Intervenção federal. Professor : Siddharta Legale

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Transcrição:

Intervenção federal Professor : Siddharta Legale

Bibliografia sugerida LEWANDOWSKI, Ricardo. Pressupostos formais e materiais da intervenção federal. 05/10/2014 2

Roteiro da aula Noções, especificidades e finalidades Modalidades de intervenção Estudo de casos 05/10/2014 3

Intervenção Federal 4

Espécies Intervenção A Regra é a não intervenção e o respeito à autonomia. Só ocorre do ente político maior no menor. Intervenção Federal Estados e DF (art. 34); Intervenção Estadual Municípios do próprio Estado (art. 35). Ex: por decisão do Tribunal de Justiça. Caberia RE para o STF? 5

Especificidades Pode intervenção da União em Município? Intervenção per saltum? Discutir caso da intervenção nos Hospitais do Município do RJ pela União. Da decisão do Tribunal de Justiça, que defere intervenção caberia RE para o STF? STF, Súmula 637: Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de tribunal de justiça que defere pedido de intervenção estadual em município. 6

Finalidades da intervenção Defesa do Estado art. 34, I e II, 1ª parte. Defesa do princípio federativo art. 34, II, 2ª parte, III, IV. Defesa das finanças estaduais art. 34, V. Defesa da ordem constitucional art. 34, VI e VII. 7

Modalidades de intervenção Intervenção espontânea (art. 34, I,II, III e V) Intervenção provocada (art. 34, IV, VI e VII) Defesa da unidade nacional Por solicitação defesa do Executivo ou Legislativo locais Defesa da ordem pública Defesa das finanças públicas Por requisição Do STF para defesa do Poder Judiciário) STF, STJ, TSE para cumprir ordem ou decisão judicial Do STF p/ execução de lei federal e respeito as princípios sensíveis (art 34,VII) via ADI interventiva) 8

Fases Iniciativa Fase judicial (art. 34, VI e VII); Decreto interventivo; Controle político. 9

Iniciativa Presidente da República de ofício: art. 34, I, II, III, V; Solicitação dos Poderes locais (art. 34, IV): os Poderes Legislativo (Assembléia Legislativa ou Câmara Legislativa) e Executivo (Governador de Estado ou do DF) solicitarão ao Presidente a decretação por coação no exercício de suas funções. O Poder Judiciário local, diferentemente, solicitará ao STF que, se assim entender, requisitará a intervenção ao Presidente da República; Requisição do STF, STJ ou TSE, por desobediência a ordem ou decisão judicial (art. 34, VI, 2ª parte); Ação Direta Interventiva proposta pelo PGR endereçada ao STF. 10

Decreto Interventivo A intervenção dá-se por decreto do Presidente, o qual especificará a sua AMPLITUDE, PRAZO e CONDIÇÕES DE EXECUÇÃO e, se couber, nomeará interventor(art. 36, 1 ). Amplitude: órgão sob intervenção; Prazo: tempo (sempre é temporária, sob pena de usurpação da autonomia dos Estados); Condições de execução: regras que presidirão o processo interventivo; Nomeação de interventor: facultativa. 11

Controle O Presidente da República deve consultar, mas não está vinculado as respostas para decretar ou não a intervenção. Os pronunciamentos do Conselho da República (art. 90, I) e do Conselho de Defesa Nacional (art. 91, 1, II). 12

Controle político Feito pelo Congresso Nacional(ou Assembléia Legislativa), submetendo o decreto de intervenção à apreciação em 24 horas para aprovar ou suspender a intervenção (art. 49, IV). Se suspender a intervenção, esta será inconstitucional, constituirá atentado contra os Poderes constitucionais do Estado, caracterizando crime de responsabilidade do Presidente da República (art. 85, II). 13

ADI interventiva Legitimidade para propositura: somente o Procurador Geral da República pode propor perante o STF. Objeto: Requisição ao Presidente da República (ou o Governador, se estadual), para a decretação da intervenção federal (ou estadual), quando da necessidade de se garantir a observância dos princípios sensíveis: (i) Forma republicana/sistema representativo/regime democrático; (ii) direitos da pessoa humana; (iii)autonomia municipal; (iv) Prestação de contas da administração pública, direta e indireta; (v) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais no ensino, ações e serviços públicos 14

O pedido de intervenção em Brasília O Tribunal, por maioria, julgou improcedente pedido de intervenção federal no Distrito Federal, formulado pelo Procurador-Geral da República, por alegada violação aos princípios republicano e democrático, bem como ao sistema representativo (CF, art. 34, II, a ). Na espécie, o pedido de intervenção federal teria como causa petendi, em suma, a alegação da existência de esquema de corrupção que envolveria o ex- Governador do DF, alguns Deputados Distritais e suplentes, investigados pelo STJ, e cujo concerto estaria promovendo a desmoralização das instituições públicas e comprometendo a higidez do Estado Federal. Tais fatos revelariam conspícua crise institucional hábil a colocar em risco as atribuições político-constitucionais dos Poderes Executivo e Legislativo e provocar instabilidade da ordem constitucional brasileira. (...). IF 5179/DF, rel. Min. Cezar Peluso, 30.6.2010. (IF-5179) 15

O pedido de intervenção em Brasília No mérito, entendeu-se que o perfil do momento políticoadministrativo do Distrito Federal já não autorizaria a decretação de intervenção federal, a qual se revelaria, agora, inadmissível perante a dissolução do quadro que se preordenaria a remediar. Asseverou-se que, desde a revelação dos fatos, os diversos Poderes e instituições públicas competentes teriam desencadeado, no desempenho de suas atribuições constitucionais, ações adequadas para por fim à crise decorrente de um esquema sorrateiro de corrupção no Distrito Federal. Observou-se, assim, que os fatos recentes não deixariam dúvida de que a metástase da corrupção anunciada na representação interventiva teria sido controlada por outros mecanismos institucionais, menos agressivos ao organismo distrital, revelando a desnecessidade de se recorrer, neste momento, ao antídoto extremo da intervenção, debaixo do pretexto de salvar o ente público. Vencido o Min. Ayres Britto que julgava o pedido procedente. IF 5179/DF, rel. Min. Cezar Peluso, 30.6.2010. (IF-5179) 16

O pedido de intervenção em SP Concluído o julgamento de pedido de intervenção federal no Estado de São Paulo por descumprimento de decisão judicial (CF, art. 34,VI), em face do não-pagamento de valor requisitado em precatórios relativos a créditos de natureza alimentar, a título de complementação de depósitos insuficientes. O Tribunal, por maioria, acompanhando o voto do Min. Ilmar Galvão, indeferiu o pedido de intervenção federal, por considerar que a ordem judicial fora expedida em desconformidade com o disposto no art. 100 e seus parágrafos e no art. 167, 2º, ambos da CF, visto que somente pela via do precatório complementar, requerido pelos credores, com o respectivo valor incluído no montante da dotação orçamentária consignada no orçamento para o exercício seguinte, poder-se-ia processar o pagamento, sendo, por conseguinte, juridicamente impossível o cumprimento da providência judicial. Os Ministros Gilmar Mendes, Carlos Velloso e Maurício Corrêa também indeferiram o pedido, mas por fundamento diverso, qual seja, a não configuração de descumprimento voluntário ou injustificado de decisão judicial por parte do Estado de São Paulo.(...) IÍntegra do Informativo 296. 17

IF 114 caso matupá Intervenção Federal. 2. Representação do Procurador-Geral da República pleiteando intervenção federal no Estado de Mato Grosso, para assegurar a observância dos "direitos da pessoa humana", em face de fato criminoso praticado com extrema crueldade a indicar a inexistência de "condição mínima", no Estado, "para assegurar o respeito ao primordial direito da pessoa humana, que é o direito à vida". Fato ocorrido em Matupá, localidade distante cerca de 700 km de Cuiabá. 3. Constituição, arts. 34, VII, letra "b", e 36, III. 4. Representação que merece conhecida, por seu fundamento: alegação de inobservância pelo Estado-membro do princípio constitucional sensível previsto no art. 34, VII, alínea "b", da Constituição de 1988, quanto aos "direitos da pessoa humana". Legitimidade ativa do Procurador-Geral da República (Constituição, art. 36, III). 5. Hipótese em que estão em causa "direitos da pessoa humana", em sua compreensão mais ampla, revelando-se impotentes as autoridades policiais locais para manter a segurança de três presos que acabaram subtraídos de sua proteção, por populares revoltados pelo crime que lhes era imputado, sendo mortos com requintes de crueldade. 6. Intervenção Federal e restrição à autonomia do Estado-membro. Princípio federativo. Excepcionalidade da medida interventiva. 18

IF 114 caso matupá 7. No caso concreto, o Estado de Mato Grosso, segundo as informações, está procedendo à apuração do crime. Instaurou-se, de imediato, inquérito policial, cujos autos foram encaminhados à autoridade judiciária estadual competente que os devolveu, a pedido do Delegado de Polícia, para o prosseguimento das diligências e averiguações. 8. Embora a extrema gravidade dos fatos e o repúdio que sempre merecem atos de violência e crueldade, não se trata, porém, de situação concreta que, por si só, possa configurar causa bastante a decretar-se intervenção federal no Estado, tendo em conta, também, as providências já adotadas pelas autoridades locais para a apuração do ilícito. 9. Hipótese em que não é, por igual, de determinar-se intervenha a Polícia Federal, na apuração dos fatos, em substituição à Polícia Civil de Mato Grosso. Autonomia do Estado-membro na organização dos serviços de justiça e segurança, de sua competência (Constituição, arts. 25, 1º; 125 e 144, 4º). 10. Representação conhecida mas julgada improcedente. 19

FIM 20