ANÁLISE DO DESEMPENHO DE UNIDADES DE BOMBEIO MECÂNICO

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Transcrição:

ANÁLISE DO DESEMPENHO DE UNIDADES DE BOMBEIO MECÂNICO A. M. L. de OLIVEIRA, L. J. N. DUARTE Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Departamento de Engenharia de Petróleo E-mail para contato: ljnduarte@dpet.ct.ufrn.br RESUMO A avaliação da viabilidade técnica de um projeto de elevação artificial de petróleo é fundamental para maximização dos lucros e aumento da recuperação do fluido de interesse. Claramente, em algum período da vida produtiva do poço algum tipo de elevação artificial será requerido devido à baixa pressão do reservatório, a fim de fazer com que o fluido alcance a superfície e restaure a vazão de produção a níveis desejados. Assim, o presente trabalho tem como objetivo fazer uma avaliação técnica em poços de petróleo equipados com bombeio mecânico através da determinação dos principais parâmetros (peso de fluido, MPRL, PPRL, curso do pistão, PD da bomba, potência do motor, torque, etc) com o intuito de avaliar o desempenho operacional do sistema de elevação. As unidades de bombeio mecânico avaliadas apresentam problemas relacionados a pancada de fluido e a interferência de gás. Neste sentido, será apresentada o comportamento de alguns parâmetros que configuram estes problemas, assim como as causas e possíveis soluções para revertêlos. 1. INTRODUÇÃO Quando um poço atinge o final de sua vida produtiva por surgência ou a vazão que produz está muito abaixo do que poderia produzir, surge o problema de como suplementar a energia natural do reservatório de modo a se obter uma vazão dentro dos limites desejados. Essa suplementação pode ser alcançada através da utilização de métodos de elevação artificial. A escolha do melhor método de elevação artificial para um determinado poço é dependente de vários fatores, dentre eles: razão gás-líquido, produção de areia, diâmetro do revestimento, número de poços, profundidade do reservatório, viscosidade dos fluidos, disponibilidade de energia, vazão, mecanismo de produção do reservatório, investimento, custo operacional, segurança, entre outros. O bombeio mecânico com hastes é o método de elevação mais utilizado no mundo, sua manutenção é fácil e pouco onerosa se comparado com outros métodos de elevação. Na verdade, o bombeio mecânico utiliza uma unidade de bombeio na superfície, que transforma o movimento circular de um motor em movimento alternativo na velocidade desejada e o transmite a uma coluna de hastes, que vai movimentar uma bomba alternativa de fundo para elevar os fluidos produzidos pelo reservatório até a superfície (Takacs, 2003)

As cartas dinamométricas estão entre as principais ferramentas de análise e avaliação das condições de bombeio. Por meio delas, é possível observar e detectar diversas condições de bombeio. As mais importantes informações extraídas da análise de cartas dinamométricas são: a determinação das cargas que atuam na unidade de bombeio e na haste polida, a determinação da potência requerida para a unidade de bombeio, o ajuste do contrabalanço da unidade de bombeio, a verificação das condições de bombeio da bomba e válvulas e a detecção de falhas. Sendo assim, as cartas dinamométricas são úteis no diagnóstico de problemas de bombeio, como por exemplo: desgaste das válvulas, haste partida, interferência de gás, pancada de fluido, etc. 2. METODOLOGIA O acompanhamento da produção de um poço que utiliza o sistema de Bombeio Mecânico se dá, principalmente, pela análise dos resultados registrados nas cartas dinamométricas. Em geral, utiliza-se um simulador de Bombeio Mecânico, cuja proposta básica é representar a dinâmica deste método de elevação artificial de petróleo, permitindo uma melhor compreensão das situações observadas em campo. Neste trabalho, utilizou-se o TWM (Total Well Management) da empresa Echometer, que é um sistema integrado para a aquisição de dados e diagnósticos para a elevação artificial, permitindo ao operador maximizar a produção de óleo e gás que, por sua vez, permite minimizar as despesas operacionais (Echometer, 2008). A Tabela 1 apresenta as informações mais relevantes dos dois poços selecionados para estudo, com características bem distintas. Tabela 1. Informações dos poços estudados. Poço A Poço B Tipo da unidade de bombeio Mark II M-640D-305-168 Convencional C-80DB-42-11.6 Vazão de produção de óleo 133 bbl/d 18 bbl/d Vazão de produção de água 241 bbl/d 38 bbl/d Vazão de produção de gás 442 Mscf/d 1,5 Mscf/d Temperatura de superfície 70 ºF 67 ºF Temperatura de fundo 105 ºF 97 ºF Grau API 34 35 Densidade do gás Profundidade da formação 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1. Interferência de Gás 1,4241 5390 ft 0,5531 3425 ft A interferência de gás está associado à presença excessiva de gás na bomba e está intimamente ligado a uma ineficiência de separação de gás na entrada da bomba. O bloqueio de gás é considerado um dos principais problemas encontrados em sistemas de Bombeio Mecânico.

A Figura 1 apresenta as cartas dinamométricas obtidas para o poço A, sendo a primeira carta da carga (klbs) em função da posição da haste polida (in) e a segunda em função da posição do plunger (pistão) (in). (a) (b) Figura 1. (a) Carta dinamométrica da Carga (klbs) versus curso da haste polida (in) para o poço A e (b) Carta dinamométrica da Carga (klbs) versus curso do pistão (in) para o poço A. Através das cartas dinamométricas do poço A, foi possível detectar o efeito do gás durante um ciclo de bombeio. Na subida do pistão, o óleo e o gás passaram para o interior da camisa. Na descida do pistão, o gás foi comprimido e a válvula de passeio abriu quando a pressão do gás atingiu a pressão da coluna de fluido acima do pistão. A carta apresenta um aspecto parecido com a de pancada de fluido, porém com uma curva mais suave no curso descendente, devido à compressibilidade do gás (Sampaio Neto et al., 2011). Por sua vez, a Figura 2 apresenta as curvas de Potência e Velocidade do pistão em função do tempo. A partir dessas curvas, pode-se concluir que quando o pistão está descendo, ou seja, quando sua velocidade está diminuindo, ele encontra o gás livre na camisa da bomba, aliviando assim a potência requerida pelo motor. Figura 2. Curvas de Potência (kw) e Velocidade do pistão (in/s) em função do tempo (s) para o poço A.

Na Figura 3 são mostradas as curvas de torque da haste e PD (pump displacement) da bomba em função do tempo para o poço A, as quais indicam a interferência de gás. No tempo igual à 3,5 segundos, o ciclo de descida do pistão é iniciado. Neste momento, a válvula de passeio deveria abrir pela pressão da coluna hidrostática que se encontra abaixo dela, transferindo a carga da coluna de hastes para a válvula de pé. Porém, como a válvula encontra uma região de baixa pressão, ela não consegue abrir, e parte do ciclo de descida é feito com a válvula de passeio fechada, já que a pressão exercida pelo gás dentro da câmara não é suficiente para abri-la. Quando a válvula de passeio encontra a coluna de fluido, ela abre provocando um aumento da pressão (transferência de carga da válvula de passeio para a válvula de pé), entretanto neste momento o pistão já sofreu um deslocamento. Figura 3. Curvas de Toque da haste (kin-lb) e PD (pump displacement) da bomba (bbl/dia) em função do tempo (s) para o poço A. Através da Figura 3 é possível concluir que a presença de gás na camisa da bomba provoca um prejuízo na produção de óleo, já que este fenômeno diminui o curso efetivo do pistão, comprometendo o enchimento da bomba, uma vez que a partir do tempo de 3,5 segundos o PD da bomba é negativo, quando deveria ser positivo. Sendo assim, quanto menor for o enchimento da bomba, o percurso do pistão sem encontrar o fluido será maior. Quanto ao torque, nesse período de tempo, pode-se observar que há uma queda devido ao movimento de descida do pistão, no qual sua velocidade diminui e ele encontra o gás livre na camisa da bomba provocando uma redução no torque na haste (Testes de Produção, 2009). A Figura 4 mostra que a carga durante o teste manteve-se estável (indicado em laranja), excluindo a existência de vazamento na válvula de pé e de passeio do poço A. Deve-se, então, buscar uma solução para reduzir o percentual de gás livre na entrada da bomba, visando evitar a perda de eficiência e o bloqueio de gás. Sempre que possível é recomendável instalar a admissão da bomba abaixo dos canhoneados aproveitando a separação natural do gás ou, ainda, instalar um separador de gás.

Figura 4. Teste das válvulas de pé e de passeio para o poço A. 3.2. Pancada de Fluido A pancada de fluido ocorre quando o nível de fluido encontra-se no nível da bomba. Quando a capacidade de elevação da bomba excede a vazão de alimentação do poço e o nível se apresenta na altura da bomba, em tal situação, a camisa da bomba não é preenchida totalmente e, no início do movimento descendente, a válvula de passeio não abre e o pistão permanece com todo o peso do fluido acima dele. Na sequência do movimento, o pistão entra em contato com o fluido na camisa, porém, em alta velocidade, provocando um grande impacto que é transmitido até a superfície pela coluna de hastes (Carvalho et al., 2011) Esta situação é indesejável e pode causar diversos danos a estrutura do sistema. A Figura 5 apresenta as cartas dinamométricas obtidas para o poço B. (a) (b) Figura 5. (a) Carta dinamométrica da carga (klbs) versus curso da haste polida (in) para o poço B e (b) Carta dinamométrica da carga (klbs) versus curso do pistão (in) para o poço B.

A pancada de fluido ocorre quando o pistão se choca com o fluido no interior da camisa, decorrente do enchimento incompleto no curso ascendente. No movimento descendente, a coluna de hastes sofre uma violenta compressão e durante o choque com o fluido no interior da camisa, a válvula de passeio se abre, fazendo com que a coluna de hastes seja tracionada em um curto espaço de tempo. Essas tensões anormais se propagam por toda a unidade de bombeio. A Figura 6 mostra as curvas de toque da haste e PD (pump displacement) da bomba em função do tempo para o poço B. No tempo igual a 2,5 segundos, a válvula de passeio deveria abrir pela pressão da coluna hidrostática que se encontra abaixo dela, transferindo a carga da coluna de hastes para a válvula de pé. Porém, como a válvula encontra uma região de baixa pressão, ela não consegue abrir, e parte do ciclo de descida é feito com a válvula de passeio fechada, já que a pressão exercida pelo ar dentro da câmara não é suficiente para abri-la. Quando a válvula de passeio encontra a coluna de fluido, ela abre provocando um aumento da pressão, entretanto neste momento o pistão já sofreu um deslocamento. Figura 6. Curvas de toque da haste (kin-lb) e PD (pump displacement) da bomba (bbl/dia) em função do tempo (s) para o poço B. Com o auxílio da Figura 6, conclui-se que a pancada de fluido provoca naturalmente um prejuízo na produção de óleo, já que existe uma relação indireta entre intensidade da pancada e enchimento da bomba, pois a partir do tempo igual a 2,5 segundos o PD da bomba é negativo, quando deveria ser positivo. Fica claro, portanto, que quanto menor for o enchimento da bomba, o percurso do pistão sem encontrar o fluido será maior, e consequentemente a aceleração do pistão no instante do impacto com o fluido no interior da câmara será maior. Em relação ao torque, nesse período de tempo, observar-se que há uma queda devido ao movimento de descida do pistão, no qual sua velocidade diminui e ele encontra o ar que ocupa o lugar do fluido na camisa da bomba provocando uma redução no torque na haste. A Figura 7 apresenta as curvas de velocidade da haste polida e do pistão em função do tempo para o poço B. Em uma situação normal de bombeio as curvas estariam sobrepostas, porém devido à presença de ar na camisa da bomba, ocupando o lugar do fluido, a velocidade do pistão oscila em torno da velocidade da haste polida.

Figura 7. Curvas de Velocidade da Haste Polida (in/s) e Velocidade do pistão (in/s) em função do tempo (s) para o poço B. A Figura 8 mostra que a carga durante o teste manteve-se estável (indicado em laranja), excluindo a existência de vazamento na válvula de pé e de passeio do poço B. 4. CONCLUSÃO Figura 8. Teste das válvulas de pé e de passeio para o poço B. No poço A, detectou-se o efeito do gás no bombeio mecânico, o qual é bastante prejudicial, pois produz dois efeitos: ocupa o espaço dentro da bomba, reduzindo o espaço para o óleo e interfere no funcionamento das válvulas de pé e de passeio. E no poço B, detectou-se o efeito da pancada de fluido que ocorre por consequência do incompleto enchimento da camisa no curso ascendente, provocando choque entre o pistão e o fluido na camisa. Portanto, comprovar-se-á importância da carta dinamométrica e das demais curvas estudadas para a análise do desempenho de unidades de Bombeio Mecânico. Portanto, para a solução do problema detectado no poço A pode-se posicionar a bomba abaixo dos canhoneados, direcionar coleta de gás do revestimento para um sistema de baixa pressão, ou pode-se instalar separador de gás. Já para o poço B, pode-se trabalhar com bombas de longo curso (com menor espaço morto entre as válvulas de pé e de passeio).

5. REFERÊNCIAS API RP 11L Recommended Practice For Design Calculations for Sucker Rod Pumping Systems American Petroleum Institute (4th Ed.), Dallas, 1988. ECHOMETER COMPANY. Basic Steps to Aquire Data Using Total Well Management. Wichita Falls, Texas, USA, 2008. TAKACS, G., Sucker-Rod Pumping Manual. PennWell, Books, 2003. SAMPAIO NETO, F. A.; DUARTE, L. J. N. ; OLIVEIRA JÚNIOR, J. B.; OLIVEIRA JÚNIOR, L. A. M.; SANTOS, L. C. L. Avaliação das Condições Operacionais do Poço 01-QB-04A-BA Pertencente ao Campo de Quiambina Bahia, 6º PDPETRO, Florianópolis, 2011. CARVALHO, A. M. D.; SANTOS, L. C. L.; OLIVEIRA JÚNIOR, J. B.; OLIVEIRA JÚNIOR, L. A. M., DUARTE, L. J. N. Análise da Produção de Poços de Petróleo em Campos Maduros Equipados com Unidades de Bombeio Mecânico. 6º PDPETRO, Florianópolis, 2011. TESTES DE PRODUÇÃO. Testes com Sonolog e Dinamômetro Realizados pela Perbras Empresa Brasileira de Perfurações LTDA, 2009.