1 TUTELA CONSTITUCIONAL DAS LIBERDADES Vagner Fagundes Coltrin 1 Marcelo Humberto Ticiani 2 RESUMO Procuramos no artigo especificar garantias de extrema importância, pois por ela garantese o Direito do indivíduo de ir, vir e ficar, bem como também o princípio do processo penal da Presunção de inocência. Palavras chaves: Direito Constitucional habeas corpus. 1 Habeas Corpus: 1.1 - Introdução: Na Antiguidade possuía o nome de Interdictum de libero homine exhibendo, que tinha por objetivo reclamar a exibição do homem livre detido ilegalmente, porém sua concepção era completamente diferente, pois os próprios magistrados obrigavam os homens livres a prestar-lhes serviços. Sua origem apontada por vários autores é a Magna Carta, em seu capítulo XXIX, onde por pressão dos barões foi outorgado pelo rei João Sem Terra em 19 de junho de 1215 nos campos de Runnymed, na Inglaterra. No Brasil, embora introduzido com a vinda de D.João VI, quando expedido o decreto de 23-5-1821, referendado pelo Conde dos Arcos, implícito na Constituição Imperial de 1824. Como anota Alcino Pinto Falcão, 1 Aluno do 10º semestre da Faculdade de Direito CEUNSP - Salto 2 Aluno do 10º semestre da Faculdade de Direito CEUNSP - Salto
2 a garantia do habeas corpus tem um característico que a distingue das demais: é bem antiga mas não envelhece. Continua sempre atual e os povos que a não possuem, a rigor não são livres, não gozam de liberdade individual, que fica bem dependente do poder executivo e não da apreciação obrigatória, nos casos de prisão, por parte do juiz competente 3 Portanto, o habeas corpus é uma garantia individual ao direito de locomoção, consubstanciada em uma ordem dada pelo juiz ou Tribunal ao coator, fazendo cessar a ameaça ou coação a liberdade de locomoção em sentido amplo o direto do individuo de ir, vir e ficar. 1.2 Natureza Jurídica: A natureza do habeas corpus é de caráter penal e de procedimento especial, isenta de custas 4, que evita ou cessa violência ou ameaça na liberdade de locomoção do indivíduo. Não se trata de uma espécie de recurso, mas sim uma ação de cunho Constitucional. 2 Garantia Constitucional da liberdade de locomoção: Liberdade pessoal antes mesmo de ser reconhecida como um direito institucional, já era tido como um direito natural do Homem, sempre habituado a viver livre e com plena autonomia de suas faculdades para satisfazer da forma como melhor lhe aprouver as necessidades do espírito. Todavia, a vida em sociedade nos impõe determinadas regras de convívio, muitas vezes limitando nossa liberdade, sempre tendo como preocupação maior a manutenção do equilíbrio do corpo social e o respeito ao direito de nosso semelhante, dado que infelizmente o ser humano é 3 FALCÃO, Alcino Pinto. Op.cit.p. 295 apud MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 19.ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 109. 4 CF, art 5º, LXXVII são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.
3 dotado de momentos de insensatez e, em conseqüência, pode tornar-se um desagregador dos interesses e da paz social por meio de atitudes funestas, onde não podem passar despercebidas, merecendo a repulsa da comunidade que deve valer-se dos mais diversos meios para ser mantida a ordem e não corramos o risco de que seja instalado entre nós o caos, a desordem ou a anarquia. Assim, após reconhecido ser a liberdade pessoal antes de tudo um direito natural e intangível do indivíduo, ao longo do desenvolvimento da humanidade e da ciência jurídica essa noção foi se fortalecendo e hoje esse direito sagrado da pessoa humana ganhou total proteção do Estado. Quando exerce o seu poder de restrição da liberdade pessoal, na verdade o Estado está atuando em nome da própria sociedade, que, por meio seus representantes, edificam a ordem institucional vigente. 3 Espécies de habeas corpus: O habeas corpus pode ser liberatório ou preventivo, conforme seja concedido após, ou antes, a efetiva coação à liberdade de locomoção. a) Habeas corpus liberatório: Também denominado repressivo, o habeas corpus liberatório é para afastar constrangimento ilegal à liberdade de locomoção já existente. O habeas corpus repressivo se configura com ordem expedida pelo juiz ou tribunal competente, determinando a imediata cessação do constrangimento. Neste caso, o que será expedido pelo juiz é o alvará de soltura, visto que a pessoa se encontrara presa. b) Habeas corpus preventivo: Quando o habeas corpus é concedido apenas diante de uma ameaça à liberdade de locomoção, diz-se ele preventivo. Nestas hipóteses, o juiz expede um salvo-conduto. É a expressa disposição do 4º do art. 660 do Código de Processo Penal, transcrito:
4 " 4º Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á ao paciente salvo-conduto assinado pelo juiz. c) Excesso de prazo: Caberá habeas corpus para o acusado preso, quando houver excesso de prazo da instrução penal processual. O habeas corpus não se será impetrado no caso de excesso de prazo ocorrido na instrução processual penal, por exigência da própria defesa em arrolar testemunhas residentes em comarcas diversas, ou em virtude do grande número de acusados, ainda mais quando a instrução teve curso regular. A greve de serventuários da justiça configura força maior, não ensejando alegação de excesso de prazo em sede de habeas corpus, devendo os prazos recomeçar a fluir na data em que é publicado o ato pelo qual o Tribunal comunica às partes e aos procuradores a cessação de anormalidade e a retomada do andamento dos processos. d) Possibilidade de supressão: Por ser clausula pétrea (art. 60 4º, IV, da Constituição Federal) o habeas corpus não poderá ser modificado por nenhuma outra lei. Porém em virtude das medidas de exceções, no caso estado de defesa e estado de sítio, a atuação do habeas corpus poderá ser diminuída, mas nunca suprimida, neste caso permitindo prisões decretadas pela autoridade administrativa. 4 Legitimidade: 4.1 Legitimidade Ativa:
5 O art. 654 do Código de Processo Penal assim preceitua: "Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público. O direito constitucional de impetrar habeas corpus é atributo da personalidade. Por isso, a impetração em favor de terceiro constitui hipótese de substituição processual. Qualquer pessoa do povo pode, diretamente, impetrar o habeas corpus, inclusive o menor de idade, o deficiente mental, o analfabeto, o estrangeiro etc. Pessoas jurídicas também podem impetrar habeas corpus em favor de terceiros. O que não se admite é a impetração de habeas corpus em favor de pessoa jurídica. Por último, é importante registrar que o habeas corpus pode ser ordenado de ofício pelo juiz, ou seja, sem que tenha sido requerido por qualquer pessoa, como expressamente prevê o 2º do art. 654 do Código de Processo Penal: " 2º Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificar que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal. 4.2 Legitimidade passiva: Embora o Código de Processo Penal refira-se a autoridade coatora, é pacífica a possibilidade de impetrar-se habeas corpus contra ato de particular. Deve-se observar que a Constituição Federal refere-se não somente a "abuso de poder" (que poderia fazer pressupor ato de autoridade), mas também a "ilegalidade" (qualquer pessoa pode praticar uma ilegalidade). 5 Considerações finais:
6 Concluímos que o habeas corpus está intrinsecamente ligado à garantia individual do cidadão de liberdade, pois denota a importância de não ser coagido a privar de sua liberdade, sendo de ir e vir, bem como de locomoção em geral. Portanto descrevemos o remédio constitucional aplicável para restrição de liberdade, quando não prevista em lei, assim sendo, há a preocupação com todas as garantias já nos asseguradas na Constituição Federal. Ressaltamos a importância de que habeas corpus trata-se de ação não recurso como facilmente colocado em erro, assim como a importância de frisar a coação como procedibilidade e direito de todos, não somente cabível ao advogado, mas este como substituto quando patrono na causa. 6 Referências:.ALMEIDA, Arnaldo Quirino de. Liberdade pessoal: A responsabilidade do Estado pela prisão ilegal, texto extraído da internet: do site: www.conjur.estadao.com.br/static/text/36525,1, às 11 horas do dia 15 de setembro de 2007..MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. São Paulo: Atlas, 1991..MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2006..TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 1987.v. 4.