EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE VALPARAÍSO DE GOIÁS - GOIÁS SINDICATO DOS POLICIAIS CIVIS DO ESTADO DE GOIÁS SINPOL-GO, entidade sindical de primeiro grau, fundado em 11 de julho de 1998, devidamente cadastrado no CNPJ sob o n 02.677.585/0001-04, com fundamento no artigo 2 do seu Estatuto Social, domiciliado no endereço SEDE: Rua José Arantes Costa, quadra 105, lote 25, casa 01 Cidade Jardim, Goiânia-GO CEP: 74.425.670 e SEDE Regional no endereço: QUADRA 07 Edifício Tropical, Bloco A, salas 103-105-107, Etapa A, VALPARAÍSO DE GOIÁS-GO, CEP: 72.876-021, por intermédio de seus advogados, Dr. JACINTO DE SOUSA, OAB/DF 40.512 e Dr. BRUNO LEONARDO FERREIRA MATOS, OAB/DF 39396, infrafirmados, conforme instrumento de mandato em anexo (DOC 01), com endereço profissional à CNM 01 BLOCO G Sala. 205 2 andar - Ceilândia-DF, CEP: 72.215-045, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência com fulcro no art. 282 do CPC propor AÇÃO ORDINÁRIA Em desfavor de Sindicato dos Delegados de Polícia Civil de Goiás, SINDEPOL-GO, domiciliado à Rua 146, Nº 396 Qd. 58 Lt 13, Galeria 146 Setor Marista, 74.543-020 Goiânia GO. Fone: (62) 3541-8311; Fax: (62) 3541-8327, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
DOS FATOS 1. A reclamante é entidade sindical de primeiro grau que representa todos os servidores policiais civis do Estado de Goiás, conforme estatuto anexo. 2. Ocorre que no ano de 2007 a reclamada ingressou com pedido de registro sindical no Ministério do Trabalho e Emprego, pleiteando o Registro de entidade que representaria a categoria de Delegados de Polícia do Estado de Goiás, conforme Estatuto anexo. 3. Ocorreu grave conflito na base territorial pretendida pela reclamada, visto que já existia no Cadastro do Órgão ministerial o registro da reclamante como entidade representante da categoria pretendida pela reclamada. Por isso, em outubro do ano de 2007, o Ministério do Trabalho, por seu Órgão competente, convocou a duas entidades (SINPOL-GO e SINDEPOL-GO) para discutirem o assunto e decidirem sobre a base territorial e a categoria em conflito. 4. Na oportunidade, ficou acordado entre os representantes das entidades que a reclamante deveria convocar Assembleia Geral Extraordinária AGE para discutir a supressão da categoria dos Delegados de Polícia e, se aprovado pela categoria, alterar o estatuto social e com isso, retirar a categoria dos Delegados da base territorial do referido estatuto. 5. Em 26 de outubro de 2007 a então Diretoria Executiva da reclamante (por seu presidente, senhor Silveira Alves de Moura) convocou AGE para discutir a possibilidade de alteração estatutária e a supressão da categoria de Delegados, até então integrante das categorias representadas pela reclamante. 6. Ocorre que o tema alteração estatutária para suprimir a categoria de Delegados não foi posta em votação naquela oportunidade e, portanto, não foi aprovada pela AGE. Ou seja, a categoria NÃO aprovou a referida alteração estatutária. Entretanto, de modo fraudulento e com interesses escusos, a Diretoria anterior dessa reclamante, por seu presidente, fraudou a Ata da AGE e incluiu a suposta alteração estatutária como se tivesse sido aprovada pela AGE.
7. Registraram a alteração estatutária junto ao Ministério do Trabalho, como parte do acordo entre reclamante, reclamada e o órgão Ministerial, porém, com documentos fraudados (Ata da AGE). Destaca-se que o acordo para alteração estatutária não poderia ter sido uma decisão individual do então Presidente da reclamada e de sua diretoria. Mas deveria prevalecer a vontade da categoria. O que não ocorreu. 8. Além disso, outra fraude salta aos olhos de quem analisa os documentos trazidos com a petição inicial. É que o edital de convocação não deu nenhum prazo para a realização da assembleia, ou seja, fez-se uma assembleia no mesmo dia da convocação (26 de outubro de 2007). 9. É unânime entre os membros da categoria (filiados à reclamante ou não) que estiveram presentes à assembleia que naquela fatídica data nada foi mencionado sobre a supressão da categoria de Delegados de Polícia do estatuto da reclamante, pois se tivesse sido colocado em votação, certamente os presentes não teriam aprovado tal alteração no estatuto da entidade. 10. Por isso, todos os servidores pertencentes à categoria representada pela reclamante surpreenderam-se quando souberam da notícia de que a Diretoria havia efetuado a supressão da categoria dos Delegados, conforme já mencionado. Ninguém, absolutamente ninguém, participou dessa supostas votação registrada nas Atas da AGE. Documentos anexos com a inicial. 11. Destaca-se que somente após a posse da atual Diretoria para Gestão 2014-2018 é que se descobriu a fraude, pois até então, a alteração estatutária era mantida como um segredo eterno para a categoria. 12. Por isso, a emissão da Carta Sindical, ou seja, o registro sindical efetuado pelo Órgão do Ministério do Trabalho foi maculado pela fraude apontada pela reclamante. Sendo assim, deve ser declarado nulo os documentos Atas da AGE e a alteração estatutária realizada de modo fraudulento e, como consequência, o Registro Sindical concedido à requerida, por ser a decisão correta para o caso em análise.
DO DIREITO 13. A partir da Emenda Constitucional n 45, de 2004, a Justiça do Trabalho recebeu a competência para julgar as ações sobre representação sindical. Portanto, o conflito posto nessa reclamatória poderá ser apreciado por essa Especializada. CF/1988, art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I (...); II (...); III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; 14. Por outro lado, o art. 8 da CF/1988, garante à livre associação sindical, com a preservação do princípio da unicidade sindical, nos seguintes termos: Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; 15. No caso em tela, há uma ilegalidade na constituição do sindicato requerido, uma vez que foi orientado pelo Ministério do Trabalho (doc. Anexo), que o Registro Sindical do requerido somente seria efetuado se a categoria representada pelo Requerente concordasse em alterar seu estatuto e suprimir a representatividade da categoria dos Delegados de Polícia do estado de Goiás, o que não ocorreu.
16. Conforme já explicitado, ocorreu uma fraude, mediante dolo, aos trabalhadores presentes à assembleia, uma vez que o tema alteração estatutária para suprimir a categoria de Delegados não foi posta em votação e, portanto, não foi aprovada pela AGE, apesar da Diretoria do SINPOL-GO, de modo fraudulento, repita-se, ter incluindo na Ata a alteração estatutária em questão como aprovada. 17. Sendo assim, o requerente vem a juízo pleitear que essa Justiça Especializada determine o cancelamento do Registro Sindical da Requerida junto ao Ministério do Trabalho e Emprego, pois, em nome do princípio da unicidade sindical, quem deve representar os Delegados de Polícia do Estado de Goiás, em todo o Estado, é a Entidade requerente. DOS PEDIDOS Ante o exposto, o sindicato representante do servidor traz a presente demanda para requerer a Vossa Excelência: a) Sejam concedidos os benefícios da Justiça Gratuita à entidade sindical. b) Declare nulo os Atos praticados na Assembleia Geral Extraordinária realizada no dia 26 de outubro de 2007, pela Diretoria da requerente, e que alterou o estatuto da requerente fraudando a Ata da Assembleia, nos termos mencionados; c) Declare nulo e sem nenhum efeito a alteração estatutária realizada pela Diretoria da requerente e mantenha no estatuto social a categoria dos Delegados de Polícia do Estado de Goiás, conforme estatuto anterior a esse alterado em 26 de outubro de 2007. d) Declare nulo o Registro Sindical concedido pelo Ministério do Trabalho à requerida; e) Requer seja enviada notificação ao Órgão do Ministério do Trabalho responsável pelo Registro Sindical determinando que anule o Registro Sindical da requerida, por estarem maculados de fraude os documentos que embasaram a concessão do registro; Protesta pela produção de todo gênero de provas em direito admitidas,
especialmente prova documental e testemunhal. Dá-se à presente o valor de R$ 50.00,00 (cinquenta mil reais) para efeitos meramente processuais. Termos em que pede deferimento. Valparaíso de Goiás-GO, 21 de outubro de 2015. Jacinto de Sousa OAB/DF 40.512 Bruno Leonardo Ferreira de Matos OAB/DF 39396