GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA NUMA ESCOLA PÚBLICA NA CIDADE DE AREIA: um trabalho educativo Maria Das Mercês Serafim Dos Santos Neta; Universidade Federal Da Paraíba (UFPB); Maria-merces2011@hotmail.com Ana Cristina Silva Daxenberger (UFPB) an.daxenberger@gmail.com Lidiane Alves Soares; Universidade Federal Da Paraíba (UFPB); Lidiane_Alves16@Hotmail.Com Orientadora: Ana Cristina Silva Daxenberger (UFPB) an.daxenberger@gmail.com INTRODUÇÃO A adolescência é o período de transição entre a infância e a idade adulta, a qual é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), cronologicamente, o período entre 10 e 19 anos, e segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n.º 8.069/90, adolescente é todo indivíduo com idade entre 12 e 18 anos (BRASIL 1990). É nessa fase que os adolescentes começam a perceber o sexo oposto como algo atraente, aumentando o desejo de contato entre os corpos, intensificando a curiosidade da vida sexual e sua própria sexualidade. É também nesse período que os adolescentes, em sua maioria, distanciam-se dos pais, seguindo conselhos geralmente ditados pela sociedade através da mídia e dos amigos, acarretando em consequências drásticas, como por exemplo, a gravidez indesejada (CANELLA, 1998). A família, muitas vezes, é o primeiro obstáculo quando não há diálogo com os pais deixando estes desorientados e fazendo agir com agressividade. Apesar das discussões e trabalhos de informação desenvolvidos para diminuir o índice de adolescentes grávidas, o Brasil ainda encontra-se com um índice
elevado. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre 2011 e 2012, o total de filhos gerados quando as mães tinham entre 15 e 19 anos quase dobrou: de 4.500 para 8.300. Conforme os dados da Secretaria Municipal de Saúde (2013) da cidade de Areia, de 100% das mulheres grávidas, no munícipio, 22,2% são adolescentes com idade inferior a 20 anos. Estes dados mostram que ainda faltam ações afirmativas às populações carentes, sendo essencial exigir do poder público, projetos que venham a favorecer aqueles que estão à margem da sociedade condições de conhecimento sobre a responsabilidade da maternidade e os cuidados sobre à saúde da adolescência. A mãe adolescente tem maior morbmortalidade por complicações na gravidez, desde 1977/1978 a OMS passou a considerar a gravidez na adolescência como sendo de alto risco, devido às repercussões sobre a saúde da mãe e do bebê. Em sua maioria a mãe não apresenta condições fisiológicas completas para gerar um novo ser, apresentando-se com maiores riscos na gravidez do que a mulher adulta (BRITO, et al. 1997). Diante de uma situação desesperadora a adolescente recorre ao aborto e interrupção da gravidez antes da viabilidade fetal, ou seja, antes da 20ª semana, podendo ser espontâneo ou provocado (COSTA, 2001), colocando em riscos não só a sua vida como também a do bebê. O alto índice da gravidez precoce demonstra a necessidade de que sejam desenvolvidas ações voltadas para o comportamento do adolescente, sendo de grande importância à parceria com outros setores da sociedade como escolas e instituições não governamentais, utilizando a informação como principal instrumento para diminuição desse índice. Por este motivo, as ações afirmativas, relatadas e avaliadas neste artigo, foram desenvolvidas com um grupo de estudantes da escola pública estadual, na cidade de Areia, e visualizou um grupo de estudos e formação considerando os aspectos críticos e essenciais sobre a sexualidade na adolescência, e nos permitiu constar dados sobre o que os adolescentes sabem e compreendem sobre a gravidez na adolescência. Isto se fez necessário o alto índice de grávidas jovens na cidade, exigindo uma atuação educativa. METODOLOGIA
As atividades tiveram como objetivo desenvolver ações com os estudantes do 3 Ano do ensino médio, de uma escola pública, de forma a proporcionar uma maior conscientização sobre o tema gravidez na adolescência, sendo abordado através de subtemas como; aborto, os riscos da gravidez precoce e os métodos contraceptivos, a partir do índice de adolescentes grávidas no município. As ações afirmativas expostas neste artigo foram desenvolvidas em três encontros: no primeiro, aplicamos um questionário semiestruturado, contendo perguntas abertas e fechadas a fim de conhecer o perfil dos alunos e avaliar a opinião dos mesmos. No segundo, expomos o tema através de data show, com slides contendo o conceito de adolescência, gravidez na adolescência, riscos, aborto e os métodos contraceptivos. Utilizamos um vídeo ilustrativo sobre aborto a fim de conscientizar os jovens a não cometer atos que mais tarde possam causar arrependimento; no terceiro, realizamos uma dinâmica sobre mitos e verdades a respeito da sexualidade, visto que muitos adolescentes não conversam sobre o tema com os pais, dessa maneira dividimos a turma em dois grupos e com a utilização de um baralho feito por nossa equipe contendo frases afirmativas, que poderia ser um mito ou uma verdade. Solicitamos um representante de cada grupo que escolhesse uma carta e lesse a frase escrita para os demais colegas, a mesma deveria ser refletida por todos os integrantes e depois eles deveriam responder se a frase era um mito ou verdade, caso acertassem o grupo pontuava. Desta maneira repetiu-se o mesmo procedimento até não restar mais cartas sobre a mesa e o grupo com mais pontos foi o vencedor. A colaboração da turma resultou num aprendizado recíproco, pois em todos os encontros os alunos realizavam perguntas mostrando-se participativos e interessados no assunto, criando um âmbito agradável de comunicação. Concluímos nossa ação afirmativa com a distribuição de folders e preservativos, frisando a importância de prevenir uma gravidez indesejada assim como as DSTs. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nossa ação foi desenvolvida com uma amostra composta por 18 alunos, sendo 3 meninos e 15 meninas, com idades entre 16 e 21 anos, os quais respondendo ao questionário obtemos os seguintes dados; 13 (72%) conhecem grávidas na escola,4 (22%) não conhecem e 1 (6%) não responderam. Ao se questionar qual era a melhor idade a ser iniciada a relação sexual, 4 (quatro) responderam aos 17 anos, 3 alunos responderam com 18 anos, 2 alunos responderam com 19, 1 estudante respondeu com 16 anos, 1 aluno com 15 anos e 1 estudante aos 25 anos. Entretanto 4 acham que não há idade certa para se iniciar a vida sexual e sim quando se estar preparado para realizar o ato. Como ilustra a fala da aluna A: Não há idade certa, mas sim condições psicológicas e físicas para o ato acontecer, além disso não deve só satisfazer o parceiro, mas você também. ( Aluna A) Mostrando assim que para a maioria destes alunos a vida sexual é iniciada na adolescência, numa face de instabilidade emocional, hormonal e sem responsabilidade para as consequências do ato sexual. Ao questionar quais os motivos da ocorrência da gravidez na adolescência, 10 (53%) concordaram que o principal motivo é a submissão ao parceiro, 6 (31%) acreditam que a falta de experiência na utilização de contraceptivos, seja uma das causas de tantas meninas engravidarem na adolescência, e 3 (16%) estudantes afirmam que a falta de informação por meio dos órgãos competentes influenciam a gravidez precoce. Notase que ainda existe falta de autoconfiança feminina para valorização do sexo, evitando em muitos casos a submissão em relação ao parceiro, uma vez que a maioria dos entrevistados são mulheres. Mesmo o aborto sendo ilegal no Brasil, apenas com exceções quando há risco de vida da mãe causado pela gravidez, e/ou quando essa é resultante de um estupro e se o feto não tiver cérebro. Nota-se que entre os estudantes participantes da pesquisa, 7 (23%) alunos desconhecem alguém que já tenha praticado aborto, porém 11 (77%) já conhecem indivíduos que já realizaram o aborto. Mediante esses dados podemos notar que mesmo tendo conhecimento das leis, e sabendo que com a realização do aborto podem estar pondo em a risco a sua vida e a do bebê, as jovens não querem perder sua liberdade, acreditam que com a chegada de uma
criança em suas vidas não conseguirão realizar as mesmas atividades de antes como, por exemplo, de ir para festas aos finais de semana, sendo assim realizam o aborto sem nenhum critério moral ou legal. Os dados também apontam, que todos os entrevistados não incentivariam ninguém a realizar um aborto. As ações desenvolvidas foram de suma importância para os alunos, uma vez que os mesmos tiveram a oportunidade de ter acesso a informações esclarecimentos de suas dúvidas. CONCLUSÃO Pelo fato do tema sexualidade ainda ser um grande tabu em nossa sociedade e os adolescentes não terem oportunidade de falar sobre este tema com seus pais e na própria escola, às ações realizadas neste trabalho foram de suma importância para a educação em saúde (gravidez, aborto e prevenção) contribuindo assim para a vida sexual dos adolescentes. Concluímos que as ações desenvolvidas com os alunos de ensino médio apresentaram uma dupla contribuição, tanto nos aspectos educativos de redução do número de mulheres grávidas na cidade como na diminuição de infecção com DSTs, uma vez que levando informação as pessoas têm mais possibilidades de prevenção. Sendo que ainda existe a necessidade de estudos futuros que contribuam para a corroboração do nosso trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS Areia. Secretaria Municipal de Saúde de Areia, Índice de jovens grávidas na cidade, 2013. Brasil. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei Federal N. 8.069, Senado Federal: Brasília, 1990. BRITO. P. L.; ALMEIDA. E.C.S.; CANELLA. P.; PINTO. C.T. Alguns Aspectos das Disfunções Sexuais Femininas. Ap Atual n 3. 1997.
CANELLA P. Problemas da sexualidade na adolescência. Ginecologia e Obstetrícia, Atual, v.7, p. 44-45, 1998. COSTA. F. M. V.; CARVALHO. R. Grande Dicionário de Enfermagem. Atual. Rio de Janeiro, 2001.