receberam alimentação própria para a espécie, com acesso livre à dieta e à água durante todo o experimento, sendo mantidos sob luz, temperatura e ruído ambiente, em gaiolas de plástico, comportando 1 animal por gaiola. As gaiolas foram numeradas de 1 à 45 sendo que o número da gaiola correspondeu ao número do animal. Todos os animais previamente identificados, foram submetidos à anestesia geral com uma solução de Cloridrato de Ketamina (5 mililitros) e solução aquosa a 2% de Cloridrato de 2 (2,6-xilidino)-5, 6-dihidro-4-H- 1,3-tiazina (1 mililitro) sendo injetado 0,5 mililitros da solução, pela via intramuscular, na face interna da pata traseira esquerda do animal. Os procedimentos cirúrgicos foram realizados em ambiente com técnica asséptica, e os animais foram submetidos à anestesia geral, após um jejum de 12 horas. Após a anestesia, os animais permaneceram em respiração espontânea, e imobilizados em uma prancha de madeira de 30cm x 35cm, protegida por uma lâmina de isopor de 1cm de espessura, fixados pelas suas patas através de fita adesiva na posição de decúbito dorsal horizontal. Após a depilação por arrancamento, realizou-se a antissepsia em toda parede anterior e lateral do abdômen do animal, com álcool iodado a 2 % e posterior abertura da pele. Os locais em que foram aplicados os pontos para síntese, em ambos os grupos, foram marcados com 53

54 Arquivos Catarinenses de Medicina Vol. 36, n o. 1, de 2007 Estudo experimental da força de ruptura do plano músculo-aponeurótico corante azul de metileno, no total de quatro pontos, 10mm de distância entre eles, 5mm eqüidistante da linha Alba, e então procedeu-se a laparotomia mediana. A abertura tinha 50mm de comprimento. No tempo operatório final a pele foi suturada em ponto continuo tipo Barra Grega, com fio nylon 3.0. Após o ato operatório os animais foram recolocados nas suas respectivas gaiolas, sendo que cada uma contém água e ração apropriada, à vontade. Durante o período pós-operatório a evolução clínica da cicatrização das feridas nos animais, foram avaliadas diariamente a olho nu, com o intuito de averiguar se ocorreu algum tipo de alteração na cicatriz, eritema, edema, presença de coleção purulenta na região, tendo como resultado o não aparecimento de coleções. Com 29 dias de evolução, os animais foram novamente submetidos à anestesia e fixados em uma placa rígida, onde foi realizada a incisão em capô na pele e posterior rebatimento da mesma, expondo assim o objeto de estudo, o plano músculo-aponeurótico da parede abdominal ventral que foi retirado em partes de 50mm no sentido longitudinal, e 50mm no sentido transversal, de maneira que permanecesse uma distância de 25mm para cada lado da sutura previa do plano músculoaponeurótico, preservando a mesma. Após o procedimento o animal era submetido à eutanásia, de acordo com a portaria 714 do Conselho Federal de Medicina Veterinária. No vigésimo nono dia foi realizada a eutanásia em cada rato, que em seguida foi imobilizado na mesa cirúrgica, efetuando-se a abertura da pele em capô com lâmina de bisturi, expondo o plano músculo-aponeurótico e a linha de sutura anteriormente realizada e imediatamente retirou-se à parede abdominal ventral em partes de 50mm no sentido longitudinal, e 50mm no sentido transversal, sendo que 25mm para cada lado da sutura previa do plano músculo-aponeurótico, para ser preparada para estudo. AVALIAÇÃO DA FORÇA DE RUPTURA O ensaio da força da ruptura da síntese da parede abdominal foi realizado com a utilização de uma Máquina Universal de Ensaios modelo EMIC DL 2000, com as seguintes características: Tipo Bifuso de Bancada; Faixa de Medição da Força entre 20 gf (0,2 N) a 2.000 kgf (20kN), com células de carga intercambiáveis; Precisão da Medição melhor que 1% do valor lido, conforme Classe II da NBR-6156; Faixa de Velocidades entre 0,01 a 1000 mm/min; Medição do Deslocamento por Sensor Óptico (encoder), com resolução de 0,01 mm; Indicação de Força e Deslocamento através de Software (Janela tipo display para acompanhamento dos valores em tempo real). ANÁLISE DE DADOS O teste paramétrico tem como condição necessária amostra ter distribuição normal (com média próxima à mediana) e variância homogênea (homocedasticidade). Por este motivo foi utilizado o teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis pela variância heterogênea encontrada na amostra. A utilização de ratos como animal de experimentação pode ser justificada como uma tentativa de uma maior homogeneização da amostra, optando-se por uma raça específica de animal, devido ao fato da espécie ser geneticamente semelhante, ter o mesmo tipo de metabolismo e alimentação, o que proporciona, teoricamente, um menor índice de variáveis que poderiam interferir no resultado final deste trabalho, onde a variável a ser estudada ficaria praticamente como único fator determinante dos resultados. Todas as implicações éticas estão de acordo com a legislação federal brasileira. Tendo em vista estas implicações a Comissão de Ética em Pesquisa da Universidade do Sul de Santa Catarina aprovou este trabalho. Resultados A amostra foi composta de 45 ratos machos da linhagem Wistar, com idade em torno de 180 dias e peso variando entre 250 e 300gramas. Sendo que do grupo Polipropileno (Grupo I), um rato teve óbito na indução anestésica e outro no pós-operatório. No grupo Nylon (Grupo II), não houve óbito na indução anestésica, e dois óbitos no decorrer do pós-operatório. E o maior número de óbitos foi no grupo Poligalactina 910 (Grupo III), destes dois foram na indução anestésica, e um no pósoperatório. Desta mesma amostra também obtivemos dados em relação ao número de animais em que o epíplon aderiu à parede abdominal, a constatação foi feita no momento da abertura da cavidade, na forma de visualização direta. Sendo que no grupo Polipropileno (Grupo I), e no grupo Nylon (Grupo II), dois animais apresentavam aderência no momento da abertura, e no grupo Poligalactina 910 (Grupo III), um número mais significativo, tendo ocorrido aderência em cinco animais. Dados estes demonstrados na tabela a seguir: 54

Estudo experimental da força de ruptura do plano músculo-aponeurótico Tabela 1 Ocorrência de Aderência, de acordo com tipo de fio utilizado na síntese do plano músculoaponeurótico TOCE, UNISUL, 2005. Animais Animais com Aderência Animais sem Aderência Polipropileno Nylon Poligalactina 910 Total de animais 02 02 05 09 13 13 10 36 Fonte: Experimento cirúrgico com ratos Wistar, TOCE, UNISUL, 2005. A tabela 2 apresenta a distribuição da amostra segundo o tipo de fio e força de ruptura, aferida em Newtons. A média de força de ruptura mais alta foi encontrada no grupo que utilizou o fio de Polipropileno (33.619N), seguida pelo grupo que utilizou o Nylon (30.569N) na síntese abdominal e o grupo que apresentou menor resistência à força foi o fio Poligalactina 910 (28.488N). A diferença de médias de força de ruptura entre os grupos Polipropileno e Nylon foi de 3.050 Newtons (Kruskall Wallis: p=0.59). Já entre os fios Polipropileno e Poligalictina 910 esta diferença subiu para 5.131 Newtons (Kruskall Wallis: p=0.32). A diferença média quando foram selecionados os grupos Nylon e poligalactina 910 ficou em 2.081 Newtons (Kruskall Wallis: p=0.25). Tabela 2 Força de ruptura média de acordo com tipo de fio TOCE, UNISUL, 2005. Grupo Média ( n ) Desvio-padrão Polipropileno 33.619 11.145 Nylon 30.569 4.216 Poligalactina 910 28.488 5.825 Fonte: Experimento cirúrgico com ratos Wistar, TOCE, UNISUL, 2005. Discussão A parede abdominal representa o acesso para todos os procedimentos operatórios relativos à cavidade abdominal e para a maioria dos procedimentos nas áreas retroperitoneais (18), conseqüentemente o conhecimento da mais adequada forma de incisão e sutura da parede Arquivos Catarinenses de Medicina Vol. 36, n o. 1, de 2007 55 abdominal é de interesse para os cirurgiões que desejam ter fácil acesso e síntese segura da parede abdominal. (19) Mesmo com o rápido desenvolvimento de práticas e equipamentos videoendoscópicos, menos invasivos, que mudem a rotina clássica da cirurgia abdominal por via aberta, o fechamento da parede abdominal continua controverso (20), sendo seu maior propósito restituir o mais rápido possível o paciente ao cotidiano após a operação (21), o mais simples possível e isenta de complicações indesejáveis como deiscências, hérnias incisionais ou fístulas, confortável ao paciente e resultar numa cicatriz cutânea estética aceitável. (22) Motivos não faltam para que se utilize um modelo experimental na busca de uma alternativa para a utilização de material sintético ou não na síntese da parede abdominal, haja vista a riqueza de artigos contraditórios existentes na literatura consultada. A idéia era a comparação da força de ruptura da sutura entre os 3 tipos de fios utilizados, numa tentativa de padronizar em nosso meio, um ou dois dos materiais de sutura disponíveis, diminuindo as conseqüências da utilização de fio menos adequado na síntese da cavidade abdominal. Após o intervalo de tempo determinado, foram retiradas as amostras de tecido abdominal anterior suturadas metodicamente com os diferentes materiais e fixadas em duas garras, uma em cada extremidade e o local da síntese permaneceu na porção medial do retalho. O ensaio da força de ruptura da síntese do plano músculo-aponeurótico foi conseguido com a utilização de uma Máquina Universal de Ensaios modelo EMIC DL 2000, que possui uma faixa de Medição da Força entre 20 gf (0,2 N) a 2.000 kgf (20kN), com células de carga intercambiáveis, onde foi considerado a força máxima de ruptura o momento em que o corpo de prova iniciou o rompimento da sutura, diminuindo assim a resistência à força tênsil e o aparelho registrou esse valor em Newtons. Isto tornou possível a verificação de que a força de ruptura da síntese realizada era variável dependendo do fio utilizado e a máquina que havia sido proposta para o uso neste experimento, se mostrou altamente qualificada para as mensurações necessárias, de modo que os resultados obtidos e que se fazem presente neste estudo, permanecessem confiáveis. A escolha do fio de sutura deve permitir a funcionalidade, induzir reação inflamatória mínima 25, levar em conta o momento em que a cicatriz se torne capaz de manter a resistência à força. (41,42) 55

56 Arquivos Catarinenses de Medicina Vol. 36, n o. 1, de 2007 Estudo experimental da força de ruptura do plano músculo-aponeurótico No caso dos fios inabsorvíveis utilizados neste experimento, Nylon e Polipropileno, até que momento a cicatriz será capaz de manter a resistência à força não tem grande importância, pois o fio permanecera por tempo indeterminado; mas em se tratando do fio absorvível Poligalactina 910, esse momento é de suma importância, pois em após a absorção do fio, o organismo tem que continuar por si, sem uma estrutura de suporte (neste caso o fio cirúrgico). Se a absorção ocorrer antes que o organismo consiga realizar uma cicatriz que resista a pressão abdominal adequadamente, isso implicaria no aparecimento das mais variadas complicações (11,47), principalmente as hérnias incisionais nem sempre de fácil resolução. O Polipropileno, teoricamente inerte, gera uma resposta inflamatória mínima, e apresenta resistência tanto no meio ácido como básico, não sendo agredido pelos fluidos orgânicos adjacentes. (46.47,48) O fio de Nylon que, da mesma forma que o Polipropileno é um fio inabsorvível e também apresenta alto grau de resistência à tração, não sofrendo nenhuma agressão significativa pelos fluídos orgânicos. Ao contrário, o fio de Poligalactina 910 é absorvível, e desencadeia uma reação tecidual de moderada intensidade, provavelmente por hidrólise, perdendo a metade da resistência à tração após 15 dias da realização da sutura, mas, segundo o fabricante, só é totalmente absorvido em 90 dias. Quando da utilização de fios sintéticos de nylon ou polipropileno, é percebido que há um aumento de volume no tecido celular subcutâneo. Isto é conseqüência do grande número de nós que necessita ser realizado para que não haja um escape da sutura, conferindo-lhe maior segurança. (47,48) Muitas das complicações pós-operatórias relacionadas à síntese da parede abdominal poderiam ser evitadas com o uso da técnica esmerada e do material de síntese mais adequado, onde uma pequena diferença na resistência da síntese abdominal a pressão intra-abdominal poderia fazer a diferença entre uma cirurgia bem sucedida, ou seja, sem complicações e satisfação total do paciente e uma cirurgia que teoricamente poderia ser vista como mal sucedida em função de uma resistência a pressão intraabdominal menor ocasionada por um fio cirúrgico que não pode proporcionar uma cicatrização adequada ao organismo, por motivos e características exclusivas do material que foi fabricado e não da técnica utilizada pelo cirurgião. Esse simples detalhe que é o tipo de fio cirúrgico pode até vir caracterizar o cirurgião quanto aos resultados estéticos e complicações pós-operatórias, ou seja aquele que apresenta o menor número de complicações na sua casuística pessoal. Os resultados encontrados após o término do experimento levam a crer que a força máxima de ruptura que a síntese do plano músculo-aponeurótico pode suportar tem grande relação com o tipo de resposta inflamatória que o material utilizado na síntese provoca. Quando é analisado unicamente o parâmetro fio e força de ruptura da sutura, observa-se que o fio de Polipropileno e o fio de Nylon, que são sintéticos e teoricamente inertes (2,5,40,47), causam uma reação tecidual mínima, e apresentam os maiores valores em média de resistência a tensão de ruptura. Em relação ao fio de poligalactina 910, absorvível com reação tecidual moderada (11,47), onde a sua degradação se dá por hidrólise química apresenta os menores valores em média de resistência a força. As médias de força de ruptura mais altas foram encontradas nas amostras de parede abdominal onde os fios utilizados desencadeiam uma resposta inflamatória mínima, como os fios de Polipropileno e Nylon na síntese do plano músculo-aponeurótico, respectivamente (33.619N) e (30.569N). Se houver comparação destes fios com o fio de Poligalactina 910, encontra-se um valor médio de força de ruptura da sutura em valor médio menor (28.488N). Não foi realizado um estudo a longo prazo para realmente avaliar as conseqüências tardias da utilização destes fios, no entanto, é possível inferir que com os resultados obtidos neste experimento, no pós-operatório imediato, não houve uma correlação entre o fio e a ausência de complicações pós-operatórias imediatas. É visível que o fio de polipropileno apresentou as melhores médias numéricas, necessitando de estudos quanto ao resultado tardio. A força máxima de ruptura da síntese do plano músculo-aponeurótico tem uma relação significativa com o tipo de material utilizado, onde observou-se que o grupo Polipropileno obteve uma maior resistência a ruptura na síntese em media. Referências Bibliográficas: 1. Hering FLO, Gabor S. Introdução. In: Bases técnicas e teóricas dos fios de sutura. São Paulo: Roca, p.1-4, 1993. 2. Bucknall, T.E. & Ellis, H. - Abdominal wound closure: a comparison of monofilament nylon and polyglycolic acid. Surgery, 89:672-7, 1981b. 56

Estudo experimental da força de ruptura do plano músculo-aponeurótico 3. Niggebrugge, A.H.; Hansen, B.E.; Trimbos, J.B.; Van Velde, C.J.H.; Zwaveling, A. - Mechanical factors influencing the incidence of burst abdomen. Eur. J. Surg., 161:665-71, 1995. 4. Fagundes, D.J.; Kharmanday, P. O fio cirúrgico. Acta Cirúrgica Brasileira, 6(4):177-181, 1991. 5. Hermann, R.E. - Abdominal wound closure using a new polypropynene monofilament suture. Surg. Gynecol. Obstet., 138:84-6, 1974. 6. Everett, W.G. - Sutures, incisions and anastomoses. Ann. R. Coll. Surg. Engl., 55:31-8, 1974. 7. Iribaren, C. - Investigacion comparativa de la sutura continua y de puntos separados en el cierre de laparotomias medianas. Rev. Argent. Cir., 51:165-71, 1986. 8. Ayala, L.A.; Souchon, E.; Belloso, R.M.; Alfonso, R.; Mennechey, O. - Cierre de la aponeurosis con sutura continua de polypropylene: resultado en 500 laparotomias. Rev. Colomb. Cir., 4:29-32, 1989. 9. Cameron, A.E.P.; Parker, C.J.; Field.S.; Gray, R.C.F.; Wyatt, A.P. - A randomised comparison of polydioxanone (PDS) and polypropylene (Prolene) for abdominal wound closure. Ann. R. Coll. Surg. Engl., 69:113-5, 1987. 10. Kharmandayan, P.; Goldenberg, S.; Villa, - Morphologic and morphometric aspects of connective tissue evolution in skin sutures, with nylon, polypropylene and polyglactin, in rats. Acta Cir. Bras., 10:2-8, 1995. 11. Nary F., Hugo, Matsumoto, Aline Carvalho et al. Comparative study of tissue response to polyglecaprone 25, polyglactin 910 and polytetrafluorethylene suture materials in rats. Braz. Dent. J., vol.13, no.2, p.86-91,2002. 12. Biondo-Simões, Maria de Lourdes Pessole, Sech, Marcelo, Adur, Regina Célia et al. A comparative study of the performance of catgut and polyglecaprone 25 sutures in rat abdominal walls, contaminated or not. Acta Cir. Bras., Sept, vol.12, no.3, p.163-168,1997. 13. Murray, D.H. & Blaisdell, F.W. - Use of syntetic absorbable sutures for abdominal and chest wound closure. Arch. Surg., 113:477-80, 1978. 14. Niggebrugge, A.H.; Hansen, B.E.; Trimbos, J.B.; Van Velde, C.J.H.; Zwaveling, A. - Mechanical factors influencing the incidence of burst abdomen. Eur. J. Surg., 161:665-71, 1995. 15. Leaper, D.J.; Pollock, A.V.; Evans, M. - Abdominal wound closure: a trial of nylon, polyglycolic acid Arquivos Catarinenses de Medicina Vol. 36, n o. 1, de 2007 57 and steel sutures. Br. J. Surg., 64:603-6, 1977. 16. Kon, N.D.; Meredith, W.; Poole Jr., G.V.; Martin, M.B.; Kawamoto, E.; Myers, R.T. - Abdominal wound closure: a comparison of polidioxanone, polypropylene, and Teflon-coated braided Dacron sutures. Am. Surg., 50:549-51, 1984. 17. Krukowski, Z.H.; Cusick, E.L.; Matheson, N.A. - Polydioxanone or polypropylene for closure of midline abdominal incisions: a prospective comparative clinical trial. Br. J. Surg., 74:828-30, 1987. 18. Fry, D.E. & Osler, T. - Considerações sobre a parede abdominal e complicações na cirurgia reoperatória. Clin. Cir. Am. Norte, 71:1-11, 1991. 19. Goligher, J.C.; Johnston, I.D.; Dombal, F.T.; Hill, G.L.; Horrocks, J.C. - Acontrolled clinical trial of three methods of closure of laparotomy wounds. Br. J. Surg., 62:823-9, 1975. 20. Sutton, G. & Morgan, S. - Abdominal wound closure using a running, looped monofilament Polybutester suture: comparison to smead-jones closure in historic controls. Obstet. Gynecol., 80:650-4, 1992. 21. Tognini, JRF., Goldenberg S, Naresse LE et al. Estudo comparativo entre a sutura contínua e a com pontos separados na parede abdominal de ratos. Acta Cir. Bras., vol.12, no.4, p.255-265. ISSN 0102-8650, 1997. 22. Buknall, T.E. & Ellis, H. - Abdominal wound closure: a comparison of monofilament nylon and polyglycolic acid. Surgery, 89:672-7,1981. 23. Poole Jr., G.V.; Meredith, J.W.; Kon, N.D.; Martin, M.B.; Kawamoto, E.H.; Myers, R.T. - Suture technique and wound bursting strength. Am. Surg., 50:569-72, 1984. 24. Mestriner, F.; Gomes, R.A.S.; Fatureto, M.C. - Estudo comparativo entre as suturas contínuas e interrompidas da camada músculo-fascial de ratos. Med. Riberão Preto, 24:159-64, 1991. 25. Seid, M.H.; Mcdaniel-ownes, M.; Poole Jr., G.V.; Meeks, G.R. - A randomized trial of abdominal incision suture technique and wound strength in rats. Arch. Surg., 130:394-7, 1995. 26. Douglas, D.M. - The healing of aponeurotic incisions. Br. J. Surg., 40:79-84, 1952. 27. Gallup, G.D.; Nolan, T.E.; Smith, R.P. - Primary mass closure of midline incisions with a continuous polyglyconate monofilament absorbable suture. Obstet. Gynecol., 76:872-5,1990. 28. Helmkamp, B.F. - Abdominal wound dehiscence. Am. 57

58 Arquivos Catarinenses de Medicina Vol. 36, n o. 1, de 2007 J. Obstet. Gynecol., 128:803-7,1977. 29. Tognini JRF, Fagundes DJ, Novo NF et al. Estudo biomecânico e morfológico da cicatrização da parede abdominal sob ação de meloxicam. Acta Cir Bras;15 (3): 45-51, 2000. 30. Tognini JRF, Goldenberg S, Simões MJ et al. Efeito do diclofenaco de sódio na cicatrização da parede abdominal de ratos. Acta Cir Bras, 13 (3): 52-9, 1998. 31. Mcneill, P.M. & Sugerman, H.J. - Continuous absorbable vs interrupted nonabsorbable fascial closure. Arch. Surg, 121:821-3, 1986. 32. Trimbos, J.B. & Van rooij, J. - Amount of suture material needed for continuous or interrupted wound closure: an experimental study. Eur. J. Surg., 159:141-3, 1993. 33. Leaper, D.J.; Allan, A.; May, R.E.; Corfield, A.P.; Kennedy, R.H. - Abdominal wound closure: a controlled trial of polyamide (Nylon) and polydioxanone suture (PDS). Ann. R. Coll. Surg. Engl., 67:273-5, 1985. 34. Ray, J.A.; Doddi, N.; Regula, D.; Williams, J.A.; Melveger, A. - Polidioxanone (PDS), a novel monofilament syntetic absorbable suture. Surg. Gynecol. Obstet., 153:497-507, 1981. 35. Bourne, R.B.; Bitar, H.; Andreae, L.M.; Martin, M.B.; Finlay, J.B.; Marquis, F. - In vivo comparison of four absorbable sutures: Vicryl, Dexon Plus, Maxon and PDS. Can. J. Surg., 31:43-5, 1988. 36. Cameron, A.E.P.; Parker, C.J.; Field, E.S.; Gray, R.C.F.; Wyatt, A.P. - A randomised comparison of polydioxanone (PDS) and polypropylene (Prolene) for abdominal wound closure. Ann. R. Coll. Surg. Engl., 69:113-5, 1987. 37. Hermann, R.E. - Abdominal wound closure using a new polypropynene monofilament suture. Surg. Gynecol. Obstet., 138:84-6, 1974. 38. Mijten, P.; Kruif, A; Van der Weyde, G. C.; Deluyker, H. Comparison of catgut and polyglactin 910 for uterine sutures during bovine caesarean sections. Veterinary Record. 140, p. 458-9, 1997. 39. Chaib AS, Ling WS, Vasconcelos E.-Avaliação experimental dos fios na sutura em um só plano. Rev Paul Med, 80:217-26, 1972. 40. Bartone, F.F., Stinson, W. Reaction of the urinary tract to polypropilene sutures. Invest. Urol. Vol.14, nº1, p.44-6, 1976. 41. Fernandez, P.M.; Martins, J.L.; Novo, N.F.; Gomes, P.O.; Goldenberg, S. - Estudo comparativo da Estudo experimental da força de ruptura do plano músculo-aponeurótico resistência à tração das cicatrizes nas laparotomias longitudinais e transversais em ratos. Acta Cir. Bras., 11:133-7, 1996. 42. Tognini JRF, Daniela N, Souza A et al. Efeito da conservação por formas de congelamento na avaliação da força de rotura de cicatrizes da parede abdominal de ratos. Acta Cir Bras 13(4): 39-44, 1998. 43.Tognini JRF, Goldenberg S. Síntese da parede abdominal: sutura contínua ou com pontos separados? Revisão da literatura. Acta Cir Bras 13(2): 23-9, 1998. 44. Wadström, J. & Gerdim, B. - Closure of the abdominal wall; how and why? Acta. Chir. Scand., 156:75-82, 1990. 45. Loureiro VM, Fagundes D.J, Taha MO. Síntese da parede abdominal: avaliação de dois tipos de sutura contínua em ratos. Acta Cir. Bras., maio/jun. vol.18, no.3, p.0-0, 2003. 46. D acampora A.J, Soares CA, Franzon O. Suturas, Fios e Agulhas. 47. Otaolaurruchi, J.S.; Lorca, J.J.S. Manual de suturas, Editora Lorca Marin, S.A.; 1 Edição, Madri, 1987. 48. D acampora AJ, Joli F, Tramonte R, Ely JB. Utilização de politetrafluoroetileno expandido e polipropileno no tratamento de hérnia incisional em ratos wistar Estudo comparativo, UFSC, Florianópolis. Endereço para Correspondência: Luiz Fernando Cadore Valle Rua Benjamin Constant, 209 - Bairro São Luiz Brusque. E-mail: lfcvalle@ibest.com.br 58