Direito Civil Direito das Sucessões Prof. Marcio Pereira
Sucessões (art. 1.784 do CC) É a transmissão de bens, direitos e obrigações de uma pessoa para outra que se dá em razão de sua morte. Aberta a successão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários (Princípio da Saisine). ATENÇÃO O direito à sucessão aberta por ficção legal é considerado bem imóvel (art. 80, II, CC).
Formas de Sucessão Há duas formas de sucessão causa mortis: legítima e testamentária. Havendo testamento, a sucessão testamentária prevalece sobre a legítima. A sucessão legítima é chamada de ab intestato. Na sucessão legítima os herdeiros estão expressamente indicados pela lei, onde se vê uma ordem de vocação hereditária. A sucessão legítima ocorre quando não houver testamento, quando ele caducar ou for anulado, ou ainda quando o testamento não dispuser sobre todos os bens.
Formas de Sucessão A sucessão ainda pode ser: -A título universal (herança - herdeiro): ocorre com a transferência da totalidade dos bens ou de percentual do todo. -A título singular (legado - legatário): recai sobre um bem determinado, sobre uma coisa individuada ou quando recebe vários bens individuados, ou ainda quando recebe percentual de um bem determinado.
Da Sucessão Legítima A sucessão legítima defere-se na seguinte ordem (art. 1.829 CC): I. Aos descendentes em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado com o falecido no regime de comunhão universal ou no da separação obrigatória de bens ou se, no regime de comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
Da Sucessão Legítima II. Ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III. Cônjuge sobrevivente; IV. Colaterais até quarto grau inclusive.
Regras à luz da sucessão do cônjuge -Somente é reconhecido o direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato, há mais de dois anos, salvo, prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente. -Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação ao imóvel destinado na residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar.
Regras à luz da sucessão do cônjuge - Em concorrência com os descendentes, caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer. - Ademais, concorrendo com ascendentes em primeiro grau, ao tocará um terço da herança. Agora terá direito à metade se concorrer com um só ascendente ou maior àquele grau.
Regras à luz da sucessão dos colaterais Na falta de descendentes, ascendentes e cônjuge serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau. Irmãos são colaterais em segundo grau. Podem ser bilaterais/germanos ou unilaterais. Na classe dos colaterais, o de grau mais próximo exclui o de grau mais remoto, salvo o direito de representação concedido aos filhos dos irmãos.
Regras à luz da sucessão dos colaterais Concorrendo irmãos bilaterais e unilaterais, os unilaterais terão direito a metade do valor dos irmãos bilaterais. Não concorrendo à herança irmãos bilaterais, os irmãos unilaterais herdarão em partes iguais. Na falta dos irmãos, herdarão os seus filhos (sobrinhos) e na falta dos filhos, herdarão os tios. Concorrendo tios e sobrinhos, os sobrinhos preferem aos tios.
HERDEIROS NECESSÁRIOS São aqueles que têm direito à legítima, salvo quando excluídos do direito à herença. São herdeiros necessários: Descendentes; Ascendentes; Cônjuge sobrevivente.
Excludentes do direito à herança São aquelas que excluem os herdeiros necessários, isto é, aqueles que têm direito à legítima (metade da herança líquida). São herdeiros necessários os descendentes, ascendentes e cônjuge sobrevivente. São três formas de excludente: - exclusão voluntária, é a renúncia (art. 1.804 do CC); - exclusão legal, é a indignidade (art. 1.814 do CC); - exclusão testamentária, é a deserdação (art. 1.961 do CC).
Direito de Representação (art. 1.851 do CC) Sucessão por estirpe ou representação ocorrequando a lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos em que ele sucederia, se vivo fosse (art. 1851 do CC). -Ocorre na linha reta descendentes; -Ocorre na linha colateral em favor dos filhos do irmão do falecido; -Na renúncia não há o direito de representação; -Na deserdação não há o direito de representação.
Da Sucessão Testamentária (art. 1.857 do CC) É o negócio jurídico unilateral, personalíssimo, gratuito, solene, revogável, onde alguém, na forma da lei, dispõe sobre seus bens, no todo ou em parte, ou faz outras disposições para depois de sua morte. Características: -Negócio jurídico unilateral, pois se aperfeiçoa com uma única vontade, a vontade do testador.
Da Sucessão Testamentária (art. 1.857 do CC) -Gratuito, pois implica disposição dos bens sem qualquer contraprestação. -Unipessoal, porque não pode ser feito em conjunto, deve ser feito isoladamente, ou seja, é proibido o testamento realizado em conjunto, em mão comum ou mancomunado, seja simultâneo, recíproco ou correspectivo.
Da Sucessão Testamentária (art. 1.857 do CC) ATENÇÃO: Testamento simultâneo é aquele em que os testadores beneficiam uma terceira pessoa. Testamento recíproco é aquele em que os testadores se beneficiam mutuamente, sendo herdeiro aquele que sobreviver. Testamento correspectivo é aquele em que os testadores efetuam disposições em retribuição a outras correspondentes.
Da Sucessão Testamentária (art. 1.857 do CC) -Solene, deve obedecer às formalidades previstas na lei. Revogável, ainda que haja cláusula de irrevogabilidade no testamento, pois esta cláusula é nula. Há duas cláusulas de irrevogabilidade que são implícitas: reconhecimento de filho e o perdão do indigno. -É ato causa mortis, pois somente produz efeito após a morte do testador.
Da Sucessão Testamentária (art. 1.857 do CC) -É ato personalíssimo, pois não se admite testamento por procuração. - É ato patrimonial e extrapatrimonial, serve para dispor dos bens e tem outras finalidades, por exemplo, reconhecimento de filhos, nomeação de tutor, nomeação de testamenteiro, perdoar o indigno.
Formas Testamentárias As formas de se realizar um testamento se subdividem: a)ordinária ou comum: -público (de viva voz); é ditado pelo testador ao tabelião ou seu substituto legal, na presença de duas testemunhas.
Formas Testamentárias - cerrado (secreto ou místico); É escrito pelo próprio testador ou por alguém a seu rogo. Tem caráter sigiloso e será aprovado por tabelião na presença de duas testemunhas. - particular (hológrafo); Pode ser escrito em língua nacional ou estrangeira, desde que as testemunhas o entendam.
ATENÇÃO: Codicilo é o documento particular escrito e assinado pelo próprio codicilante, dispondo sobre questões relativas ao seu funeral e sobre disposições de pequena monta, como esmolas, móveis, roupas e jóias de pequeno valor de uso pessoal. O codicilo é um documento informal, sem testemunhas. b)especial: - marítimo; - militar; - aeronáutico. Formas Testamentárias
QUESTÃO Márcia era viúva e tinha três filhos: Hugo, Aurora e Fiona. Aurora, divorciada, vivia sozinha e tinha dois filhos, Rui e Júlia. Márcia faleceu e Aurora renunciou à herança da mãe. Sobre a divisão da herança de Márcia, assinale a afirmativa correta.
A) Diante da renúncia de Aurora, a herança de Márcia deve ser dividida entre Hugo e Fiona, cabendo a cada um metade da herança. B) Diante da renúncia de Aurora, a herança de Márcia deve ser dividida entre Hugo, Fiona, Rui e Júlia, em partes iguais, cabendo a cada um 1/4 da herança. C) Diante da renúncia de Aurora, a herança de Márcia deve ser dividida entre Hugo, Fiona, Rui e Júlia, cabendo a Hugo e Fiona 1/3 da herança, e a Rui e Júlia 1/6 da herança para cada um. D) Aurora não pode renunciar à herança de sua mãe, uma vez que tal faculdade não é admitida quando se tem descendentes de primeiro grau.