Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde ISSN: 1415-6938 editora@uniderp.br Universidade Anhanguera Brasil Akio Otsubo, Auro; Aguiar Barreto, Eduardo Avaliação da produtividade, tempo de cozimento e padrãode massa cozida de cinco cultivares de mandioca de mesa,em Dourados-MS Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, vol. 5, núm. 2, agosto, 2001, pp. 11-26 Universidade Anhanguera Campo Grande, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=26050202 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto
AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE, TEMPO DE COZIMENTO E PADRÃO DE MASSA COZIDA DE CINCO CULTIV TIVARES DE MANDIOCA DE MESA, EM DOURADOS-MS 1 Auro Akio Otsubo 2 Eduardo Barreto Aguiar 3 1 Parte da monografia do segundo autor, apresentada à UNIDERP, para obtenção da graduação em Agronomia. 2 Engenheiro Agrônomo, M.Sc. Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, BR 163, km 253,6, Caixa Postal 661, Dourados-MS, CEP: 79.804-970. e-mail auro@cpao.embrapa.br 3 Engenheiro Agrônomo, Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal-UNIDERP. Rua Ceará, 333, Campo Grande-MS, CEP: 79.003-010.
RESUMO A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é conhecida pela sua rusticidade e papel social e econômico que desempenha, representando a principal fonte de calorias para milhões de pessoas no mundo. A mandioca destinada ao consumo in natura é comumente conhecida como mansa, de mesa, macaxeira ou aipim. O presente trabalho foi implantado na área experimental da Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados-MS, e teve por finalidade avaliar características agronômicas, tempo de cozimento e padrão de massa cozida de cinco cultivares de mesa. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com quatro repetições. As cultivares estudas foram: CPAC 764-96, CPAC 766-96, CPAC 768-96, PIONEIRA (IAPAR-19) e PARANÁ. A colheita se deu aos oito meses de idade. As maiores produções de parte aérea foram observadas nas cultivares CPAC 764-96 (22.813 kg.ha -1 ) e CPAC 76-96 (20.762 kg.ha -1 ). As maiores produções de raiz foram verificadas nas cultivares CPAC 768-96 (29.121 kg.ha -1 ), CPAC 764-96 (24.805 kg.ha -1 ), PIONEIRA (24.453 kg.ha -1 ) e PARANÁ (23.281 kg.ha -1 ). Quanto aos teores de amido os destaques foram CPAC 766-96 (33,87%), PARANÁ (33,75%) e PIONEIRA (28,06%). Os materiais que apresentaram os menores tempos de cozimento foram a PIONEIRA (10,6min), PARANÁ (13,1min) e CPAC 764-96 (15,6min). O melhor padrão de massa cozida foi verificado na PARANÁ. ABSTRACT Cassava (Manihot esculenta Crantz) is known for being a rustic crop and it is also known by the economic and social roles that it plays as the main source of calories for millions of people worldwide. Each cultivar of Cassava which is used for ïn natura consumption is commonly known as mild, for table, macaxeira or aipim. This work was carried out in the experimental field area of Embrapa Agropecuária Oeste, in Dourados, in the state of Mato Grosso do Sul, Brazil, and aimed at evaluating the agronomical traits, time of cooking and cooked dough patterns of five table cultivars. The experiment design used was formed by randomized blocks with four replications. The cultivars CPAC 764-96, CPAC 766-96, CPAC 768-96, Pioneira (IAPAR-19), and Paraná were used in this study. The harvest was carried out when the plants were eight months old. CPAC 764-96 (22,813 Kg ha -1 ), and CPAC 766-96 (20,762 Kg ha -1 ) showed the highest above ground yields. The cultivars CPAC 768-96 (29,121 Kg ha -1 ), CPAC 764-96 (24,805 Kg ha -1 ), Pioneira (24,453 Kg ha -1 ), and Paraná (23,281Kg ha -1 ) provided the highest root productions. Concerning starch content, CPAC 766-96 (33.87%), Paraná (33.75%), and Pioneira (28.06%) stood out among the other cultivars.the samples of Pioneira (10.6 minutes), Paraná (13.1 minutes), and CPAC 764-96 (15.6 minutes) presented the least cooking time required. The best cooked dough pattern was verified in the sample. PALAVRAS- CHAVE Cozimento, mandioca de mesa, manihot esculenta cozimento, padrão de massa. KEY-WORDS Cooking, cassava for table, manihot esculenta, dough pattern. 12 Ensaios e ci., Campo Grande - MS, v. 5, n. 2, p. 11-26, ago. 2001
1 INTRODUÇÃO A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é cultivada em vários países, assumindo grande importância social, notadamente naqueles em desenvolvimento. Com uma produção mundial em torno de 120 milhões de toneladas anuais, é o sexto produto alimentar da humanidade em volume, depois do trigo, arroz, milho, batata e cevada. Nos trópicos, onde é cultivada, sua importância passa para o terceiro lugar (LORENZI et al., 1996). O Brasil é um dos maiores produtores mundiais, com uma produção anual superior a 20 milhões de toneladas, o que a coloca entre as principais explorações agrícolas do País. A mandioca é a principal fonte alimentar para uma grande parte da população mundial, particularmente em países da América do Sul, África e Ásia, onde é primariamente a fonte de calorias e carboidratos para 500 milhões de pessoas. A mandioca destinada ao consumo in natura, também conhecida como mandioca de mesa, mansa, aipim ou macaxeira, difere da mandioca brava pelo teor de ácido cianídrico de suas raízes. Lorenzi et al. (1993), analisando os teores de ácido cianídrico de variedades coletadas em quintais do Estado de São Paulo, e que eram consumidas in natura, verificaram que 67% desses apresentaram teores até 100 mg.kg -1 de HCN, ou seja, o dobro do que era considerado inócuo até então (50 mg.kg -1 de HCN). Dessa forma, Lorenzi e Dias (1993), classificam como mandioca de mesa aquelas que tiverem menos de 100 ppm de HCN na polpa crua das raízes. A mandioca constitui uma das hortaliças mais apreciadas na culinária brasileira e, em particular, a sul-mato-grossense, onde é acompanhante obrigatório de várias iguarias locais. Conforme Otsubo e Melo Filho (1999), o consumo per capta anual de mandioca de mesa em Mato Grosso do Sul é de, aproximadamente, 23 kg, sendo 124% superior à média nacional, que é de 10kg. O consumo médio semanal por família é de 1,82 kg. Esse número é superior às principais hortaliças como o tomate (1,73 kg), batata (1,64 kg) e a cebola (1,04 kg). Os maiores consumidores estão nas regiões de Bodoquena (2,79 kg de consumo semanal por família), Aquidauana (2,26 kg) e Dourados (2,25 kg). Rezende (1998) verificou que o consumo de mandioca é alto em todas as camadas sociais, porém, nas classes de renda mais baixa esse volume é Ensaios e ci., Campo Grande - MS, v. 5, n. 2, p. 11-26, ago. 2001 13
significativamente superior, confirmando a identidade dessa cultura com as camadas mais humildes da sociedade. O presente trabalho teve por objetivo estudar o comportamento de cultivares de mandioca de mesa procedentes de Mato Grosso do Sul, do Paraná e do Distrito Federal, quanto à produção de raiz e aspectos qualitativos das mesmas, em Dourados, MS. 2 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na área experimental da Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS (22º14 S; 54º49 W; 452 m), sobre um Latossolo vermelho escuro distroférrico, textura argilosa, com vegetação original de mata. As características químicas do solo, na camada de 0-20 cm, são as seguintes: ph (CaCl 2 ) 5,8; H+Al, Ca, Mg e K: 5,5; 4,0; 1,6 e 0,33 (cmol c dm -3 ), respectivamente; P: 9,4 mg dm -3. A implantação do experimento se deu em sucessão ao cultivo de soja. Os dados de precipitação registrados no período experimental encontram-se na Figura 1. Figura 1 - Valores médios mensais de precipitação pluvial observados no período de novembro de 1999 a julho de 2000, em Dourados, MS. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos inteiramente casualizados, com quatro repetições. Os tratamentos estudados foram as cultivares CPAC 764-96, CPAC 766-96 e CPAC 768-96, provenientes do Distrito 14 Ensaios e ci., Campo Grande - MS, v. 5, n. 2, p. 11-26, ago. 2001
Federal; PIONEIRA (IAPAR-19) do Paraná, e PARANÁ, material de mesa mais plantado em Mato Grosso do Sul. As parcelas experimentais foram constituídas de quatro linhas com dez plantas, sendo as linhas centrais colhidas como área útil, com um total de 20 plantas úteis. O espaçamento utilizado foi de 1,00m entre linhas e 0,80m entre plantas. O preparo do solo foi feito através de uma aração e duas gradagens. O plantio foi feito em 23/11/99, em sulcos com 10cm de profundidade. Utilizaram-se manivas de 20 cm de comprimento, as quais foram dispostas horizontalmente no fundo dos sulcos. Não foi realizada adubação de plantio, em razão de o local ter sido cultivado com soja por vários anos. O controle de ervas daninhas foi feito através de capinas manuais. A colheita se deu aos oito meses do plantio. As variáveis avaliadas foram as seguintes: Altura de plantas: valor médio de cinco plantas, amostradas aleatoriamente na área útil. Com régua graduada, mediu-se a distância, em centímetro, do solo até a base da inserção da última folha. Peso de parte aérea: valor médio expresso em kg.ha -1, obtido mediante pesagem da parte aérea de todas as plantas úteis da parcela, a partir dos cortes realizados a 10 cm do solo. Peso de raízes: valor médio expresso em kg.ha -1, obtido mediante pesagem das raízes produzidas pelas plantas úteis da parcela. Índice de colheita (IC): valor médio expresso em porcentagem (%), obtido pela seguinte relação: IC=(PRZ / PRZ + PA) X 100, onde: PRZ Peso de raiz PA Peso da parte aérea (peso de rama+peso de folha+peso de cepa) Teor de amido: valor médio expresso em porcentagem (%). A metodologia utilizada foi o da balança hidrostática, descrita em Conceição (1979). Tempo de cozimento: adaptou-se a metodologia utilizada por Pereira, Lorenzi e Valle (1985). Após a coleta aleatória de raízes no campo, procedeu-se à lavagem e secagem à sombra. Retirou-se da porção mediana de cada raiz devidamente identificada um cilindro de 100 g, utilizando-se três pedaços para cada tratamento. Para cada repetição, colocaram-se os pedaços em recipientes Ensaios e ci., Campo Grande - MS, v. 5, n. 2, p. 11-26, ago. 2001 15
de alumínio perfurados, com capacidade de 1 litro, e procedeu-se à imersão de tais recipientes em uma panela com 40 L de água fervente, a partir do qual registrou-se o tempo dispendido para o cozimento. Determinou-se como ponto de cozimento, ao introduzir-se um garfo nos pedaços das raízes e esses não apresentavam resistência à penetração, sem contudo, se fragmentarem. Padrão de massa cozida: para avaliação do padrão da massa cozida procedeu-se ao amassamento de dois pedaços de mandioca, com auxílio de um garfo, por trinta vezes consecutivas e mais trinta amassamentos, desta feita, sobre pressão dos dedos contra a palma da mão. Posteriormente, moldou-se a massa obtida em forma de biscoito, analisando-a quanto à textura, plasticidade e pegajosidade (Tabela 1). TABELA 1 - Escala de avaliação para padrão de massa cozida de mandioca de mesa. Fonte: Pereira, Lorenzi e Valle (1985). 1 Correspondente ao padrão, em ordem decrescente de qualidade 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Observa-se na Tabela 2 que, para todas as características avaliadas, houve diferenças significativas entre as cultivares estudadas. 16 Ensaios e ci., Campo Grande - MS, v. 5, n. 2, p. 11-26, ago. 2001
TABELA 2 - Valores de F e coeficiente de variação referentes a diferentes características de cinco cultivares de mandioca, colhidas aos oito meses de idade. Dourados, MS. **Significativo ao nível de 1% de probabilidade. Com relação ao peso de parte aérea (Figura 2), as cultivares CPAC 764-96 (22.813 kg.ha -1 ) e CPAC 766-96 (20.772 kg.ha -1 ) apresentaram os maiores pesos, não diferindo estatisticamente entre si. As cultivares CPAC 768-96 (16.154 kg.ha -1 ), PARANÁ (15.508 kg.ha 1 ) e PIONEIRA (15.273 kg.ha -1 ), apresentaram um peso menor comparadas às primeiras, porém, não diferenciando entre si estatisticamente. Lorenzi et al. (1988), relataram que as diferenças existentes no peso da parte aérea da mandioca estão diretamente relacionadas à composição genética da cultivar aliada à influência do ambiente. Ensaios e ci., Campo Grande - MS, v. 5, n. 2, p. 11-26, ago. 2001 17
Figura 2 - Peso médio de parte aérea de cinco cultivares de mandioca de mesa, colhidas aos 8 meses de idade. Dourados, MS. Médias seguidas não diferem entre si, pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade. A importância desse parâmetro refere-se ao fato de influenciar significativamente no cultivo da mandioca e na sua produção. Há de se destacar a importância do rendimento de parte aérea, pela necessidade de partes dessa ser utilizada como material propagativo de futuros cultivos. Outro fator a ser considerado é a possibilidade de se utilizar a parte aérea no arraçoamento animal, fazendo com que a planta de mandioca tenha um aproveitamento integral, tanto das raízes como a parte aérea (LORENZI e DIAS, 1993). No período em que foi realizada a colheita, a cultura encontrava-se em período de repouso fisiológico e, dessa forma, não apresentava folhagem, em função da queda das folhas por causa das baixas temperaturas. A cultivar CPAC 766-96 (233,5 cm) desenvolveu a maior altura de planta, não se diferenciando estatisticamente da CPAC 764-96 (225,8 cm) e da PIONEIRA (219,3 cm). A menor altura foi observada na cultivar PARANÁ (178,0 cm) (Figura 3). Assim como a produção da parte aérea sofre influência do genótipo- 18 Ensaios e ci., Campo Grande - MS, v. 5, n. 2, p. 11-26, ago. 2001
ambiente, Vidigal Filho et al. (2000), sugerem que a altura da planta sofra a mesma interferência. Figura 3 - Altura média de planta de cinco cultivares de mandioca de mesa, colhidas aos oito meses de idade. Dourados, MS. Médias seguidas não diferem entre si, pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Quanto à produção de raízes, as cultivares CPAC 768-96 (29.121 kg. ha -1 ), CPAC 764-96 (24.805 kg.ha -1 ), PIONEIRA (24.453 kg.ha -1 ) e PARANÁ (23.281 kg.ha - 1 ) apresentaram as maiores produções, não diferindo estatisticamente entre si. A cultivar CPAC 766-96 (16.915 kg.ha -1 ) apresentou o menor rendimento entre os materiais estudados (Figura 4). Em função de a colheita ter sido executada oito meses após o plantio, sugere-se que as cultivares mais produtivas sejam mais precoces em relação às demais. Ensaios e ci., Campo Grande - MS, v. 5, n. 2, p. 11-26, ago. 2001 19
Figura 4 - Produção média de raiz de cinco cultivares de mandioca de mesa, colhidas aos oito meses de idade. Dourados, MS. Médias seguidas não diferem entre si, pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade. O teor de amido das raízes de mandioca é uma característica que determina o maior ou menor valor pago pelas indústrias, pois está diretamente ligado ao rendimento industrial dos diversos produtos derivados da mandioca (SARMENTO, 1997). Além disso, o amido acumulado nas raízes está relacionado com o tempo de cozimento (FATO RURAL, 2000). Na porcentagem de amido, sobressaíram-se as cultivares CPAC 766-96 (33,87%), PARANÁ (33,75%) e PIONEIRA (28,06%), que não diferiram estatisticamente entre si. Os menores teores foram observados nas cultivares CPAC 764-96 (26,94%) e CPAC 768-96 (25,62%), embora estas não tenham diferenciado estatisticamente da PIONEIRA (Figura 5). Fukuda e Borges (1988) consideram bons teores de amido, aqueles que situam em torno de 30%. 20 Ensaios e ci., Campo Grande - MS, v. 5, n. 2, p. 11-26, ago. 2001
Figura 5 - Teores médios de amido de raiz de cinco cultivares de mandioca de mesa, colhidas aos oito meses de idade. Dourados, MS. Médias seguidas não diferem entre si, pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade. O particionamento de fotoassimilados na mandioca deve ser feito de forma a proporcionar o desenvolvimento e manutenção das folhas já existentes, além de garantir a produção de novas e, ao mesmo tempo, direcionar partes desses assimilados para o crescimento de raízes (PORTO, 1986). O índice de colheita determina a relação entre a massa do órgão de interesse econômico, no caso as raízes e massa total da planta, e serve para identificar as cultivares cujas raízes apresentam alta capacidade de atrair carboidratos produzidos pelas folhas (CRUZ e PELACANI, 1998). Apesar de El-Sharkawy et al. (1989), citados por Cruz e Pelacani (1998), considerar que o índice de colheita de 60% encontrados em alguns clones de mandioca ser elevado e que a seleção realizada pelos produtores, praticamente esgotou a possibilidade de se obterem aumentos de rendimentos decorrentes da elevação desse parâmetro, utilizado como forma de melhorar o potencial produtivo de várias culturas. As melhores relações entre a parte aérea e raízes, expressas pelo índice de colheita, foram observadas nas cultivares CPAC 768-96 (64,32%), PIONEIRA (61,55%) e PARANÁ (60,02%), que não diferiram estatisticamente entre Ensaios e ci., Campo Grande - MS, v. 5, n. 2, p. 11-26, ago. 2001 21
si. A cultivar CPAC 764-96 (52,00%) apresentou índice de colheita estatisticamente igual à PARANÁ (60,02%) e CPAC 766-96 (44,89%). Para os autores citados anteriormente, o aumento do índice de área foliar e na taxa fotossintética são as formas de aumentar o rendimento das cultivares atualmente em uso pelos agricultores (Figura 6). Figura 6 - Indíce de colheita de cinco cultivares de mandioca de mesa, colhidas aos oito meses de idade. Dourados, MS. Médias seguidas não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Os resultados de tempo de cozimento e padrão de massa cozida têm grande importância no mercado atual, pois são características desejadas pelo consumidor final, cada vez mais exigente. Com o crescimento de indústrias de mandioca précozida e de massa, tais parâmetros garantem características importantes à competitividade dos mercados locais. O baixo tempo de cozimento, gera economia de energia, sendo uma característica desejada pelas donas de casa. A falta de regularidade na qualidade culinária das raízes de mandioca é um dos fatores que restringem o seu consumo. O tempo de cozimento relacionase bem com a qualidade de massa cozida, isto é, bons tempos de cozimento proporcionam melhores massas (PEREIRA, LORENZI e VALLE, 1985). 22 Ensaios e ci., Campo Grande - MS, v. 5, n. 2, p. 11-26, ago. 2001
O menor tempo de cozimento foi observado na cultivar PIONEIRA (10,6 min) diferenciando estatisticamente das demais. Tempos intermediários foram obtidos pelas cultivares PARANÁ (13,1 min) e CPAC 764-96 (15,3 min). Os maiores tempos de cozimento foram obtidos pelas cultivares CPAC 766-96 (16,8 min) e CPAC 766-96 (18,3 min) que se comportaram estatisticamente iguais (Figura 7). Segundo padrão proposto por Pereira, Lorenzi e Valle (1985), a cultivar PIONEIRA apresentou ótimo tempo de cozimento e as demais, apesar das diferenças estatísticas, podem ser consideradas como boas quanto a esse parâmetro, situando-se na faixa de 11 a 20 minutos. Figura 7 - Tempo de cozimento de raiz de cinco cultivares de mandioca de mesa, colhidas aos oito meses de idade. Dourados, MS. Médias seguidas não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Com relação ao padrão de massa cozida, a cultivar PARANÁ (10,0) apresentou excelente padrão de massa cozida, seguida pela PIONEIRA (6,8) e CPAC 768-96 (6,0). As cultivares CPAC 764-96 (5,0) e CPAC 766-96 (5,0) apresentaram as menores qualidades no que se refere a padrão de massa, apresentando notas muito baixas (Figura 8). A cultivar PARANÁ apresentou-se Ensaios e ci., Campo Grande - MS, v. 5, n. 2, p. 11-26, ago. 2001 23
não encaroçada, plástica e não pegajosa, conferindo ótima aptidão para a produção de massa. As cultivares CPAC 768-96 e PIONEIRA apresentaram massa não encaroçada, ligeiramente plástica e não pegajosa, padrão intermediário, e as cultivares CPAC 766-96 e CPAC 764-96 apresentaram padrão de massa muito encaroçada, plástica e pegajosa, dificultando sua utilização nos principais produtos conhecidos que utilizam massa de mandioca. Além do tempo de cozimento e padrão de massa cozida, outros fatores como o teor de fibras, sabor e palatabilidade devem ser considerados para a definição de uma boa cultivar de mandioca de mesa (FUKUDA e BORGES, 1988). Outro fator importante para a escolha de um bom material, é a cor da polpa da mandioca, que obedece a preferências regionais. No caso dos materiais estudados, todas possuem a polpa amarela, com exceção do CPAC 766-96, que é branca. Figura 8 - Padrão de massa cozida de raiz de cinco cultivares de Mandioca, colhidas aos oito meses de idade. Dourados, MS. Médias seguidas não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. 4 CONCLUSÕES As cultivares CPAC 764-96 e CPAC 766-96 apresentaram os maiores pesos de ramas. 24 Ensaios e ci., Campo Grande - MS, v. 5, n. 2, p. 11-26, ago. 2001
As cultivares CPAC 766-96, CPAC 764-96, PIONEIRA e PARANÁ apresentaram as maiores produções de raízes. As cultivares PIONEIRA, PARANÁ e CPAC 764-96 apresentaram os menores tempos de cozimento. A cultivar PARANÁ apresentou o melhor padrão de massa cozida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONCEIÇÃO, A. J. A mandioca. Cruz das Almas: UFBA/EMBRAPA/ BNS/ BRASCAN NORDESTE, 1979. 382p. CRUZ, J. L.; PELACANI, C.R. Fisiologia da mandioca. In: CURSO ESTADUAL SOBRE A CULTURA DA MANDIOCA EM MATO GROSSO DO SUL, 1., 1998, Campo Grande, MS.[Palestras...]. [Campo Grande]: EMPAER-MS, [1998]. p. 1-42. FATO RURAL. Campo Grande: EMPAER-MS, 2000. FUKUDA, W. M. G.; BORGES, M. F. de. Avaliação qualitativa de variedades de mandioca de mesa. Revista Brasileira de Mandioca, Cruz das Almas, v. 7, n. 1, p. 63-72, 1988. LORENZI, J. O.; DIAS, C. A. de C. Cultura da mandioca. Campinas: CATI, 1993. 41p. (CATI. Boletim Técnico, 211). LORENZI, J. O. et al. Teor de ácido cianídrico em variedades de mandioca cultivadas em quintais do estado de São Paulo. Bragantia, Campinas, v. 52, n. 1, p. 1-5, 1993. LORENZI, J. O. et al. Características agronômicas e culinárias de clones de mandioca. Bragantia, Campinas, v. 47, p. 247-253, 1988. LORENZI, J. O. et al. Variedades de mandioca para o estado de São Paulo. Campinas: IAC, 1996. 58p. (IAC. Boletim Técnico, 162). OTSUBO, A. A.; MELO FILHO, G. A. de. A evolução da cultura da mandioca em Mato Grosso do Sul. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 1999. 32p. (Embrapa Agropecuária Oeste. Circular Técnica, 1). PEREIRA, A. S.; LORENZI, J. O.; VALLE, T. L. Avaliação do tempo de cozimento e padrão de massa cozida em mandiocas de mesa. Revista Brasileira de Mandioca, Cruz das Almas, v. 4, n. 1, p. 27-32, jun. 1985. PORTO, M.C.M. Fisiologia de mandioca. Cruz das Almas: EMBRAPA-CNPMF, Ensaios e ci., Campo Grande - MS, v. 5, n. 2, p. 11-26, ago. 2001 25
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