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Transcrição da Entrevista Entrevistadora: Valéria de Assumpção Silva Entrevistada: Coordenadora Jessica Local: Núcleo de Arte Nise da Silveira Data: 06/12/2012 Horário: 11:30h Duração da entrevista: 1h. Núcleo de Arte Nise da Silveira, coordenadora Joselene de Oliveira. Joselene me fale um pouquinho sobre a sua formação e experiência artística. Bom! Minha formação é dança mesmo, né? Comecei a fazer ballet clássico e Dança Moderna há aos 8 anos, e...me formei mas a formação de academia e...a partir dai eu resolvi fazer Educação Física que na época não existia faculdade de dança e fiz (riso) na Gama Filho, a minha turma foi formada em 1992, dai eu emendei fiz fisioterapia também mas não exerço. Eu entrei no município em 1994 fiz o concurso de 1992 e fui chamada em 94 e o tempo que eu fiquei na universidade eu fiz parte, como eu já tinha experiencia de dança, eu fiz parte do ballet folclórico e do grupo de dança moderna que havia na universidade na época, né? Um grupo antigo! E também fazia parte às vezes do grupo de coral, do grupo de teatro, então assim...eu não ficava só restrita só a área da dança. Eu participava meio que de intrometida em outros grupos porque que eu gosto muito de variar também, né? E o município em 1994 e em 1996, se eu não me engano o prefeito foi o Luís Paulo Conde com 2 anos de trabalho dentro do município, eu recebi um prémio, foi o prémio do Orgulho Carioca na época eles fizeram isso é como se fosse um Óscar da educação do Rio de Janeiro, eu achei engraçado! Achei que aquilo existia todos os anos mas não aquilo existiu somente naquele ano! E ai eu soube pela minha coordenadora da 9ªCRE... que eu tinha sido premiada! Mas fui premiada porquê? Você foi premiada por causa do seu trabalho de dança na escola, pelo que fez...eu lembro que na época o tema era surrealismo e eu fiz um trabalho com as crianças e

com as professoras lá da escola, que era uma escola primária lá no CIEP Carlos Chagas (em Campo Grande), sobre surrealismo e como eu fiz? Fui lá estudar, pesquisar sobre o assunto,né? O que era o surrealismo? Quem era o grande surrealista? Descobri que era o Salvador Dali... Quais eram as características do trabalho dele? Tentei transmitir a idéia do Surrealismo para a dança. Numa das reuniões pedagógicas da escola, transmiti o que eu havia estudado acerca do assunto para essas professoras primárias de como trabalhar isso lá com crianças dentro da escola. E foi super legal o trabalho! E o trabalho foi visto por uma pessoa da secretaria de educação. Na época, eu acho que entrei no clube escolar em 94, no clube escolar de Campo Grande e também comecei um trabalho de dança lá. Em 96, houve essa indicação da secretaria de educação, então alguns professores da rede foram indicados para receberem em determinada categoria. Eu recebi o prêmio na categoria de Esporte e Lazer, acho que pelo fato de ser de Educação Física. Então esse foi meu primeiro trabalho dentro da rede. Ai depois em 1996, eu fui convidada para ser assistente de coreografia lá na Faculdade Gama Filho. de um coreografo que veio de Minas Gerais, o Eduardo Carlos Gomes, eu ainda estava cursando a faculdade de fisioterapia, então eu dava aula e voltava para a faculdade, né? E participava desse grupo de dança, e com esse grupo de dança eu tive bolsas de estudo durante as minhas duas faculdades. Então eu praticamente não paguei faculdade! Eu tinha de manter boas notas e ter presença nos ensaios e apresentações da UGF. Então dava aula no CIEP em Campo Grande e voltava para a faculdade em Piedade. Ai depois quando me formei em fisioterapia é que fui convidada pra ser assistente de coreografia e fiquei até 98. Quando chegou em 98, a Gama Filho acabou com a filantropia e acabou com as bolsas de estudo e acabou com o grupo de Arte que tinha lá, se não me engano só o que manteve foi o coral. E ai eu fiquei ai esse tempo todo no município e estou até hoje. Em 2000, fiz a pós graduação em dança-educação que também foi um curso promovido na rede para os professores... mas quando é que você entrou no projeto? Explica lá... em 2001... isso da primeira vez? Isso eu conheci a Denise na pós graduação a Carla...e eu até então dava aula em Campo Grande, na 9º CRE. E ai conhecendo essas pessoas que diziam vai vai para lá há lá um núcleo tá saindo uma professora lá no Eng. De Dentro vem e...fui para o N.A Nise da Silveira em 2001, foi basicamente isso. Cheguei no Nise da Silveira em 2001 e iniciei a pós graduação em 2000. Bom, você está no núcleo tem 12 anos, né? isso... 12 anos. É o órgão central lançou em dois mil aquele manual de orientações de técnicas pedagógicas como referencial para os núcleos, né? Esse livrinho foi lançado como produto da pós graduação, né? Que vocês fizeram juntos esse material e a publicação foram iniciativos do órgão central. Como é que vocês desenvolvem esse

material aqui? Não há tantos materiais, como é que é o seu trabalho, sua filosofia de trabalho enquanto coordenadora nos núcleos? Não há orientações de fora para esse trabalho realizado nos núcleos, né? Não, não há. É muito assim própria do grupo que a gente trabalha. Você pode ir em outros núcleos e eles apresentarem, ali dentro do grupo uma outra filosofia de trabalho com essas crianças. Se funciona ou não é uma outra questão, né? A gente até que se questiona quanto a isso será que funcionaria, será que não funcionaria? É assim, o que a gente faz aqui, em termos de trabalho com dança, a gente percebe que funciona muito bem! Tanto que a dança, acho que dentro de toda a rede que tem Núcleo de Arte é a oficina que mais chama em quantidade de alunos. Eu não sei se também por estarem aqui presentes três professoras eu, Denise e Cláudia que participámos dessa pós graduação, de repente traz o mesmo olhar, né? A mesma ideia. E eu acho que trabalhar assim é melhor né? Vamos aproveitar o que aluno tem ao mesmo tempo, vamos inserir algo novo para que ele possa conhecer, que ele possa diferenciar. Então eu acho que isso ajuda bastante a gente perceber isso. Mas o trabalho de vocês é uma linha que vocês desenvolvem através de pesquisa? As propostas seguem as orientações técnico pedagógica? Não, não, não! As orientações são sugestões na verdade, né? Porque a gente pode seguir mas o que a gente acha muito legal e muito benéfico. É o fato de cada ano chegarem novas sugestões. É o que eu falo aqui para eles é como se fosse um grande enredo de escola de samba. Cada ano você só que o nosso enredo são vários, né? Chegam as orientações todos os anos olha, os temas que nós podemos trabalhar são esses. Antigamente era mais restrito era um só, ai você ficava focado naquilo e aquilo engessava um pouco o trabalho. Então agora eu acho que eles perceberam o engessamento e passaram a abrir mais esse leque. Então a gente pode trabalhar Nelson Rodrigues, a gente pode trabalhar Luiz Gonzaga, pode trabalhar um pintor. E eles abriram esse leque. E ai, pra gente é mais fácil porque a gente sabe que algumas coisas ficam muito mais fácil de você trabalhar em dança. Outras coisas, você pode se engessar mais pode e ter uma dificuldade maior, dependendo da faixa etária é mais difícil ainda. E tem toda uma adequação que a gente tem que fazer quando escolhe algum tema. Faça uma avaliação sobre os projetos desenvolvidos ao longo da sua gestão, eu sei que foram vários! Pode pensar foram muitos projetos porque você está aqui há 11 anos! Mas, levando em consideração os aspectos positivos e negativos desses projetos. Basta um pequeno resumo. E falar em relação à comunidade, que é muito importante para mim, né? Da interação da comunidade com o núcleo e como foi esse processo de trazer essa comunidade para dentro do núcleo? Um que marcou muito a gente, foi quando a gente falou sobre a África, foi também um dos temas, foi em 2006. E então assim, a gente sempre teve muito aluno que é dos professores, né? No fundo nós fazemos as reuniões, as leituras de texto, né? O que a gente vai trabalhar? Ah! Como pegar a vertente das músicas africanas, a parte

percussão? E dança? Ah! Vamos pegar e Dança Afro, mas ai Dança Afro, não é perigoso? Porque a gente sabe que muitos alunos são evangélicos e tal e pererê..e eu ficando naquela...e eu quando chego aqui eu ainda estava como professora. Eu só estou na gestão aqui há 2 anos. Eu não conseguia ver outra coisa, para trabalhar em dança que não fosse a Dança dos Orixás porquê é na verdade, são os deuses africanos e cada entidade, né? Cada Deus desse, traz elementos característicos. Então foi o que mais marcou em termos de trabalho porque quando eu propus isso para o grupo. Eu tinha 40 alunos e eu fiquei com 18 alunos. Alguns saíram mesmo, não queriam participar por questões religiosas. E, por mais que a gente explicasse que eu explicasse, a gente não vai fazer religião a gente vai fazer Arte...a gente vai sentar, a gente vai estudar O que é aquela deusa que se chama Oxum, qual é a vestimenta dela? Porque é que ela é deusa do ouro? Porque é que ela é a mãe das cachoeiras, né? Qual é o elemento da natureza que ela representa? Porque o gestual dela é dessa forma? A gente não está trabalhando religião! A gente está fazendo Arte! Isto faz parte da nossa cultura! A cultura negra é uma cultura riquíssima, lindíssima tanto quanto a cultura indígena! E não há porquê existir preconceito em relação a trabalhar com ela. Então fica muito assim Ai, eu vou trabalhar uma Dança Afro tá... mas a dança afro ela tem que dizer alguma coisa! E eu posso trabalhar o Afro dentro da questão dos deuses africanos, né? Tem tem uma relação com os deuses da mitologia Grega. Então a gente começou a fazer esse trabalho, perdi muitos alunos, mas quando as pessoas viram o trabalho pronto, as pessoas ficaram assim gente!. E pessoas que são de outras religiões chegaram para mim e falaram assim: Olha, eu sou evangélica, eu sou isso, eu sou aquilo, mas eu vi o seu trabalho e achei lindo! Eu não me senti agredida. Eu não me senti... Eu falei: Puxa que bom! Era isso que eu queria passar! Eu quero passar Arte, eu não quero passar religião, né? A religião é um foco claro! Mas, quando eu estou trabalhando com uma criança, eu não posso! Eu tenho que respeitar a doutrina que cada um manteve, traz da sua família, mas eu tenho que trabalhar com Arte! então eu vou focar no elemento da indumentária, do gestual né? Da arma, do objeto que o Orixá traz, porque é que ele traz esse objecto, porque é que ele faz esse movimento né? Porque ele anda desse jeito? Então eu tenho de focar sobre isso! Porque é que o elemento dele é água, Porque é que o elemento do outro é o fogo... E esse projecto é todo ele interdisciplinar? o que vocês desenvolvem... (...) Isso, isso! Nesse ano é (pausa). A gente fez um trabalho com o professor de Arte Literária, especificamente porque a gente viu que as crianças aqui debandaram. Eu lembro que a Denise fez um trabalho com Dança Africana, Dança Tribal Africana e quando eu fui fazer o trabalho com os Orixás, eu vi isso só aconteceu (pausa) conversando na reunião, o professor Eu vou fazer um trabalho com (...) E ai eu consegui, dentro desse trabalho, alguns alunos que dançassem para os Orixás mas não consegui nenhum aluno para dançar para o Orixá Exu. Ai o professor desenvolveu um trabalho onde ele desmistificou essa figura do Exu, que para muitas pessoas o Exu é ligado diretamente à imagem do Diabo. E ele desmistificou isso para as crianças, contando a história realmente do Exu. Que o Exu era um menino travesso, então ele pegou o livrinho, que ele tinha e conseguiu, fez música, fez é paródias. Então foi super

legal, fez uma apresentação, mas ainda assim... eu não consegui, dentro daquele grupo que ficou comigo, nenhuma criança que quisesse de livre e espontânea vontade representar ali na dança, esse Orixá. E ai o nosso diretor na época, que era o Pablo das Oliveiras, ele falou: Não, não tem problema! A gente vai dar um jeito. Ele é Artista Plástico eu vou fazer uma escultura em homenagem a esse Orixá e como é um Orixá que sempre abre todas as danças então eu vou colocar, a gente vai colocar essa escultura no palco e vai ficar ai, a escultura em homenagem ao Orixá Exu. Então, ele já tá ali abrindo a tua coreografia. O que não foi seguida, também, foi a ordem das apresentações do Orixá, dos Orixás, a ordem foi uma ordem, assim que a gente, né? Que eu percebi que a gente percebeu, que ficaria melhor! As mães d água, se apresentaram com uma música só (Iemanjá e Oxum). Na verdade, a gente quis apresentar um grande ballet, ali. Ballet que tivesse um pouco de jazz, e a Arte nos elementos de movimentação, trajes e características do próprio orixás. Então, a gente quando foi a parte de (pausa), foi uma música instrumental de batida forte ganhando (...) porque se ligou (...) então os dois dançam juntos, então a dança mais o movimento mais malemolente e mais leve, mais sedutor. A gente deixou para dançar com Oxun e Iemanjá é a dança da Caça, a gente deixou para Oxossi uma música que a gente conseguiu. Então, se você vem assistir aos nossos Orixás, você fica assim gente! Como é que pode essa música casou e não é a música do santo! Sabe? Então foi isso que ficou bonito! E as pessoas ficaram assim Caramba! É dança dos Orixás! Tem outras pessoas que ficam logo, falam logo, né?! Ah tá fazendo macumba! Tá fazendo isso foi isso que sempre escutei! Eu acho que isso! Foi o mais desafiador. A comunidade participa bem desses projetos? Participa sim, participa Aqui a gente tinha um grupo de mães que eram mais disponíveis. Na verdade a quantidade de mães que a gente tinha lá era muito maior que a gente tem aqui, aqui normalmente tem três mães no corredor esperando os filhos para não irem sozinhos. Então, lá esse trabalho de interação com as mães acontecia muito mais! Tem oficinas para as mães aqui? Não, não a gente até que podia oferecer há uma época atrás, podia oferecer aula de artes, de artesanato, mas agora a gente não pode mais então as mães ficam praticamente fora, mas quando a gente quer alguma coisa, tiver alguma dúvida, a gente pede para elas e elas ajudam a gente sim Em relação a linguagem da Dança, eu observo pelos núcleos que a dança é considerada um carro chefe. Eu queria que me dissesse se aqui no núcleo acontece dessa forma. Ela é muito presente? Muito Significativa? Aqui no núcleo é assim? Por quê? É, eu acho que é assim. A dança em quantidade de alunos aqui ela é sempre a que traz mais mesmo, mas eu acho que a gente tá tentando reverter, né Já tem uns dois anos, tentando reverter essa situação porque a gente chega ah porque a dança no núcleo tal

é o forte porque o teatro no núcleo tal é o forte eu acho que a gente tem que dar a importância devida a cada uma dessas linguagens, e eu acho que aqui, pelo menos aqui nesse espaço desde 2010 a gente tá tentando mudar um pouco disso., né? As pessoas bem que perguntam para a gente O que é que vocês vão fazer nesse ano agora?. Ficam naquela expectativa Não porquê os trabalhos do Nise da Silveira é do Nise da Silveira E a Lídia fica assim: Gente! Isso é bom e ruim para a gente! Bom! Porquê é legal o trabalho ser reconhecido agora, é ruim porquê você não pode fazer nada! Menos do que isso mais, é igual escola de samba! É igual não tem menos de 10 para ela! (risos). Então a gente, fica com uma responsabilidade muito grande. Mas eu acho que aqui as outras linguagens, elas estão crescendo muito, sabe? A gente tem que trabalhar juntos, dando sugestões, é nesse ponto eu acho que eu e Lídia, a gente, a gente não fica só aqui dentro da sala, a gente vai para dentro de toda sala de aula, e a gente se mete mesmo, sabe? Dando sugestão o que é que você acha que pode fazer com isso? E puxa e se a gente criasse isso e se a gente fizesse aquilo? eu acho legal porque os professores também que estão aqui estão abertos a isso e eles já sabem que isso dá certo! E você acha o porquê que há essa procura? Eu acho que é por causa dessa cultura de massa mesmo! Da TV é o que eles mais vêem na televisão, isso faz parte da cultura local que eles vivem. É a própria vida deles né? Cada um traz praticamente, a experiência corporal. É o que eles têm de referência cultural! Os meninos que moram aqui dentro da comunidade é o Funk e o Samba mais o Funk até do que o Samba, então é essa a experiência que eles trazem para cá. No seu entendimento a dança é ou pode ser considerado um factor de Inclusão Social? Sim ou não? Sim, é claro! Por quê que acha isso? Porque a dança você pode (pausa). Você não consegue ter nenhum discernimento, de gordo e magro, de criança que tem problemas especiais. Eu acho que a dança, olha é isso! Há algumas linguagens com mais facilidades do que a outra, mas eu acho que a dança é muito fácil, qualquer um pode dançar, sem nenhum tipo de preconceito. Então, a inclusão social nesse ponto é fantástica dentro do nosso trabalho. A gente tem aqui alunos que são ex bandidos, é alunos que passam por problemas de degradação família, de violência familiar, de contacto com o tráfego de drogas constante na vida deles! Então eles estarem aqui fazendo dança, nossa! Sabe! Eles que moram dentro da favela, e aqui o que é que acontece a gente consegue criar esse vínculo, que aqui eles encontram num espaço agradável, bonito, um espaço que eles passam a se conhecer passam a viver experiências artísticas, experiências relacionais, experiências simbólicas, que eles nunca podiam imaginar! Então, isso aqui pra eles um significado muito grande e para a família também! Às vezes a família passa a ver aquela criança de uma outra forma porque na família deles ele é mais um porque são famílias com 4,6

irmãos... sabe?! Quando um pai, às vezes consegue vir ver à uma apresentação e vê o filho no palco fazendo aquilo fica Nossa! Esse é o meu filho Lucas! sabe?! Os pais não tem a mínima noção do que a criança pode fazer, ele só vai ver, ter esse olhar, quando ele chega aqui! Quando ele vai para uma apresentação, nossa! Ficam de boca aberta A gente tem um monte de criança assim! Vários pais fazendo com esse tipo de depoimento, tem pessoas que chegam, até as próprias crianças às vezes vêm com a matrícula Tia você é a diretora? sou! Porquê? Nossa você tá me tratando tão bem! Porquê que existe essa diferença? A diretora tem de tratar mal a criança? Quer dizer ela passa por várias escolas e as diretoras não falam direito com ela? Aqui é uma outra coisa, outra realidade. É outra coisa, é uma relação de prazer! É de prazer decididamente. E então há essa transformação que você vê que a criança consegue se transformar aqui dentro no núcleo, vai para casa dela e consegue mudar aquela relação com a família, ela acaba transformando aquele ciclo familiar. Então ali já se materializa uma transformação, que chamo de social. Você percebeu alguns alunos que através da participação no núcleo conseguiram chegar no mercado de trabalho normal ou formal? É assim, não são todos alunos que vão sair daqui e se vão se transformar em profissionais da Arte, bailarinos, músicos... Alguns realmente fazem isso, seguem carreira na música, no teatro, na dança. A gente tem alguns exemplos que pode até citar o nome, mas eu acho que a transformação maior é para esse novo olhar que é dado na vida deles. Eles vão sair daqui vão de repente trabalhar numa loja, numa padaria, numa...mas eles vão ter outro olhar sobre o que eles vão fazer, na maneira como tratar as pessoas, entendeu? Na maneira como lidar alguma situação, na sensibilidade, no olhar, sobre alguma situação da vida deles, Isso muda! Aqui sem perceber eles têm, eles passam a ter responsabilidade, passam a ter disciplina. Eles vão levar para o resto da vida para tudo o que eles venham a fazer na vida deles. Então não é só questão de transformá-los em artistas é de transformá-los enquanto pessoas, né? Para o mundo. De exemplos sobre transformações corporais e afetivas desses alunos. A gente estava falando sobre isso, o mesmo assunto praticamente. É uma comunidade carente que às vezes a gente vê muito hoje em dia que as mães não dão atenção e não dá suporte emocional ao filho. As crianças ficam muito carentes. Vocês recebem muitas crianças nessa condição? Você acha que a Dança consegue transformar, suprir essas carências emocionais? Eu acho não! Eu tenho certeza! É à medida que eles querem ficar aqui o tempo inteiro. Eu acho que essa é a maior a maior prova pra gente, sabe?! Pergunta para a gente Porquê que o núcleo vai entrar de férias? A gente não pode vir aqui nas férias, não? (risos) sabe? Então eu acho que essa é a maior prova! Eu estava até brincando com a Lígia que ontem foi a festa do encerramento, mais de cinquenta crianças aqui em cima.

E isso, por causa dos alunos de terça e quinta-feira. E eu falei Meu Deus! Essa gente não há outra colónia de férias? Em vez de (...) vinham para cá! Sabe?! Eu fico assim Nossa! Eles têm aqui como uma segunda família E a gente percebeu a reação quando a Lígia deu a notícia de que o núcleo ia ser extinto sabe? A maneira como eles reagiram, como eles se portaram, foi um chororó. Aí eles se dividiram em salas, eles foram para a sala de Artes fazer desenhos e cartas para a secretaria de educação, um grupo foi para a sala de Música para ensaiar a melodia de uma paródia, outro grupo foi para a sala de Arte Literária para compor a paródia, depois se juntaram ai uma menina tomou do celular para mandar essa mensagem para a secretária de educação. Então isto tudo foi espontâneo! No núcleo, durante a sua gestão, você recebeu alguns alunos com deficiência incluído nas oficinas? No ano passado e esse ano, nós temos uma turma específica que é uma turma da escola, que é atendida pelo professor de Arte Literária, que é o professor Frazão. Ele gosta muito da inclusão junto com a turma dele, ele já trabalhava isso no outro núcleo. Nós temos crianças encaminhadas do hospital para as escolas públicas para fazer esse trabalho. A Denise que também é uma professora que já trabalhou com alunos incluídos nas turmas dela. Aqui a gente está somente com Arte Literária que parece que é o centro que eles têm, saírem lá de baixo e vem para aqui para cima para fazer o último tempo do Frazão, né? Até uma proposta para o ano que vem também, se for possível, de atender com Dança também alguns desses alunos que estão atendidos na escola. É que a gente ainda não sentou para resolver o que é que a gente vai fazer para no ano que vem! Bom, a gente acabou a entrevista! Para poderia acrescentar com algo, fazer uma autoavaliação da sua gestão, o que é para você participar desse trabalho que é desenvolvido no Núcleo de Arte, fazer alguns comentários Olha, eu acho que é assim! Estar no núcleo é trabalhar com o que eu sempre trabalhei a vida inteira. É a possibilidade de trabalhar com prazer, que é com a dança. Então participei de uma escola de dança, eu fiz parte de um grupo de universitários de dança, mas era um grupo muito parecido com o que a gente tem aqui. Só que era dentro de uma estrutura universitária, tinha o coral universitário, tinha o ballet folclórico universitário, dança livre, teatro, é produção né? Que faziam os cenários dentro de uma estrutura universitária, hoje eu tenho isso dentro da rede porque antes é o grupo de dança é o grupo de teatro é o grupo de coral é o grupo de música muito, muito assim fantástico! Eu nunca pensei que entraria para o município e encontraria um espaço como esse! Então é por isso que eu acho que eu acho que tive muita sorte! Porque trabalhar com aquilo que você gosta e eu gosto muito do trabalho aqui, tanto enquanto estava quanto professora e como gestora também, porquê eu tenho também o cuidado de não focar só a dança! Eu acho que todas as linguagens têm de crescer igualmente as Artes Visuais, sabe?! A gente tem de usar todas as áreas, na música, eu acho que isso a gente está conseguindo fazer aqui no N.A sabe? A gente, as pessoas ficam

Nossa! No Nise da Silveira tem tudo! é dança...a gente vai de música...a gente também tem no teatro as artes visuais, os nossos trabalhos estão indo para exposição, nossas meninas de teatro estão sendo chamadas para as apresentações, então eu acho que isso a gente começou a mudar! (...) são da prefeitura ou também recebe convite de fora? Recebemos convites de fora! Nós fizemos agora o Folclorando que é o festival da Universidade Federal do Rio de Janeiro e fizemos a feira de Turismo dentro do Shopping Nova América. É um grupo de alunos queria apresentar um trabalho veio aqui procurou a gente olha, agente queria uma dança da região norte ai levamos o cara em (...) Então a gente está sempreee...a maioria dos convites são convites da rede ou da SMERJ ou da Coordenadoria, mas a gente tem também convites de fora né? (...) estanques Eu acho que é assim! Não, não! Eu posso até comentar assim é toda essa questão realmente é politica (risos) não tem jeito! A gente vai ter sempre o resto da vida. Mas eu acho que a outra criação da unidade de extinção dos núcleos e pólos foi feito numa prefeitura, numa gestão e isso perdura, perdurando por muito tempo, o fato de ficar por muito tempo também incomoda né? É verdade que o tempo todo não foi feito nenhum tipo de investimento nesse programa, nenhum! Nem em termos de divulgação, em termos de mídia...nada, nada! Esse programa se mantém pela força desses professores, dessas pessoas que sabem e acreditam no núcleo de Arte, que vêem que esse trabalho muda a vida dessas crianças. Fora isso a gente não tem apoio nenhum. Então, a gente vive agora nesse assim...submetidos às Coordenadorias que podem e resolvem o que querem fazer com a gente, a qualquer hora...a minha Coordenadoria, mesmo quase que, praticamente toda semana, a gente está indo liga para a gente olha, a situação agora é essa... ai outra semana liga a situação é essa... ai outra semana liga a situação é essa... sabe? A gente fica louco, assim é uma situação que desgasta muita gente, e acho também que até isso é um é um factor que pode até ser proposital, que você acaba cansando, acaba desmobilizando as pessoas sabe? Você acaba enfraquecendo esse sistema que está coeso, gerando conflitos...é uma pena! É uma pena, o que eu sei é que a tendência é minguar cada vez mais (...) há que resistir até quando não sei! né?! (risos) há que resistir... Muito obrigada!