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Transcrição:

Colômbia Desempenho Econômico e Comércio Internacional Ricardo Dathein I Aspectos Estruturais e Desempenho de Longo Prazo da Economia A Colômbia possuía 44,5 milhões de habitantes em 28, em uma área de 1,1 milhão de quilômetros quadrados. Conforme pode ser observado na Tabela 1, em 28, seu Produto Interno Bruto (PIB) foi, quando se considera o valor corrente de sua moeda convertida em dólares estadunidenses, de US$ 24,7 bilhões, ou de US$ 396,6 bilhões em paridade de poder de compra (PPC), sendo a 38ª ou a 28ª economia do mundo em cada um desses conceitos, respectivamente. Em termos per capita, os valores caracterizam um país de desenvolvimento médio (renda de US$ 4.985, em valores correntes, ou US$ 8.215, em PPC). Em termos do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), a Colômbia está classificada como tendo desenvolvimento médio, sendo a 8ª nação (dado de 26), com expectativa de vida de 72,5 anos, taxa de analfabetismo de 7,7% e taxa combinada de matrículas no ensino fundamental, médio e superior de 77,8% (UNDP, 28; e Tabela 1). A pobreza e a desigualdade são elevadas, com 49,2% da população vivendo abaixo da linha de pobreza, e um Índice de Gini da renda familiar igual a 53,8, o que representa o 15º mais desigual do mundo (CIA, 29). Na economia colombiana, do ponto de vista da estrutura produtiva, em 28, a agricultura respondia por 9,% do produto, a indústria por 38,1%, e os serviços por 52,9% (CIA, 29). Pela ótica da demanda, em 28, o consumo privado correspondeu a 62,5% do PIB, o consumo público a 16,3%, e os investimentos a 24,7%. Já as exportações de bens e serviços corresponderam a 18,2% do PIB, e as importações de bens e serviços a 21,7% (IMF, 29a). 24

Com exportações de US$ 37,6 bilhões e importações de US$ 39,7 bilhões, em 28, a Colômbia foi responsável por,2% do total mundial de mercadorias exportadas e importadas (World Trade Organization, 29). O estoque de investimento direto estrangeiro (IDE) na Colômbia, em 27, atingiu US$ 56,2 bilhões, ao passo que o fluxo de ingresso de IDE foi de US$ 9, bilhões (Tabela 1). Esse estoque de entrada representou 32,7% do PIB, enquanto o fluxo de entrada correspondeu a 22,9% da Formação Bruta de Capital Fixo. Em termos de IDE da Colômbia, em 27, o estoque de investimentos diretos desse país no exterior foi de US$ 1,4 bilhões, enquanto o fluxo de saída foi de US$,4 bilhão (UNCTAD, 28). Por outro lado, como mostra o item 4 da Tabela 1, os indicadores de competitividade, tais como os gastos em pesquisa e desenvolvimento e os índices de competitividade global, sugerem uma posição frágil nos rankings produzidos por agências multilaterais e instituições de pesquisa. Após uma forte crise econômica em 1999, depois de 21 a Colômbia cresceu de forma ascendente até 27, alcançando uma média de 5,5% ao ano no período 23-27, acompanhando o bom momento internacional (Gráfico 1). Em 28 e 29, no entanto, a taxa reduziu-se substancialmente. A produção industrial elevou-se fortemente em 26 e 27 (quase 11% ao ano), mas em 28 apresentou taxa negativa de 3,4%. 1 A população economicamente ativa de 21,3 milhões de pessoas (dado de 28) está distribuída em 22,4% na agricultura, 18,8% na indústria e 58,8% em serviços (dados de 25). A taxa de desemprego reduziu-se após 22, com o elevado crescimento, mas ainda foi de 11,3% em 28. 2 Os investimentos, por outro lado, depois da forte queda de 1999, recuperaram-se consistentemente, chegando a quase um quarto do PIB em 28 (Gráfico 2). 1 Dados obtidos no site do Banco de la República de Colombia em 29. 2 De acordo com CIA (29) e com dados obtidos no site do Economist Intelligence Unit em 28. 25

1. Área e População Tabela 1. Indicadores Selecionados da Colômbia Indicador Ranking Fonte Área (milhares de km 2 ) 1.138,9 26 o World Bank 1 População em 28 (milhões/habitantes) 44,5 29 o World Bank 1 2. Economia PIB 28 - valores correntes (US$ bilhões) 24,7 38 o IMF WEO 2 PIB 28 - PPC (US$ bilhões) 396,6 28 o IMF WEO 2 PIB per capita 28 - valores correntes (US$) 4.985 84 o IMF WEO 2 PIB per capita 28 - PPC (US$) 8.215 88 o IMF WEO 2 Exportações em 28 (participação no total mundial, %),2 58 o OMC/ WTO 3 Importações em 28 (participação no total mundial, %),2 54 o OMC/ WTO 3 IDE - estoque de entrada de investimento direto, 27 (US$ bilhões) IDE - fluxo de entrada de investimento direto, 27 (US$ bilhões) 56,2 45 o UNCTAD 4 9, 38 o UNCTAD 4 3. Desenvolvimento Humano IDH (Human Development Index), 26,787 8 o UNDP 5 4. Tecnologia, Competitividade e Instituições Networked Readiness Index (Tecnologia de Informação), 28-29 Gastos em Pesquisa e Desenvolvimento, média 2-25 (% do PIB) Exportações de Alta Tecnologia, 27 (% das exportações de manufaturas) 3,87 64 o Economic World Forum 6,17 83 o UNDP 5 2,9 85 o World Bank 1 Índice de Competitividade Global 28-29 4, 74 o Economic World Forum 7 Fonte: Elaboração própria a partir de IMF (29b), UNCTAD (28), UNDP (28), World Bank (29), World Economic Forum (28, 29), World Trade Organization (28, 29). (1) O Banco Mundial considera 21 países na elaboração dos rankings. O ranking de Exportações de Alta Tecnologia inclui 118 países com dados disponíveis para 27. (2) O FMI considera 182 países na elaboração do ranking de cada indicador. (3) A OMC considera 199 países no ranking. (4) A UNCTAD considera 29 países neste indicador. (5) A ONU considera 179 países em seu ranking. O IDH é elaborado com base na renda, escolaridade e expectativa de vida. (6) Indicador que procura capturar várias dimensões do processo de inovação tecnológica, variando de 1 a 7. O ranking inclui 134 países. (7) Índice que captura múltiplas dimensões da capacidade competitiva das nações, variando de 1 a 7. O ranking considera 134 países. 26

8 6,7 6,9 6 4 2 3,4,6 2,9 1,7 2,5 3,9 5,3 4,7 3,5 1,7 4, -2-4 -6-4,2 1997 1998 1999 2 21 22 23 24 25 26 27 28 29 21 Gráfico 1. Colômbia PIB, 1997-21 (variação anual real, %). Fonte: IMF World Economic Outlook. O dado de 21 é estimativa do FMI. 25 2 15 22,6 21,3 14,1 14,9 16, 17,3 18,7 19,4 2,2 22,4 23, 23,4 22,7 22,2 1 5 1997 1998 1999 2 21 22 23 24 25 26 27 28 29 21 Gráfico 2. Colômbia Taxa de Investimentos, 1997-21 (% do PIB). Fonte: IMF World Economic Outlook. A Colômbia passou por um boom exportador depois de 22, com as vendas de mercadorias crescendo, em dólares, a 21,% ao ano em média (entre 23 e 28). Nesse período, portanto, o setor externo foi um forte dinamizador da economia (IMF, 29a; World Bank, 28, 29). Isso permitiu um intenso aumento de importações, com média anual de crescimento de iguais 21,% no mesmo período. Com exportações de US$ 38,5 bilhões e importações de US$ 37,6 bilhões em 28, e com o desempenho anterior, o saldo comercial permaneceu positivo. No entanto, entre 25 e 27 as importações haviam crescido mais do que as exportações, mas em 28 esse resultado se reverteu (Gráfico 3). O resultado em transações correntes chegou a ser positivo em 1999 e 2, mas piorou posteriormente. Entre 24 e 28 esse saldo negativo aumentou, chegando a 27

-3,3% do PIB nesse último ano. Por outro lado, a relação da dívida externa com o PIB, que havia alcançado 47,9% em 23, reduziu-se fortemente após esse ano, chegando a 23,9% em 28 (Gráfico 4). 4. 35. 3. 25. 2. 15. 1. 5. -5. 1997 1998 1999 2 21 22 23 24 25 26 27 28 29 21 Exportação Importação Saldo Gráfico 3. Colômbia Exportações, Importações e Saldo Comercial, 1997-21 (US$ milhões). Fonte: IMF International Financial Statistics (29) e Deutsche Bank Research (29). Os dados de 29 e 21 são estimativas e projeções do Deutsche Bank. Dívida Externa 5 4 3 2 1 1997 1998 1999 2 21 22 23 24 25 26 27 28 29 21 1-1 -2-3 -4-5 -6 Resultado em Transações Correntes Dívida Externa Transações Correntes Gráfico 4. Colômbia Dívida Externa Total e Resultado em Transações Correntes, 1997-21 (% do PIB). Fonte: Deutsche Bank Research (29). Os dados de 29 e 21 são estimativas e projeções. 28

A dívida pública colombiana cresceu fortemente de 1997 a 23, passando de 17,8% a 5,7% do PIB nesse período. De 23 em diante houve redução, tendo alcançado 39,% em 28. A situação fiscal é bastante precária, com déficits médios de 5,1% do PIB entre 1997 e 25. Entre 25 e 28 esse déficit diminuiu, chegando a 2,2% do PIB nesse último ano, o que possibilitou a redução do peso da dívida pública (Gráfico 5). É importante ressaltar que a Colômbia tem um gasto militar elevado (segundo estimativa para 25, este correspondeu a 3,4% do PIB), por conta de seus problemas de guerra civil e narcotráfico. 3 A Colômbia tinha taxas de inflação próximas a 2% em 1997 e 1998. Desse período em diante elas foram reduzidas a cerca de 5% ao ano, patamar que permanece até hoje, com pequenas acelerações em 23 e 28. O Banco de la República, banco central colombiano, adota um sistema de metas de inflação, que estava na faixa de 4,5% a 5,5% ao ano em 29. 4 A taxa de juros básica real (money market) estava muito elevada no final dos anos 199. Após a redução da inflação, ela manteve-se moderadamente positiva, elevando-se em termos nominais nos anos recentes, tendo em vista a aceleração inflacionária. O crescimento do crédito doméstico, por outro lado, foi forte nos anos recentes, com uma variação média anual de 13,6% entre 24 e 28 (IMF, 29a) (Gráfico 6). 6 5-1 Dívida Pública 4 3 2 1-2 -3-4 -5-6 -7 Resultado Fiscal 1997 1998 1999 2 21 22 23 24 25 26 27 28 29 21 Dívida Pública Resultado Final Gráfico 5. Colômbia Dívida Pública e Resultado Fiscal, 1997-21 (% do PIB). Fonte: Deutsche Bank Research (29). Os dados de 28 a 21 são estimativas e projeções. 3 Conforme CIA (29), a título de comparação, o gasto militar dos EUA foi de 4,% do PIB em 25. Segundo World Bank (29), este gasto da Colômbia teria sido de 4,%, em 25, e 3,8% em 27. 4 Dados obtidos no site do Banco de la República de Colombia em 29. 29

45 4 35 3 25 2 15 1 5 1997 1998 1999 2 21 22 23 24 25 26 27 28 29 21 Money market rate Inflação Resultado Final Gráfico 6. Colômbia Crescimento do Crédito Doméstico, Taxa Básica de Juros e Inflação, 1997-21 (% ao ano). Fonte: IMF (International Financial Statistics) e The Economist Intelligence Unit. Os dados de 29 e 21 são estimativas e projeções. II Desempenho Econômico Recente Depois da aceleração econômica de 24 a 27, em 28 a economia colombiana já havia reduzido fortemente seu ritmo. O aumento da inflação que vinha ocorrendo e a deterioração do resultado em transações correntes do balanço de pagamentos poderiam estar indicando problemas de superaquecimento. A variação do PIB trimestral já havia estagnado no primeiro trimestre de 28, com fortes quedas na indústria da construção e na indústria manufatureira. No último trimestre de 28, as quedas foram ainda maiores nesses setores, e se tornaram quase generalizadas, com variação do PIB de -1,94%. No primeiro trimestre de 29, a variação do PIB foi de,23%, com uma importante recuperação do setor de construção. No entanto, em termos anuais, a taxa do primeiro trimestre foi negativa, assim como a do segundo trimestre, que foi de -,5%. Portanto, nesse conceito, já eram três trimestres consecutivos de variação negativa. 5 Com a crise econômica, as exportações e as importações cederam, com tendência de resultado negativo na Balança Comercial. Entre o primeiro semestre de 28 e o primeiro de 29, as exportações totais reduziram-se 18,9%, enquanto as exportações de petróleo e derivados, o principal item da pauta, reduziram-se em 39,5%. As importações totais, por outro lado, caíram 17,7% no mesmo período. 6 O saldo em transações 5 Dados obtidos em 29 nos sites do Banco de la República de Colombia e do Dane. 6 Dados obtidos em 29 no site do Dane. 21

correntes tendeu a crescer ainda mais (previsão de atingir quase 5% do PIB em 29), com aumento da dívida externa. A Colômbia pratica uma política cambial de taxas flexíveis, mas com regras de intervenção visando conservar a taxa de câmbio dentro de certos limites. Esses patamares, segundo o Banco de la República, devem garantir a manutenção de reservas cambiais com o objetivo de reduzir a vulnerabilidade a choques e devem limitar uma volatilidade excessiva que possa prejudicar o alcance das metas de inflação e dos objetivos de equilíbrio externo e financeiro. A moeda colombiana desvalorizou-se intensamente desde o final dos anos 199 até 23, quando chegou a quase três mil pesos colombianos por dólar dos EUA. De 24 a 28 houve valorização em termos médios anuais. No entanto, entre o início e o final de 28 houve desvalorização de 11,4%. Posteriormente houve uma revalorização importante. Portanto, percebe-se que, nesse contexto, o banco central colombiano teve dificuldades para alcançar seus objetivos de relativa estabilidade cambial. 7 Na esfera fiscal, a projeção era de forte deterioração, com o déficit público alcançando quase 6% do PIB em 29, e a dívida pública voltando a se elevar. A inflação havia apresentado aceleração em 27 (5,5%) e 28 (7,%), mas com a recessão e com o aumento dos juros, 8 já havia cedido para 3,1% anual em agosto de 29. Ou seja, substancialmente abaixo da meta de inflação. 9 A partir do final de dezembro de 28, o Banco de la República iniciou a redução de sua taxa de juros de intervenção. 1 III Comércio Internacional e Fluxos de Investimento A Colômbia é membro da Comunidade Andina de Nações (CAN) (grupo que reúne também o Peru, o Equador e a Bolívia), da Associação Latino- -Americana de Integração (Aladi) e da Associação dos Estados do Caribe (ACS). Possui tratados bilaterais de livre-comércio com o Chile, o México e a Venezuela, e também com a Comunidade do Caribe (Caricom). Um acordo de livre-comércio foi negociado com os Estados Unidos (US-Colombia Trade Promotion Agreement - CTPA), incluindo liberação de comércio de bens e serviços, direitos de propriedade intelectual e investimentos. No en- 7 Segundo dados do Banco de la República de Colombia e do Deutsche Bank. 8 A taxa de juros de intervenção do Banco de la República havia se elevado entre 1% e 11% no segundo semestre de 28. 9 Dado obtido em 29 no site do Banco de la República de Colombia. 1 Taxas mínima e máxima, conforme o Banco de la República de Colombia. 211

tanto, esse acordo ainda não foi ratificado, estando em tramitação no Congresso dos EUA (CIA, 29; Library of Congress, 29; World Bank, 29). De acordo com os estudos do Banco Mundial, particularmente com seu World Trade Indicators 28, a Colômbia apareceu na posição 17 em um universo de 125 países analisados em termos do Índice de Restrição Tarifária. Sua tarifa média foi de 12,5% em 28 (ponderada pelo peso das importações, essa tarifa foi de 11,8%), o que é maior do que a média de outros países latino-americanos ou de renda média. Para produtos agrícolas, a tarifa média foi de 16,9%, e 11,8% para produtos não agrícolas. O volume de itens isentos de impostos de importação foi de apenas 3,6% (dado de 27) do total dos importados (World Bank, 28; World Trade Organization, 29). Em termos de infraestrutura de logística e de ambiente de negócios, a Colômbia apresenta resultados médios. No mais recente relatório Doing Business (com dados de 28), do Banco Mundial, o país aparece na posição 53 de um total de 181 países avaliados. Indicando a qualidade da infraestrutura, o Índice de Desempenho Logístico (variando de 1 a 5) foi de 2,5 em 28, com destaque positivo nos itens custo de transporte doméstico e tempo de embarque, e negativo no quesito eficiência de procedimentos alfandegários. O custo por contêiner para exportar e importar foi de US$ 1.69 e de US$ 1.64, respectivamente, em 28. Por outro lado, o uso de telefones e celulares tem aumentado rapidamente, assim como o uso da internet (World Bank, 28). O comércio externo colombiano elevou-se substancialmente nos anos recentes. As exportações cresceram, em média, 13% ao ano entre 2 e 27. 11 As importações, no mesmo período, aumentaram em média 16% ao ano. 12 Para o ano de 27, nas exportações, a presença dos produtos manufaturados foi de 39,2%, a de combustíveis e minerais de 38,6% e a de produtos agrícolas de 19,5% do total. Os principais produtos de exportação são petróleo e derivados, carvões 13 e café. No primeiro semestre de 29, esses produtos representaram, respectivamente, 24,9%, 18,6% e 5,4% do valor das exportações da Colômbia. 14 Nas importações, 11 A Colômbia foi beneficiada pelo aumento de preços de commodities. As exportações de café, por exemplo, as quais representaram 4,9% das exportações totais em 28, tiveram uma elevação de preços de exportação em dólares de 123,1% entre 23 e 28 (IMF, 29b). 12 Em 21 houve uma redução tarifária e eliminação de barreiras não tarifárias (Library of Congress, 27). 13 A Colômbia é um dos principais produtores mundiais de carvões (Library of Congress, 27). 14 Segundo o site do Dane, a Colômbia também exporta ouro e esmeraldas, em valores significativos. 212

em 27, os manufaturados corresponderam a 82,1%, os combustíveis e minerais a 6,%, e os produtos agrícolas a 1,5% do total. Nesse mesmo ano, os principais mercados para as exportações foram Estados Unidos (35,4%), Venezuela (17,4%) e União Europeia (15,2% do total exportado). As principais fontes de importações foram Estados Unidos (26,2%), União Europeia (12,4%), China (1,1%), México (9,3%) e Brasil (7,3% do total importado) (World Trade Organization, 29). 15 Na crise atual, o governo colombiano tem encorajado a diversificação de mercados, tendo em vista a concentração com EUA e Venezuela (CIA, 29). Os fluxos e estoques de investimentos externos diretos são substanciais e ganharam importância para a Colômbia nos anos 2. O fluxo de entrada, por exemplo, passou de 11,7% (média de 199 a 2) para 22,9% (em 27) da Formação Bruta de Capital Fixo (tendo chegado a 41,8% em 25), enquanto o estoque de entrada passou de 7,3% (ano de 2), para 32,7% do PIB em 27. Os fluxos e os estoques de saída, por outro lado, corresponderam, respectivamente, a,9% dos investimentos e a 6,% do PIB, em 27 (UNCTAD, 28). Também houve importante elevação de reservas cambiais, que alcançaram US$ 23,5 bilhões em 28. 16 Uma interpretação para o elevado ingresso de investimento externo nos anos 2 são as reformas liberalizantes para investimentos externos no setor de hidrocarbonetos e as próprias negociações do tratado de livre-comércio com os EUA, que teriam criado um clima favorável atraindo capital externo. 17 IV Relações Econômicas Bilaterais: Brasil e Colômbia A corrente de comércio entre Brasil e Colômbia, que não ultrapassava US$ 1 bilhão ao ano entre 1997 e 23, alcançou US$ 3,124 bilhões em 28, com um crescimento de 29,7% ao ano, em média, entre 23 e 28 (Gráfico 7). As exportações brasileiras atingiram US$ 2,295 bilhões em 28, com um crescimento médio anual de 25,% desde 23. As importações chegaram a US$ 829 milhões em 28, com variação média anual de 53,% a partir de 23. O saldo comercial, que tem sido posi- 15 Interessante notar que a Venezuela é um importante mercado para as exportações colombianas, mas é muito menos relevante como fonte de importações, que corresponderam a 4,3% do seu total importado em 28, segundo CIA (29). 16 Exclusive reservas em ouro (IMF, 29a). 17 De acordo com a análise da CIA (29). 213

tivo para o Brasil, tornou-se ainda maior ao longo do período analisado, elevando-se a US$ 1,466 bilhão em 28. Esse saldo reduziu-se em relação a 27, como resultado de uma estagnação das exportações e de um crescimento de 94,1% das importações. 3.5 3. 2.5 2. 1.5 1. 5 1997 1998 1999 2 21 22 23 24 25 26 27 28 Exportação Importação Saldo Comercial Corrente Comercial Gráfico 7. Intercâmbio Comercial entre Brasil e Colômbia, 1997-28 (US$ milhões). Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A participação da corrente comercial entre Brasil e Colômbia apresentou crescimento em 1999 e 2, mas depois se estabilizou, voltando a crescer em 24 a 26. Essa corrente evoluiu de,74% (em 24) para 1,4% (em 26) da soma total de exportações e importações do Brasil no período. No entanto, em 27 e 28, essa relação voltou a diminuir (Gráfico 8). Em relação às exportações brasileiras, a evolução foi mais favorável para o Brasil, com a participação do mercado colombiano alcançando 1,55% em 26, mas diminuiu muito nos dois anos seguintes. Para as importações, não houve redução da participação da Colômbia no total importado pelo Brasil nos anos recentes, tendo esta alcançado,48% em 28. 18 18 Dados obtidos no site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Secretaria de Comércio Exterior. 214

1,6 1,4 1,2 1,,8,6,4,2, 1997 1998 1999 2 21 22 23 24 25 26 27 28 Exportação Importação Corrente Comercial Gráfico 8. Participação da Colômbia nas Exportações e Importações e na Corrente Comercial do Brasil, 1997-28 (%). Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Em 28, a Colômbia foi o 21º destino das exportações brasileiras e o 39º mercado de origem das importações brasileiras. Uma década antes, em 1999, a Colômbia se constituía no 24º mercado para as exportações e no 37º mercado enquanto fonte de importações. 19 Desse modo, pode-se constatar que o comércio bilateral com a Colômbia ganhou um pouco de importância relativa para o Brasil no período em termos de exportações, mas não em termos de importações, as quais permanecem pouco relevantes, apesar do crescimento recente. As exportações brasileiras para a Colômbia, em 28, foram de US$ 118,9 milhões (5,2% do total) de produtos básicos e de US$ 2.171,1 milhões (94,6%) de produtos industrializados, sendo, destes últimos, US$ 15,4 milhões (6,6%) de produtos semimanufaturados e US$ 2.2,7 milhões (88,%) de manufaturados. 2 Essas participações relativas não têm se alterado significativamente ao longo do tempo. A estrutura de comércio entre os dois países apresenta, entre os principais produtos transacionados, a seguinte pauta: os principais produtos exportados pelo Brasil para a Colômbia, em 28, foram laminados, tubos e fios de aço e alumínio (17,1% do total), veículos, peças e acessórios (9,%), telefones celulares (7,2%), milho, soja, açúcares e preparados 19 Dados obtidos no site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Secretaria de Comércio Exterior. 2 Dados obtidos no site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Secretaria de Comércio Exterior. 215

para bebidas (6,8%), e aviões (6,%), o que perfaz 46,% dos negócios; os principais produtos colombianos importados pelo Brasil foram, no mesmo ano, coques e hulhas (29,9%), óleos de petróleo (19,8%), policloreto de vinila (PVC) (7,5%), pneus para veículos (7,%), óleo de dendê (5,6%) e ferroníquel (4,5%), o que alcança 74,3% do total transacionado. 21 Do ponto de vista do investimento direto estrangeiro, os dados reportados pelo Banco Central do Brasil (29a, 29b), em seu Censo Sobre Capitais Estrangeiros, indicam que, no ano de 2 (último dado disponível), agentes econômicos da Colômbia possuíam ativos na forma de IDE registrados no Brasil no pequeno valor de US$ 15, milhões. Entre 21 e 25, considerando o fluxo de entradas para o Brasil, os investimentos colombianos acumulados foram pequenos, mas em 26 houve uma substancial entrada de US$ 232, milhões. Por outro lado, segundo o BCB, o fluxo de investimento direto brasileiro para a Colômbia, entre 21 e 26, foi de US$ 317 milhões. Referências BANCO CENTRAL DO BRASIL. Censo de capitais brasileiros no exterior. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/?cbe>. Acesso em: 6 set. 29a.. Censo de capitais estrangeiros no Brasil. Disponível em: <http://www. bcb.gov.br/?censoce>. Acesso em: 6 set. 29b. CENTRAL INTELLIGENCE AGENCY - CIA. The world factbook. Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/ ci.html>. Acesso em: 1 set. 29. DEPARTAMENTO NACIONAL DE PLANEACIÓN - DNP. Leading Economic Activity Indicators. Disponível em: <http://www.dnp.gov.co/portalweb/estudioseconomicos/indicadoresdecoyunturaecon%c3%b3mica/leadingeconomicactivityindicators.aspx>. Acesso em: 28 ago. 29. INTERNATIONAL MONETARY FUND - IMF. International financial statistics on line. Washington, DC: International Monetary Fund, 29a.. World economic outlook, April. Washington, DC: International Monetary Fund, 29b. LIBRARY OF CONGRESS. Federal Research Division. Country Profile: Colombia. February 27. Disponível em: <http://memory.loc.gov/frd/cs/profiles/ Colombia.pdf>. Acesso em: 1 jul. 29. 21 Dados obtidos no site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Secretaria de Comércio Exterior. 216

UNITED NATIONS CONFERENCE ON TRADE AND DEVELOPMENT - UNC- TAD. World Investment Report 28. Geneva: UNCTAD, 28. UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAM- UNDP. Human development report 28. New York: UNDP, 28. WORLD BANK. World Development Indicators, 29. Washington, DC: World Bank, 29.. World Trade Indicators 28. Washington, DC: World Bank, 28. WORLD ECONOMIC FORUM. The Global Competitiveness Report 28-29. Geneva: World Economic Forum, 28.. The Global Information Technology Report 28-29. Geneva: World Economic Forum, 29. WORLD TRADE ORGANIZATION. International Trade Statistics 28. Geneva: WTO, 28.. World Trade Profile: Colombia. Geneva: 29. Sites consultados Banco Central do Brasil: <http://www.bcb.gov.br> Brasil. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Secex: <http://www.mdic.gov.br> Colombia. Banco de la República: <http://www.banrep.gov.co> Departamento Administrativo Nacional de Estadística Dane: <http://www.dane. gov.co> Deutsche Bank: <http://www.dbresearch.de> Economist Intelligence Unit: <http://www.eiu.com> World Trade Organization: <http://www.wto.org> 217