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Lra urna Fluxo de estudantes estrangeiros nas IES brasileiras mais do que dobra de 2005 a 2014. Aumento da oferta de aulas em ing12.s 6 desafio para um increment0 ainda maior por Luis Patriani

uais motivos levam um numero cada vez maior de estrangeiros a procurar as universidades brasileiras, principalmente para fazer cursos de pos-graduaqgo e especializaqso? No fim do seculo 20, talvez esta pergunta nem fosse feita, pois o fluxo de brasileiros para estudar fora era muito maior que o interesse de estudantes de outros paises pelo Brasil. De uns tempos para ca esta realidade vem mudando. De acordo com o Ministkrio das Relaqdes Exteriores, orggo responsavel pela emissgo dos vistos, em 2013 foram concedidos 13.211 vistos VITEM-IV, concedidos para alunos de graduaqiio e pos-graduaqiio, um aumento de 5% em relaqiio ao ano anterior. Se recuarmos ate 2005, quando foram emitidos apenas 5.770 vistos, 9 avanqo chega a expressiva cifra de 117%. Em 2014, as cidades que mais mandaram alunos ao Brad foram Paris (1.550), Bogota (1.437), Luanda (958), Cidade do Mexico (738) e Kfadri (603). As razdes para o aumento variam. Viio da simples curiosidade de estudar em uma naqiio estrangeira e conhecer outra cultura a posiqiio de destaque do pais na America Latina e nos BRICS, grupo formado por

Russia, China, ~ndia, Brad e ~frica do Sul. Alern desses fatores, o reconhecirnento da qualidade das universidades, sejarn elas publicas ou privadas, tambern ajuila a elevar a dernanda. 0s gargalos estruturais, no entanto, ainda estao presentes. "Algurnas universidades tern problernas para estabelecer grades curriculares cornpativeis e aproveitarnento de crgditos. Ate o prograrna Ciencia sern Fronteiras, do governo federal, encontra essa dificuldade, o que retarda o processo", diz Oscar Hipolito, reitor da Universidade Anhernbi Morurnbi e diretor academic0 da Laureate Brasil, entidade internacional corn rnais de 75 insti-

tuiqdes de ensino, em 29 paises. "Nossas institui~des t@m o DNA da internacionalizaqiio. Alunos da Universidade de Santander, na Espanha, t@m aulas de portugu@s para chegar aqui falando o idioma. As grades curriculares, por sua vez, siio harmonizadas e a dupla titulaqiio expande as oportunidades, a exemplo do que acontece na area de saude, em que profissionais estrangeiros conseguem trabalhar no Brad sem grandes dificuldades", observa Hipolito. No caso dos cursos de direito, o excesso de regulamentaqiio do nosso pais torna mais dificil para os alunos estrangeiros exercerem a profiss50 aqui, o que niio acontece no sentido inverso. "0s alunos da Anhembi Morumbi, apos cursarem um ano na Universidade de Madri, com quem temos parceria, ja conseguem o diploma aceito pela Comunidade Europeia", ressalta o diretor da instituiqiio. A@o interministerial Um dos modelos de interclmbio mais destacados para estrangeiros realizarem estudos de gra- duaqiio no pais 6 o Programa de ~studantes-~onv@nio de Graduaqiio (PEC-G), desenvolvido pelos ministerios das Relaqdes Exteriores e da Educaqiio, em parceria com universidades publicas e particulares. 0 projeto abre oportunidades a estrangeiros entre 18 e 25 anos, corn ensino medio completo, de paises em desenvolvimento com os quais o Brasil mantem acordos educacionais e culturais. 0 aluno selecionado pode cursar gratuitamente a graduaqiio, desde que atenda a criterios como provar ser capaz de custear suas despesas no Brasil, ter certificado de conclusiio do ensino medio e proficihcia em lingua portuguesa, no caso dos alunos de naqdes fora da Comunidade de Paises de Lingua Portuguesa (CPLP). Atualmente o programa conta com cerca de dois mil alunos estudando em todas as regides brasileiras. A media 6 de 250 estudantes por ano. De acordo corn infor- te

maqbes do MEC, em 1974, o PEC-G deixou de ser restrito aos paises latino-americanos, e as questdes como transferencia de cursos e transferencias externas passaram a ser atribuiqiio das institui@es. Em 1986, quando o programa era coordenado pela Capes, houve a assinatura de um novo protocolo, o que significou um avanqo na defini~iio de limites para a conclusiio dos cursos de graduaqiio. Em 1998, com a coordenaqiio de volta a Secretaria de Educaqiio Superior do MEC, a principal mudanqa foi a obrigatoriedade de aprovaqiio no exame CELPE-Bras (Certificado de Proficiencia em Lingua Portuguesa para Estrangeiros). Em 2005 foi criado o Projeto Milton Santos de Acesso ao Ensino Superior (Promisaes), de concessiio de auxilio financeiro associado ao PEC-G. Foram estabelecidas diretrizes para a execuqiio do projeto, vinculando o valor do auxilio ao salario mini- Bogota 1.437 mo. Em junho de 2012, o valor foi fixado em R$ 622.00. Algumas universidades acrescentam p~ojetos de ajuda, como o Programa Bolsa Apoio ao Estudante Estrangeiro da Universidade Federal Fluminense (UFF), que atende alunos estrangeiros que apresentem dificuldades socioecon6micas. A UFF tambpm oferece o Programa de Moradia para Alunos Estrangeiros (MAE), cujo objetivo e proporcionar aos servidores e professores da universidade a oportunidade de receber um aluno estrangeiro em sua casa. Um dos entraves a maior abertura aos estudantes estrangeiros e a questiio da lingua. Um dos principais desafios do ensino superior brasileiro, public0 e privado, e aumentar a oferta de disciplinas ministradas em ingles, o que possibilitara melhorar a avaliaqiio nos rankings internacionais. A Universidade Estadual Paulista (Unesp), por exemplo, oferece 50 disciplinas da pos- -graduaqiio ministradas em ingles nas areas de odontologia, literatura, ciencias agrarias e energias alternativas. A Universidade de Siio Paulo (USP) tem em sua grade permanente aulas de ingl2s na Faculdade de Economia, Administraqiio e Contabilidade de Ribeiriio Preto e na unidade de Piracicaba (Esalq). Na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) ha aulas em ingles nos cursos de administraqiio e relaqdes internacionais. A oferta de cursos de lingua portuguesa para estrangeiros tambem esta na mira das universidades brasileiras. A PUC-RJ e a primeira instituiqiio de ensino superior brasileira com um curso de pos-graduaqiio em forma~iio de professores de portugues para estrangeiros. Lusofonia em cena A barreira da lingua niio e um problema para estudantes vindos de paises colonizados pelos portugueses. 0 angolano Marcelino Suquina, 43 anos, que hoje trabalha como Analista da Atenqiio a Saude na Unimed do Parana e e coordenador de enfermagem na Home Care Lar e Saude, fez bom uso da lingua patria no curso de enfermagem na Universidade Tuiuti do Pa-

rana (UTP) com colegas de Moqambique e "Sai de Angola porque n5o dava mais para Cabo Verde. Atualmente, 48 estudantes de viver em um pais corroido pela guerra civil. varios paises estiio matriculados na UTP. A 0 visto de estudante que consegui foi deprova de admissso aplicada aos brasileiros terminante para mudar a minha vida. Com e a mesma para os estrangeiros, que somen- ele, fiz o curso de enfermagem e pude me te com a decla.raqiio dx universidade con- estabelecer no Brasil, onde casei e tive dois seguem o visto de permanhcia no Brasil. filhos", conta Marcelino. rn