MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO AUDITORIA INTERNA SECRETARIA DE ORIENTAÇÃO E AVALIAÇÃO PARECER COGESP/SEORI/AUDIN MPU Nº 1.435/2013 Referência : Processo MPF nº 1.33.000.001397/2013-83. Assunto : Vacância. Acerto financeiro. Interessado : Secretaria de Gestão de Pessoas do MPF. Por intermédio do despacho às fls. 36v, o Senhor Secretário de Gestão de Pessoas Adjunto, tendo em vista o Parecer COVAP/SEORI/AUDIN-MPU Nº 685/2007, solicita nova manifestação desta Auditoria Interna sobre o cálculo do acerto financeiro da vacância, na hipótese de servidor desligado sem quitação de direitos, a partir de 2 de maio de 2013, e que tenha valores a devolver em virtude do recebimento integral do mês do desligamento. 2. Inicialmente, cumpre esclarecer que o tema objeto da consulta carece de regulamentação legal, de modo que podem ser encontradas nos órgãos as mais diversas interpretações e aplicações práticas no que tange a este assunto. 3. Nesse contexto, faz-se necessário trazer a lume o que versa a legislação esparsa a propósito de disposições correlatas que tangenciam o assunto em debate, com os pertinentes destaques: Decreto-Lei nº 5.452/43 Art. 64 - O salário-hora normal, no caso de empregado mensalista, será obtido dividindo-se o salário mensal correspondente à duração do trabalho, a que se refere o art. 58, por 30 (trinta) vezes o número de horas dessa duração. Parágrafo único - Sendo o número de dias inferior a 30 (trinta), adotar-se-á para o cálculo, em lugar desse número, o de dias de trabalho por mês. Lei nº 605/49 Art. 7º 2º Consideram-se já remunerados os dias de repouso semanal do empregado mensalista ou quinzenalista cujo cálculo de salário mensal ou quinzenal, ou cujos descontos por falta sejam efetuados na base do número de dias do mês ou de 30 (trinta) e 15 (quinze) diárias, respectivamente. 1/5
Lei nº 8.112/90 Do Vencimento e da Remuneração Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a título de remuneração, importância superior à soma dos valores percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal. Art. 44. O servidor perderá: I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo justificado; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Da Ajuda de Custo Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração do servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo exceder a importância correspondente a 3 (três) meses. Da Gratificação Natalina Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano. Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias será considerada como mês integral. ( ) Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua gratificação natalina, proporcionalmente aos meses de exercício, calculada sobre a remuneração do mês da exoneração. Das Férias Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação específica. 1º Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigidos 12 (doze) meses de exercício. 2º É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço. Art. 78. 3º O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão, perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver direito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês de efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias. 4º A indenização será calculada com base na remuneração do mês em que for publicado o ato exoneratório. 2/5
Lei nº 8.212/91 Art. 28 1º Quando a admissão, a dispensa, o afastamento ou a falta do empregado ocorrer no curso do mês, o salário de contribuição será proporcional ao número de dias de trabalho efetivo, na forma estabelecida em regulamento. Decreto nº 3.048/99 Art. 214 1º Quando a admissão, a dispensa, o afastamento ou a falta do empregado, inclusive o doméstico, ocorrer no curso do mês, o salário de contribuição será proporcional ao número de dias efetivamente trabalhados, observadas as normas estabelecidas pelo Instituto Nacional do Seguro Social. 4. Dessume-se da legislação referenciada que o legislador, em várias ocasiões, reporta-se ao termo mês, de mensal, sem fazer distinção quanto ao número de dias do mês a que se refere o pagamento. Em outros momentos, a legislação estabelece que o empregador deverá pagar ao trabalhador a importância correspondente aos dias efetivamente trabalhados, sem se referir a eventuais descontos, tendo como base de cálculo o número de dias não trabalhados do respectivo mês. 5. No âmbito da jurisprudência, verifica-se orientações no sentido de que o divisor a ser utilizado para efeito de cálculo do valor a ser pago pelos dias trabalhados deve ser 30 dias, independente do mês a que se refiram os cálculos, senão vejamos: TRT-7 - AGVPET: 2085003920005070006 CE 0208500-3920005070006. (Relator: MANOEL ARÍZIO EDUARDO DE CASTRO, Data de Julgamento: 06/08/2007, PLENO DO TRIBUNAL, Data de Publicação: 27/08/2007 DOJTe 7ª Região) AGRAVO DE PETIÇÃO - ELABORAÇÃO DOS CÁLCULOS - MÊS COMERCIAL - 30 DIAS - O número de dias que compõem um mês para efeito de cálculos é igual a trinta, não importando a qual deles especificamente se refiram as contas, conforme se depreende do conceito de mês comercial. Não configura excesso nos cálculos o fator de multiplicação utilizado pela Contadoria do Juízo para encontrar o montante de horas extras mensais, considerando o número padronizado de 30 dias por mês. Agravo de petição conhecido e improvido. (destacamos) Acórdão-2ªT RO 01238-2007-028-12-00-710225/2007 DIVISOR PARA CÁLCULO DO SALÁRIO-HORA. O divisor para o cálculo do salário-hora do empregado mensalista é obtido pela multiplicação da jornada diária por 30, porquanto deve considerar o módulo mensal, ou seja, todos os dias do mês, dias úteis e repousos semanais remunerados, incluídos sábados e feriados (inteligência do art. 64 da CLT). (grifamos) 3/5
STJ - RECURSO ESPECIAL Nº 937.582 - RS (2007/0072256-9) ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS ARTS. 458, INCISO II, E 535, INCISO II, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. OMISSÃO NÃO CONFIGURADA. SERVIDOR PÚBLICO. ADICIONAL POR SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO. FATOR DE DIVISÃO: 200 HORAS MENSAIS. JUROS DE MORA. INÍCIO DO PROCESSO APÓS A VIGÊNCIA DA MP Nº 2.180-35/2001. INCIDÊNCIA. 1. O acórdão hostilizado solucionou a quaestio juris de maneira clara e coerente, apresentando todas as razões que firmaram o seu convencimento. 2. De acordo com as disposições da Lei n.º 8.112/90, a jornada máxima do servidor público é de 40 (quarenta) horas semanais, razão pela qual o fator de divisão para o serviço extraordinário é, necessariamente, de 200 horas mensais. Precedentes. 3. Tendo sido a demanda ajuizada após o advento da Medida Provisória n.º 2.180-35/2001 aplica-se a limitação da referida norma, razão pela qual devem os juros moratórios ser fixados no percentual de 6% ao ano. 4. Recurso especial conhecido e parcialmente provido. VOTO A EXMA. SRA. MINISTRA LAURITA VAZ (RELATORA): A disciplina do art. 19 da Lei n.º 8.112/90, com a redação conferida pela Lei n.º 8.270/91, é a seguinte: "Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada em razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, respeitada a duração máxima do trabalho semanal de quarenta horas e observados os limites mínimo e máximo de seis horas e oito horas diárias, respectivamente." (sem grifos no original.) A singela leitura do dispositivo legal acima transcrito leva à conclusão de que andou bem a Corte de origem ao estabelecer o fator de divisão 200 para o cálculo do adicional por serviço extraordinário. Isso porque, conforme é possível depreender-se primo icto oculi, a partir da Lei 8.112/90, a jornada de trabalho máxima dos servidores públicos é de 40 (quarenta) horas semanais. Nessas condições, o fator de divisão pertinente para o cálculo do adicional por serviço extraordinário é alcançado por meio da seguinte operação: dividindo-se 40 (máximo de horas semanais trabalhadas) por 6 (dias úteis a serem considerados) e multiplicando-se o resultado por 30 (total de dias do mês), totalizando, então, 200 horas mensais, valor esse que reflete a correta aplicação do direito à espécie. (grifos nossos) 4/5
6. Assim, percebe-se, de acordo com a jurisprudência, que o procedimento adequado, a fim de verificar e/ou apurar o valor do pagamento pelos dias trabalhados, é a divisão do salário mensal por 30. Dessa forma, essa metodologia deve ser adotada para efeitos de apuração do valor a ser pago pelos dias trabalhados ou para eventuais descontos ou ressarcimentos, caso o pagamento já tenha sido efetuado. 7. Nessa linha de raciocínio, na hipótese de servidor que tenha trabalhado apenas 1 (um) dia no mês do desligamento e tenha recebido o mês integral de remuneração, este deverá devolver o valor correspondente a diferença entre a remuneração mensal integral que lhe foi paga e o valor relativo ao direito de receber por um dia trabalhado. Portanto, para efeito de desconto, a Administração deverá apurar o valor que é devido ao servidor desligado pelos dias efetivamente trabalhados. 8. Em face do exposto, somos de parecer que, para cálculo do valor a ser devolvido, a remuneração deve ser dividida por 30 (trinta) e multiplicada pelo número de dias efetivamente trabalhados, devendo o valor encontrado ser subtraído dos vencimentos percebidos no respectivo mês de desligamento. É o parecer que submetemos à consideração superior. Brasília, de novembro de 2013. MICHEL ÂNGELO VIEIRA OCKÉ Coordenador da COGESP De acordo. À consideração do Senhor Auditor-Chefe. Aprovo. Encaminhe-se à SGP/MPF, com cópia para as unidades de gestão de pessoas dos demais ramos do MPU. Em, / 11 / 2013. MARA SANDRA DE OLIVEIRA Secretária de Orientação e Avaliação SEBASTIÃO GONÇALVES DE AMORIM Auditor-Chefe 5/5