Modulo IV: Comunicação dos Resultados (capítulos 14 do livro base Sánchez, 2008)

Documentos relacionados
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA)

Disciplina de Impactos Ambientais Professor Msc. Leonardo Pivôtto Nicodemo. O ordenamento do processo de AIA

PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO E CONTROLE DE IMPACTOS AMBIENTAIS

Luis Enrique Sánchez. 2ª edição. atualizada e ampliada

PHA 3001 ENGENHARIA E MEIO AMBIENTE. Prof. Dr. Theo Syrto Octavio de Souza

Comissão de TFG: prof. Edson Luiz Bortoluzzi da Silva / profa Giane de Campos Grigoletti / prof. Luiz Fernando da Silva Mello

ORIGEM E DIFUSÃO DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

ESTRUTURA DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: Instrumento de Gestão. Ambiental

Engenharia Civil - 5º ano / 10º semestre Engenharia do Território - 4º ano / 8 º semestre. Conceitos base Ciclo de decisão e papel da AIA

Copyright 2006 Oficina de Textos 1ª reimpressão ª reimpressão ª reimpressão ª edição 2013

CAPA (elemento obrigatório) Deve conter dados que identifiquem a obra (nome da instituição, autor, título, local, ano).

COMO ELABORAR UM TRABALHO CIENTÍFICO PROF. LUÍS AREZES

Decisão de Diretoria CETESB nº 153 DE 28/05/2014 Norma Estadual - São Paulo Publicado no DOE em 29 mai 2014

APÊNDICE 7 ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS DO TCC NO FORMATO DE RELATÓRIO TÉCNICO GERENCIAL

TÍTULO DO TRABALHO. Palavras-chave: Primeira palavra, Segunda palavra, Terceira palavra (máximo de 5)

Conceitos base Ciclo de decisão e papel da AIA. Princípios internacionais

Resolução SMA nº 49 DE 28/05/2014 Norma Estadual - São Paulo Publicado no DOE em 29 mai 2014

Parágrafo único. Entende-se como vizinhança o entorno do local afetado pela instalação e funcionamento do empreendimento ou atividade, podendo ser:

Os trabalhos deverão se caracterizar em três eixos temáticos:

NORMAS PARA REDAÇÃO DO RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

PREPARAÇÃO DE ORIGINAIS

Conceitos base Ciclo de decisão e papel da AIA. Princípios internacionais

ANEXO VII: PLANO DE TCC

AUDIÊNCIA PÚBLICA. AUDIÊNCIA PÚBLICA CONAMA nº 09/87 ÓRGÃO LICENCIADOR MINISTÉRIO PÚBLICO AUDIÊNCIA PÚBLICA 50 OU MAIS CIDADÃOS 01/08/2016

AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

GUIA DE ELABORAÇÃO DE NORMAS

DISSERTAÇÕES E TESES

Pós-Graduação em Engenharia de Materiais - POSMAT

Normas para redação e apresentação de Teses e Dissertações

Discutir os problemas relacionados ao licenciamento ambiental de empreendimentos;

Plano de Trabalho Docente 2011

Edital de Chamada de Trabalhos do I Encontro de Pesquisa e Extensão da Faculdade Estácio de Castanhal

EDITAL PARA APRESENTAÇÃO DE TESES XXII CONGRESSO INTERNACIONAL DE DIREITO TRIBUTÁRIO ABRADT

Política de Comunicação

1.2. Os resumos poderão ser enviados de 12/06 á 27/06/2012. Não serão aceitos trabalhos após essa data.

TERMOS E CONDIÇÕES PARA A REALIZAÇÃO DE AUDITORIAS DE PÓS-AVALIAÇÃO

Técnica da Elaboração Legislativa (LC 95/98)

CRITÉRIOS DE ELABORAÇÃO DE RESUMOS NÃO TÉCNICOS

ANEXO I DA RESOLUÇÃO Nº 15 CONSEPE, DE 21 DE MAIO DE NORMAS PARA REDAÇÃO E APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS

MANUAL DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC) DO CURSO DE NUTRIÇÃO DA UNESC

EDITAL REGRAS PARA A DISCIPLINA TCC ORIENTAÇÃO

MONOGRAFIA CURSOS DE PÓS- GRADUAÇÃO

Legislação Ambiental / EIA RIMA Legislação

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS AGROPECUÁRIAS

PMI-2064 Avaliação de Impactos Ambientais II Prof. Luis Enrique Sánchez Prof. Luís César de Souza Pinto

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓCIO: 2010

NORMAS PARA REDAÇÃO DO PROJETO

Comitê de Avaliação de Trabalhos de Conclusão de Cursos da Faculdade de Tecnologia (FATEC) de Taquaritinga/SP

1º SIMPÓSIO MULTIPROFISSIONAL REDE INTEGRADA DE ATENÇÃO À

REGULAMENTO INTERNO DA AUDITORIA DA ELETROBRAS

MANUAL PARA ELABORAÇÃO DE RELATÓRIOS DE ESTÁGIO

Orientações de resposta ATIVIDADES FORMATIVAS 3

LEGISLAÇÃO AMBIENTAL. Daniel Freire e Almeida

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - UNIRIO Pró-Reitoria de Extensão e Cultura PROExC REGULAMENTO DO NÚCLEO ESCOLA DE EXTENSÃO UNIRIO

Universidade Federal da Paraíba Centro de Tecnologia Departamento de Engenharia de Alimentos Curso de Engenharia de Alimentos

MANUAL PARA ELABORAÇÃO DO TRABALHO DE GRADUAÇÃO DA FATEC SÃO CARLOS

SAAPS. Sistema de apoio à avaliacão ambiental preliminar de sítios

Licenciamento e Compensação Ambiental em âmbito Federal. Escritório Regional de Santos IBAMA/SUPES/SP

EDITAL PRPGI Nº 35 de 06 de abril de 2017

9.4 Trabalho de Conclusão de Curso TCC

Elaboração de Manuais, Normas, Instruções e Formulários

APLICAÇÃO DA SOLUÇÃO CARTOGRÁFICA COLEÇÃO DE MAPAS NO MAPA DE ZONAS VEGETACIONAIS MUNDIAIS (WALTER, 1986)

Legislação Ambiental Aplicada a Parques Eólicos. Geógrafa - Mariana Torres C. de Mello

III SIMPÓSIO BRASILEIRO DA CULTURA DA GOIABA

Relatório de gestão na forma de relato integrado

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

ANEXO À RESOLUÇÃO Nº 001/2016 DO CONSELHO ACADÊMICO DE 17 DE FEVEREIRO DE 2016.

Licenciamento Ambiental de Empreendimentos Hidrelétricos no Brasil: Uma Contribuição para o Debate

Avaliação de Impactos Ambientais Aula 1. Prof. Leandro Borges de Lima Silva Especialista em Gestão Ambiental

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUI CENTRO DE TECNOLOGIA COORDENAÇÃO DE ENGENHARIA MECÂNICA COMISSÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (CTCC)

Gênero textual. Relatório

Manual TCC Curso de Direito

Disciplina de Impactos Ambientais Professor Msc. Leonardo Pivôtto Nicodemo

a. Organizações e Sociedade: Gestão de pessoas; Gestão estratégica; Processos de inovação; Empreendedorismo; Sustentabilidade.

EDITAL Nº 18/2018 REITORIA

ASSOCIAÇÃO DE ENSINO E CULTURA PIO DÉCIMO FACULDADE PIO DÉCIMO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE, UNICENTRO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO, PROPESP PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, PPGE

O Processo de Avaliação de Impacto Ambiental e seus Objetivos

CURSO: ADMINISTRAÇÃO GUIA DO TRABALHO FINAL

MANUAL DE ESTÁGIO DE OBSERVAÇÃO FACULDADE MARIO SCHENBERG CURSOS DE GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

RESOLUÇÃO Nº 01/2016 COLEGIADO DO CURSO DE FISIOTERAPIA DA UFVJM, DE 20 DE SETEMBRO DE 2016.

Prof: Andréa Estagiária-Docente: Nara Wanderley Pimentel

REGULAMENTO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ARTES VISUAIS LICENCIATURA CAPÍTULO I DAS CARACTERÍSTICAS E OBJETIVOS

Manual TCC Curso de Direito

METODOLOGIA DA PESQUISA II

QUEM SOMOS APRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL

2 ROTEIRO PARA A CONSTRUÇÃO DO RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ

Programa de Pós-graduação em Biofotônica Aplicada às Ciências da Saúde Universidade Nove de Julho - UNINOVE

Capítulo: Seção: Subseção: Fluxo do processo

Curso: Engenharia Civil Matéria: TCC II Período: X Semestre. Prof.: Msc. Shaiala Aquino Institucional:

Manual Prático de Planejamento Estratégico

Regra Geral para Trabalho de Conclusão de Curso Regra TCC

REGULAMENTO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DO CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

Funções da Administração

REGULAMENTO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PARA O CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO - IFMG CAMPUS CONGONHAS

Regulamento do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) Engenharia Civil

Transcrição:

AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL (A.I.A.) Modulo IV: Comunicação dos Resultados (capítulos 14 do livro base Sánchez, 2008) 1/44

CONTEXTUALIZAÇÃO O processo de AIA é público, portanto seus resultados devem ser comunicados a todas as partes interessadas. Lembrando que a Constituição Federal de 1988, no seu artigo 225, 1º, IV, determina: exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade. 2

Contextualização Entretanto, o público é composto por vários segmentos (heterogêneo), englobando desde a comunidade local até militantes altamente capacitados. 3

Contextualização Em vista da diversidade do público, a comunicação dos resultados torna-se um desafio, e, por vezes, uma tarefa bastante complexa. Lembrando que o EIA e o RIMA serão examinados pelos analistas do órgão ambiental, por ativistas de ONG, membros da comunidade local etc. Eventualmente serão analisados por outros leitores, como consultores e assessores de partes interessadas, advogados, promotores públicos, políticos, jornalistas, entre outros. 4

Contextualização Considerando a AIA um processo participativo, os seus principais instrumentos (o EIA e o RIMA) devem funcionar como facilitador na discussão pública. Com um público tão diverso, a redação do Relatório torna-se um ponto importante a ser enfrentado pela equipe do estudo. Dependendo da apresentação dos estudos o projeto pode ser questionado de uma ou outra maneira: pode resultar numa aprovação mais trabalhosa; ou serem exigidos estudos complementares; ou ser rejeitado. 5

Contextualização Para refletir: Bons projetos e bons estudos mal comunicados podem resultar na sua rejeição; Enquanto maus projetos e maus estudos bem comunicados podem resultar numa boa recepção. O EIA, desta forma, além de sua boa elaboração, deve ser bem comunicado. O estudo deve ser relatado de forma legível, palatável, para bem cumprir sua missão. UM EIA ILEGÍVEL É UM RISCO AMBIENTAL (WEISS, 1989). 6

INTERESSE DOS LEITORES O analista do órgão ambiental que examinará o EIA tem em foco não só os resultados do estudo, mas também os métodos que permitiram as conclusões. O analista quer conhecer as técnicas utilizadas para análise dos dados e as justificativas para as conclusões apresentadas no estudo. 7

Interesse dos leitores A redação do relatório e a apresentação do EIA devem primar pela comunicação limpa e sem interferência, pois se destina a servir de base para uma discussão pública. Em outras palavras, para o uso público da razão no processo decisório pela aprovação ou não do projeto/empreendimento. 8

Interesse dos leitores Conforme Sánchez, existem cinco grupos de leitores do EIA / RIMA: O analista técnico; Os grupos de interesse; O público (em geral); O administrador do processo; e O tomador de decisões. Vamos examiná-los. 9

Interesse dos leitores O ANALISTA TÉCNICO Principal função é emitir um parecer no que tange à qualidade e suficiência do EIA. Trata-se de um envolvimento profissional, de acordo com sua base acadêmica e experiência anterior. 10/44

Interesse dos leitores OS GRUPOS DE INTERESSE São as ONG, associações de moradores e associações comerciais, por ex. O interesse está focado de acordo com cada segmento, que pode ser favorável ou não. 11

Interesse dos leitores O PÚBLICO (EM GERAL) Conjunto dos indivíduos, isoladamente. É entendido como uma categoria bastante ampla. Engloba todo e qualquer interessado. Público é todo aquele que não é o empreendedor e que não participou da equipe que elaborou o estudo. 12

Interesse dos leitores O ADMINISTRADOR DO PROCESSO Pessoa ou grupo de pessoas que integram, em geral, o órgão ambiental encarregado do licenciamento. Essencialmente são os dirigentes, que não possuem atribuição do exame do EIA tal qual o analista técnico. Sua preocupação é certificar-se de que todo o processo está conforme a lei e a tramitação administrativa prevista. 13

O TOMADOR DE DECISÕES Interesse dos leitores É uma pessoa ou grupo de pessoas, de acordo com a jurisdição. No Brasil, em geral, é um órgão colegiado (conselho, comissão etc.). A decisão ocorre na esfera política levando em conta os aspectos técnicos proporcionados pelos pareceres dos analistas técnicos e do administrador do processo. 14

Interesse dos leitores Por fim existem os leitores do EIA que são ocasionais, entre os quais podem estar pessoas encarregadas da fiscalização dos atos governamentais, especialmente o Ministério Público. 15

OBJETIVOS, CONTEÚDOS E VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO A comunicação em AIA objetiva transmitir informações técnicas de natureza multidisciplinar para um público variado, heterogêneo, com interesses específicos muito distintos. De outra sorte busca convencer as partes interessadas sobre a viabilidade do empreendimento/projeto. 16

Objetivos, conteúdos e veículos de comunicação O quê, exatamente, deve ser comunicado ao público? Isto remonta ao propósito do EIA: levantar informações sobre os impactos ambientais para torná-las públicas. E subsidiar a pertinência de sua aprovação ou rejeição. 17

Objetivos, conteúdos e veículos de comunicação Portanto, o EIA deve comunicar ou tentar comunicar: Intenções do proponente do projeto; Objetivos do projeto; Características técnicas do projeto e suas alternativas; Justificativas para a alternativa escolhida; Localização dos componentes do projeto; Atributos ou condições ambientais da área que poderá ser afetada; Os impactos previstos pelo empreendimento; Medidas para evitar, reduzir ou compensar os impactos negativos. 18

Objetivos, conteúdos e veículos de comunicação Além do EIA e do RIMA (e outros estudos eventualmente cabíveis), que são obrigatórios, estes podem ser apresentados em diferentes suportes. Podem incluir, também, folhetos informativos, vídeos, CD ROM, sítios na internet, entre outros. Não esquecendo da forma oral, em reuniões e audiências públicas. 19

Objetivos, conteúdos e veículos de comunicação Um grande desafio é transmitir as informações técnicas e científicas para um público amplo e heterogêneo. Especialistas consideram o conteúdo de ordem ambiental um dos mais difíceis de serem transmitidos. Vejamos quatro aspectos que fundamentam esta dificuldade: 20/44

Objetivos, conteúdos e veículos de comunicação COMPLEXIDADE Não é possível transmitir o conteúdo numa simples e breve explanação. Demanda conceitos multidisciplinares: natureza jurídica, estratégias empresariais, políticas de governo, distribuição desigual de ônus e bônus. DIMENSÃO TÉCNICA, O público olha para o projeto e suas conseqüências como uma totalidade (raciocínio integrador); enquanto os técnicos costumam olhar e explicar os projetos de uma forma composta de diversas partes (raciocínio analítico). IMPACTO PESSOAL E As pessoas vêem as questões ambientais como ameaças às suas famílias e comunidades. Há um tom emocional permeando o envolvimento em contraste com a visão racionalista dos técnicos e das formalidades administrativas. ELEMENTOS DE RISCO. Nos empreendimentos perigosos ou que possuam conseqüências incertas a comunicação é particularmente difícil, pois o risco não é percebido de forma igual entre diferentes atores. 21

Objetivos, conteúdos e veículos de comunicação A tarefa de comunicação com o público requer grande atenção. Assim a preparação dos documentos escritos se constitui numa das tarefas mais importantes da AIA. Leitura do Quadro 14.2 p. 372 Estrutura típica de um EIA 22

Objetivos, conteúdos e veículos de comunicação Já vimos que a regulamentação brasileira estabelece algumas diretrizes para a apresentação do RIMA. Leitura do primeiro parágrafo da p. 373 23

Objetivos, conteúdos e veículos de comunicação A idéia é tornar o relatório inteligível não só para os especialistas mas para qualquer interessado. Isto torna evidente a intenção de envolver o público no processo decisório. Lembrando que comunicar requer linguagem acessível, utilização de técnicas de áudio visual e, acima de tudo, clareza na escrita, redação correta, entendimento cristalino e uma noção dos interesses dos leitores. COMPREENSÍVEL, PORÉM RIGOROSO. 24

DEFICIÊNCIAS COMUNS DOS RELATÓRIOS TÉCNICOS Existem três deficiências consideradas principais num EIA, que podem prejudicar sua clareza e credibilidade: Erros estratégicos; Erros estruturais; e Erros táticos. VEJAMOS CADA UM DELES! 25

Deficiências comuns dos relatórios técnicos ERROS ESTRATÉGICOS Ocorrem devido à pouca compreensão dos motivos pelos quais se procede num EIA. Ou seja, para o quê ele se destina. Quais são? Há uma tendência a se divagar sobre o assunto, esquecendo-se se que o EIA tem como objetivo comunicar informações sobre possíveis impactos ao meio ambiente, sejam eles positivos ou negativos. EIA não é tese acadêmica! 26

Deficiências comuns dos relatórios técnicos ERROS ESTRUTURAIS São aqueles referentes à organização do relatório. Referem-se também às dificuldades para encontrar as informações relevantes, observadas por certos leitores. A função do EIA não é atender a uma lista de verificação, mas tornar seu conteúdo disponível, de forma clara e concisa, que permita uma discussão pública sobre o projeto e os impactos envolvidos. 27

Deficiências comuns dos relatórios técnicos ERROS TÁTICOS São os erros ortográficos, de pontuação, concordância etc. Estes erros são ainda piores quando prejudicam a leitura e o sentido que se quer dar ao conteúdo. Estes erros acrescentam atrito à comunicação, criando distração, irritação e obstáculo. 28

SOLUÇÕES SIMPLES PARA REDUZIR O RUÍDO NA COMUNICAÇÃO ESCRITA Sabidamente os relatórios de EIA são elaborados à várias mãos, situação que dificulta sua coerência e legibilidade. A tarefa de evitar tais dificuldades cabe ao coordenador dos estudos, orientando sobre a necessidade de clareza nos relatórios e demais diretrizes, que envolvem estilo e formato. O coordenador desenvolve um trabalho importante na homogeneização do texto, buscando eliminar incongruências e informações contraditórias. 29

Soluções simples para reduzir o ruído na comunicação escrita Muitos textos são excessivamente compartimentalizados, abusando-se de jargão e termos técnicos. É papel do especialista em comunicação auxiliar o coordenador dos estudos promovendo uma espécie de tradução, lavando o jargão sem turvar seu significado (Dorney, 1989). É função do coordenador dos estudos, portanto, extrair do texto elaborado pelos consultores da equipe as partes que se adaptem melhor a cada seção da estrutura do EIA. 30/44

Soluções simples para reduzir o ruído na comunicação escrita É comum o excesso de informações nos relatórios, o que dificulta sua leitura. Uma forma de diminuir o problema é anexar os estudos detalhados no anexo, mantendo-se uma versão resumida com os principais pontos, remetendo-se sempre que necessário ao anexo que contem o detalhamento. Outro aspecto que deve ser evitado é a parcialidade nas informações, sendo sempre importante deixar claro que ainda não há decisão tomada, seja num ou noutro sentido (aprovação X rejeição do projeto/empreendimento). 31

Soluções simples para reduzir o ruído na comunicação escrita Um bom sumário, detalhado e remetendo à página, é uma ferramenta de extrema utilidade na localização de informações relevantes, juntamente com índices remissivos. Quadros e tabelas sintéticas também se encontram entre as ferramentas úteis para a boa compreensão do relatório, ressaltando-se se os quadros de impactos e de medidas mitigadoras, que são muito apreciados em EIA. 32

Soluções simples para reduzir o ruído na comunicação escrita Mapas e plantas também colaboram na tarefa. Neste sentido mapas temáticos (cartas geomorfológicas ou geológicas), geralmente exigidas nos TdeR, são ferramentas úteis na compreensão dos relatórios, mas de difícil compreensão pelo público. O mesmo ocorre com plantas do empreendimento, fluxogramas e desenhos técnicos. Para minimizar esta dificuldade de compreensão recomenda-se a utilização de fotos inseridas nos mapas e plantas, acompanhados de legendas explicativas, sem prejuízo das informações meramente técnicas. 33

Soluções simples para reduzir o ruído na comunicação escrita Ilustrar os textos com imagens contribui para seu entendimento, desde que acompanhadas de legendas auto explicativas. Uma boa diagramação dos textos também é essencial, com destaque para as chamadas das imagens no texto. Lembrando que a qualidade das imagens deve ser tão boa quanto a qualidade dos textos. 34

Soluções simples para reduzir o ruído na comunicação escrita Segundo as melhores recomendações, existem algumas regras práticas para a apresentação de estudos ambientais: Quanto à estrutura; Quanto às referências e fontes de documentação; Quanto ao estilo; e Quanto às ilustrações. VAMOS EXAMINAR CADA UMA! 35

Soluções simples para reduzir o ruído na comunicação escrita QUANTO À ESTRUTURA, UM BOM RELATÓRIO DEVE CONTER: Sumário paginado; Resumo executivo; Resumo por capítulo; Evitar compartimentação excessiva do texto; Adotar títulos e sub-títulos; Incluir índices analíticos, lista de siglas, lista de figuras, tabelas e anexos; Incluir glossário. 36

Soluções simples para reduzir o ruído na comunicação escrita QUANTO ÀS REFERÊNCIAS E FONTES DE DOCUMENTAÇÃO UM BOM RELATÓRIO DEVE CONTER: Citar de forma completa todas as referências bibliográficas; Citar de forma completa todos os relatórios internos e demais documentos não publicados; Citar sítios na internet consultados, indicando data da consulta; Citar entrevistas telefônicas, mencionando pessoa e data da entrevista; Citar correspondências oficiais. 37

Soluções simples para reduzir o ruído na comunicação escrita QUANTO AO ESTILO UM BOM RELATÓRIO DEVE CONTER: Ser conciso e cuidar da diagramação; Informar o leitor de forma suficiente, evitando jargões técnicos e explicando os menos usuais, bem como remeter para os anexos as partes detalhadas; Utilizar com coerência palavras e conceitos, definindo o significado de termos subjetivos; Anunciar os objetivos de cada capítulo no seu início e finalizar com resumo e apresentação do capítulo seguinte; Padronizar a apresentação, numerando e chamando no texto figuras, tabelas, ilustrações, capítulos, seções e sub-seções, e inserindo-as logo após a chamada; Informar sobre as medidas e evitar siglas ou utiliza-las com parcimônia; Salientar com negrito ou itálico as informações e conclusões. 38

Soluções simples para reduzir o ruído na comunicação escrita QUANTO ÀS ILUSTRAÇÕES UM BOM RELATÓRIO DEVE CONTER: Incluir material iconográfico relevante; Incluir quadros e figuras sinópticas; Incluir mapas e croquis; Anexar mapas e desenhos de formato maior; Seguir as normas técnicas. 39

MAPAS, PLANTAS E DESENHOS Mapas, plantas e desenhos são de grande importância em qualquer estudo ambiental. Neste sentido são imprescindíveis planta de localização, arranjo físico (lay out) ) do empreendimento, cartas temáticas, entre outras. A cartografia é uma arte antiga, mesmo assim as pessoas comuns têm dificuldades em entender os mapas. 40/44

Mapas, plantas e desenhos Elementos imprescindíveis na apresentação de qualquer documento cartográfico: Escala gráfica; Orientação (norte); Coordenadas; Fonte do mapa base; Fonte de dados; Legenda e convenções cartográficas; Informações dos autores ou responsáveis técnicos. 41

Comunicação com o público COMUNICAÇÃO COM O PÚBLICO Algumas jurisdições do mundo exigem que o EIA venha acompanhado de um resumo não técnico. No caso brasileiro o RIMA cumpre esta função, mas é elaborado pela equipe do EIA, geralmente para atender à formalidade, portanto sem qualquer crivo do órgão de licenciamento. Costumam ser elaborados para atender à burocracia e não para informar ao grande público geral. 42

Comunicação com o público A eficácia da comunicação é um fator determinante na aprovação de um projeto/empreendimento. Entretanto, os empreendedores e seus consultores menosprezam este fator, incorrendo em risco de um RIMA mal elaborado e não atendendo ao seu propósito. É importante uma estratégia de comunicação com o público em todo o procedimento de AIA, quanto mais cedo melhor. Esta estratégia pode minimizar problemas e colaborar com ajustes e correções no projeto/empreendimento, antes mesmo de sua submissão aos procedimentos de licenciamento. 43

Segundo e Terceiro Momento 44