1 DIREITO ADMINISTRATIVO PONTO 1: Requisitos dos atos administrativos - continuação PONTO 2: Formas de extinção ou invalidação dos atos administrativos PONTO 3: Administração Pública 1. Requisitos dos atos administrativos - continuação: 1) competência (ou sujeito); 2) finalidade; 3) forma; 4) o motivo; 5) o objeto (conteúdo ou conseqüência). Requisitos: Competência Finalidade Forma Motivo Objeto Atos vinculados: Lei Lei Lei Lei Lei Atos Lei Lei Lei Conveniência e Conveniência e discricionários: oportunidade oportunidade Obs: atos arbitrários são atos ilegais. Lei (4717/65) da ação popular traz esta lista no art. 2 1. 5) Objeto: Todo ato administrativo tem seu conteúdo, a sua consequência, o seu objeto. Para os atos vinculados o objeto esta na lei, e para os atos discricionários dependerá de uma escolha, segundo critérios de conveniência e oportunidade. 1 Art. 2º. São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: a) incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade do objeto; d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade.
2 No ato vinculado o fato está ligado a uma regra que aponta um único caminho. No ato discricionário o fato está ligado a uma regra que aposta vários caminhos, mas estes caminhos não podem ser inconstitucional, ilegal, desarrazoado, desproporcional. Esse espaço das escolhas razoáveis é denominado o mérito do ato administrativo, é uma zona imunizada à apreciação judicial, em respeito ao principio da separação dos poderes. Há discricionariedade no momento em praticar o ato vinculado. Há vinculação no ato discricionário na competência, finalidade e forma, isso representa o exercício de um poder relativo. Mérito administrativo, o judiciário avalia os limites do poder discricionário. 2. Formas de extinção ou invalidação dos atos administrativos: 1. Anulação: É um exemplo de ato vinculado que incide sobre atos administrativos arbitrários (ilegais) impedindo que os mesmos continuem produzindo seus efeitos, além de apagar os já produzidos (efeito ex tunc). Ex: ato vinculado que desviou da sua finalidade, não é mais vinculado, mas ato arbitrário (Lei 9784/00 art. 53 2 ). Como decorrência do princípio da legalidade no âmbito do controle interno, no exercício da auto tutela deve a autoridade deve a autoridade anular os atos ilegais (lei 8666/93, art 49 3 - dever de anular). Contudo decai o direito-dever da administração de anular atos ilegais depois de 5 anos, quando produzidos efeitos favoráveis para os administrados, salvo comprovada má-fé (lei 2 Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. 3 Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do procedimento somente poderá revogar a licitação por razões de interesse público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.
3 9784/99, art. 54 4 ). É uma decorrência do principio da segurança jurídica, ou confiança, ou boafé dos administrados (temos uma colisão de princípios legalidade x segurança jurídica). Caso: tenho um ato ilegal praticado pelo Estado, ou pelo Município há mais de 5 anos, como não tenho uma lei estadual ou municipal, posso admitir por analogia a aplicação da regra da lei 9784/99. Por fim, o art. 55 5 da lei 9784/99 sugere que todo ato ilegal tenha perspectiva da convalidação, se não houver prejuízo ao interesse público, nem a terceiros de boa-fé. No âmbito do controle externo o judiciário pode ser provocado via ação judicial para anular atos ilegais. Contudo, não lhe é permitido sindicar (interferir) o mérito do ato administrativo, mas apenas avaliar os limites da discricionariedade. Ex.1: o governador tem que escolher entre 3 membros do MP para o novo desembargador, o governador escolhe o sujeito A - ato discricionário, o sujeito B diz que o sujeito A só tem graduação, e que ele, B, tem mestrado, livro publicado, assim B ingressa no judiciário dizendo que tem mais conhecimento jurídico, o juiz dirá que em respeito ao princípio da separação dos poderes é uma escolha típica de mérito administrativo. Ex.2: o governador se depara com 3 homens, e diz que não quer nenhum deles. Porque há uma mulher na lista, assim o governador se nega a escolher. Assim, o governador escolhe um quarto nome. Um dos três sujeitos da lista propõe uma ação judicial, dizendo que a escolha ultrapassa os limites do poder discricionário, pois é inconstitucional, já que a constituição diz que a escolha tem que ser entre 3 pessoas, e não 4. Aqui o juiz pode anular. Ex.3: Caso medicamentos: A administração pode dizer que a concessão de medicamentos é ato discricionário, e com base na teoria da reserva do possível, a administração se reserva no direito do que é possível. O judiciário diz que é ato vinculado, porque a Constituição fala em dever, tem que conceder. O judiciário pode dizer admitir que se trata de ato discricionário, mas não é razoável escolher não realizar determinadas políticas 4 Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. 5 Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.
4 públicas, ou seja, políticas públicas que digam com o mínimo existencial têm que conceder. O judiciário pode não conceder, porque há medicamento genérico, etc. *É dever da autoridade anular o ato ilegal, caso não anule chama-se o judiciário para anular, este só não pode adentrar no mérito administrativo. 2. Revogação: É um ato discricionário que incide sobre atos legais, que, todavia, deixaram de ser convenientes e oportunos. Revogar é um ato discricionário que incide apenas sobre atos discricionários, impedindo que os mesmos continuem produzindo seus efeitos, mas sem apagar os já produzidos (efeito ex nunc). Ex1: lei 9784 art. 53 6 - a lei refere dever de anular e possibilidade de revogar. Ex2: lei 8666, art. 49 7 - a qualquer tempo pode revogar a licitação por inconveniência ou inoportunidade. Ex3: lei 8112/90, arts. 80 8 e 91 9. O art. 80 trata das férias, e o art. 91 trata da licença para tratamento. Fato o servidor trabalhou 18 meses e pediu férias, essas poderão ser concedidas ou não (ato discricionário), porque as férias do servidor podem ser acumuladas até 24 meses. Mas a administração concede as férias e 8 dias após a administração precisa do servidor, então ela revoga o ato, mas os 8 dias não serão apagados. Da mesma forma a licença pode ser revogada a qualquer tempo. 6 Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. 7 Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do procedimento somente poderá revogar a licitação por razões de interesse público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado. 8 Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas por motivo de calamidade pública, comoção interna, convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada pela autoridade máxima do órgão ou entidade. 9 Art. 91. A critério da Administração, poderão ser concedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em estágio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração.
5 Agora se as férias somente foi concedida após 24 meses, então aqui o ato é vinculado, e a administração precisa do servidor: é um dilema que a lei não resolve. Proposta uma ação judicial o judiciário pode revogar um ato administrativo? Não, porque revogar é analisar conveniência e oportunidade, revogar é analisar o mérito do ato administrativo. No controle externo o judiciário provocado por ação judicial não tem poderes para revogar um ato administrativo, pois isso implicaria invadir o mérito do ato. Todavia o judiciário no desempenho das funções administrativas tem poderes para revogar os próprios atos. (STF, Súmula 473 10 ). Observações: - Constituição Federal art. 5º, XXXV 11 ressalva em todos os casos a apreciação judicial, para dizer que sim ou que não. - Lei 9784/99, art. 56 12. No judiciário só se discute ilegalidade, se a parte pretender discutir mérito administrativo será apreciado seu pedido, mas improcedente será o pedido. 3) Caducidade: Atos vinculados e atos discricionários dependem da existência de lei anterior, e quando é revogada o ato caduca, desaparece, com efeito ex nunc. Não se pode confundir com o decreto de caducidade em relação a contratos de concessão ou permissão que não estão sendo cumpridos pelo contratado, conforme previsto na lei 8987/95, art. 35 13 e 38 14. Se um ato administrativo ou um contrato administrativo é ilegal 10 Súmula 473, STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. 11 Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; 12 Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade e de mérito. 13 Art. 35. Extingue-se a concessão por: I - advento do termo contratual;
6 ANULAR. Agora quando um ato administrativo está baseado em lei que é revogada o ato desaparece, diz-se que ele caducou. Cabe ressalvar que caducidade de contratos é diferente. 4. Cassação: Alguns atos administrativos condicionam à produção de seus efeitos ao respeito permanente com relação a certas exigências. Quando desatendidas tem-se uma hipótese de cassação, com efeito ex nunc. Ex: concessão da carteira de motorista para quem preenche os requisitos é ato vinculado, logo é licença para dirigir (preenchem-se os requisitos e a administração pode me conceder é autorização, ato discricionário). O sujeito tem 20 pontos na carteira, isso é caso de cassação, pois na medida em que o sujeito deixou de preencher os requisitos terá a carteira cassada. Ex: bares que deixam mesas e cadeiras na calçada, há regras de medida e horário que se desobedecidas podem implicar em cassação do alvará de funcionamento. Ex: quando o servidor aposentado é punido por fato praticado quando do exercício da função, ele não pode ser demitido (demissão gera vacância do cargo), porque o cargo já vagou quando o servidor se aposentou, então o punição será cassação de aposentadoria. 3. Administração Pública: No Brasil o conceito de administração pública em sentido formal (ou subjetivo) resulta da soma da administração direta com a administração indireta. Administração direta é a centralizada e a indireta a descentralizada, e soma das duas é o Poder Público. II - encampação; III - caducidade; IV - rescisão; V - anulação; e VI - falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual. 14 Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, a critério do poder concedente, a declaração de caducidade da concessão ou a aplicação das sanções contratuais, respeitadas as disposições deste artigo, do art. 27, e as normas convencionadas entre as partes.
7 De outro lado o conceito de administração pública em sentido material (ou objetivo) compreende a soma da administração direta com a administração, indireta além de um conjunto de entidades que estão ao lado do Estado e com ele colaboram (as paraestatais). São exemplos de paraestatais as concessionárias, as permissionárias, as autorizatárias, as organizações sociais, as organizações da sociedade civil de interesse publico (OCIPS), os serviços sociais autônomos e as entidades controladas pelo poder público. Na administração indireta temos: autarquias, fundações públicas de direito público, associações públicas, fundações públicas de direito privado, empresas públicas, sociedade de economia mista, sendo que as três primeiras são pessoas jurídicas de direito públicos, e as últimas pessoas jurídicas de direito privado. Art. 175 15 CF e Lei 8987/95 - incumbe ao Estado prestar serviço público, mas pode delegar por concessão ou permissão fazendo licitação. Ad. Direta + Ad. Indireta = Poder Público (centralizada) (descentralizada) Paraestatal: - concessionárias e permissionárias (CF, art. 175); - autorizatárias (art. 209 16, CF). As universidades são autorizatárias. 15 Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. 16 Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: I - cumprimento das normas gerais da educação nacional; II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.