Resumo Auditoria e Pericia Ambiental Inspirada na Auditoria Contábil, elemento integrante dos sistemas de gestão empresarial, a Auditoria Ambiental surgiu na década de 70 nos Estados Unidos visando à redução de riscos e promover o cumprimento da legislação pertinente. Cabe ressaltar que ela também auxilia as instituições a se resguardarem contra futuras críticas. Assim sendo,sua visão pró-ativa em relação a questões ambientais foi rapidamente incorporada à função gerencial de algumas empresas.é inegável que todas as atividades econômicas causam impacto sobre a sociedade e o meio ambiente e, portanto, geram custos sociais e ecológicos. A economia convencional trata esses custos, por mais vultosos que sejam, como circunstâncias exteriores. Estes são excluídos do balanços patrimoniais e repassados pelo sistema para a população em geral, para o meio ambiente e para as gerações futuras. Tais fatos impulsionaram a inspeção da variável ambiental na gestão empresarial. Assim, a Auditoria Ambiental é a ferramenta usada para avaliar sua eficiência e eficácia. Neste contexto, pode de afirmar que a auditoria ambiental surgiu devido a uma crescente preocupação com a questão ambiental, e ao papel assumido pelas empresas quanto à responsabilidade por elas adquirida, regulamentada pela Lei nº 1.898, de 26 de novembro de 1991 Alguns conceitos e definições importantes:
Tipos de auditoria Auditoria de primeira parte: Auditorias internas, isto é, auditorias que uma organização pode realizar nela mesma, utilizando seus funcionários ou auditores externos (consultores). Auditoria de segunda parte: Auditorias externas que são conduzidas dentro da mesma cadeia de suprimentos, pode ser um cliente auditando a organização ou a organização auditando um fornecedor. Auditoria de terceira parte: Auditorias externas que são conduzidas em uma organização por um agente que é independente da sua cadeia de suprimentos (isto é, nem fornecedor ou cliente da organização), por exemplo uma empresa de certificação. Objetivos da Auditoria Interna
A auditoria de sistema de gestão ambiental divide-se em:
As vantagens da auditoria ambiental podem se dar através da identificação e registro de conformidade e não conformidades com a legislação; da prevenção de acidentes ambientais; de melhorar a imagem da empresa; provisão de informação à alta administração da empresa; assessoramento na implementação da qualidade ambiental na empresa; assessoramento à alocação de recursos; avaliação controle e redução de impacto ambiental; minimização de resíduos e promoção da conscientização ambiental dos empregados.
Perícia Ambiental A perícia ambiental é um meio de prova utilizado em processos judiciais, sujeito à mesma regulamentação prevista pelo Código do Processo Civil (CPC), com a mesma prática forense, mas que irá atender a demandas específicas advindas das questões ambientais, onde o principal objeto é o dano ambiental ocorrido, ou risco de sua ocorrência. Dos meios processuais
utilizados na apuração de responsabilidade pelos danos ambientais, o de nosso interesse neste estudo e que irá ser abordado a seguir é a Ação Civil Pública (Lei nº 7.347, de 24.07.1985). Esta lei disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (vetado), possibilitando que essa agressão venha a se tornar um caso de Justiça e que possa ser também proposta pelas associações civis. As finalidades da ação civil pública são o cumprimento da obrigação de fazer; o cumprimento da obrigação de não fazer e/ou a condenação em dinheiro. Perícia Ambiental tornou-se uma área técnica específica de atuação profissional, que tem por esclarecer tecnicamente a existência ou não de ameaça ou dano ambiental, sendo realizada por profissional especializado na área. Além dos requisitos morais e éticos inerentes a esta função, o Perito deve ser capacitado tecnicamente no tema de meio ambiente a ele designado. Deve estar apto a dirimir as dúvidas apresentadas através dos quesitos em fase processual específica e preencher os requisitos legais exigidos no Código de Processo Civil (art. 145 e s seguintes). Designado pelo Juiz, o Perito do Juízo atua como Auxiliar da Justiça assessorando o juiz na formação de seu convencimento. Trata-se da pessoa de confiança do Magistrado e produz ao final dos trabalhos o Laudo Pericial. A fundamentação do Laudo Pericial e responsabilidade do perito sobre as informações prestadas por ele são tratadas, respectivamente, no art. 429 e 147 do Código Processual Civil (CPC). Observe-se que é direito das partes nomearem Assistentes Técnicos dentre os profissionais especializados e que forem de sua confiança. Estes profissionais irão orientá-los e assisti-los nos trabalhos periciais em todas as fases da perícia e, quando necessário, emitirão um Parecer Técnico. Diferentemente dos Peritos do Juiz, os Assistentes Técnicos não estão sujeitos a impedimento ou suspeição (art. 422 do CPC). Importante atuação dos Assistentes Técnicos é a de, durante os trabalhos de perícia, deixar transparecer os mesmos padrões exigidos pela legislação aos Peritos do Juízo, quais sejam, a capacidade técnica comprovada e os compromissos morais e éticos. Os quesitos de uma perícia ambiental são as questões formuladas pelas partes envolvidas no processo e que devem ser respondidas de forma técnica e imparcial, buscando esclarecer os interessados a respeito da matéria em análise. Para se responder os quesitos de uma perícia ambiental utilizam-se dados técnicos das normas, fotografias, referências bibliográficas especializadas, modelos matemáticos, questionários de respostas, visitas ao local em análise, resultados de análises de laboratório, entre outros.
O laudo pericial é o documento que apresenta os resultados da perícia ambiental. Não existe um formato padrão para este tipo de documento, mas recomenda-se que contenha, no mínimo, as seguintes informações: Identificação do processo e solicitante da perícia; Identificação das partes envolvidas; Descrição do objeto da perícia; Apresentação da equipe de trabalho (perito e assistente técnico); Relação dos documentos e informações utilizados (fornecidos, leis e normas); Data, hora e período de tempo das diligências; Descrição dos dados e informações disponíveis para fundamentar a análise e as respostas dos quesitos da perícia em execução e as conclusões. Identificação do perito ou assistente técnico, registro profissional, registro geral, assinatura do profissional, data. Considerando que a perícia ambiental está, geralmente, relacionada com impactos e danos causados ao meio ambiente, não se pode deixar de considerar no trabalho a análise dos fatores abióticos (clima, atmosfera, hidrologia, geologia, etc.), fatores bióticos (microorganismos, flora e fauna) e dos fatores sócio-econômicos (cultura, religião, nível social, raça, etc.). De um modo geral, o Perito Ambiental atua mais nos fatores abióticos e bióticos, entretanto, em alguns casos, os fatores sócio-econômicos podem desempenhar papel preponderante. SEQÜÊNCIA NATURAL PARA CONFECÇÃO DE LAUDOS DE MEIO AMBIENTE Esta seqüência a ser descrita trata-se evidentemente de um caso hipotético, na realidade, na maioria dos casos não se tem ou não são necessários todos os elementos abaixo listados. Para cada caso específico são importantes os itens mais relacionados com o problema ambiental em estudo. 1. EXAME DO LOCAL 1.1. Localização da Área Plotar a área a ser periciada mapograficamente e em escala(s) compatível(s). Utilizar preferencialmente as coordenadas geográficas em UTM. 1.2. Situação Legal da Área Verificar se a área é pública ou privada, a qual unidade(s) da federação pertence. Descrever sucintamente a que se destina e qual o seu uso atual. 1.3. Clima Realizar o levantamento climatológico regional. 1.4. Recursos Hídricos Inventariar os recursos hídricos superficiais e subterrâneos e mapear os corpos d água. 1.5. Geomorfologia e Geologia Descrever o relevo e relacionar os recursos minerais.
1.6. Solos Mapear os solos, com considerações sobre a pedologia e a edafologia. 1.7.Vegetação Descrever a mapear as principais formas de vegetação. Listar as plantas, principalmente as de interesse econômico. Constatar a ocorrência de espécies raras ou endêmicas. 1.8. Fauna Levantar principalmente os vertebrados, dando ênfase às espécies endêmicas, raras, migratórias e cinergéticas. 1.9. Ecossistemas Identificar e descrever os principais ecossistemas da área, no seus componentes abióticos e bióticos. 1.10. Áreas de interesse histórico ou cultural Listar e descrever locais de interesse histórico, culturais e jazidas fossilíferas que estejam num raio de 50 km. 1.11. Área de Preservação Constatar se o local descrito está inserido em área protegida por lei (Parques Nacional ou Estadual, Estação Ecológica, Reserva Biológica, etc.). 1.12. Infra-estruturas Descrever as infra-estruturas existentes no local (núcleo habitacional, telefonia, estrada, cooperativas, etc.). 1.13. Atividades previstas, ocorridas ou existentes na área Relatar as tecnologias a serem utilizadas nas fases de implementação e operação do empreendimento. Listar insumos e equipamentos. 2. DISCUSSÃO 2.1. Diagnóstico Ambiental da área 2.2.2. Uso atual da terra Constatar o uso atual da terra, dar o percentual utilizado pela agropecuária. 2.2.3. Uso atual da água Constatar o uso atual da água, bem como obras de engenharia (canal, dique, barragem, drenagem, etc.). Verificar se ocorrem fontes poluidoras. 2.2.2. Avaliação da situação ecológica atual Realizar o levantamento das ações antrópicas anteriores e atuais, bem como relatar a situação da vegetação e fauna nativas. Com os dados obtidos inferir sobre a estabilidade ecológica dos ecossistemas da área. 2.2.2. Avaliação sócio-econômico Analisar a situação sócio-econômica da área, através de uma metodologia
compatível com a realidade regional. 2.2. Impactos Ambientais esperados para a área 2.2.2. Impactos ecológicos Listar e analisar os impactos ecológicos, levando em consideração a saúde pública e a estabilidade dos ecossistemas naturais, principalmente se estão em áreas protegidas por lei. 2.2.2. Impactos sócio-econômicos Avaliar os impactos sócio-econômicos da área, levando em consideração os aspectos médicos e sanitários 2.2.3. Perspectivas da evolução ambiental da área Inferir sobre qual seria a evolução da área com ou sem o empreendimento. 2.3. Considerações Complementares (quando for o caso) 2.3.1. Alternativa tecnológicas e locacionais Optar por alternativas menos impactantes para o meio ambiente, tanto em termos tenológicos como locacionais. 2.3.2. Recomendações para minimizar os impactos adversos e incrementar os benéficos Listar as recomendações específicas para minimizar os impactos negativos e incrementar os benéficos. 2.3.3. Recomendações para o monitoramento dos impactos ambientais adversos Desenvolver e implantar programas de biomonitoramento, de controle de qualidade da água, de controle de erosão, etc. 2.4. Apreciação dos quesitos Como geralmente há quesitos formulados pelo Promotor, Juiz ou Delegado, neste subitem eles deverão ser claramente discutidos e esclarecidos. 3. CONCLUSÃO Deve ser elaborada de forma sucinta mas, sempre que possível, conclusiva, abrangendo os aspectos ambientais anteriormente discutidos.