EXTRAÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL E EXTRATO DO GRÃO VERDE DE CAFÉ COM A UTILIZAÇÃO DO CO 2 SUPERCRÍTICO

Documentos relacionados
EXTRACTION PARAMETERS OF ESSENTIAL OIL OF COFFEE WITH THE USE OF CO 2 SUPERCRITICAL

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul para contato:

Tecnologias sustentáveis para a extração de produtos bioactivos de interesse industrial. Patrícia Pestana

ANÁLISE ESTATÍSTICA E CURVA DE SUPERFÍCIE DOS RENDIMENTOS DA EXTRAÇÃO POR SOLVENTE DO ÓLEO DE PINHÃO MANSO

ANÁLISE ESTATÍSTICA E CURVA DE SUPERFÍCIE DOS RENDIMENTOS DA EXTRAÇÃO POR SOLVENTE DO ÓLEO DE PINHÃO MANSO

Prof a. Dr a. Patrícia Bulegon Brondani. Cromatografia de Camada Delgada (CCD)

FLUIDOS SUPERCRÍTICOS NA INDÚSTRIA QUÍMICA: O PROCESSO DE DESASFALTAÇÃO A PROPANO

MODELAGEM MATEMÁTICA DA EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE MACAÍBA (Acrocomia acuelata) COM DIÓXIDO DE CARBONO SUPERCRÍTICO

ESTUDO QUÍMICO E QUANTIFICAÇÃO DOS FLAVONÓIDES DAS RAÍZES E FOLHAS DE Jatropha gossypifolia.

TÍTULO: AVALIAÇÃO DO LIMITE DE DETECÇÃO DE FÁRMACOS PELAS TÉCNICAS DE EXTRAÇÃO LÍQUIDO LÍQUIDO E DE IDENTIFICAÇÃO POR CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA

13/04/2017. Instrumentação/Características. Extração por Soxhlet Soxhlet extraction. Automatizado ou Soxtec. Automatizado ou Soxtec

EXTRAÇÃO DE ÓLEO DE CHIA (Salvia hispanica L.) VIA SOHXLET

TÓPICO 2 - Processos de Extração

APLICAÇÃO DA EXTRAÇÃO LÍQUIDO-LÍQUIDO NA NEUTRALIZAÇÃO DE ÓLEO BRUTO DE SOJA COM FOCO NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

Por que razão devemos comer fruta? Determinação da capacidade antioxidante da pêra abacate.

CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA ( CCD) Bruno Henrique Ferreira José Roberto Ambrósio Jr.

EXTRAÇÃO E ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DO ÓLEO DE SEMENTE DE UVA DAS VARIEDADES CABERNET SAUVIGNON E BORDÔ EXTRAÍDO POR SOXHLET RESUMO

CINÉTICA DE EXTRAÇÃO DE LIPÍDIOS DE MICROALGA SPIRULINA

DETERMINAÇÃO DA SOLUBILIDADE DE UREIA EM MISTURAS ETANOL-ÁGUA EM TEMPERATURAS DE 278,15 A 333,15 K

Separação de Substâncias Cromatografia

OBTENÇÃO DE EXTRATOS DA CASCA DA UNHA DE GATO

FARMACOGNOSIA II FARMACOGNOSIA I I- FCF USP

EXTRAÇÃO E PASTEURIZAÇÃO FÁTIMA ZAMPA RAQUEL TEIXEIRA

MODELAGEM MATEMÁTICA DAS CINÉTICAS DE EXTRAÇÃO SUPERCRÍTICA DE PRODUTOS NATURAIS

Título do trabalho: CO 2 Supercrítico

ESTUDO DA EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE SEMENTE DE UVA DA VARIEDADE BORDÔ POR PRENSAGEM

FRACIONAMENTO DO ÓLEO DE COPAÍBA (Copaifera multijuga) UTILIZANDO DIFERENTES MÉTODOS

CINÉTICA DE DESSORÇÃO DO ÓLEO DE ANDIROBA (Carapa guianensis): EXPERIMENTOS E MODELAGEM MATEMÁTICA

TÍTULO: FERMENTAÇÃO DE EXTRATO HIDROSSOLÚVEL DE SOJA VERDE POR BACTÉRIAS PROBIÓTICAS

TÉCNICA CROMATOGRÁFICA DE SEPARAÇÃO DE COMPOSTOS BIOATIVOS PRESENTES NAS CASCAS DO JAMBOLÃO (Syzygium cumini)

VALIDAÇÃO DE MÉTODOS ANALÍTICOS

EXTRAÇÃO DE ÓLEO DE AMÊNDOAS DE CUMARU POR PRENSAGEM (DIPTERYX ODORATA)

USO DE PLANEJAMENTO COMPOSTO CENTRAL NA AVALIAÇÃO DAS VARIÁVEIS TEMPERAURA E CONCENTRAÇÃO DE SOLVENTES NO ESTUDO DA SOLUBILIDADE DA UREIA

UTILIZAÇÃO DE UM DELINEAMENTO COMPOSTO CENTRAL ROTACIONAL PARA AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE POLPAS DE AÇAÍ PASTEURIZADAS

EXTRAÇÃO DE INULINA A PARTIR DA RAIZ DE CHICÓRIA (Chicorium intybus L.) USANDO DIÓXIDO DE CARBONO SUPERCRÍTICO

ESTUDO DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO POR SOXHLET DO ÓLEO DE SEMENTE DE UVA

Cinthia Rodrigues Zanata Santos 1, Sandro Minguzzi 2.

AJUSTE DE DADOS EXPERIMENTAIS DA SOLUBILIDADE DA UREIA EM SOLUÇÕES DE ISOPROPANOL+ÁGUA COM O USO DE EQUAÇÕES EMPÍRICAS

EXTRAÇÃO DA FOLHA DE LUPINUS ALBESCENS COMPARANDO DIFERENTES PROCESSOS: FLUIDOS PRESSURIZADOS (GÁS LIQUEFEITO DE PETRÓLEO) E SOXHLET (n-hexano)

PROCEDIMENTOS PARA CÁLCULOS DE TEORES DE METABÓLITOS VEGETAIS BIB0315 METABÓLITOS VEGETAIS ANTONIO SALATINO 22/09/2016

UTILIZAÇÃO DO GÁS LIQUEFEITO DE PETRÓLEO PRESSURIZADO E N- HEXANO PARA A EXTRAÇÃO DA RAIZ DE LUPINUS ALBESCENS

Extração Sólido-Líquido

CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA (CCD) Iara Terra de Oliveira Wilian dos Anjos

OBTENÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL DA ROSA MOSQUETA COM CO 2 SUPERCRÍTICO: ESTUDO EXPERIMENTAL E TEÓRICO

OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE GOMA XANTANA À PARTIR DE SORO DE LEITE

Introdução. Graduando do Curso de Engenharia Química FACISA/UNIVIÇOSA. gmail.com. 2

TÉCNICAS CROMATOGRÁFICAS PARA OBTENÇÃO DE SUBSTÂNCIAS BIOATIVAS DE PLANTAS 1 CHROMATOGRAPHIC TECHNIQUES FOR OBTAINING BIOATIVE PLANT SUBSTANCES

TÍTULO: OBTENÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DA FORMAÇÃO DE (-)-HINOQUININA A PARTIR DA BIOTRANSFORMAÇÃO FÚNGICA DA (-)-CUBEBINA POR ASPERGILLUS TERREUS

Figura 1. Estrutura de lipídeos. Fonte: Fahy, E e col. (2005) A comprehensive classification system for lipids, J. Lipid Res., 46,

PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL E ANÁLISE DO EXTRATO DE Helietta longifoliata (RUTACEAE) OBTIDO COM CO 2 SUPERCRÍTICO

UTILIZAÇÃO DA SEMENTE DO MELÃO COMO CATALISADOR NA REAÇÃO DE ESTERIFICAÇÃO DO ÁCIDO OLÉICO

Degradação do Fármaco Cloridrato de Tetraciclina utilizando o processo Fenton.

AULA PRÁTICA Nº / Abril / 2016 Profª Solange Brazaca DETERMINAÇÃO DE LIPÍDEOS

ANÁLISE POR PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL DOS FATORES QUE INFLUENCIAM A EXTRAÇÃO DO CORANTE DA CASTANHOLA

ESTUDO DA CRISTALIZAÇÃO DA LACTOSE A PARTIR DA ADIÇÃO DE ETANOL RESUMO

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES OPERACIONAIS NA EFICIÊNCIA DO RECOBRIMENTO DE UREIA EM LEITO DE JORRO

EXPERIMENTOS DE QUIMICA ORGANICA I(QUI 127, QUI 186 E QUI 214) EXPERIMENTO 7 TÉCNICAS DE EXTRAÇÃO

HIGH PERFORMANCE LIQUID CROMATOGRAPHY CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA PERFORMANCE CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTO DESEMPENHO

DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DA SOLUBILIDADE DE α-tocoferol EM MISTURAS DE ETANOL+ÁGUA

MODELAGEM MATEMÁTICA DA EXTRAÇÃO DE ÓLEOS BIOATIVOS DE MICROALGAS USANDO FLUIDO SUPERCRÍTICO

EXTRAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO DE CORANTES PRESENTES NA BETERRABA (Beta vulgaris L.)

MAMONA: DETERMINAÇÃO QUANTITATIVA DO TEOR DE ÓLEO ( 1 )

QUI 070 Química Analítica V Análise Instrumental. Aula 11 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE)

EQUILÍBRIO DE FASES PARA O SISTEMA EUGENOL + DICLOROMETANO + DIÓXIDO DE CARBONO EM ALTAS PRESSÕES

CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA (CCD) Iara Terra de Oliveira Wilian dos Anjos

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE EXTRAÇÃO DE COMPOSTOS FENÓLICOS DA POLPA DE PEQUI

DESTILAÇÃO POR ARRASTE DE VAPOR DE ÁGUA DO ÓLEO DE CRAVO E EXTRAÇÃO QUIMICAMENTE ATIVA DO EUGENOL

Cromatografia em Camada Delgada (CCD) Caio César Furuno Carlos Gabriel Gibelli Fernando José Meira da Silva

Química Orgânica Experimental I BAC CRITÉRIOS PARA CORREÇÃO DOS PRÉ-RELATÓRIOS E RELATÓRIOS

INCINERAÇÃO DE RESÍDUOS

EXPERIÊNCIA 6 CROMATOGRAFIA

PRODUÇÃO VIA ENZIMÁTICA DE BIODIESEL A PARTIR DE ÓLEO DE SOJA

Laboratório Didático de Química Orgânica (LDQO)

BIODIESEL DO ÓLEO DE PINHÃO MANSO DEGOMADO POR ESTERIFICAÇÃO

EXTRAÇÃO DO ÓLEO DA BORRA DO CAFÉ: ALTERNATIVA PARA REDUÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS

Universidade Federal de Sergipe, Departamento de Engenharia Química 2

SIMULAÇÃO DO PROCESSO DE DESASFALTAÇÃO A PROPANO

ANÁLISE EXPERIMENTAL DO FOSFOGESSO COMO AGREGADO MIÚDO NA COMPOSIÇÃO DO CONCRETO

ELABORAÇÃO DE IOGURTE CASEIRO SABORIZADO COM CAFÉ E CHOCOLATE

Fundamentos e Formalismos Teóricos da Cromatografia

ESTUDO DA SOLUBILIDADE DO PARACETAMOL EM ALGUNS SOLVENTES UTILIZANDO O MODELO NRTL

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A DIATOMITA E VERMICULITA NO PROCESSO DE ADSORÇÃO VISANDO APLICAÇÃO NO TRATAMENTO DE ÁGUAS PRODUZIDAS

FCVA/ UNESP JABOTICABAL FUNDAMENTOS DE CROMATOGRAFIA. DOCENTE: Prof a. Dr a. Luciana Maria Saran

a) ( ) 7,7 ml b) ( ) 15,1 ml c) ( ) 20,7 ml d) ( ) 2,8 ml Resposta Questão 01 Gabarito Questão 1) alternativa C.

WALISSON JUNIO MARTINS DA SILVA 1, FERNANDO TORRES MACHADO 2, LUISA TROILES ROMERO 2, ALESSANDRA LOPES DE OLIVEIRA 3

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

INTENÇÃO DE COMPRA DE BISCOITOS TIPO COOKIE SABOR CHOCOLATE COM DIFERENTES TEORES DE FARINHA DE UVA

CARACTERIZAÇÃO QUALITATIVA DE ÁCIDOS GRAXOS COMO COMPONENTES DOS ÓLEOS DE GRÃO DE CAFÉ VERDE, CAFÉ TORRADO E BORRA DE CAFÉ 1

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA VAZÃO DE INJEÇÃO DE VAPOR NO PROCESSO ES-SAGD SEM E COM PERDA DE CARGA E CALOR NO POÇO INJETOR

EXTRAÇÃO DA CAFEÍNA DA ERVA-MATE (Ilex paraguariensis) USANDO EXTRAÇÃO SUPERCRITICA

MF-1050.R-2 - MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DE DERIVADOS DA CUMARINA, POR CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA (CLAE)

EXTRAÇÃO POR PRENSAGEM E POR SOLVENTE DE ÓLEO PROVENIENTE DA BORRA DE CAFÉ PARA PRODUÇÃO DE BIODÍESEL E FUTURO ESTUDO DA GLICERINA GERADA

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

INTRODUÇÃO A MÉTODOS CROMATOGRÁFICOS

Escola Secundária / 3º CEB da Batalha ACTIVIDADE LABORATORIAL DE FÍSICA E QUÍMICA A FORMAÇÃO ESPECÍFICA ENSINO SECUNDÁRIO. Ano de Escolaridade : 11

Variável (número da variável) Símbolo para variável (-) (+) Emulsão com Triton X-100 Oxigênio (1) a X 1 sem com Quantidade de amostra (2)

2017 Obtenção da amida do ácido cinâmico através da reação do cloreto do ácido cinâmico com amônia

Lista de Exercícios de Operações Unitárias I

DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE ABACATE

Transcrição:

EXTRAÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL E EXTRATO DO GRÃO VERDE DE CAFÉ COM A UTILIZAÇÃO DO CO 2 SUPERCRÍTICO S.V. BESEGATTO 1, A. P. CAPELEZZO 1, L. L. SILVA 1, S. C. FERNANDES 1, M. C. COSTELLI 1, J. SAVIO 1 e T. J. LOPES 2. 1 Universidade Comunitária da Região de Chapecó/UNOCHAPECO, Área de Ciências Exatas e Ambientais ACEA, Curso de Engenharia Química 2 Universidade Federal do Rio Grande FURG, Campus Santo Antônio da Patrulha RS E-mail para contato: lucianols@unochapeco.edu.br ou bxste@unochapeco.edu.br RESUMO O Brasil é atualmente o maior produtor mundial de café sendo também um dos maiores apreciadores deste grão, que apresenta uma infinidade de utilizações. Deste modo, muitos compostos químicos encontrados, nesta planta, possuem ação sobre o organismo humano, logo, o extrato obtido é de grande interesse científico e medicinal sendo que, a escolha da técnica de extração empregada está diretamente relacionada à qualidade do composto final. O presente trabalho tem como objetivo levantar informações teóricas e experimentais que permitam compreender e avaliar a extração do óleo essencial do café verde, com a utilização do CO 2 como fluído supercrítico. Por meio do software STATISTICA foi constatado que com o aumento da Pressão e uma região intermediária de Temperatura, rendimento do experimento teve um aumento considerável. Obteve-se um rendimento máximo no processo de extração utilizando pressão de 212 a 280 bar e temperatura de 42,1 a 53,3ºC. A taxa máxima de extração de óleo essencial de café verde foi de 3,68%, sendo este óleo isento de resíduos de solvente. Além de proporcionar um rendimento considerável de óleo, o tempo de extração de 3,5 h para os grãos do café verde, com granulometria de 1 mm, demonstrou que a técnica empregada é favorável à obtenção de extratos ricos em compostos fitoquímicos. 1. INTRODUÇÃO Conforme o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento o Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café, podendo ser este verde ou torrado. Ainda, o Brasil é considerado o segundo maior consumidor do produto, sendo a forma mais comum de consumo na forma de bebida (MAPA, 2014). Outro fator que gera interesse quando se trata do café é a obtenção do seu óleo essencial, cujo valor agregado sob este produto é acentuado e suas aplicações são as mais variadas. O óleo essencial é amplamente utilizado na indústria farmacêutica, alimentícia e de cosméticos. Alguns antioxidantes naturais presentes no óleo essencial são compostos por substâncias fenólicas comumente encontradas em plantas. Essas substâncias propiciam uma defesa ao corpo humano através da eliminação de radicais livres (VEGGI et al., 2014). Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 1

Um dos métodos mais comumente utilizado para a extração do óleo dos grãos de café é a extração com solvente orgânico como, por exemplo, o hexano, utilizando a técnica de extração com Soxhlet. No entanto, esse procedimento possui como desvantagens o tempo de extração sendo este muito longo e o consumo exacerbado de solvente (OLIVEIRA, 2013). Dentre as novas tecnologias para a extração de óleos essenciais que vem surgindo, destaca-se a tecnologia de extração supercrítica como um método limpo para a obtenção destes, sem resquícios de solvente. A extração supercrítica explora a seletividade dos compostos sendo essa uma de suas principais características. Os métodos convencionais de extração geralmente utilizam como matriz extratora, os solventes orgânicos com várias polaridades que acabam por extrair compostos indesejáveis e ainda é possível apresentarem resquícios desses solventes no produto final. Tendo em vista, a maior incidência de riscos de contaminação ambiental devido aos processos industriais e ao uso de substâncias poluentes, há uma crescente preocupação na obtenção de tecnologias limpas e sustentáveis. Surge, neste contexto a extração com fluidos supercríticos, que utiliza como solvente o CO 2 na maior parte dos estudos empregados. A extração com fluido supercrítico é uma operação de transferência de massa em que a convecção na fase de solvente supercrítico é geralmente o principal mecanismo de transporte (SILVA; MATÍNEZ, 2014). A extração supercrítica é usualmente definida a partir de diagramas de fases, onde o fluido supercrítico é conceituado como uma região física a qual se encontra acima do ponto crítico da substância. Na prática, o estado supercrítico é obtido elevando-se a pressão e a temperatura de um gás ou de um líquido de forma que se altere o estado de agregação e, como consequência, modifique as propriedades da substância de interesse (LANÇAS, 2000). Comumente o dióxido de carbono é empregado como solvente na extração supercrítica (ESC), sua atratividade está relacionada por ser uma substância não-tóxica, não-inflamável e de custo relativamente baixo (MOHAMED; MANSOORI, 2002). O uso do CO 2 como fluido supercrítico apresenta algumas vantagens como baixa pressão crítica (73 bar) e a temperatura crítica (31ºC) próxima a ambiente. Apesar de inúmeras vantagens o uso do CO 2 como solvente na extração supercrítica é limitado por ser um solvente apolar, dificultando a extração de compostos polares e iônicos (RAMSAY et al., 1991 apud SANDI, 2003). A partir do início da década de 1980, a extração por fluido supercrítico foi proposta para a obtenção do óleo de café. Os grãos de café verde contêm de 7 a 17% de lipídeos. Seu óleo é constituído basicamente de triacilgliceróis (75%) e ácidos graxos livres em proporção similar aos óleos vegetais comuns (FERRARI et al., 2010). A fração insaponificável do óleo do café verde é constituída de esteróis, tocoferóis, fosfatídeos, ceramidas entre outros componentes minoritários cujas atividades biológicas têm sido comprovadas (OLIVEIRA, 2013). Os óleos vegetais são amplamente usados em aplicações industriais, especificamente nos setores alimentícios, fármacos e cosméticos devido ao seu importante papel na formulação de produtos. Os lipídeos podem ser emolientes, emulsificantes, modificadores de viscosidade, agentes de propagação, dentre outras importantes funções, mas a aplicação específica do óleo vegetal depende de Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 2

sua composição. O óleo de café verde é rico em compostos fenólicos, particularmente ácidos clorogênicos, sendo que este possui alto potencial antioxidante (TURATTI, 2002). Neste contexto, objetivou-se levantar informações práticas sobre a extração supercrítica do óleo essencial do café verde. Para tal, analisaram-se parâmetros como temperatura, pressão e tempo de extração, sendo que a análise destes parâmetros é de suma importância para se obter a taxa máxima de extração do óleo essencial. 2. MATERIAL E MÉTODOS Foi utilizado como matéria-prima grãos verde de café Arábica (Coffea arábica), cultivar (cv.) Catuaí Amarelo, adquirida no Clube Café de São Paulo no mês de fevereiro de 2012, conforme pode ser observada na Figura 1. Figura 1 Matéria prima: grão de café verde. Primeiramente, as amostras foram moídas com o auxílio de um moedor comercial Cadence MDR301, e posteriormente foi realizado o peneiramento em um agitador de peneiras vibratórias, sendo parametrizado um diâmetro de partícula de 1mm. 2.1. Aparato Experimental O equipamento utilizado para a extração supercrítica é constituído por uma câmara de extração encamisada para permitir o controle da temperatura, a partir de um banho termostatizado (±0,1 C) (Tecnal modelo TE-184), em aço inox, com altura de 30 cm e diâmetro interno de 2,345 cm (volume 518 ml). A pressão foi regulada através de um filtro regulador de ar Schulz modelo global class), alimentado por um compressor Schulz CSL 10/60 com capacidade máxima de 9,7 bar, e uma bomba Maximizator Maxpro DLE-30-1-UU-M com razão de pressão 1:30 (± 5 bar). Filtro de aço inox poroso Mott com porosidade padrão de 100 mícron, utilizado para que a amostra vegetal não fosse arrastada junto com o extrato. O solvente dióxido de carbono foi fornecido pela Air Liquide com grau de pureza de 99,9%. Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 3

2.2. Planejamento Experimental O planejamento experimental é um conjunto de técnicas utilizadas em estudos de processos para investigações qualitativas ou quantitativas, como ferramenta para avaliar os efeitos e relações de variáveis de entrada (fatores) sobre variáveis de saída (respostas). No estudo do processo de extração supercrítica de extrato do café verde, foi determinada a influência de 2 fatores, bem como suas possíveis interações: Temperatura (ºC) e Pressão (bar). Desta forma, optou por utilizar um planejamento fatorial completo 3 2. Após escolher o tipo de planejamento definiu-se o nível de variação -1, 0 e +1 para cada um dos dois fatores em estudo. As variáveis e seus respectivos níveis de variação são expostos na Tabela 1. Tabela 1 Fatores e níveis estudados durante a triagem no Planejamento Experimental Fatores Níveis de variação dos fatores 1 0 +1 Temperatura (ºC) 40 50 60 Pressão (bar) 180 220 260 Em seguida, à realização do planejamento aplicou-se a Metodologia das Superfícies de Resposta (MSR) com o objetivo de obter as condições ótimas de operação, para as análises estatísticas utilizou-se o software Statistica 6.0. 2.3. Análise por Cromatografia em Camada Delgada Para verificar a composição química do óleo foi utilizada a técnica de cromatografia em camada delgada. Os óleos obtidos foram dissolvidos em n-hexano (Pureza Analítica) e aplicados sobre placas de sílica Gel 60 F254 (Merck ) como fase estacionária. Paralelamente, foram preparadas as cubas cromatográficas contendo as fases móveis (eluentes) em diferentes proporções de solventes: n- hexano, clorofórmio, acetato de etila e etanol. Para revelar as diferentes classes de compostos foram utilizados reveladores específicos, conforme descrito por Harbore (1998): anisaldeído sulfúrico para terpenóides e esteróides, Dragendorff para alcalóides, cloreto férrico 3% para flavonóides e taninos e luz UV em 356 nm para cumarinas. Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 4

3. RESULTADOS E DISCUSÃO Considerando as variáveis independentes: Temperatura e Pressão nos ensaios experimentais (planejamento fatorial 3 2 ) da extração dos frutos de café Arábico Catuaí, com CO 2 supercrítico resultaram em diferentes rendimentos (variável resposta), conforme pode ser visualizado na Tabela 2. Tabela 2 Matriz experimental fatorial completa 3 2 para o rendimento de extrato do café verde Temperatura (ºC) Pressão (bar) Rendimento (g de extrato/ g de café verde) 1-1 2,8322-1 -1 2,2575 1 0 2,8352 0-1 3,6770-1 0 3,4108-1 1 3,5019 0 0 3,5404 0 1 3,0801 1 1 3,2114 Na Tabela 3, apresentam-se os valores obtidos para os efeitos referentes aos fatores Temperatura (ºC) e Pressão (bar) na extração supercrítica realizada no café verde e seus respectivos índices estatísticos. Tabela 3 Cálculo dos efeitos e respectivos índices estatísticos Efeito Erro Teste de Nível p -95%Limite 95%Limite Padrão Student (3) de de Confiança Confiança Média/Interações 3,150 0,176 17,929 0,000378 2,59055 3,708673 Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 5

(1)Temperatura(ºC)(L) -0,097 0,430-0,226 0,835914-1,46655 1,272284 Temperatura(ºC)(Q) 0,424 0,373 1,139 0,337534-0,76162 1,610284 (2)Pressão(bar)(L) 0,342 0,430 0,795 0,484535-1,02718 1,711651 Pressão(bar)(Q) 0,169 0,373 0,453 0,681355-1,01717 1,354734 1L e 2L -0,433 0,527-0,821 0,471881-2,10979 1,244587 Analisando-se a Tabela 3 e a Figura 2 do gráfico de Pareto, verifica-se que nenhum dos fatores estudados (Pressão e Temperatura) se mostrou significativo, como é confirmado pelos índices estatísticos apresentados. Temperatura (ºC)(Q) 1L e 2L (2)Pressão (bar)(l) Pressão (bar)(q) (1)Temperatura (ºC)(L) Efeito Padronizado Estimado (valor absoluto) p=,05 Figura 2 Gráfico de Pareto. Através da Figura 3 podem-se observar as curvas de nível correspondentes à superfície de resposta gerada pelo modelo quadrático. Região de maior Rendimento Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 6

Região de maior Rendimento Figura 3 Curvas de nível para os fatores Pressão e Temperatura. Conforme mostra a Figura 3, constata-se que com o aumento da Pressão e uma região intermediária da Temperatura, encontra-se a região ótima de processo na pressão de 212 a 280 bar e temperatura de 42,1 a 53,3ºC. O modelo para a extração supercrítica do café verde é representado pela Equação 1 (Coeficiente de Correlação é de 0,6985). Rend = 3,145 0,048 T + 0,212 T 2 + 0,171 P + 0,084 P 2-0,216 T.P (1) Onde: Rend = Rendimento da extração supercrítica (g de extrato/ g de café verde); T= Temperatura (ºC) e P = Pressão (bar). As análises fitoquímicas dos extratos do óleo de café verde, obtidos nos efeitos mencionados, revelaram a presença de substâncias como: alcalóides, esteróis, flavonóides e compostos terpenicos. Nas amostras analisadas, não foram identificadas substâncias como cumarinas e taninos. 4. CONCLUSÃO De acordo com os resultados obtidos é possível concluir que para a extração supercrítica do óleo essencial do café verde obteve-se um rendimento máximo de aproximadamente 3,68% em massa de extrato acumulada. Ainda, verificou-se que o planejamento experimental utilizado não mostrou-se Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 7

preditivo, pois os efeitos, pressão e temperatura, não foram significativos. Ainda, a tecnologia de extração supercrítica mostrou-se favorável para a obtenção de óleo essencial livre de solventes, mantendo muitas das características sensoriais e aromáticas, devido ás condições brandas de processo. A análise fitoquímica revelou a presença de compostos da classe dos esteróis, flavonóides, alcaloides e terpenos em todos os extratos obtidos a partir do café verde. 5. REFERÊNCIAS a) FERRARI, M.; RAVERA, F.; ANGELIS, E. de; LICERANI, F. S.; NAVARINI, L. Interfacial properties of coffee oil. Colloids and surfaces A: Physicochemical and Engineering Aspects, 2010. b) HARBORE, J.B. Phytochemical methods: A guide to modern techniques of plant analysis. 3. ed. Chapman & Hall, 1998. c) LANÇAS, F. M. FLUÍDOS SUPERCRÍTICOS. Revista Novas Tecnologias, Instituto de Química de São Carlos - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000; d) MAPA MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Disponível em < http://www.agricultura.gov.br/vegetal/culturas/cafe/saiba-maisacesso> em 14 de abril de 2014. e) MOHAMED, R.S.; MANSOORI, G.A. The Use of Supercritical Fluid Extraction Technology in Food Processing. Food Technology Magazine, London, June 2002; f) OLIVEIRA, P. M. A. Óleo de grãos de café verde obtido por extração supercrítica, extração com fluido pressurizado e comparação da sua composição com o óleo de café extraído pelos pequenos produtores do estado de São Paulo Análise da concentração de compostos bioativos. Pirassununga São Paulo, 2013; g) SANDI, Délcio. Extração do óleo e diterpenos do café com co 2 supercrítico. Minas Gerais, 2003. h) SILVA, L. P. S.; MARTÍNEZ, J. Mathematical modeling of mass transfer in supercritical fluid extraction of oleoresin from red pepper. São Paulo, 2014. i) TURATTI, J.M. Extração e caracterização do óleo de café. II Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil. Campinas São Paulo, 2002; j) VEGGI P. C.; CAVALVANTI, R. N.; MEIRELES, M. A. A. Production of phenolic-rich extracts from Brazilian plants using supercritical and subcritical fluid extraction: Experimental data and economic evaluation. São Paulo, 2014. Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 8