PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA TRIBUNAL DE JUSTIÇA. : Segunda Camara Criminal - Segunda Turma

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.

Apresentação Capítulo I

Transcrição:

fls. 1 DECISÃO MONOCRÁTICA / ALVARÁ DE SOLTURA / OFÍCIO Nº /2014 Classe : Habeas Corpus n.º 0006063-41.2014.8.05.0000 Foro de Origem : Salvador Órgão Relator(a) Paciente : : Osvaldo de Almeida Bomfim : Rudá Santos Figueiredo : Márcio Bellazzi de Oliveira : Gabriel Dalla Favera de Oliveira : James Jeorge Cordeiro de Menezes : Ricardo Lopes Hage : Rudá Santos Figueiredo (OAB: 35690/BA) : Márcio Bellazzi de Oliveira (OAB: 29429/BA) : Gabriel Dalla Favera de Oliveira (OAB: 35593/BA) : James Jeorge Cordeiro de Menezes (OAB: 25726/BA) Impetrado : Juiz de Direito de Salvador Plantonista do Plantão Judiciário de 1º Grau Assunto : Extorsão Estes autos abrigam, originariamente, pedido de habeas corpus liberatório, em favor de Ricardo Lopes Hage, cuja prisão temporária foi decretada a pedido da autoridade policial, pela Juíza de Direito que, no dia 12 de abril do ano em curso, cumpria o plantão judiciário de primeiro grau. A ordem de prisão teve por alicerce fático a necessidade de elucidação de suposta prática, pelo paciente, dos crimes de falsidade ideológica e extorsão continuada, tendo sido fixado o prazo de trinta dias para sua duração. Pela excepcionalidade temporal da impetração, teve esta a sua distribuição dirigida para o Plantão Judiciário do Segundo Grau, cabendo a mim a condição de Relator Plantonista.

fls. 2 Na oportunidade, indeferi a liminar pugnada na peça inaugural, ante a ausência dos requisitos legais e ordenei a coleta de informações, que foram prestadas à fl.42, dando-se conta de que, no dia 12 de abril do ano corrente, bem como nos dias antecedentes e subsequentes, não foi registrado nos Livros do Plantão Judiciário do Primeiro Grau nenhum protocolo em nome do paciente. Em seguida, com o encerramento do Plantão Judiciário do Segundo, coube-me, por sorteio, encargo de relatar o presente mandamus em caráter definitivo, tendo sido apresentado, pelos impetrantes, pedido de reconsideração da decisão vestibular, aos seguintes argumentos: 1. Que, mesmo estando preso há oito dias, os advogados do paciente não conseguem acesso a nenhum expediente judicial que tenha sediado o pedido de prisão temporária de iniciativa da Autoridade Policial, oriundo do IPL nº 02/2014; 2. Que, uma vez requerida a revogação da prisão temporária do paciente à 17ª Vara Criminal desta comarca, houve a autoridade judiciária competente por determinar o arquivamento sumário do pedido, sob o fundamento de que, consultado o Sistema SAJ, não foi encontrado, naquele específico juízo, nenhum processo correspondente à representação ou decreto prisional do paciente; 3. Que, uma vez demonstrada uma suposta inexistência de processo destinado a sediar o requerimento de prisão temporária do paciente, e, por conseguinte, a impossibilidade material de acesso, por parte da defesa do investigado preso, aos respectivos autos e às provas já produzidas na esfera investigatória, evidenciada se torna a ilegalidade da custódia, inclusive com violação frontal à Súmula Vinculante nº 14, do Supremo Tribunal Federal, que assegura aos defensores do representado ter acesso amplo aos elementos de prova coletados em procedimento investigatório por órgão com competência de polícia judiciária; 4. Que é flagrante a incompetência do Juízo plantonista de primeiro grau, para a decretação da prisão do paciente, uma vez que,

fls. 3 desde o dia 07 de abril do ano em curso, já haviam sido distribuídos para a 17ª Vara Criminal desta comarca, pedidos oriundos da investigação policial nº 02/14, fixando-se, portanto, na visão dos s, a competência do referido órgão jurisdicional para todo e qualquer ulterior expediente vinculado ao mesmo expediente de investigação. Ocorre que, dizem os s, o pedido de prisão temporária do paciente foi posterior à citada distribuição e, mesmo assim, teve, inexplicavelmente, direcionamento para o Plantão Judiciário de Primeiro Grau, onde foi despachado, decretando-se a prisão temporária do investigado; 5. Que a prisão decretada, que já dura oito dias, a esta altura dos acontecimentos, já extrapola o prazo legal de cinco dias aplicável, haja vista que, conquanto tenha sido fixado o prazo de trinta dias de duração da custódia, teve esta por base a aplicação da Lei nº 8.072/90, sob a equivocada premissa de que o delito investigado seria equiparado a crime hediondo, quando, em verdade, acentuam os s, os tipos penais aludidos na própria decisão atacada somente poderiam ser assim tratados se, efetivamente, resultassem em morte ou tivessem sido praticado mediante sequestro, o que não foi o caso; 6. Por fim, que, a despeito do denunciado sigilo que tem sido atribuído aos elementos da investigação, inclusive com falta de acesso por parte da defesa aos autos do pedido de prisão temporária do paciente, é fato que informações extraídas dos citados expedientes têm sido objeto de divulgação pela imprensa, inclusive com veiculação de fotografia do paciente, possivelmente registrada no momento da sua prisão. Com base nos argumentos expendidos e tendo em vista os fatos novos que aduzem, pugnam os s pela reconsideração da decisão inaugural, que indeferiu o pedido de concessão liminar da ordem, para que seja o paciente imediatamente colocado em liberdade, bem assim, para que seja autorizado o acesso dos advogados do investigado preso aos autos do pedido de prisão ora guerreado. É o relatório. Decido. Dentre os temas abordados no pedido de reconsideração acima citado, alega o impetrante que a prisão decretada, que já dura

fls. 4 oito dias, a esta altura dos acontecimentos, já extrapola o prazo legal de cinco dias aplicável, haja vista que, conquanto tenha sido fixado o prazo de trinta dias de duração da custódia, teve esta por base a aplicação da Lei nº 8.072/90, sob a equivocada premissa de que o delito investigado seria equiparado a crime hediondo, quando, em verdade, acentuam os s, os tipos penais aludidos na própria decisão atacada somente poderiam ser assim tratados se, efetivamente, resultassem em morte ou tivessem sido praticado mediante sequestro, o que não foi o caso. Em verdade, digo eu, observa-se da decisão guerreada que a autoridade policial representou pela prisão temporária do paciente, como forma de melhor esclarecer a ocorrência dos delitos de falsidade ideológica e extorsão continuada, representando, ainda, pela busca e apreensão de fotos, papéis, celular, aparelhos eletrônicos e qualquer mídia que armazene dados, incluindo-se disquetes, cds, dvds, pendrives, hds externos, cpus e cartões de memórias. Naquele decisum, a digna Magistrada, entendendo a necessidade de atender a pretensão, e considerando que a hipótese enquadra-se no disposto do artigo 1º incisos I e III, alínea D, da Lei 7.960/89, decretou a prisão temporária do paciente pelo prazo de trinta dias, este, com fulcro no artigo 2º parágrafo 4º, da Lei 8.072/90, bem como determinou a busca e apreensão das coisas acima referidas, asseverando que nos autos havia indícios de autoria dos delitos sob exame bem como elementos que denotam a ocorrência de crime equiparado a hediondo. A Lei nº 7.960/1989, em seu artigo 1º, estabelece que caberá prisão temporária: I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial; II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade; III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu 2º);

fls. 5 b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus 1º e 2º); c) roubo (art. 157, caput, e seus 1º, 2º e 3º); d) extorsão (art. 158, caput, e seus 1º e 2º); e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus 1º, 2º e 3º); f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo único); i) epidemia com resultado de morte (art. 267, 1º); j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art. 285); l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal; m) genocídio (arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas; n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976);

fls. 6 o) crimes contra o sistema financeiro (Lei nº 7.492, de 16 de junho de 1986). Na decisão hostilizada, refere-se ao delito de extorsão continuada. Por conseguinte, em princípio, entendendo-se ali que havia indícios da prática do delito de extorsão, capitulado no artigo 158 do Código Penal, admite-se, até aí, correto o decreto hostilizado, pois sustentado no artigo 1º, alínea D, da Lei 7.960/1989, que permite aquela cautela em face da mencionada infração penal. Todavia, o impetrante afirma descabida a fixação do prazo de trinta dias para a cautela em destaque, porque "os tipos penais aludidos na própria decisão atacada somente poderiam ser assim tratados se, efetivamente, resultassem em morte ou tivessem sido praticado mediante sequestro, o que não foi o caso." Parece ter razão o paciente, em relação ao prazo de trinta dias para a cautela temporária, permitida pela Lei nº 8.072/1990, nas hipóteses de extorsão qualificada pela morte (art. 158, 2o); extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e lo, 2o e 3o). É que, no decisum guerreado, a digna Magistrada refere-se ao delito de extorsão continuada, e não aos crimes de extorsão qualificada pela morte (art. 158, 2o); extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e lo, 2o e 3o), que justificariam a determinação da cautela temporária por trinta dias. De igual modo, do termo de interrogatório do paciente, na polícia, do dia 15/04/14, não se observa nenhuma indagação da autoridade policial interrogante, que deixe transparecer investigue-se morte, sequestro ou preço de resgate, condutas qualificadas tipificadas, tratadas na Lei 8.072/1990, que versa sobre os crimes hediondos. Pode-se concluir, dessa forma, que, em princípio, o caso não comporta a prisão temporária por trinta dias, como foi imposta ao paciente. Demais disso, observa-se às fls. 24 a 27, o auto de exibição e apreensão das coisas ali relacionadas, conforme foi determinado pela digna magistrada plantonista. Assim, concedo a liminar pretendida a Ricardo Lopes Hage, brasileiro, casado, bacharel em Direito, filho de Cemi Jorge Hage e Wanda Lopes Hage, RG nº. 1.160.050 SSP/BA, CPF nº 152403475-49, natural de Itajuípe/Ba., nascido em 14/10/1959, e domiciliado na Avenida Ibirapitanga, Casa 3, nº 745, Condomínio Colina de Patamares, nesta cidade, para que possa o mesmo ser colocado imediatamente em

fls. 7 liberdade, se por outro motivo não estiver preso, adotando-se esta decisão, também, como ALVARÁ DE SOLTURA E OFÍCIO. Já com as informações do juízo a quo, encontradas à fl. 42, encaminhem-se os autos a Douta Procuradoria de Justiça. Publique-se e se intimem. Intime-se a Vítima, desta decisão. Salvador, 24 de abril de 2014. Osvaldo de Almeida Bomfim Relator