Anais do XIX Congresso Brasileiro de Automática, CBA 2012.

Documentos relacionados
PROPOSTA DE CONTROLE DE TENSÃO GERADA APLICADA A UM SISTEMA DE GERAÇÃO UTILIZANDO A MÁQUINA A RELUTÂNCIA VARIÁVEL OPERANDO NO MODO AUTO-EXCITADO

Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 AUTOEXCITADO

Modelo do Motor a Relutância Variável com Base na Energia Magnética Armazenada

Controle de tensão na carga para o GRV Baseado na Variação do Ângulo de Magnetização

MODELAGEM MATEMÁTICA E ANÁLISE DE UM MOTOR A RELUTÂNCIA VARIÁVEL 8/6 ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DO MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS

UM ESTUDO SOBRE A MÁQUINA A RELUTÂNCIA VARIÁVEL OPERANDO COMO GERADOR AUTO-EXCITADO

CONTROLADOR FUZZY PARA MOTOR A RELUTÂNCIA. Dr. Tauler Teixeira Borges Departamento de Engenharia Universidade Católica de Goiás

Modelo do Motor a Relutância Variável com Base na Energia Magnética Armazenada

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

PROPOSTA DE PLATAFORMA PARA ESTUDO DE MOTOR A RELUTÂNCIA VARIÁVEL 8/6

Característica de Regulação do Gerador de Corrente Contínua com Excitação Independente

2 Fundamentos teóricos

Motores de Relutância Chaveados

I. INTRODUÇÃO. Keywords Electric Machines Design, Switched Reluctance Generator, Efficiency, Mutual Inductances, Magnetic Saturation

MOTORES A RELUTÂNCIA VARIÁVEL 6x4 e 6x6. ESTUDO COMPARATIVO DE OPERAÇÃO E DESEMPENHO.

CONTROLE CHOPPER PARA ACIONAMENTO DE UM MOTOR PMDC

Engenharia Elétrica UMC Eletrônica de Potência I Prof. Jose Roberto Marques

MOTOR A RELUTÂNCIA CHAVEADO

Disciplina: Eletrônica de Potência (ENGC48)

Conversão de Energia II

MODELAGEM MATEMÁTICA E SIMULAÇÃO DO MOTOR BRUSHLESS 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

Capítulo 1 Introdução aos princípios de máquinas 1. Capítulo 2 Transformadores 65. Capítulo 3 Fundamentos de máquinas CA 152

Direct Power Control for Switched Reluctance. Generator in Wind Energy

Estratégia Neural para Inserção de Saturação Magnética na Simulação de um Gerador a Relutância Chaveado

Máquinas elétricas. Máquinas Síncronas

Geração de Energia Controle de Velocidade de Usinas Hidrelétricas

Motores Síncronos de Ímãs Permanentes com Partida Direta da Rede

CIRCUITO EQUIVALENTE MAQUINA

Sensores de Velocidade

SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DO ACIONAMENTO DE PROTÓTIPO DE MOTOR A RELUTÂNCIA VARIÁVEL 8/6

Controle & Automação vol.14 no.1 Mar. 2003

ENGENHARIA ELÉTRICA UMC ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I LABORATÓRIO DE ACIONAMENTO DE MÁQUINAS ELÉTRICAS Professor José Roberto Marques docente da UMC

Motores de Onda Trapezoidal

Figura do exercício 1

Em um gerador síncrono, uma corrente contínua é aplicada ao enrolamento do rotor, o qual produz um campo magnético;

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA SERVOMOTOR. Joaquim Eloir Rocha 1

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA MOTOR SÍNCRONO. Joaquim Eloir Rocha 1

MÁQUINAS ELÉTRICAS. MÁQUINAS ELÉTRICAS Motores Síncronos Professor: Carlos Alberto Ottoboni Pinho MÁQUINAS ELÉTRICAS

Avisos. Entrega do Trabalho: 8/3/13 - sexta. P2: 11/3/13 - segunda

SEL LABORATÓRIO DE MÁQUINAS ELÉTRICAS. Professores: Luís Fernando Costa Alberto, José Carlos de Melo Vieira Júnior, Elmer Pablo Tito Cari

DESEQUILÍBRIO DE TENSÕES EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS AGROINDUSTRIAIS

MÁQUINA SÍNCRONA FUNDAMENTOS DE MÁQUINAS SÍNCRONAS

PÓS-GRADUAÇÃO PRESENCIAL MARINGÁ

Motores Síncronos de Ímãs Permanentes

Controlador PID discreto

Figura 46 Ícone do motor de passo do Simulink

Controle de Velocidade

Aplicações de conversores

Máquinas de Corrente Alternada (ENE052)

INOVAÇÕES NO PROJETO DE GERADORES A RELUTÂNCIA VARIÁVEL COM ESTUDO DAS INFLUÊNCIAS DA SATURAÇÃO MAGNÉTICA E DAS INDUTÂNCIAS MÚTUAS

QUESTÕES PARA A PROVA 2: FORÇAS MAGNÉTICAS E MOTORES CC

MOTOR DE PASSO STEPPING MOTOR

Relatório 3 - Montagem do gerador de indução e dos procedimentos de energização.

Felipe Scrideli Stefanoni Lucas Ronco Murilo Atique Claudio Otávio Henrique Gotardo Piton

Disciplina de Máquinas Elétricas II

MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO (continuação)

Gerador de Indução em Operação Isolada com Freqüência Fixa

4 Bancada Experimental e Aquisição de Dados

Motores de Alto Rendimento. - Utilizam chapas magnéticas de aço silício que reduzem as correntes de magnetização;

Unidade III. Conversores CC-CC (Choppers) Eletrônica de Potência 1

PARTE I PRINCÍPIOS BÁSICOS DE ACIONAMENTO ELÉTRICO DE MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA

SEL330 LABORATÓRIO DE CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA PRÁTICA #4 MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA PARTE 1 CARACTERIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO COMO GERADOR

Universidade Paulista Unip

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

Implementação de controlador PID fuzzy para otimização do controle de posição de um servomotor DC

ANALYSIS OF SINGLE-PHASE VARIABLE RELUCTANCE MOTOR USING FINITE ELEMENTS

Departamento de Engenharia Elétrica Conversão de Energia I Lista de Exercícios: Máquinas Elétricas de Corrente Contínua Prof. Clodomiro Vila.

Motor CC Excitação Independente. Efeito de carga, Excitação e Partida SIMULAÇÕES

Máquina de Indução - Lista Comentada

Partes de uma máquina síncrona

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO E ACIONAMENTO DO MOTOR A RELUTÂNCIA VARIÁVEL

Determinação dos Parâmetros do Motor de Corrente Contínua

Conversão de Energia II

ESTUDO E ANÁLISE DE ESTABILIDADE TRANSITÓRIA PARA UM SISTEMA DE 9 BARRAS.

CAPÍTULO 1 CONTROLE DE MÁQUINAS ELÉTRICAS (CME) Prof. Ademir Nied

CONVERSOR CA-CC-CA MONOFÁSICO EM PARALELO

SEL 329 CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA. Aula 20

Experimento Ensaio 01: Variação da tensão induzida no circuito do rotor em função da sua velocidade

Resumo. Controlo de Velocidade e Monitorização de um Motor de Indução Trifásico suportados em Microcontrolador

Modelagem e simulação de um motor CC simples usando solidthinking Activate

Modelagem Matemática de Motor de Corrente Contínua e

Laboratório de Conversão Eletromecânica de Energia B

1 Sistema Máquina-Barra in nita: apresentação e modelagem

AULAS UNIDADE 1 MÁQUINAS ELÉTRICAS ROTATIVAS (MAE) Prof. Ademir Nied

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA GERADOR SÍNCRONO. Joaquim Eloir Rocha 1

Controlador Backstepping Aplicado ao Controle de Tensão de Saída de um Gerador de Relutância Variável em Ampla Faixa de Operação

Conversão de Energia II

PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

PRINCIPIO DE FUNCIONAMENTO DE GERADOR SINCRONO

Conversão de Energia II

II Seminário da Pós-graduação em Engenharia Elétrica

ESTUDO DE COMUTAÇÃO EM UM CONVERSOR CC-CC TRIFÁSICO ISOLADO BIDIRECIONAL ALIMENTADO EM CORRENTE

Conversão de Energia II

Lista de Exercícios 2 (Fonte: Fitzgerald, 6ª. Edição)

ACCIONAMENTOS E VEÍCULOS ELÉCTRICOS

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE HARDWARE UTILIZADO PARA O CONTROLE DE GERADORES DE INDUÇÃO

INVERSORES DE FREQÜÊNCIA

PROJETO E SIMULAÇÃO DE MOTOR A ÍMÃ PERMANENTE UTILIZANDO O MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

Transcrição:

Anais do XIX ongresso Brasileiro de Automática, BA 22. PROPOSTA DE ONTROLE DE TENSÃO GERADA APLIADA A UM SISTEMA DE GERAÇÃO UTILIZANDO A MÁQUINA A RELUTÂNIA VARIÁVEL OPERANDO NO MODO AUTOEXITADO VITOR R. BERNARDELI, DARIZON A. ANDRADE, AUGUSTO W. FLEURY, LUIANO. GOMES, GHUNTER P. VIAJANTE, ARLOS A. BISSOHI JUNIOR Lab. de Acionamentos Elétricos, Faculdade de Engenharia Elétrica, Universidade Federal de Uberlândia aixa Postal 2 EP 38.-92 Uberlândia - MG E-mails: victor.bernadeli@uniube.br,darizon.andrade@gmail.com Abstract This paper presents a control strategy of voltage generated by a generating system using a switched reluctance machine operating in self-excited mode, including the generator, the drive, voltage controller and capacitor. The paper explores the voltage control strategy based on the settings of switching angles. The block diagram representation of the control system is presented, with the matrix representation of states, which includes core magnetic saturation. The complete set is simulated and the results are presented and discussed. Keywords Self-Excited, Voltage ontrol, Switched Reluctance Machine Resumo Neste artigo é apresentado uma estratégia de controle de tensão gerada de um sistema de geração utilizando a máquina a relutância variável operação no modo autoexcitado, compreendendo o gerador propriamente dito, o conversor, capacitor e controlador de tensão. O artigo explora a estratégia de controle de tensão baseado nos austes dos ângulos de chaveamento. A representação por diagrama de blocos do sistema de controle é apresentado, untamente com a representação em matriz de estados da máquina a relutância variável, que inclui em seu modelo a saturação do circuito magnético. O conunto completo é simulado e os resultados das simulações são apresentados e discutidos. É construída também uma bancada de experimentos a fim de validar os estudos apresentados. Palavras-chave Auto-excitado, ontrole de Tensão, Máquina a Relutância Variável Introdução Nas últimas décadas, os sistemas de acionamento de máquinas elétricas evoluíram de forma rápida, apresentando significativos avanços em eficiência e controlabilidade. Neste contexto, novos tipos máquinas elétricas passaram a fazer parte do conunto de alternativas disponíveis (Oliveira, 23). Neste meio se encontram as máquinas à relutância variável (MRV). A exemplo de outros conversores eletromecânicos tradicionais, a máquina a relutância variável pode operar com fluxo bidirecional de energia, isto é, convertendo energia elétrica em mecânica (motor) ou convertendo energia mecânica em elétrica (gerador). O modo de operação é definido pelo sincronismo entre a corrente na fase e a taxa de variação da indutância respectiva com a posição do rotor. Quando há corrente na fase e a derivada da indutância em relação à posição do rotor é negativa, a máquina opera como gerador. Na presença de corrente quando a derivada é positiva opera como motor. O controle do modo de operação é simples, pois basta governar adequadamente os períodos de condução de cada fase da máquina. O gerador à relutância variável (GRV) destaca-se por sua robustez, baixo custo de produção e manutenção, alta confiabilidade (Miller, 2), (Radimov, 2), e inerente adequação a sistemas que operam com velocidades variáveis, se comparado a outros tipos de geradores como, por exemplo, o gerador síncrono imã permanente (GSIP). ISBN: 978-85-8-9-5 A MRV compete com as máquinas A tradicionais em aplicações que envolvem velocidades variáveis, sea operando como motor ou como gerador (ai, 2), (West, 99). Por exemplo, a energização das fases da máquina a relutância variável é realizada por fase sucessivamente gerando assim mais confiabilidade no que diz respeito a tolerância a falta de fase, quando uma fase é desligada as outras continuam operando independentemente (Oliveira, 2), (Bernardeli, 2). Esta característica oferece uma grande vantagem em relação às máquinas convencionais, quando usada como gerador (Nedic, 2). No entanto, o primeiro problema encontrado para utilizar a máquina como gerador é que a máquina é inerentemente passiva e não tem a capacidade de auto excitação necessitando assim de uma fonte de potência para tal. omo consequência disso há um aumento da sua complexidade e diminuição da sua confiabilidade. São possíveis duas estratégias para excitar o GRV (Bernardeli, 2), A primeira consiste em colocar uma fonte externa de corrente contínua com uma tensão fixa (Silveira, 2), (Viaante, 2), denominada configuração do tipo excitação independente e a outra consiste na estratégia de auto excitação. Dentro da estratégia de autoexcitação existem duas formas: uma com o capacitor em paralelo com o enrolamento da máquina, este tipo de estratégia gera tensão e corrente contínua e será utilizada no presente trabalho, e a outra com o capacitor em série com o enrolamento da máquina, sendo que esta es- 57

Anais do XIX ongresso Brasileiro de Automática, BA 22. tratégia é utilizada para produzir tensões e correntes alternadas (Radimov, 2), (Martinez, 28). O presente trabalho apresenta uma proposta de controle de tensão gerada aplicada a máquina a relutância variável operando como gerador autoexcitado, a estratégia consiste na variação dos ângulos de magnetização da máquina. Esta estratégia não é nova á existem trabalhos publicados aplicado ao gerador operando com excitação independente, mais, para o gerador operando no modo autoexcitado não existem publicações, sendo que está é a principal contribuição do trabalho. 2 Modelagem dinâmica da máquina a relutância variável incluindo a saturação Uma das características básicas da máquina a relutância variável é a ausência de enrolamentos no rotor e estrutura de pólos salientes. Do ponto de vista de acionamento, a MRV é possível trabalhar como motor ou gerador, com pequenas modificações no conversor e alterando o ângulo de chaveamento da mesma, como por exemplo: ) para trabalhar como motor energiza-se a fase no instante em que a derivada da indutância da fase em relação à posição é positiva ou crescente, 2) para operá-la como gerador aplicam-se os pulsos de corrente nas fases no instante em que a derivada é negativa ou decrescente. Para acionar a MRV operando no modo autoexcitado é imprescindível a utilização de dispositivos armazenadores de energia para excitação da máquina, essa energia pode ser na forma de campo elétrico (capacitor em paralelo ou em série com a carga) ou de campo magnéticos através da adição imãs permanentes no estator. O presente trabalho utiliza um capacitor em paralelo com a carga para prover essa excitação. O circuito elétrico de uma fase do GRV pode ser equacionado como: dλ( i, v = Ri + () dt Para uma velocidade constante, a equação da tensão na fase pode ser escrita como: di v = ri + L( i, θ ) + e (2) dt onde v é a tensão aplicada, i é a corrente da fase, R é a resistência da fase, L é a indutância incremental (dinâmica) da fase e θ é a posição do rotor. Denomina-se indutância no trabalho o valor de indutância em função da posição, a variação dessa mesma indutância para diferentes valores de posição e de corrente passa a ser chamado de indutância incremental. A indutância incremental é dada pela seguinte equação: L( i, = G m ( l( + ) ( i, α ) + l ( i, α ))( α( + ) α ) m ( l( + ) ( i) A(, n) l ( i) B(, n)) ) cos( npr n= = = (3) O terceiro termo do lado direito da igualdade da equação 2 é a força contraeletromotriz e, que isoladamente pode ser escrita como: dl( i, e = iω () d θ Onde, ω=dθ/dt é a velocidade angular do rotor. O conugado mecânico produzido pelo GRV, pode ser expresso por (5). ' W ( i, θ ) T e = (5) ( θ ) ' onde W ( i, θ ) é a co-energia dada por, i = ' W ( i, θ ) λ( i, θ ) di () Para realização da modelagem matemática usada no programa de simulação, o conugado mecânico produzido pela máquina foi calculado levando em consideração as perdas por atrito viscoso D e momento de inércia J, conforme apresentado pela equação (7). dω Tm = Temag J Dω (7) dt Designando por [V], [R], [I], [L] e [I] as matrizes na ordem em que aparecem em (Silveira, 2), a matriz de estados do GRV tem a seguinte forma: [ I] = [ L] [ V ] [ L] [ R][ I] (8) No presente trabalho é utilizado para representar a indutância incremental a série de Fourier (Andrade, 2), essa representação não será mostrada no trabalho, devido á ter sido publicada em trabalhos anteriores (Andrade, 2), (Bernardeli, 2). A grande vantagem da utilização deste modelo é que permite simular computacionalmente a operação dinâmica do GRV operando no modo autoexcitado. 3 Estratégia de chaveamento para operação e controle do gerador Nesta seção é dada ênfase na estratégia de chaveamento para operação e controle do gerador operando no modo autoexcitado. a. Modelo do conversor A figura mostra o conversor trifásico do tipo half-bridge (HB) largamente utilizado para acionar motor e adaptado para acionar o GRV. As etapas do conversor são divididas em três para cada fase do + ISBN: 978-85-8-9-5 572

Anais do XIX ongresso Brasileiro de Automática, BA 22. gerador: excitação, roda-livre e geração, e serão descritas a seguir. S D S D Fig.. Diagrama esquemático do conversor HB. Fig. 2. Região de excitação (a), Região de roda livre intermediária (b) Região de roda livre de geração (c). (c) Etapa I - Excitação Nesta etapa o capacitor está inicialmente carregado com uma tensão inicial V o, conforme mostra à figura 2(a). Está tensão é responsável por gerar o fluxo magnético inicial no enrolamento da máquina, sendo que nesta etapa o processo de excitação é iniciado com a fase A. Este caminho é visto pela figura e está em negrito, onde a chave S e estão fechadas. Etapa II Roda livre A criação da etapa de roda livre no circuito é dado pela abertura da chave S. Nesta etapa o fluxo de energia circula através do diodo e da chave de acordo com a Figura 2(b). A corrente na fase continua sendo incrementada através da força contra eletromotriz. Assim, nenhuma corrente é solicitada do capacitor e a energia acrescida ao indutor é proveniente apenas da conversão eletromecânica. Etapa III Geração Nesta etapa as chaves e 2 são abertas de modo que a energia armazenada no enrolamento da fase através da excitação e do processo de conversão mecânica/elétrica. Esta corrente I fase conforme pode ser observada pela figura 2(c), parte dela é entregue a carga (I ) e a outra parte da corrente carrega o capacitor I c. S S D D (a) (b) V Fig. 3. Representação em diagrama de blocos do sistema completo Todas as etapas se repetem para as fases B e e não serão mostradas. * V b. Sistema de controle de tensão Para operação em malha fechada com controle da tensão gerada, foi desenvolvida uma estratégia que consiste na variação da largura do período de magnetização das fases, mantendo θ on fixo e alterando o valor de θ off (ângulo de abertura das chaves) através de um controlador PI. A grande vantagem desta estratégia é que a atuação do controlador é realizada apenas na chave superior do conversor. A chave inferior é mantida em condução até que os 3 seam completados para permitir que a etapa intermediária de roda livre ocorra entre as etapas de magnetização e desmagnetização das fases. Em seguida a chave inferior do conversor é aberta, fazendo que a energia armazenada na bobina da fase sea entregue à carga. A representação em diagrama de blocos do sistema completo é mostrado na figura 3. No sistema de acionamento proposto mostrado na figura 3, o controlador de tensão é constituído de uma malha de realimentação de tensão, uma tensão de referência V * e um controlador que é do tipo PI (Proporcional e Integral). A equação 9 representa o modelo matemático do controlador PI. * * e = K p ( V V ) + Ki ( V V ) (9) s ISBN: 978-85-8-9-5 573

Anais do XIX ongresso Brasileiro de Automática, BA 22. O controlador compara o valor de referência V * com a tensão medida através do transdutor V, determinando o erro de tensão e produzindo um sinal de controle e que é o erro compensado. A integração é feita de forma discreta utilizando o método trapezoidal dada por: Ts U k + = U k + ( Ik + Ik +) () 2 onde: U K+ = Saída do integrador T s = tempo de amostragem I K+ = entrada do integrador = entrada na amostragem anterior I K U K+ = Saída na amostragem anterior Na próxima seção são apresentados os resultados de simulação obtidos com o modelo desenvolvido, nestes resultados o conversor foi montado utilizando as chaves, diodos e capacitor do ambiente Simpowersystem, o modelo do gerador foi montado através de equações de estados utilizando a função S- Function do MatLab. Todos estes blocos são iterativos de forma que é possível representar os dados simulados bem próximos dos dados reais do gerador. Resultado de Simulação Nesta seção, serão apresentados resultados de simulação do gerador operando no modo autoexcitado. Os resultados mostrados na sequência foram obtidos através do programa Matlab/Simulink. O programa foi usado para desenvolver a simulação de uma máquina a relutância variável / operando como gerador. O conversor usado para acionar a máquina é do tipo HB, mostrado na figura com todas as etapas descritas anteriormente. A simulação foi baseada em um protótipo real, com seis saliências no estator e quatro no rotor (/), construído para testes em bancada experimental. Portanto os parâmetros, perfil de indutância, limites de corrente, foram austados para representar a máquina. Todos os parâmetros do protótipo são mostrados em anexo. a) Operação em malha aberta A fim de verificar a praticidade da estratégia de chaveamento com roda livre intermediária, foram realizadas simulações com o conversor operando com chaveamento clássico, ou sea, sem a etapa intermediária de roda livre. A situação simulada foi a operação do gerador com uma velocidade de 8 rpm, θ on (ângulo de fechamento das chaves) fixo em -3 o em relação a posição de alinhamento e θ on (ângulo de abertura das chaves) fixo em 3 o, a necessidade da magnetização antes do período de alinhamento é devido ao aproveitamento da máxima potência no instante de alinhamento do rotor com o estator. A 9 8 7 θ on S e 5 3 2 -.783.78.785.78.787.788.789 Fig.. Operação sem roda livre intermediária. orrente da Fase A e Pulsos S e. Tensão carga [V] Tensão fase A [V] 5 5-5 -..2.3..5..7.8.9 5.585.59.595..5..5.2 Fig. 5 : Tensão na carga. carga ligada nos terminais do gerador foi de Ω puramente resistiva. A figura mostra o perfil de corrente da fase A do gerador operando sem controle de tensão, ou sea, esta tensão torna-se estável após a saturação do circuito magnético para um dado fluxo máximo, a figura também apresenta o instante de abertura das chaves S e mostrando que não existe controle nenhum do sistema. A figura 5(a) mostra o transitório de tensão gerada (escorvamento), este transitório mostra o momento de operação instável até o regime permanente. A figura 5(b) mostra a tensão na fase A para a situação mostrada em regime permanente. b) Operação em malha fechada θ off S e Os testes de simulação em malha fechada foram realizados com os seguintes critérios: o gerador operou em malha fechada utilizando a estratégia descrita na seção 2, tensão inicial do capacitor para inicio da operação no modo autoexcitado foi de 2V, tensão de referencia do controlador em V e velocidade da máquina primária fixa em 8 rpm. A máquina foi simulada durante segundo. Foi submetida a uma carga de Ω nos terminais do gerador A figura mostra o comportamento da corrente da fase A do gerador para o sistema de controle proposto, neste mesmo intervalo é possível também observar na figura os pulsos da chave superior e inferior, mostrando que o pulso da chave inferior permanece ligado e da chave inferior no intervalo de referência do controlador o pulso é aberto. A Figura 7(a) mostra o comportamento da tensão gerada aplicada à carga em regime transitório. ISBN: 978-85-8-9-5 57

Anais do XIX ongresso Brasileiro de Automática, BA 22. 3 25 2 5 θ on S e θ off S Roda livre Intermediária θ off Ia P P2 roda livre intermediária aproveita menos energia mecânica isto ocorre devido os níveis de saturação do circuito magnético ser menor, com isso as perdas são menores está estratégia torna-se muito importante para o processo de conversão eletromecânica para este tipo de máquina e sua operação no modo autoexcitado. 5.5.57.58.59.55.55.552.553.55.555.55 Fig.. Operação com roda livre intermediária. orrente da Fase A e Pulsos S e. Tensão carga [s] Tensão fase A [V] 5 5..2.3..5..7.8.9 5-5 - Potência [W ].5.55..5.7.75.8.85.9.95 3 25 2 5 5 Saída (a) Mecânica Perdas Fig. 7: Tensão na carga. Potência [W ] 5 35 3 25 2 5 Saída (b) Mecânica Perdas 5 Resultados Experimentais Esta seção apresenta os resultados experimentais obtidos com o protótipo para comprovação com o estudo abordado anteriormente por meio de simulação. Foi montada uma bancada experimental conforme indicado na figura 9. O GRV foi acoplado a um motor de indução 2 cv, pólos, acionado por um inversor comercial com controle vetorial. O conversor HB foi construído através de chaves IGBT (V/A), conforme mostrado pela figura, a estratégia de acionamento foi programada para ser executada em um DSP TMS32F282, utilizado no sistema. A posição do rotor, necessária para aplicação dos sinais de gatilho durante o período de magnetização das fases, foi obtida utilizando sensores ópticos associados a um disco, que representa o instante exato em que cada fase deve ser magnetizada....8.2...8 Fig. 8. a) Potências mecânica, perda e saída com roda livre intermediária, b) Potências mecânica, perda e saída sem roda livre intermediária Observa-se que o valor de referência ( V) foi devidamente mantido. Este teste demonstrou que o controle foi capaz de manter fixa a tensão na carga. A figura 7(b) mostra a tensão na fase A do gerador e observa-se que para o gerador controlado utiliza-se menos energia para a excitação da máquina. TABELA I Rendimento do GRV Estratégia om Roda Livre Sem Roda Livre P Mecânica (W) 9,5 23 P Saída (W) 9,7 29 Perdas (W) 2,8 29 η(%) 88, 7,3 As curvas de potência de entrada (mecânica), perdas e de saída do GRV, durante a atuação do controle de tensão gerada, podem ser observadas na Figura 8(a). Quando o mesmo teste é realizado com a atuação do controle de tensão, mas sem a etapa intermediaria de roda livre, as curvas de potência ficam conforme a Figura 8(b). A Tabela I apresenta o rendimento e os valores de potência do GRV para as duas situações. Os rendimentos são diferentes, a adição da etapa de Fig. 9. Foto da Bancada de testes experimentais. Fig.. Foto do circuito de acionamento do GRV e conversor Half- Bridge (IGBT V/A) T 2) h 2: 2 Volt 5 ms Fig..Tensão na carga em regime transitório. ISBN: 978-85-8-9-5 575

Anais do XIX ongresso Brasileiro de Automática, BA 22. > > T T ) h : 2 A 5 ms 2) h 2: Volt 5 ms Fig. 2. orrente (anal ) e tensão (anal 2) na fase A em regime permanente. Os resultados apresentados a seguir foram obtidos através de um teste realizado para uma carga resistiva de Ω, a velocidade da máquina primária foi de 8 rpm. A figura mostra a tensão gerada no transitório de escorvamento, a excitação inicial foi austada uma tensão de 2 volts após a magnetização da máquina começa a subir até o valor próximo de 2 volts de regime permanente. Para este teste também foram medidos os valores de corrente na fase figura 2(a) e tensão na fase figura 2 (b) em regime permanente. ONLUSÕES Neste trabalho é apresentada uma proposta de controle de tensão gerada aplicado ao gerador a relutância variável operando no modo autoexcitado. A estratégia adotada utiliza a variação dos ângulos de magnetização untamente com um controlado PI para variação desses ângulos. Um sistema de controle foi apresentado e simulado a fim de verificar o funcionamento da estratégia utilizada. O sistema de controle foi testado com uma referência e o sistema conseguiu manter a tensão fixa na carga. Resultados de simulação em ambiente MatLab com controle de tensão e sem controle de tensão são apresentados e discutidos. Finalmente resultados experimentais sem controle de tensão são apresentados em um primeiro momento para validação da plataforma de simulação e este resultados são bem próximos com os obtidos em simulação Agradecimentos Os autores agradecem a UFU, pela estrutura disponibilizada, à FAPEMIG pelo apoio financeiro e à APES, pela concessão de bolsa de estudos. Referências Bibliográficas Oliveira de, L. P. B., Oliveira, A.., Silva, E. R.. da, Lima, A. M. N. e Jacobina,. B. "Acionamento Eletrônico de Motor a Relutância: Determinação do Perfil da Indutância, ontrole do onugado e omutação Suave" Eletrônica de Potência, Vol. 8, No.., 23. T. J. E. Miller, Electronic ontrol of Switched Reluctance Machines, Newness Power Engineering Series, Oxford, 2. Radimov, N., Ben-Hail, N., Rabinovici, R. Switched Reluctance Machines as Three-Phase A Autonomous Generator, IEEE Transactions on Magnetics, vol. 2, no., pp. 37-37, November 2. Kioskeridis, I., Mademlis,. Optimal Efficiency ontrol of Switched Reluctance Generators, IEEE Transaction on Power Electronics, vol. 2, no., pp. 2-72, July 2. ai, W., omparison and review of electric machines for integrated starter alternator applications, IEEE-IAS, 2. West, J. G. W., D, induction, reluctance and PM motors for electric vehicles Power Engineering Journal, Vol. 8, Issue: 2, 99. Oliveira, E. S. L., oelho, A., Aguiar, M. L., Suetake, M. Investigation on Single-phase Switched Reluctance Generator Under Variable Speed XI ongresso Brasileiro de Eletrônica de Potência - OBEP, 2. Bernardeli, V. R., Andrade, D. A., Silveira, A. W. F. V., Gomes, L.., Viaante, G. P., abral, L.G. "Self-Excited Switched Reluctance Generator" XI ongresso Brasileiro de Eletrônica de Potência - OBEP, 2. Bernardeli V. R., Andrade, D. A., Silveira, A. W. F. V., Gomes, L.., Viaante, G. P. "Gerador a Relutância Variável Operando no Modo Auto-excitado" Eletrônica de Potência, Vol., No., 2. Nedic, V., Lipo, T. A. Experimental Verification of Induced Voltage Self-Excitation of a Switched Reluctance Generator, IEEE Industry Application onference, Roma, Italy, October 8-2, 2. Matsuo, T., Luo, J., Hoffman, E. P., Lipo, T. A., Radimov, N., Ben- Hail, N., Rabinovici, R. Self Excited Variable Reluctance Generator, IEEE Industry Application Society, New Orleans, Louisiana, October 5-9, 997. Martínez, A., Vina, J., Perez, F., Laloya, E., B., Martín, Pollán, T., Sánchez, B., Laladó, J. Steady-State Behavior of an A Autonomous Switched Reluctance Generator, IEEE Power Electronics Specialists onference PES, Rhodes, June 5-9, 28. Silveira, A. W. F. V., Andrade, D.A., Gomes, L.., Bissochi Jr,. A., Paula H. "Generated voltage control in a switched reluctance motor/generator" Eletrônica de Potência - SOBRAEP, Vol. 5, No.3., 2. Andrade, D. A., Krishnan, R. "haracterization of Switched Reluctance Machines Using Fourier Series Approach" in Proc. 3th IEEE Ind. Appl. Annu. Meeting, Sep. 2, pp. 8-5. Viaante, G.P., Andrde, D. A., Silveira, A. W. F. V., Bernardeli, V. R., Gomes, L.., Freitas, M. A. A., Domingos, J. L, Fleury, A. " Estratégia para melhoria da eficiência da conversão eletromecânica de energia do GRV " Eletrônica de Potência, Vol., No., 2. Parâmetros Ângulo de ondução Atrito Viscoso ulatra do Estator ulatra Rotor ANEXO TABELA II aracterísticas do GRV omprimento da pilha laminada Dentes do Estator Dentes do Rotor Diâmetro do Estator Diâmetro do Rotor Gap de Ar Largura dos dentes do Estator Largura dos dentes do Rotor Valor 3 graus.2 N.m.s 2 mm 2, mm 7 mm 22,5 mm,7 mm mm 7 mm, mm 9 mm 2 mm Momento de Inércia,28 kg.m 2 Número de espiras por fase volta/fase ISBN: 978-85-8-9-5 57