ATENÇÃO PRÉ-NATAL: CUIDADOS NA GESTAÇÃO 1

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Transcrição:

ATENÇÃO PRÉ-NATAL: CUIDADOS NA GESTAÇÃO 1 BARRETO, Camila Nunes 2 ; RESSEL, Lúcia Beatriz 2; WILHELM, Laís Antunes 2 ; BORGES, Larissa 2 ; SANTOS, Carolina Carbonell 2 ; CRUZ, Silvana 2 ; ALVES, Camila Neumaier 2 ; STUMM, Karine Eliel 2. 1 Trabalho de Pesquisa _UFSM 2 Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil E-mail: camilabarreto_6@msn.com RESUMO O presente estudo trata-se de um recorte de uma pesquisa intitulada: O significado do prénatal para gestantes de uma unidade de saúde da família do interior do Rio Grande do Sul. Objetivase neste trabalho compreender as percepções da significação do pré-natal pelas gestantes sobre a ótica do cuidado na gestação. O estudo é caracterizado como de campo, descritivo e com abordagem qualitativa. Os dados foram coletados por meio da técnica de entrevista semi-estruturada, após foram submetidas à análise temática de dados, conforme Minayo. Os resultados evidenciam a compreensão do significado do pré-natal pelas mulheres, como um cuidado essencial a ser realizado durante a gestação. São salientados cuidados que foram repensados ou iniciados com a descoberta da gestação adaptados conforme o contexto das gestantes e da interação com os profissionais de saúde. Palavras-chave: Cuidado, Pré-Natal, Enfermagem. 1. INTRODUÇÃO A atenção no Pré-natal é o conjunto de ações realizadas durante o período gestacional da mulher, visando um atendimento global da sua saúde, de maneira individualizada, procurando sempre qualidade e resolutibilidade desse processo. A gestação, o parto, o nascimento e o puerpério são eventos carregados de sentimentos profundos, momentos de crises construtivas, com forte potencial positivo para estimular a formação de vínculos e provocar transformações pessoais (BRASIL, 2006). O período pré-natal é uma época de preparação física e psicológica para o parto e para a maternidade e, como tal, é um momento de intenso aprendizado e uma oportunidade para os profissionais da equipe de saúde desenvolvera educação como dimensão do processo de cuidar (VIEIRA; RIOS, 2007). Logo, durante a assistência, é essencial superar condutas tecnicistas que priorizem apenas procedimentos técnicos. Vale dizer que por meio da compreensão do contexto na qual a gestante está inserida e do significado da gravidez para a mesma, poderão ser estabelecidas estratégias de cuidado que permeiem suas reais necessidades. 1

Concorda-se com Duarte e Andrade (2008) quando dizem que, para a assistência ser prestada com qualidade é preciso conhecer o que pensam as gestantes a respeito do pré-natal, praticar o acolhimento, criar vínculos com elas e oferecer-lhes acesso às informações necessárias, de modo que possam apreender essas informações. Nessa direção é fundamental buscar a interpretação cultural das gestantes para desenvolver um cuidado mais efetivo. E é por meio da compreensão da visão de mundo do outro que tornamos oportuno expressar diferenças e singularidades que precisam ser abarcadas em nosso cuidado (LANDERDAHL et al, 2007). Nesse sentindo, é indispensável conhecer o entendimento das mulheres sobre o prénatal, bem como a importância e compreensão dos cuidados percebidos por elas relativos a esta ação de saúde. Apresenta-se neste trabalho um recorte da pesquisa intitulada: O significado do pré-natal para gestantes de uma unidade de saúde da família do interior do Rio Grande do Sul, na qual se buscou conhecer o significado da atenção pré-natal para gestantes de uma unidade de saúde da família. Este estudo foi realizado no primeiro semestre de 2012. Norteou-se esta pesquisa pela questão: como a atenção pré-natal, construída sócio-culturalmente, é entendida e vivenciada por gestantes de uma unidade de saúde da família do interior do Rio Grande do Sul? Neste recorte objetiva-se compreender as percepções da significação do pré-natal pelas gestantes sobre a ótica do cuidado na gestação, construído a partir da compreensão do período da gravidez conforme as experiências vivenciadas por essas mulheres. Enfatizase a importância de estudos nessa área para qualificação da assistência prestada a partir do contexto no quais as gestantes estão inseridas, valorizando suas percepções e significação a cerca do pré-natal. Ademais, destaca-se que a temática em questão é referenciada na Agenda Nacional de Prioridades em Pesquisa em Saúde, publicada em 2008, pelo Ministério da Saúde. A agenda tem como pressuposto respeitar as necessidades nacionais e regionais de saúde e aumentar a indução seletiva para a produção de conhecimentos e bens materiais e processuais nas áreas prioritárias para o desenvolvimento das políticas sociais. São prioridades estudos que visam à qualidade, efetividade e humanização na atenção pré-natal visto a importância do tema na área de saúde pública (BRASIL, 2008). 2. METODOLOGIA Trata de um estudo de campo, descritivo e com abordagem qualitativa. Teve como cenário uma Unidade de Saúde da Família (USF), de um município do interior do Rio Grande do Sul. Participaram do estudo 12 mulheres que estavam realizando pré-natal nesta USF no período de coleta de dados do estudo. Os critérios de inclusão dos sujeitos compreenderam gestantes que realizavam acompanhamento pré-natal na USF, que já 2

haviam realizado uma ou mais consultas e que tinham condições cognitivas para participar da pesquisa. A coleta de dados ocorreu entre os meses de março a maio de 2012, por meio do uso da técnica de entrevista semi-estruturada. A entrevista foi composta de questões fechadas para caracterização dos sujeitos e questões abertas referentes à temática em estudo para posterior análise dos dados. Optou-se pelo uso da entrevista semi-estruturada, que foi desenvolvida por meio de um instrumento previamente elaborado, pois esta permite ao entrevistado a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto sem se prender à indagação formulada e sem respostas ou condições prefixadas pelo pesquisador (MINAYO, 2010). As entrevistas foram realizadas na USF, numa sala específica, previamente combinada com a equipe, para promover privacidade às participantes do estudo e também que colaborasse para a gravação da mesma, com a finalidade de que o material coletado fosse de boa acuidade auditiva. Algumas optaram por realizar a entrevista em suas residências, por meio de visitas domiciliares. A análise dos dados foi fundamentada na análise temática que conforme Minayo, 2010, a qual é definida como a descoberta dos núcleos de sentidos, que constituem uma comunicação acerca da frequência ou da presença de algum significado para o objeto que está sendo analisado. Toda a pesquisa amparou-se pela condução ética, sendo assegurado e valorizado os aspectos éticos e legais no decorrer do estudo. Por conseguinte, os preceitos da Resolução nº. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde Ministério da Saúde, que dispõe sobre diretrizes e normas que regulamentam a pesquisa envolvendo a participação de seres humanos, especialmente no que se refere ao Consentimento Livre e Esclarecido, foram cuidadosamente seguidos (BRASIL, 1996). E o estudo foi iniciado após autorização da Secretaria do Municipal de Saúde e aprovação do projeto pelo comitê de ética da Universidade Federal de Santa Maria sob número de processo 23081.017118/2011-82 e Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE): 0370.0.243.000-11, no dia 20 de Dezembro de 2011. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES No estudo participaram 12 gestantes, que estavam realizando pré-natal na USF escolhida para estudo no período de coleta de dados. A faixa etária das gestantes variou entre 18 e 36 anos. Com relação ao grau de instrução, duas tinham ensino médio completo, quatro ensino médio incompleto, uma ensino fundamental completo e cinco ensino fundamental incompleto. A ocupação/profissão das participantes foi referida desse modo: oito eram do lar, uma estudante, uma atendente de restaurante, uma secretária e uma 3

auxiliar de consultório dentário. Dessas mulheres, dez eram solteiras, porém estavam com companheiro ou namorado, onde estes tinham conhecimento sobre a gestação e as apoiavam, e duas eram casadas. A partir da análise dos dados emergiram os núcleos de sentido percebidos pelas gestantes na compreensão do significado do pré-natal. Destaca-se nesse trabalho, o núcleo de sentido, denominado: Práticas de autocuidado na gestação, essa discussão trata-se dos cuidados que as mulheres passaram a realizar no momento da descoberta da gestação, isto é, hábitos de vida que foram repensados pelas gestantes, visto que tinham conhecimento da importância desses cuidados para uma gestação saudável. Quando questionadas sobre os cuidados que consideram importantes na gestação, são destaque as colocações quanto à alimentação saudável, a necessidade de diminuição de fatores estressantes no seu dia-a-dia, a realização do pré-natal e atualização de exames, seguir as orientações dos profissionais de saúde, redução ou evitar o uso de álcool e outras drogas e, por fim, não realizar atividades que exijam grande esforço. Em relação à alimentação, destaca-se o conhecimento da necessidade da inserção de novos alimentos, que contribuem para o crescimento do bebê e a diminuição de doenças comuns na gestação conforme relatado pelas gestantes. Revela-se a mudança de hábito a fim de adaptar o corpo à nova demanda que o organismo apresenta no processo gestacional. Além disso, reforça-se a influência cultural na escolha dos alimentos, alertando a importância do diálogo entre profissional de saúde e gestante a respeito de suas rotinas alimentares e procurar adaptar essa a gestação. Outro fator evidenciado como cuidado nesse período é a diminuição do estresse, esse é aliado à saúde do feto. As gestantes procuram afastar-se de situações estressantes, pois acreditam que esse é um aspecto negativo nesse período. O estresse é visto como prejudicial ao desenvolvimento da criança e também quanto à evolução da gravidez. De forma positiva, o acompanhamento pré-natal é referenciado como um cuidado. Relacionam a descoberta da gravidez com a importância de iniciar o pré-natal, compreendem esse atendimento como auxílio na prevenção ou no tratamento de complicações gestacionais. Os relatos expressam a preocupação com a formação do feto que está sendo gerado, a busca pela minimização de problemas e junto ao serviço encontrar alternativas para as demandas de cada gestante. As mulheres compreendem que o pré-natal, também está relacionado ao cuidado com sua própria saúde, pois enfatizam a importância dos exames realizados nesse período e que anterior à gestação não os faziam, como, por exemplo, o exame preventivo, preconizado anualmente. Outro aspecto valorizado pelas mulheres são as orientações dadas pelos profissionais de saúde nas consultas. O entendimento de ter cuidado está ligado também ao 4

colocar em prática as orientações passadas, e esse ser um momento de trocas e aprendizados proporcionado durante o pré-natal. As gestantes relatam o esclarecimento de dúvidas e a liberdade para que isso aconteça como algo importante. O profissional de saúde, ao possibilitar o diálogo e a expressão de dúvidas e ansiedades, oportuniza um espaço de entendimento, no qual as orientações repercutem em maior adesão e segurança durante o período gestacional. Também quanto ao autocuidado na gestação foram revelados pelas gestantes que anteriormente à gestação costumavam fumar, consumir bebidas alcoólicas em alto nível e frequentar casas noturnas. Porém, com a gravidez, os relatos apresentam a consciência da necessidade de mudança. É visível a modificação de comportamento e a minimização ou extinção de fatores de risco como o uso do tabaco, o álcool e as saídas à noite, visto que esses lugares propiciem maior consumo dos mesmos. O ato de cuidar-se, também está relacionado pelas gestantes ao repouso. As mulheres enfocam a necessidade de não fazer esforço e de não realizar algumas atividades que antes eram comuns a sua rotina, mas que, atualmente, consideram prejudiciais à gravidez. A jornada de trabalho e os excessos são reavaliados pelas mesmas. Os cuidados revelados pelas gestantes demonstram as perspectivas das mesmas para evolução de uma gravidez de maneira positiva. Buscam adaptarem-se as novas demandas, dentro de seu contexto e seus conhecimentos que são compartilhados junto aos profissionais de saúde. 4. CONCLUSÕES Ao término do estudo, visualiza-se o entendimento das gestantes a respeito do prénatal como um cuidado essencial a ser realizado durante a gestação. Nota-se a essencialidade de buscar estratégias para garantir a qualidade e a efetividade do pré-natal a partir do significado que essas gestantes possuem sobre o serviço. As potencialidades destacadas, como o esclarecimento de dúvidas, o diálogo horizontal e a segurança ao realizar as consultas apontam que o pré-natal vai além de procedimentos técnicos e reforçam a necessidade da visão ampla na singularidade de cada gestante. É salientado o autocuidado como favorável à evolução de uma gravidez tranquila, revelando que muitas mulheres, no período anterior a gestação, não realizavam exames de rotina e de caráter preventivo. O significado do pré-natal é expresso pela busca de segurança e informações sobre o período gestacional. Aliam o acompanhamento à prevenção ou minimização de complicações durante a gestação. Caracterizam esse espaço como de aprendizado, autoconhecimento e trocas entre as mesmas e os profissionais de saúde responsáveis pelas consultas. 5

O cuidado para minimização dos fatores de risco, revela o conhecimento sobre os sobre a necessidade de mudança de comportamento nesse período, como citado, o estresse, o uso de álcool e outras drogas, evitar excessos na alimentação e a importância de repouso. Dentro desse contexto e nas concepções de cuidado dessas mulheres, há a predominância da cultura do modelo biomédico no qual são priorizados cuidados a fim de garantir o nascimento de um bebê saudável e com minimização de complicações durante o processo gestacional. Destaca-se que as mulheres compreendem o pré-natal e realizam seus cuidados nesse período a partir do contexto em que vivem e também da interação com os profissionais de saúde. Enfatiza-se a essencialidade de uma atenção diferenciada e a formação de vínculo entre usuárias e profissionais de saúde, minimizando as faltas às consultas e garantindo segurança que influencia diretamente na evolução da gestação e na boa adesão ao serviço de pré-natal. REFERÊNCIAS BRASIL. Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde. Série B. Textos Básicos em Saúde. Brasília, 2008. BRASIL. Ministério da saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de ações Programáticas Estratégicas. PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO: Atenção qualificada e humanizada. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. BRASIL. Ministério da saúde. Resolução 196. Disponível em: http://www.ufrgs.br/bioetica/res19696.htm. Acessado em: 18 de outubro de 2011. DUARTE, S.J.H.; ANDRADE, S.M.O. O significado do pré-natal para mulheres grávidas: uma experiência no município de Campo Grande, Brasil. Saude soc. [online]. 2008, vol.17, n.2, pp. 132-139. LANDERDAHL, M.C.; RESSEL, L.B.; CABRAL; F.B.; GONÇALVES; M.O.; MARTINS, F.B.; A percepção de mulheres sobre atenção pré-natal em uma unidade básica de saúde. Rev. Esc. Enferm. Anna Nery. [on-line], 2007, 11 (1): 105-11. MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12. ed. São Paulo: Hucitec-Abrasco, 2010. 6

RIOS, C.T.F.; VIEIRA, N.F.C. Ações educativas no pré-natal: reflexão sobre a consulta de enfermagem como um espaço para educação em saúde. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2007, vol.12, n.2, pp. 477-486. 7