Palavras-chave: diabetes tipo 2. enfermagem. educação em saúde. promoção da saúde.

Documentos relacionados
ANÁLISE DO MONITORAMENTO DA GLICEMIA CAPILAR EM INSULINODEPENDENTES PARA PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES RELACIONADAS AO DIABETES MELLITUS

PERCEPÇÃO DE PACIENTES DIABÉTICOS QUE FREQUENTAM UMA FAMÁCIA COMERCIAL EM FORTALEZA SOBRE DIABETES MELLITUS TIPO 2

ESTADO NUTRICIONAL E FREQUÊNCIA ALIMENTAR DE PACIENTES COM DIABETES MELLITUS

16º CONEX - Encontro Conversando sobre Extensão na UEPG Resumo Expandido Modalidade B Apresentação de resultados de ações e/ou atividades

EFEITO DA FARINHA DO ALBEDO DO MARACUJÁ AMARELO NO COTROLE GLICÊMICO DE PESSOAS COM DIABETES

TÍTULO: HIPERTRIGLICERIDEMIA PÓS-PRANDIAL EM PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 E O RISCO CARDIOVASCULAR

ESTRATÉGIAS EDUCATIVAS SOBRE DIABETES PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA

NOVAS ABORDAGENS INTENSIVAS PARA O CONTROLE DO DIABETES TIPO 2

O Custo do Mau Controle do Diabetes para a Saúde Pública

TÍTULO: EFEITO DA TERAPIA PERIODONTAL NÃO CIRÚRGICA SOBRE O CONTROLE GLICÊMICO EM INDIVÍDUOS COM DIABETES TIPO2 E PERIODONTITE CRÔNICA: ENSAIO CLÍNICO

ESTUDO PARASITOLÓGICO DE FEZES EM PESSOAS COM DIABETES TIPO 2 E SUA INTERFACE COM INDICADORES METABÓLICOS

PROMOÇÃO DE SAÚDE NAS ESCOLAS: NOÇÕES BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS PARA PROFESSORES

IMPLANTAÇÃO DE SERVIÇOS CLÍNICOS

Autor(es) MILENE FRANCISCHINELLI. Orientador(es) FÁTIMA CRISTIANE LOPES GOULARTE FARHAT. Apoio Financeiro FAPIC/UNIMEP. 1.

PALAVRAS-CHAVE: crescimento e desenvolvimento. pré-escolar. enfermagem.

AVALIAÇÃO DA ADESÃO AO TRATAMENTO E CONTROLE DO DIABETES MELLITUS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE.

ASSISTÊNCIA MULTIDISCIPLINAR PARA O ATENDIMENTO AOS PACIENTES DIABÉTICOS INTERNADOS

MINISTÉRIO DA SAÚDE. O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso de suas atribuições legais, e

A IMPORTÂNCIA DO MONITORAMENTO DA HEMOGLOBINA GLICADA NO CONTROLE DO DIABETES MELLITUS E NA AVALIAÇÃO DE RISCO DE COMPLICAÇÕES CRÔNICAS FUTURAS

DIABETES: ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR (NOV 2016) - PORTO

Escola Anna Nery Revista de Enfermagem ISSN: Universidade Federal do Rio de Janeiro Brasil

Controvérsias e Avanços Tecnológicos sobre Hemoglobina Glicada (A1C)

TIPOS DE INTERVENÇÕES EDUCATIVAS UTILIZADOS POR ENFERMEIROS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE EM PACIENTES COM DIABETES TIPO 2: REVISÃO INTEGRATIVA

NÚMERO: 008/2011 DATA: 31/01/2011 Diagnóstico Sistemático da Nefropatia Diabética

FATORES DE ADESÃO MEDICAMENTOSA EM IDOSOS HIPERTENSOS. Nilda Maria de Medeiros Brito Farias. Contexto. População mundial envelhece

CUIDADOS COM PACIENTES COM HIPERGLICEMIA DESCOMPENSADA NA ATENÇÃO BÁSICA 1 CARE OF PATIENTS WITH DECOMPENSATED HYPERGLYCEMIA IN PRIMARY CARE

A IMPORTÂNCIA DO PROCESSO EDUCACIONAL AOS INDIVÍDUOS IDOSOS COM DIABETES MELLITUS DO TIPO II: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

COMPORTAMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL EM PACIENTES QUE ADERIRAM A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA PARA O CONTROLE DA HIPERTENSÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA

RESOLUÇÃO CFM Nº 2.172, DE

Avaliação da glicemia e pressão arterial dos idosos da UNATI da UEG-GO

Manejo do Diabetes Mellitus na Atenção Básica

número 29 - setembro/2016 RELATÓRIO PARA A SOCIEDADE informações sobre recomendações de incorporação de medicamentos e outras tecnologias no SUS

Palavras-chave: Promoção da saúde. Enfermagem. Neoplasias da mama. Neoplasias de próstata. Pessoas com deficiência.

ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO CARDIOVASCULAR ENTRE HIPERTENSOS E DIABÉTICOS DE UMA UNIDADE DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA.

Sessão Televoter Diabetes

PREVALÊNCIA DA HIPERTENÇÃO ARTERIAL SISTEMICA EM IDOSOS PERTENCENTES AO GRUPO DE CONVÍVIO DA UNIVERSIDADE ABERTA A MATURIDADE EM LAGOA SECA-PB.

PERFIL DA AUTOMEDICAÇÃO ENTRE IDOSOS USUÁRIOS DAS UNIDADES DE SAÚDES DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE CUITÉ-PB INTRODUÇÃO

GLICEMIA DE JEJUM NA AVALIAÇÃO DO METABOLISMO GLICÍDICO

Avaliação da leucocitose como fator de risco para amputação menor e maior e na taxa de mortalidade dos pacientes com pé diabético

TÍTULO: O CUIDADO DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA NO CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL

EFEITO DE UMA AÇÃO EDUCATIVA SOBRE A PERCEPÇÃO DE PACIENTES DIABÉTICOS QUANTO ÀS COMPLICAÇÕES DA DOENÇA

MAPAS DE CONVERSAÇÃO EM DIABETES COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE DOENÇAS CRÔNICAS PGDC DIABETES MELLITUS

PERFIL ANTROPOMÉTRICO DOS USUÁRIOS DE CENTROS DE CONVIVÊNCIA PARA IDOSOS NO MUNICÍPIO DE NATAL- RN

DIABETES: IMPORTANTE FATOR DE RISCO CARDIOVASCULAR

INSULINOTERAPIA NO TRATAMENTO DO DM TIPO 2

EDUCAÇÃO EM SAÚDE: REUNIÃO DE GRUPO DE PACIENTES DIABÉTICOS TIPO 2 INSULINIZADOS

RELATO DE EXPERIÊNCIA DA CAMPANHA PELO USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS E ADESÃO DAS PESSOAS IDOSAS

Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus no Brasil

ANÁLISE DA ADESÃO TERAPÊUTICA EM CLIENTES IDOSOS PORTADORES DO DIABETES MELLITUS TIPO 2

INTERAÇÕES ENTRE HIPOGLICEMIANTES ORAIS E NUTRIENTES: UM ESTUDO COM IDOSOS PORTADORES DE DIABETES MELLITUS TIPO 2

PREVENÇÃO E COMPLICAÇÕES DA DIABETES ATRAVES DE UM PROJETO DE EXTENSAO

ANÁLISE COMPARATIVA DOS VALORES DOS TESTES DE GLICEMIA EM JEJUM E HEMOGLOBINA GLICADA REALIZADOS EM UM LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLINICAS

PALAVRAS-CHAVE Hipertensão arterial. Diabetes mellitus. Glicemia capilar. Medicamentos.

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

DESCARTE DE MATERIAL PERFURO-CORTANTE POR PACIENTES INSULINO DEPENDENTES USUÁRIOS DE UMA FARMÁCIA PÚBLICA DE VIÇOSA, MG

ACARBOSE. Hipoglicemiante

VIGITEL BRASIL Hábitos dos brasileiros impactam no crescimento da obesidade e aumenta prevalência de diabetes e hipertensão

PERFIL CLÍNICO E NUTRICIONAL DOS INDIVÍDUOS ATENDIDOS EM UM AMBULATÓRIO DE NUTRIÇÃO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO (HUPAA/UFAL)

MUTIRÃO DA SAÚDE. Doutora, Docente do Departamento de Biologia Estrutural, Molecular e Genética da UEPG, 4

AÇÃO DE INTERVENÇÃO SOCIAL EM SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NO MUNICÍPIO DE GRÃO MOGOL MINAS GERAIS

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Diabetes Mellitus Parte 1. Profª. Tatiane da Silva Campos

ATENÇÃO FARMACÊUTICA HUMANIZADA A PACIENTES HIPERTENSOS ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LAURO WANDERLEY

AUTOMONITORIZAÇÃO DA GLICEMIA CAPILAR NO DOMICÍLIO EM PESSOAS COM DIABETES MELLITUS: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA.

Conhecendo a Estratégia Nacional para o Autocuidado em

ANEXO I PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS PARA A DISPENSAÇÃO DE ANÁLOGO DE INSULINA DE LONGA AÇÃO

TRABALHANDO SAÚDE COM DIABÉTICOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA 1. Aline Rugeri 2, Bruna Knob Pinto 3.

CUIDADOS FARMACÊUTICOS EM DIABETES. Roberto B. Bazotte Universidade Estadual de Maringá

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DOS FATORES DE RISCO PARA DOENÇA CORONARIANA DOS SERVIDORES DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Ciências da Saúde,

XXXV Congresso Português de Cardiologia Abril ú ç

Unidades de Saúde da Secretaria Municipal de Ponta Grossa.

O Valor das Farmácias Rede de Saúde de Proximidade Benefícios económicos da campanha Controlar a diabetes está na sua mão. Um Case Study.

(83)

ATUALIZAÇÃO SOBRE HEMOGLOBINA GLICADA (A1C) PARA AVALIAÇÃO DO CONTROLE GLICÊMICO E PARA O DIAGNÓSTICO DO DIABETES: ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS

DIABETES MELLITUS E HIPERTENSÃO ARTERIAL EM POPULAÇÃO ATENDIDA DURANTE ESTÁGIO EM NUTRIÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA DA UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO

Avaliação do comportamento de promoção da saúde em portadores de diabetes mellitus*

A EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA E O CONTROLE DA HIPERTENSÃO

RASTREAMENTO DE PRESSÃO ARTERIAL E GLICEMIA

AVALIAÇÃO DO USO DE INSULINA GLARGINA EM ATENDIDOS PELA FARMÁCIA DE MEDICAMENTOS EXCEPCIONAIS DE VIÇOSA-MG¹

PREVALÊNCIA DE SÍNDROME METABÓLICA EM PACIENTES HOSPITALIZADOS

ANÁLISE DO PERFIL DOS USUÁRIOS DE ANTIPSICÓTICOS EM UMA DROGARIA DO MUNICÍPIO DE VIÇOSA DO CEARÁ-CE

ENFERMAGEM ATENÇÃO BÁSICA E SAÚDE DA FAMÍLIA. Parte 27. Profª. Lívia Bahia

ANAIS DA 1ª MOSTRA CIENTÍFICA DO PROGRAMA DE INTERAÇÃO COMUNITÁRIA DO CURSO DE MEDICINA

FATORES DE RISCOS CARDIOVASCULARES EM PACIENTES HIPERTENSOS E DIABETICOS ATENDIDOS EM UM CENTRO DE TRATAMENTO EM RIO VERDE/GO.

ASSOCIAÇÃO DE PROJETOS EXTENSIONISTAS NA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO EM SAÚDE DO DIABETES MELLITUS

INSERÇÃO DE ACADÊMICOS NA ATENÇÃO MULTIDISCIPLINAR NO TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS TIPO 2

PRÁTICAS DE AUTOCUIDADO E MEDICAÇÕES UTILIZADAS PELOS IDOSOS EM UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA

ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO EM VISITAS DOMICILIARES COM A PRÁTICA DA FARMÁCIA CLÍNICA

ANÁLISE DAS AÇÕES DESENVOLVIDAS PARA PROMOVER A QUALIDADE DE VIDA DE PESSOAS COM DIABETES: UMA REVISÃO DE LITERATURA

PERFIL METABÓLICO, NUTRICIONAL

Melhoria da atenção à saúde de hipertensos e/ou diabéticos, na Unidade Básica Avançada de Saúde Dirceu Arcoverde, Vila Nova do Piauí/PI.

Conhecendo a Estratégia Nacional

CPL Tiago Joaquim Rodrigues Bernardes. Professora Doutora Patrícia Coelho. Mestre Alexandre Pereira

CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DA CARTILHA EDUCATIVA PÉ SAUDÁVEL É PÉ BEM CUIDADO

Planejamento do Inquérito Nacional de Saúde (INS)

Uso Correto da Medicação. Oral e Insulina Parte 4. Denise Reis Franco Médica. Alessandra Gonçalves de Souza Nutricionista

SITUAÇÃO CADASTRAL DE IDOSOS DO RIO GRANDE DO NORTE NO SIS/HIPERDIA

Contagem de Carboidratos

Transcrição:

AÇÕES DE PROMOÇÃO DA SAÚDE NO AUTOCUIDADO EM DIABETES TIPO 2 NUMA COMUNIDADE DE REDENÇÃO-CE Lilian Raquel Alexandre Uchôa 1, Joycilene Araújo Aragão 2, Márcio Flávio Moura de Araújo 3 Resumo: A questão mais importante e desafiadora para os profissionais de saúde que cuidam de pessoas com diabetes tipo 2 (DM 2) é o controle da glicemia, pois ela repercute na prevenção de complicações micro e macrovasculares. Diante desta realidade, promover o autocuidado em diabetes coloca-se como uma temática relevante de saúde pública. Assim, objetivou-se promover ações de promoção da saúde para o autocuidado em DM 2 numa comunidade do município de Redenção-CE. Subdividiu-se a proposta em três etapas. A primeira constituiu-se pela avaliação do autocuidado em DM 2, sob a perspectiva da adesão ao plano farmacológico, alimentar e da prática regular de exercícios físicos. Em seguida, desenvolveu-se oficinas de promoção da saúde, centradas em questões desafiadoras para o controle e prevenção de complicações do DM 2, junto aos usuários do serviço de atenção básica selecionado. Na terceira etapa elaborou-se um material educativo para incentivar medidas adequadas de autocuidado em DM 2 e sua divulgação na comunidade, com base em visitas domiciliares aos pacientes diabéticos do referido serviço. Captou-se 54 pacientes com diabetes tipo 2, de sexo masculino e feminino, com faixa-etária de 40-80 anos de idade. Com os exames laboratoriais realizados confirmou-se a precariedade do autocuidado destes pacientes, o que acentuou-se por relatos de dificuldade em custear uma alimentação saudável e em manter a terapia farmacológica prescrita. Os recursos visuais e o uso da linguagem adequada para o grau de escolaridade de cada paciente, nas oficinas e em outros momentos, mostraram-se essenciais para o empoderamento adequado daqueles. O conhecimento adquirido pelos pacientes confirmou-se através de respostas à perguntas referentes ao autocuidado, nas ações domiciliares. Conclui-se que há evidente carência de conhecimento e atenção acerca do DM 2 nos próprios portadores deste. E que, com as atividades de extensão executadas, gerou-se um grande impacto nos hábitos diários dos participantes. Palavras-chave: diabetes tipo 2. enfermagem. educação em saúde. promoção da saúde. 1 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Desenvolvimento Rural, e-mail: nome1@unilab.edu.br 2 Universidade Federal do Ceará, Instituto de biologia, e-mail:autor2@ufc.br 3 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Desenvolvimento Rural, e-mail: autor3nome@unilab.edu.br

INTRODUÇÃO Atualmente a prevalência do Diabetes Mellitus tipo 2 (DM 2) atinge proporções pandêmicas, demandando alto custo, tanto econômico como social. Em todo o mundo, há 246 milhões de pessoas diabéticas. A cada dez segundos, uma pessoa morre no mundo em consequência das complicações do diabetes, contabilizando 3,2 milhões de mortes por ano. Ainda que seja uma patologia global, o diabetes preocupa especialmente nos países lusófonos, com destaque àqueles com maiores taxas de prevalência de diabetes: no Brasil a taxa é de 10,52%, seguido de Portugal com 9,56% e Cabo Verde com 5,43% (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2011; BRASIL, 2013; SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2013). Diante da gênese de complicações crônicas, a questão mais importante e desafiadora para os profissionais de saúde que cuidam desses pacientes é o controle da glicemia. Hoje, mediante estudos clínicos, controlados e randomizados, renomados, como o United Kingdom Prospective Diabetes Study (UKPDS), o Diabetes Control and Complications Trials (DCCT) e o Stockholm Diabetes Intervention Study (SDIS), está provado que o controle glicêmico rigoroso pode realmente reduzir o risco tanto para alterações microvasculares como para as macrovasculares características do DM 2 (UNITED KINGDOM PROSPECTIVE DIABETES STUDY GROUP, 1998; DIABETES CONTROL AND COMPLICATIONS TRIAL RESEARCH GROUP, 1993; SKYLER, 2007; GAGLIARDINO et al, 2001). De modo geral, a maior parte dos clientes com DM 2 está com excesso de peso, ou ainda são hipertensos. Desse modo, serão incapazes de conseguir se manter próximos de uma normoglicemia sem a adoção de antidiabéticos orais. Outro agravante diz respeito ao fato de muitos pacientes acreditarem ser dispensável a terapia em virtude do caráter assintomático assumido pela doença em algumas situações. Diante desta realidade, o autocuidado em DM 2 coloca-se como uma temática relevante de saúde pública (INZUCCHI, 2007; SKYLER, 2005; KRENTZ & BAYLEI, 2005). No Brasil, menos de 8% dos sujeitos com DM 2 da atenção primária apresentam comportamentos de promoção da saúde consistentes (SAMPAIO et al., 2008). Entretanto, a política de atenção básica e promoção da saúde brasileira vêm dispensando particular atenção a esta questão, haja vista sua correlação com o empoderamento dos sujeitos com vistas a sua qualidade de vida (TORRES et al, 2011; GOMIDES et al., 2013). Considerando-se o tema relevante para o sujeito acometido por DM 2, objetivou-se promover ações de promoção da

saúde numa comunidade do município de Redenção-CE, relacionadas com o autocuidado em DM 2. METODOLOGIA Esta proposta de atividade de extensão adotou uma vertente de pesquisa e ação educativa em saúde. Dessa maneira, o projeto de extensão subdividiu-se em três etapas, durante a vigência de agosto de 2014 a junho de 2015, executadas na Unidade Básica de Saúde Dr Edilberto Prata Portela da zona urbana de Redenção-CE e nos domicílios dos respectivos diabéticos durante o período de atividade de extensão supracitado. 1ª Etapa- Avaliação do autocuidado em diabetes tipo 2. Constituída pela avaliação do autocuidado em DM 2, sustentado pelo tripé: plano medicamentoso, alimentar e prática regular de atividade física Os sujeitos da atividade de extensão universitária foram selecionados de maneira não probabilística dentro do serviço de saúde escolhido desde que atendessem a determinados critérios de inclusão e exclusão. Aos que concordaram participar, solicitou-se a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE. Como instrumento para avaliação do autocuidado em DM 2, utilizou-se o Questionário de Atividades de Autocuidado com o Diabetes. 2ª Etapa- As oficinas de Promoção da Saúde em autocuidado em DM 2 Caracterizada por oficinas de autocuidado em DM 2, com base nas deficiências detectadas na fase inicial, constituídas a partir da abordagem dialógica freireana, círculo de cultura. A execução das oficinas deu-se em dias agendados com os pacientes e demais profissionais de saúde, no serviço de saúde selecionado, com duração média de 90 minutos cada, e utilizando-se recursos audiovisuais e figuras, a fim de estimular os sujeitos do grupo. 3ª Etapa- Elaboração de um material educativo para o autocuidado do DM 2 Elaborou-se material educativo através de uma revisão integrativa da literatura no tema, pela equipe de trabalho. O material foi avaliado pela nutricionista e psicólogo do serviço selecionado. De posse do material, realizou-se visitas domiciliárias para o desenvolvimento da educação em saúde. Focou-se o empoderamento dos sujeitos acerca da sua condição de diabético. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Captou-se 54 pacientes com DM 2, 25% do sexo masculino e 75% feminino, com faixa-etária de 40-80 anos de idade, 77% aposentados e 75% pertencentes a classe econômica D-E. Através de questionamentos sobre o autocuidado executados pelos pacientes e sobre informações/conhecimentos destes acerca do DM 2, prática regular de exercícios físicos, alimentação balanceada e a importância de executar essas ações de maneira conjunta, constatou-se um autocuidado precário. Apenas 6 pacientes praticavam algum tipo de atividade física, pelo menos três vezes na semana, com duração mínima de 30 minutos. As medidas antropométricas mostraram que 89% dos pacientes encontravam-se acima do peso ideal. Com os exames laboratoriais, verificou-se que 90% dos clientes não conseguiam manter o controle da glicemia, 64% estavam com a hemoglobina glicada acima do valor de referência e 97% encontravam-se com síndrome metabólica. E com o instrumento Escala de sonolência de Epworth, observou-se que 22% da amostra detinha uma boa qualidade de sono. Os resultados mostraram que nenhum participante executava a adesão ao plano farmacológico, alimentar e prática regular de exercícios físicos de forma conjunta. Referiram dificuldades em custear a alimentação adequada e em manter terapia farmacológica prescrita, justificadas por baixa condição social e falta de medicamentos no serviço público. Realizou-se duas oficinas de promoção do autocuidado no serviço de saúde. Verificou-se a importância do serviço de saúde dispor de espaço para a realização de ações de promoção da saúde, pois mais oficinas poderiam ter sido executadas se houvesse tal local. Posterior a isso, iniciou-se a elaboração do material educativo, elaborado de acordo com as principais necessidades dos participantes e com o determinado embasamento cientifico, oriundo de artigos científicos publicados nos últimos 3 anos. No momento da entrega do material educativo, nas residências de cada participante da ação, foram realizadas práticas educativas, utilizando figuras e cartolinas como recurso. As ações nos domicílios mostraramse satisfatórias. O empoderamento dos pacientes confirmou-se através de respostas positivas à questionamentos referentes ao autocuidado, nas visitas domiciliares. CONCLUSÕES Concluiu-se que, durante a realização desta ação, assumiu-se o desafio de buscar a participação e o envolvimento de pacientes com DM 2. Evidenciou-se certa carência de conhecimento/informação e atenção vivenciada pela maioria destes. Assim, as atividades de extensão mostraram-se impactantes na vida desses pacientes, no que diz respeito ao

empoderamento acerca de DM 2 e à oportunidade de elencar novos hábitos diários que possam vir a somar. AGRADECIMENTOS Ao Programa de Bolsas de Extensão, Arte e Cultura (PIBEAC), que possibilitou apoio e financiamento para a realização desta ação de extensão. REFERÊNCIAS AMERICAN DIABETES ASSOCIATION (ADA). Standards of Medical Care in Diabetes - 2011. Diabetes Care 34 (Suppl. 1), S11 S61. 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Caderno de Atenção Básica- Diabetes Mellitus. Brasília: Ministério da Saúde. 2013. DIABETES CONTROL AND COMPLICATIONS TRIAL RESEARCH GROUP (DCCT). The effect of intensive treatment of diabetes on the development and progression of long-term complication in insulin dependent diabetes mellitus. N England J Med 1993; 329(14): 977-86. GAGLIARDINO JJ, DE LA HERA M, SIRI F. Grupo de investigación de la rede QUALIDIAB. Evaluación de la calidad de la assistencia al paciente diabético em América Latina. Rev Panam Salud Publica 2001;10(5): 309-17. SAMPAIO, FAA, MELO, RP., ROLIM, ILTP., SIQUEIRA, RC., XIMENES, LB., & LOPES, M.V.O. Evaluation of the health promotion behavior in patients with diabetes mellitus. Acta Paulista de Enfermagem, 21, 84-88.2008. SKYLER JA. Relação do controle glicêmico com as complicações diabéticas. In: Inzucchi, S. Diabete Melito: Manual de cuidados essenciais. 6 a edição, Porto Alegre: Artmed. 2007. p.334-47. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2012-2013. São Paulo: AC Farmacêutica. 2013. UNITED KINGDOM PROSPECTIVE DIABETES STUDY GROUP (UKPDS). Intensive blood-glucose control with sulphonylureas or insulin compared with conventional treatment and risk of complications in patients with type 2 diabetes (UKPDS33). Lancet 1998; 352(31): 837-53.