Pró-Reitoria de Graduação Curso de Educação Física Trabalho de Conclusão de Curso

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Transcrição:

Pró-Reitoria de Graduação Curso de Educação Física Trabalho de Conclusão de Curso NÍVEL DE CONHECIMENTO EM PRIMEIROS SOCORROS DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA ATUANTES NAS ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS NOS ENSINOS FUNDAMENTAL, MÉDIO E ESPECIAL Autor: Francisca Nathany dos Santos Barros Orientador: Prof Dr. Ronaldo Rodrigues da Silva Brasília - DF 2010

FRANCISCA NATHANY DOS SANTOS BARROS NÍVEL DE CONHECIMENTO EM PRIMEIROS SOCORROS DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA ATUANTES NAS ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS NOS ENSINOS FUNDAMENTAL, MÉDIO E ESPECIAL Artigo apresentado ao curso de graduação em Educação Física da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Licenciatura em Educação Física. Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues da Silva BRASÍLIA 2010

Dedico esse trabalho primordialmente a minha mãe, pessoa mais importante da minha vida, que me deu forças para seguir em frente e alcançar meus objetivos; aos educadores pela luta para que a educação seja mais valorizada, pois educar não é fácil, é um luta diária na construção do conhecimento; a todos os professores de Educação Física que buscam seu reconhecimento e ainda lutam pela quebra de muitos paradigmas que envolvem os preconceitos da nossa profissão.

AGRADECIMENTO Ora, se não começar agradecendo ao grande Criador do mundo e de todas as coisas lindas e perfeitas, como o ser humano, esse ser tão maravilhoso na qual depositamos nossa fé e esperança, chamado Deus que me deu a oportunidade de viver, ter uma família, amigos e principalmente amor, fé, sabedoria para buscar os melhores caminhos da vida, saúde para conquistar e correr atrás dos meus sonhos. Obrigada Senhor! A minha família pelo apoio. Não posso esquecer-me do Sandro, meu esposo, tão paciente e atencioso me ajudando nos estudos, me apoiando sempre, não me permitindo desistir nunca do meu sonho. A Bruna, sobrinha, que tanto me ajudou na aplicação dos questionários, fase prática desse trabalho. Obrigada pelas tardes inteiras nas escolas, pela paciência e atenção. Aos amigos da faculdade, desses não posso esquecer todos sofrendo juntos na conclusão do TCC, apoiando uns aos outros, com o único propósito de sermos grandes profissionais, reconhecidos e atuantes no mercado de trabalho. Convivemos, estudamos juntos e lutamos pelos mesmos ideais. Sempre vou lembrálos com muito carinho. E, é claro, o Professor Ronaldo, carinhosamente chamado pelos alunos da Universidade de Senhor Miague. Obrigada pelas orientações pacientes, pela atenção dedicada aos seus alunos, pela compreensão e por todo o aprendizado que me proporcionou. Essa troca de conhecimento professor-aluno é um ganho muito significativo para a vida acadêmica, pois conhecimento nunca é demais. Por fim, agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram no meu processo de aprendizagem e na construção de novos conhecimentos, me tornando uma pessoa mais preparada para a vida e para ter uma belíssima profissão que é a de educadora. Muito obrigada!

Não há ensino sem pesquisa nem pesquisa sem ensino Paulo Freire

NÍVEL DE CONHECIMENTO EM PRIMEIROS SOCORROS DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA ATUANTES NAS ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS NOS ENSINOS FUNDAMENTAL, MÉDIO E ESPECIAL SANTOS BARROS, Francisca Nathany dos * SILVA, Ronaldo Rodrigues da ** Resumo O professor de Educação Física deve estar preparado para assumir as responsabilidades ligadas aos primeiros procedimentos de emergência, denominados primeiros socorros. É no âmbito escolar que esse profissional vivencia inúmeras situações onde seus alunos necessitem da sua ajuda, além disso, tanto os pais dos alunos, quanto as autoridades legais esperam do professor de Educação Física uma qualidade de socorrista no esporte. O objetivo deste estudo é verificar o nível de conhecimento em primeiros socorros de professores de Educação Física, atuantes nas escolas públicas e privadas nos ensinos fundamental, médio e especial das Regiões Administrativas de Taguatinga e Ceilândia DF. As informações foram obtidas através de um questionário de 27 questões abertas e fechadas aplicado a 33 professores de Educação Física, além da revisão de literatura. A pesquisa revelou que o nível de conhecimento desses profissionais ainda é insatisfatório em relação ao seu importante papel como educadores. Palavras Chave: Educação Física Escolar. Professor de Educação Física. Primeiros Socorros. INTRODUÇÃO Indiscutivelmente a educação é um marco para o desenvolvimento do ser humano em todos os seus aspectos, formando cidadãos críticos e com autonomia para enfrentar as constantes transformações da nossa sociedade. Partindo desse princípio pode-se dizer que a educação é eminentemente transformadora e muito mais do que instrução, treinamento ou até mesmo uma simples repetição (GADOTTI, 1997). A literatura abrange diversos conceitos sobre educação, Andraus (2005), define educação como um processo de construção que requer tempo, dedicação e continuidade tornando-se necessário que se inicie desde cedo e deste modo, as primeiras noções de prevenção de acidentes e primeiros socorros devem ser inseridas na vida do ser humano ainda na infância. Diante dessa concepção pode-se afirmar que tanto a escola quanto o professor têm um importante papel na propagação da educação do ser humano como um todo. Uma das problemáticas encontradas na educação atualmente envolve a Educação Física, que é uma disciplina que possibilita, talvez mais do que as outras, espaços onde se pode dar início a significativas transformações na realidade dos alunos, pois tem como objetivo de estudo o desenvolvimento da aptidão física do homem e a reflexão da cultura corporal (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Porém, no contexto escolar, é perceptível a marginalização onde se encontra a Educação Física, fato esse atribuído a dois fatores, em decorrência de um complexo histórico em que foi utilizada com finalidades diversas e o outro seria a má formação de seus profissionais (GUIMARÃES, 2001). A Educação Física escolar pode ser definida

como um elemento que faz parte do processo educacional formal, que envolve as atividades físicas exercidas a partir de uma intenção educativa, desenvolvendo as dimensões cognitiva, afetivo-social e motora do ser humano por meio de exercícios de ginástica, esportes, jogos, lutas e danças (PEREIRA & MOULIN, 2006), ou seja, ofertando uma gama de conhecimento e experiências motoras. A intervenção profissional na Educação Física, trabalha várias manifestações e práticas corporais, sendo assim, pode-se afirmar que o professor de Educação Física tem a oportunidade de vivenciar em suas aulas, situações onde seu aluno precise, de algum modo, devido à ocorrência de alguma lesão ocasionada por contato físico, por queda, enfim, qualquer acidente ocorrido durante o desenrolar de sua aula, necessite de atendimento de emergência (SIEBRA & OLIVEIRA, 2009). Geralmente a primeira pessoa a observar uma lesão no aluno é o professor de Educação Física e como o atendimento deve ser realizado de forma imediata, para não colocar em risco aquela vida, o professor, por ser seu responsável e estar próximo do lesionado deverá prestar os primeiros socorros até que o socorro adequado chegue ao local, isso se for necessário no momento (BERNARDES; MACIEL & VECCHIO, 2007). Sendo assim, os primeiros atendimentos, se realizados de forma adequada, podem reduzir as chances de o aluno lesionado ter maiores complicações na área afetada e ajudar a se recuperar menos tardiamente (SARDINHA & CARVALHO, 2006). A expressão primeiros socorros, refere-se ao que deve ser feito nos momentos iniciais, após esse atendimento a vítima deverá ser imediatamente encaminhada a um hospital para ter um atendimento especializado, isso se necessário (TREVILATO, 2001). Vedana et al (2004) define primeiros socorros como todos os procedimentos usados no atendimento imediato a vítimas de acidentes e males súbitos, por pessoa leiga, com o propósito de diminuir qualquer risco e também o sofrimento e a gravidade das lesões e sequelas, antes do atendimento especializado prestado por profissional médico ou técnico de saúde. De acordo com Sardinha & Carvalho (2006) o professor de Educação Física precisa estar preparado para assumir as responsabilidades ligadas aos primeiros procedimentos de emergência, também chamados de primeiros socorros. É a qualidade de socorrista no esporte que, tanto pais de alunos quanto as autoridades legais esperam desse profissional. Infelizmente a atual realidade, em relação aos professores de Educação Física estarem preparados para atuar tanto na escola como fora dela em situações onde necessitem prestar os primeiros socorros não acontece como deveria, isso é algo perceptível. Alguns fatores envolvem essa questão, um deles pode estar relacionado à formação desses professores, onde muitos cursos não dão um suporte adequado para que os graduandos saiam da faculdade preparados o suficiente para atuar em primeiros socorros. Além disso, muitos desses profissionais quando saem da faculdade não procuram se atualizar a respeito do assunto e, também, muitas vezes a própria instituição de ensino onde o mesmo atua não proporciona condições adequadas para que esse profissional aja de forma correta. Em vista disso, ainda não podemos afirmar quem é ou quem são os culpados dessa triste realidade no sistema educacional. Sardinha & Carvalho (2006) afirmam que profissionais com pouco conhecimento em primeiros socorros optam por não intervir a não ser que sejam obrigados a agir, ou seja, não se sentem competentes para prestar os primeiros socorros. Infelizmente essa situação é bastante comum.

Encontra-se de forma clara na Resolução n 7, de 31 de março de 2004, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física, em nível superior de graduação plena, em seu artigo 3 : [...] uma área de conhecimento e de intervenção acadêmico-profissional humano, como foco nas diferentes formas e modalidades do exercício físico, da ginástica, do jogo, do esporte, da luta/arte marcial, da dança, nas perspectivas da prevenção de problemas de agravo da saúde, promoção, proteção e reabilitação da saúde, da formação cultural, da educação e da reeducação motora, do rendimento físicoesportivo, do lazer, da gestão de empreendimentos relacionados às atividades físicas, recreativas e esportivas, além de outros campos que oportunizam ou venham a oportunizar a prática de atividades físicas, recreativas e esportivas (NUNES, 2004 apud, SIEBRA & OLIVEIRA, 2010). Então, ao observar a atuação profissional do professor de Educação Física no âmbito escolar, foi possível perceber que esse profissional está constantemente suscetível a presenciar situações onde seja necessário aplicar os procedimentos de primeiros socorros. Portanto o objetivo deste estudo é verificar o nível de conhecimento em primeiros socorros de professores de Educação Física atuantes nas escolas públicas e privadas nos ensinos fundamental, médio e especial das Regiões Administrativas de Taguatinga e Ceilândia DF. MATERIAL E MÉTODOS POPULAÇÃO Foi composta por professores das redes pública e privada, dos ensinos fundamental, médio e especial das Regiões Administrativas de Taguatinga e Ceilândia DF. AMOSTRA Foi composta de 33 professores de Educação Física, 17 do sexo feminino e 16 do masculino, que ministram aulas de Educação Física nos turnos matutino, vespertino e noturno. INSTRUMENTO Foi aplicado um questionário com 27 questões, semi-estruturado contendo perguntas mistas sobre Primeiros Socorros para analisar o nível de conhecimento dos professores, baseado em Rosatelli (1996). O instrumento envolve aspectos procedimentais, conceituais e atitudinais referentes ao cotidiano dos professores. COLETA DE DADOS Os questionários aplicados no período de abril a maio de 2010 foram entregues e recolhidos pela própria pesquisadora para diminuir possíveis margens de erro.

ANÁLISE E DISCUSSÃO A análise dos resultados foi feita através dos questionários aplicados e tabulados para os professores nos três turnos nas escolas públicas e privadas, conforme descrito abaixo: Tabela 01- Dados da amostra Sexo Nº Sujeitos (%) Idade Ano de Formação Tempo de Atuação Média e DP Média e DP Média e DP Fem. 17 (51,52%) 34,70 ± 7,18 1999,59 ±6,46 10,79 anos ±7,20 Mas. 16 (48,48%) 36,50 ± 9,25 1998,25 ±9,93 11,49 anos ±9,74 A Tabela 01 mostra que dentre os sujeitos da pesquisa, 17 são mulheres (51,52%) e 16 são homens (48,48%). A média de idade das mulheres é de 34,70, a professora mais nova tem 20 anos e a mais velha 45. A média de idade dos homens é de 36,50, o mais novo possui 25 anos e o mais velho 52. Em relação ao ano de formação, na média para homens e mulheres, são formados há mais de 10 anos, apenas 15,15%, ou seja, cinco deles são formados há menos de um ano. Do total, 18,18% dos professores atuam na área escolar há mais de vinte anos e apenas 12,12% deles atuam em escolas há menos de um ano. O desvio padrão referente aos dados apresentados não representam uma diferença significativa em as médias. Tabela 02 Questão 05 Instituição de formação N Sujeitos Percentual (%) UNB 02 6,06% UCB 26 78,79% UNIP 02 6,06% ALVORADA 01 3,03% UFMS 01 3,03% UEL 01 3,03% Total 33 100% A Tabela 02 refere-se à instituição onde o professor se formou. Destaca-se que, mais de 78% dos professores avaliados se formaram na Universidade Católica de Brasília (UCB), e sete (7) dos vinte e oito (28) professores se formaram na Faculdade Dom Bosco de Educação Física (também considerada Universidade Católica de Brasília) e apenas 6,06% deles concluíram sua formação em instituições fora do Distrito Federal, um na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul UFMS (MS) e outro na Universidade Estadual de Londrina UEL (PR). Tabela 3 Questões 06, 07, 08, 09 e 10. Questões N Sujeitos Percentual (%) 06- Houve a Disciplina de Primeiros (SIM) (NÃO) (SIM) (NÃO) Socorros na faculdade? 30 03 90,90% 9,09% 07- Qual a carga horária da disciplina?

04 Créditos: 10 30,30% 02 Créditos 20 60,60% Não teve 03 9,09% Total 33 100% 08- Você aprendeu na teoria e prática a prestar um socorro: Só teoria 10 30,30% Só prática 02 6,06% Ambas 20 60,60% Nenhuma 01 3,03% Total 33 100% 09- Geralmente os primeiros socorros são feitos por: Direção 05 15,15% Professores 27 81,81% Alunos 00 0,00% Outros 01 3,03% Total 33 100% 10- Nível de conhecimento em primeiros socorros Pouco 02 6,06% Razoável 11 33,33% Médio 10 30,30% Bom 10 30,30% Excelente 00 0,00% Total 33 100% A terceira tabela envolve as questões 06, 07, 08, 09 e 10 do questionário aplicado. Na questão 06 buscou-se saber se os professores de Educação Física haviam tido a disciplina de primeiros socorros na instituição onde se formaram e apenas 9,09% desses profissionais não tiveram essa disciplina na faculdade. Lembrando que os primeiros socorros são os cuidados imediatos prestados, fora do hospital, cujo seu estado físico, psíquico e ou emocional coloquem em perigo sua vida ou sua saúde, com o objetivo de manter suas funções vitais e evitar o agravamento de suas condições, até que receba assistência médica especializada (PEREIRA & MOULIN, 2006). Notou-se ainda que dois dos três professores que não cursaram a disciplina de primeiros socorros na faculdade são formados há mais de dez anos e o terceiro se formou há menos de um ano na UNIP. É importante frisar que as instituições de ensino superior devem ter a disciplina de Primeiros Socorros no currículo, mas não são obrigadas a ofertar a mesma para os graduandos (MEC BRASIL, 1986). Aspectos da disciplina Emergência em Exercícios Físicos No currículo do ensino de Educação Física da UFSC consta a disciplina Emergência em Educação Física MDE 5125. Faz parte da terceira fase do curso e tem como pré-requisito a disciplina de Anatomia Aplicada à Educação Física. MOR 1206 (PLANO DE ENSINO DA DISCIPLINA, 1996), (ROSATELLI, 1996). Na Universidade Federal de Santa Catarina (1990) consta que a carga horária da disciplina de Emergência em Educação Física (Primeiros Socorros-UCB - DF, carga horária de 40h/a.) é de 54 h/a e os conteúdos são desenvolvidos em aulas teóricas e práticas. Segundo o plano de ensino da disciplina, o objetivo geral é o desenvolvimento de conhecimentos e técnicas que permitam aos alunos a apresentação de um comportamento seguro e correto perante uma situação

emergencial em exercícios físicos. Os objetivos específicos do referido plano de ensino encontram-se descritos abaixo: 1) Reconhecer e conceituar uma situação de emergência; 2) Apresentar comportamentos profissionais que colaborem para a prevenção de acidentes; 3) Reconhecer instalações, materiais e métodos possivelmente perigosos para a integridade física dos praticantes de Educação Física; 4) Em uma situação emergencial adotar os procedimentos gerais corretos; 5) Adotar os procedimentos específicos corretos nos acidentes mais freqüentes em Educação Física; 6) Listar os materiais necessários aos primeiros socorros; 7) Improvisar o mais adequadamente possível; materiais para atendimento à vítima. A próxima questão se refere à quantidade de créditos que a disciplina ofertada na faculdade tinha, ou seja, o total de horas da mesma. Mais de 60% dos entrevistados cursaram apenas dois créditos da disciplina, o que pode ser considerado pouco tempo para uma matéria tão ampla a ser ministrada. Em seguida, na questão oito, pergunta-se de que forma os professores de educação física aprenderam a prestar um socorro. Mais de 60% deles responderam que aprenderam tanto na teoria quanto na prática a socorrer uma vítima que precisasse de atendimento imediato e apenas um deles respondeu que não aprendeu de forma alguma, sendo importante ressaltar que os professores que responderam que aprenderam apenas na prática, se referiam à vivência no âmbito escolar, pois não tiveram a disciplina de Primeiros Socorros na faculdade. A próxima questão revela que a maioria dos alunos quando necessitam de socorro na escola são atendidos pelos professores (mais de 80%) e são os professores de Educação Física que mais se deparam com acidentes, principalmente pelo local de trabalho e, também, pelas atividades de contato e impacto que os alunos realizam podendo ocorrer diversos tipos de acidentes, ocasionados pelo uso inadequado de materiais, de aparelhos ou, até mesmo, de vestimentas inadequadas. (SOUZA & TIBEAU, 2008). Por fim, a décima questão mostra que a percepção do nível de conhecimento na área de primeiros socorros dos professores avaliados é praticamente igual para os conceitos de razoável, médio e bom com mais de 30% das respostas para cada conceito. Souza & Tibeau (2008), afirmam que o professor de Educação Física, como profissional da saúde deve estar preparado para agir de forma eficiente, adequada e segura diante de um acidente ocorrido com o aluno durante sua aula. Não se pode aprender como se preparar para as lesões pelo método de tentativa e erro (FLEGEL, 2002 apud, SOUZA & TIBEAU, 2008). Tabela 04 Questões 11, 12, 13, 14, 15 e 16. Questões Sim (%) Não (%) 11 - Completou sua formação com 04 (12,12%) 29 (87,87%) alguma especialização em primeiros socorros? 12 - É necessário ter materiais de primeiros 33 (100%) 00 (0,0%) socorros nas aulas de Educação Física? 13 - Na sua escola possui materiais de 11 (33,33%) 20 (60,60%) primeiros socorros?

14 - As escolas deveriam oferecer cursos 33 (100%) 00 (0,0%) e/ou treinamentos aos profissionais atuantes, para atualizá-los e qualificá-los em relação a um atendimento adequado de primeiros socorros? 15 - Os professores de Educação 33 (100%) 00 (0,0%) Física devem participar periodicamente de treinamentos em primeiros socorros? 16 - Você se sente seguro ao 15 (45,45%) 18 (54,54%) prestar primeiros socorros? A Tabela 04 é de questões fechadas com seis perguntas. Na primeira a maioria dos professores avaliados, (mais de 87%) não completou sua formação com alguma especialização na área de primeiros socorros. Esse resultado é indiscutivelmente considerado um fator negativo para o professor de Educação Física, pois demonstra certo desinteresse sobre o assunto. Meneses (1983 apud, Sardinha & Oliveira, 2006) relata que todos os profissionais de Educação Física obrigatoriamente deveriam completar com êxito o treinamento de primeiros socorros no esporte e RCP (Reanimação Cardiopulmonar), pois os alunos merecem uma assistência competente em caso de emergência. Na próxima questão todos os professores acham importante que nas aulas de educação física tenha materiais de primeiros socorros. A partir dessa questão constatou-se que mais de 60% desses professores trabalham em escolas que não possuem materiais de primeiros socorros, sendo que, dos 33 avaliados 6,06%, ou seja, dois deles não sabiam se na escola onde trabalhavam tinha esse material. Além disso, algo importante foi observado: todos os professores que trabalham em escolas privadas responderam que na escola possui tais materiais, portanto o fator negativo só envolveu as instituições públicas. É importante que haja nas escolas um kit de primeiros socorros contendo materiais necessários para se fazer atendimentos adequados, de acordo com as modalidades praticadas nesse ambiente, tais como: colar cervical, esfignomanômetro, esparadrapo, ataduras, cobertor térmico, gaze esterilizada, luvas apropriadas, máscaras, maca rígida, estetoscópio, sacos de gelo, talas variadas, tesoura, soro fisiológico, válvula para RCP, entre outros (CREF, 2008). As questões 14 e 15 que envolvem a importância da atualização e qualificação dos professores de Educação Física em primeiros socorros tiveram 100% das respostas SIM. E por último verificou-se que 54,54% dos professores não se sentem seguros ao prestar um socorro. De acordo com a pesquisa os professores reconhecem a importância de se atualizarem sobre o referente assunto, mas a maior parte não busca essa atualização. Talvez muitos desses profissionais não saibam a grande responsabilidade que assumiram a partir do momento que se tornaram educadores e estão lidando com vidas. Todos os profissionais de Educação Física deveriam conhecer certos aspectos legais, onde se preconiza a responsabilidade durante sua atuação profissional. A Resolução n 218/97, reconhece o profissional de Educação Física, como profissional de saúde de nível superior. Atente-se, também, ao artigo 135, do Código Penal Brasileiro, que diz: Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Sendo assim, os professores de Educação Física subjugam possuir a obrigação de prestar os procedimentos de primeiros socorros como qualquer outro cidadão, levando consigo o compromisso maior por estar sempre à frente de um grupo ou uma posição a qual o coloca no encargo desses conhecimentos (SIEBRA & OLIVEIRA, 2010). Então é importante evitar que haja omissão de socorro. O profissional deve se ater a sua atuação sobre o amparo do Código de Ética Profissional que define com clareza seus princípios, diretrizes, responsabilidades e deveres. Por isso, há uma grande necessidade dos profissionais dessa área estarem sempre atualizados e bem preparados em casos de acidentes e fatalidades que possam vir a ocorrer em seu ambiente de trabalho. Além disso, nesse caso, as escolas devem criar uma rotina de atendimento de socorros de urgência que englobe toda a equipe de trabalho (CONFEF, 2008) Tabela 05 Questões 17, 18 e 19 Questões N Sujeitos Percentual (%) 17 - Quantos atendimentos você realizou no último ano? Apenas 1 04 12,12% Apenas 2 04 12,12% Apenas 3 02 6,06% Apenas 4 03 9,09% Acima de 5 10 30,30% Nenhum 10 30,30% Total 33 100% 18 - Quais os tipos de atendimento? Arranhões 17 21,52% Desmaios 09 11,39% Fraturas 08 10,13% Luxações 05 6,33% Convulsões 07 8,86% Entorses 09 11,39% Contusões 08 10,13% Hemorragia nasal 16 20,25% Total 79 100% 19 - Qual foi sua ultima atualização em primeiros socorros? Menos de 1 ano 04 12,12% Há 1 ano 02 6,06% Há mais de 1 ano 10 30,30% Não fez 17 51,51% Total 33 100% Quando se trata de atendimentos a referente tabela mostra que 12,12% dos professores realizaram somente um atendimento, outros 12,12% realizaram apenas dois atendimentos no último ano na escola onde trabalham e mais e 30% realizou mais de cinco atendimentos nesse período. Os professores que realizaram mais atendimentos são os que atuam na rede de ensino especial. Em relação aos tipos de atendimentos os mais frequentes foram arranhões (21,52%) seguidos de hemorragia

nasal com 20,25%. Observou-se ainda que mais da metade dos avaliados (51,51%) não realizaram nenhuma atualização na área de primeiros socorros e outros (30,30%) se atualizaram há mais de um ano. É necessário que o profissional de Educação Física faça constantes estudos e treinamentos periódicos em primeiros socorros, pois deve manter-se sempre atualizado, até porque essa área de conhecimento sofre constantes mudanças, tanto nas nomenclaturas, quanto nos procedimentos (GROSS, 2000 apud SARDINHA & CARVALHO,2006). Segundo Sardinha & Carvalho (2006), o profissional de Educação Física tem obrigação de saber quais procedimentos usar antes de surgirem situações onde o aluno se machuque. E obrigação, também, de conhecer as suas limitações. Portanto, as técnicas invasivas e a prescrição para o uso de medicamentos são de inteira exclusividade dos médicos, profissionais aptos a esse tipo de procedimento. Cabe ao professor de Educação Física reconhecer suas limitações e poder prestar um atendimento seguro e eficaz, apenas utilizando a força da gravidade, das compressas quentes e frias, da compressão e de imobilizações (CREF, 2008). ANÁLISE DESCRITIVA DAS QUESTÕES SUBJETIVAS Tais questões tiveram o objetivo de avaliar o conhecimento teórico dos professores em relação a como os mesmos agiriam diante de determinadas situações que exigisse o uso de primeiros socorros. As situações descritas envolviam sangramento nasal, lesão dérmica, desmaio, luxação, entorse, contusão, convulsão e RCP (Reanimação Cardiorrespiratória). O resultado das questões será apresentado na tabela abaixo: Tabela 06 Resultados das questões subjetivas Questões Acertos (%) Erros (%) Sem resposta (%) 20 Como proceder em caso 08 (24,24%) 23 (69,70%) 02 (06,06%) de sangramento nasal 21- Como proceder em caso 19 (57,58%) 04 (12,12%) 10 (30,30%) de lesão dérmica 22 - Como proceder em caso 20 (60,60%) 10 (30,30%) 03 (09,09%) de desmaio 23 - Como proceder em 26 (78,79%) 06 (18,18%) 01 (03,03%) caso de luxação 24 - Como proceder em 28 (84,85%) 03 (09,09%) 02 (06,06%) caso de entorse 25 - Como proceder em 23 (69,70%) 04 (12,12%) 06 (18,18%) caso de contusão 26 - Como proceder em 19 (57,58%) 11 (33,33%) 03 (09,09%) caso de convulsões 27 - Como proceder em 18 (54,55%) 06 (18,18%) 09 (27,27%) caso de RCP Total = 264 161 (61%) 67 (25,37%) 36 (13,63%) *264 possibilidades de acertos.

Todos os itens questionavam a maneira de agir desse profissional diante das situações citadas acima. A primeira questão envolve o sangramento nasal, uma das situações mais vivenciadas pelos professores, como visto nos resultados da tabela 05. Isso se deve ao fato de viver-se em uma região de clima seco surgindo problemas envolvendo o trato respiratório. Dois dos professores não responderam a questão: 23 deles responderam de forma incorreta, demonstrando falta de conhecimento nos procedimentos a serem feitos. De acordo com Lane & Túlio (1997) o procedimento correto, em caso de sangramento no nariz, é fazer uma compressão no nariz entre os dedos por 10 minutos, e se manter em repouso. Continuando o sangramento, deve-se repetir a operação. Persistindo é o caso de procurar um médico imediatamente. A questão seguinte refere-se à lesão dérmica, ou seja, qualquer lesão na pele. Como não foi especificado no questionário o tipo de lesão, a pessoa poderia exemplificar qualquer uma como queimaduras, aranhões, cortes, entre outras lesões. Os resultados obtidos foram: dez não souberam responder e quatro responderam de forma errada, em total discordância com a literatura. Lesões dérmicas podem ser, por exemplo, queimaduras produzidas por ação de agentes físicos térmicos (frio ou calor) como: fogo, raios solares, eletricidade, vapores, agentes químicos, etc. A conduta certa é retirar a vítima imediatamente do contato com a causa da queimadura e os outros procedimentos vão depender do grau da lesão (1, 2 e 3 graus) (TREVILATO, 2001). Em relação a como agir em caso de desmaio: dez não responderam corretamente e três não sabiam responder. O desmaio é caracterizado como um conjunto de manifestações que resultam de um desequilíbrio entre o volume de sangue circulante e a capacidade do sistema vascular, causados geralmente por: choque elétrico, hemorragia aguda, queimadura extensa, ferimento grave, envenenamento, exposição a extremos de calor e frio, fratura, emoção violenta, distúrbios circulatórios, dor aguda e infecção grave (PEREIRA & MOULIN, 2006). Bergeron & Bizjak (1999), referem-se ao desmaio como uma forma de autoproteção do choque hipovolêmico e o procedimento a ser feito é de manter a vítima deitada, repousando por alguns minutos até voltar ao normal. No caso da luxação mais de 70% dos avaliados responderam em consonância com a literatura atual. A luxação é caracterizada como um tipo de lesão onde a extremidade de um dos ossos que compõem uma determinada articulação é deslocada de seu lugar (SANTOS et al, 1999) podendo causar sintomas como: deformidade do local, dor, diminuição ou bloqueio total da função da articulação (TREVILATO, 2001). Também nos casos de entorse e contusão a maioria dos professores demonstrou um conhecimento satisfatório em relação ao assunto abordado. Trevilato (2001) define entorse como um trauma provocado pela movimentação brusca de uma determinada articulação, ocorrendo de maneira forçada, ultrapassando os limites fisiológicos, com isso gerando um estiramento dos ligamentos que estabilizam a articulação, podendo gerar lesões nas fibras, mas não ocorre o afastamento das superfícies de contato, tendo como conseqüência dor, edema ou equimose. Já a contusão é definida como uma lesão na superfície do corpo, ocasionada por uma pancada brusca, choque ou queda. O local contundido incha, dói e torna-se vermelho, em seguida, escurece e fica azulado, isso porque o sangue extravasa dos vasos sangüíneos situados sob a pele (DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS).

A penúltima questão refere-se a como proceder em caso de convulsão e quase 58% dos professores responderam corretamente, sendo que, mais de 30% respondeu em desacordo com a literatura. A convulsão é um desarranjo do sistema elétrico ou do funcionamento do cérebro, que consiste em contrações fortes e incontroláveis dos músculos e normalmente duram poucos minutos. A causa mais comum de convulsões é provocada pela epilepsia (LANE & TULIO, 1997). A última questão envolve um caso mais complexo de agir o RCP (Reanimação Cardiorrespiratória) devido aos riscos, e se os procedimentos não foram realizados de maneira adequada pode causar o agravamento do estado da pessoa ou até a morte. Segundo Trevilato (2001) a RCP é considerada um conjunto de procedimentos de emergência, que consiste no reconhecimento da obstrução das vias aéreas, parada respiratória e cardíaca, além da aplicação das manobras na sequência de ABC: - Desobstrução das vias aéreas; - Respiração boca a boca; - Compressão torácica. Na avaliação 54,55% dos professores procederiam de forma correta, mas quase a metade não saberia agir nessa situação o que reforça a necessidade desses profissionais terem um preparo adequado em primeiros socorros. CONCLUSÃO A pesquisa revelou que o nível de conhecimento desses profissionais ainda é insatisfatório em relação ao seu importante papel como educador. Os dados sugerem que a maioria dos professores avaliados não possuem o domínio dos conteúdos pesquisados. Foi perceptível que apesar do êxito em algumas respostas quase todos os entrevistados têm um conhecimento superficial sobre Primeiros Socorros, muitos nem se deram ao trabalho de responder pelo menos o básico dos procedimentos. A maioria não demonstrou interesse em participar de cursos, treinamentos e demais formas de como agir não só no ambiente do trabalho, mas também fora dele, em situações onde lhe exigiria usar os procedimentos de emergência, apesar de todos reconhecerem a importância de participarem dessas atividades. A maioria dos professores de Educação Física entrevistados já se depararam com acidentes na escola de diversos tipos, alguns mais simples, outros mais graves. Alguns desses profissionais admitem fugir da responsabilidade quando ocorre um acidente mais grave, colocando o aluno sobre o aval da direção da escola na qual trabalha. Dois professores ainda demonstraram desconhecimento em relação ao fato de sua escola ter ou não materiais de primeiros socorros. Por meio dos resultados obtidos com esse estudo pode-se concluir que os professores que participaram da pesquisa demonstraram um nível de conhecimento insatisfatório, tendo em vista que diante de um teste com questões de baixa complexidade obtiveram um rendimento inferior ao esperado. Essas conclusões podem ser explicadas pela precariedade da formação acadêmica e profissional a qual os indivíduos receberam de suas instituições de ensino. Vale ressaltar a necessidade de novas pesquisas nessa área, tendo em vista que a literatura disponível ainda não é suficiente.

Há uma grande necessidade do professor de Educação Física saber proceder de forma adequada em situações de emergência, até por que é considerado um profissional da saúde, previsto na lei e com seu próprio Código de Ética, com deveres e responsabilidades a cumprir. REFERÊNCIAS ANDRAUS, Lourdes Maria S; MINAMISAVA, Ruth; BORGES, Ida Kuroki; BARBOSA, Maria Alves. Primeiros Socorros para criança: relato de experiência. Revista Acta Paulista de Enfermagem. 2005; 18 (2): 220-5. BERGERON, J. David; BIZJAK, Glória. Primeiros Socorros. São Paulo: Atheneu, 1999. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física / coletivo de autores (Coleção Magistério. 2º grau. Série Formação do Professor). São Paulo: Cortez, 1992. CONSTITUIÇÃO Código Penal. Aspectos Legais do Socorro temos: Decreto- Lei n. 2.848, de 7 de Dezembro de 1940. FLEGEL, Melinda J. Primeiros Socorros no Esporte. 1ª. Ed. Barueri: Manole, 2002. GADOTTI, Moacir. Lições de Freire. Ver. Fac. Educ. vol. 23nº. 1-2. São Paulo: Jan./Dez.1997. GUIMARÃES, Ana Archangelo. Educação Física Escolar: Atitudes e Valores. Revista Motriz Jan./jun, vol. 7, n.1, pp. 17-22. 2001. LANE, John Cook; TULIO, Silas de. Primeiros Socorros: um manual prático. São Paulo: Moderna, 1997. MEC BRASIL. Ministério da Educação. Emergência em Exercícios Físicos. 1986. MENESES, Lusivan J. A. O Esporte: suas lesões. 1ª ed. Rio de Janeiro: Palestra edições desportivas, 1983. 93p. PEREIRA, Márcio de Moura; MOULIN, Alexandre Fachetti Vaillant. Educação Física para o Profissional Provisionado. Brasília: CREF7, 2006. p. 241. RESOLUÇÃO n 218/97, O profissional de Educação Física, como profissional de saúde de nível superior. O artigo 135 do Código Penal Brasileiro. 1997. RESOLUÇÃO n.7 de 31 de março de 2004, Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física, em nível superior de graduação plena, em seu artigo 3.

ROSATELLI, Eliana Costa. Análise do nível de preparação dos profissionais para atuarem em situações de emergência em exercício físico. Monografia apresentada na Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de licenciado em Educação Física. Dezembro, 1996. SANTOS, Raimundo Rodrigues; CANETTI, Marcelo Domingues; JÚNIOR, Célio Ribeiro; ALVAREZ, Fernado Suarez. Manual de Socorro de Emergência. São Paulo: Editora Atheneu, 1999. SANTOS, MLM; MOREIRA, AMM. Prevenção de Acidentes e Violência na Escola: Promovendo a Segurança e a Cultura de Paz. In: Lopez FA, Campos Jr. D. Tratado de Pediatria Sociedade Brasileira de Pediatria. Barueri (SP): Manole, 2007. pp. 183 186. SARDINHA, Letícia Ribeiro; CARVALHO, Anísia Menezes de. Análise do nível de capacitação dos profissionais de educação física atuantes no ensino médio da rede pública estadual da cidade de Ipatinga-MG para execução dos primeiros socorros. MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física Ipatinga: Unileste-MG V.1 Ago./dez. 2006. SIEBRA, Patrícia Almeida; OLIVEIRA, Cleóstenes de. A disciplina primeiros socorros no mapa curricular do curso de Educação Física da Universidade Regional do Cariri: uma proposta de inclusão. 2010. TREVILATO, Gerson. Guia prático de Primeiros Socorros: o que fazer em casos de emergência. Tatuí (SP): Casa Publicadora Brasileira, 2001. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Projeto de Reformulação da Prática Desportiva. CDS, 1990. VEDANA, Álvaro Augusto; BÜRKLE, Ricardo Rigo; PASA, Sérgio Eduardo; VARGAS, Sérgio Teixeira. Primeiros Socorros numa Agro-indústria. Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC; Associação Catarinense de Medicina-ACM; Fundação de apoio à pesquisa e extensão universitária- Fapeu -XIX curso de especialização em medicina do trabalho. Florianópolis, 2004. CREF7. Socorros de urgência em atividades físicas. Disponível em: www.cref7.org.br. 14. Ano VIII. n 28. Junho de 2008. Acesso em 02 de junho de 2010. CONFEF. Socorros de urgência em atividades físicas. Disponível em: http://www.confef.org.br. Acesso em 02 de junho de 2010. Dicionário Online de Português. Disponível em http://www.dicio.com.br/contusao. Acesso em 04 de junho de 2010. NUNES, Edson de Oliveira. Resolução n 7, de 31 de março de 2004, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física, em nível superior de graduação plena. Disponível em: www.cmconsultoria.com.br. Acesso em: 02 de junho de 2010.

SOUZA, Paulo José de; TIBEAU, Cynthia. Acidentes e primeiros socorros na Educação Física escolar. Disponível em: http://www.efdeportes.com. Revista Digital - Buenos Aires - Ano 13 - Nº 127 - Dezembro de 2008.

ANEXO UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA-UCB CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA QUESTIONÁRIO SOBRE PRIMEIROS SOCORROS 1. Sexo: F ( ) M ( ) 2. Idade: anos. 3. Ano de formação 4. Há quanto tempo atua na área escolar? 5. Em que ano se formou? 6. Teve a disciplina de Primeiros Socorros na faculdade? SIM ( ) NÃO ( ) 7. Qual a carga horária da disciplina? ( ) 02 Créditos (Apenas a 1ª ou 2ª aula de um período). ( ) 04 Créditos (As duas aulas no mesmo período). 8. Você aprendeu na teoria e na prática a prestar um socorro? ( ) Só teoria ( ) Só prática ( ) Ambas ( ) Nenhuma 9. Geralmente os primeiros socorros são feitos por: ( ) Direção ( ) Professores ( ) Alunos ( ) Outros 10. Nível de conhecimento em primeiros socorros: ( ) Pouco ( ) Razoável ( ) Médio ( ) Bom ( ) Excelente 11. Completou sua formação com algum tipo de especialização em primeiros socorros? SIM ( ) NÃO ( ) 12. Você acha necessário ter materiais de primeiros socorros em aulas de Educação Física? ( ) SIM ( ) NÃO 13. Você acha necessário ter materiais de primeiros socorros em aulas de Educação Física? ( ) SIM ( ) NÃO

14. Você acha que as escolas deveriam oferecer cursos e/ou treinamentos aos profissionais atuantes, para atualizá-los e qualificá-los em relação a um atendimento adequado de primeiros socorros? ( )SIM ( )NÃO 15. Você acha necessário que os profissionais de Educação Física devem participar periodicamente de treinamentos em primeiros socorros? ( ) SIM ( ) NÃO 16. Você se sente seguro ao prestar primeiros socorros? ( ) SIM ( ) NÃO 17. Quantos atendimentos em primeiros socorros foram feitos por você no último ano? 18. Quais os tipos: ( ) Arranhões ( ) Desmaios ( ) Fraturas ( ) Luxações ( ) Convulsões ( ) Entorses ( ) Contusões ( ) Hemorragia nasal Outros: 19. Qual foi sua última atualização em primeiros socorros? 20. Como proceder em caso de sangramento nasal? 21. Como proceder em caso de lesão dérmica? 22. Como proceder em caso de desmaio? 23. Como proceder em caso de luxação? 24. Como proceder em caso de entorse? 25. Como proceder em caso de contusão? 26. Como proceder em caso de convulsão? 27. Como proceder em caso de RCP (reanimação cardiorrespiratória)?

28. Sugestões NOME DA ESCOLA ONDE TRABALHA E QUAL A ÁREA (FUNDAMENTAL, MÉDIO OU ESPECIAL). Obrigada!