ACÓRDÃO Registro: 2013.0000037870 Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº 0269569-90.2012.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é agravante ERNANI BARBAGLIO (E OUTROS(AS)), é agravado NUTRIK COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA. ACORDAM, em 25ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores HUGO CREPALDI (Presidente sem voto), SEBASTIÃO FLÁVIO E MARCONDES D'ANGELO. São Paulo, 30 de janeiro de 2013. Vanderci Álvares RELATOR Assinatura Eletrônica
RECURSO: Agravo de Instrumento Nº 0269569-90.2012.8.26.0000. COMARCA: SÃO PAULO. COMPETÊNCIA: LOCAÇÃO DE IMÓVEL. AÇÃO: Execução de título extrajudicial. Nº : 0102543-39.8.26.0011. 1ª Instância Juiz : Eduardo Tobias de Aguiar Moeller. Vara: 2ª Vara Cível do Foro Regional de Pinheiros. RECORRENTE (S): Ernani Barbaglio e outros. ADVOGADO(A)(S): Luciane de Menezes Adao. RECORRIDO (S): Nutrik Comércio de Alimentos Ltda. ADVOGADO(A)(S): Mauro Campos de Siqueira. VOTO Nº 20.059/12. EMENTA: Agravo de instrumento. Locação de imóvel. Execução. Laudo de avaliação do imóvel a ser leiloado. 1. Não se mostra descabida a decisão de Primeiro Grau que houve por bem rejeitar impugnação ao laudo pericial produzido pelo perito nomeado. 2. A avaliação procedida por engenheiro nomeado perito e pessoa de confiança do juiz, deve prevalecer quando ausente motivo de repetição dessa avaliação (artigos 683, incisos l a III, do Código de Processo Civil). 3. Documento unilateral firmado por corretor escolhido pelos agravantes, não pode suplantar laudo minudenciado e circunstanciado de avaliação do bem. 4. Recurso improvido. Vistos. 1. Agravo de instrumento manejado pelos executados Ernani Barbaglio e outros, contra decisão proferida nos autos da execução de título executivo extrajudicial de despesas locatícias, promovida pela ora agravada Nutrik Comércio de Alimentos Ltda., que houve por bem rejeitar impugnação ao laudo pericial do imóvel a ser leiloado produzido pelo perito nomeado pelo Agravo de Instrumento nº 0269569-90.2012.8.26.0000 2
juízo (fls. 93 deste instrumento). Alegam os agravantes que o perito nomeado avaliou o imóvel em R$608.000,00, no entanto, conforme valor avaliado por uma imobiliária da região, constatou-se que o valor correto do bem é de aproximadamente R$ 870.000,00. Clama pelo provimento do recurso, para o fim de se reformar a decisão proferida, a fim de que seja realizada nova perícia, permitindo-se a correta avaliação do bem. É o sucinto relatório. 2. Voto. O recurso não vinga. A avaliação de imóvel feita por engenheiro só se repete quando comprovado erro ou dolo do avaliador; houver mutação do valor dos bens em razão de fato posterior à avaliação, ou ocorrer dúvida fundada sobre o valor atribuído. Não é o caso. O laudo foi bem justificado e, documento unilateral trazido pelos recorrentes, firmado por corretor de imóveis, não tem o condão de suplantar a avaliação específica feita por perito nomeado pelo juiz e pessoa de sua confiança. Se o imóvel atinge mesmo aquela cifra apontada pelo corretor escolhido pelos agravantes, por que não vendem-no e, com o produto, liquidam o entrave da penhora executiva? Nesse sentido já decidiu esta Corte: AGRAVO DE INSTRUMENTO - ACIDENTE Agravo de Instrumento nº 0269569-90.2012.8.26.0000 3
DE VEÍCULO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO MÉRITO. Penhora de imóvel. Laudo técnico apresentado por profissional qualificado regularmente nomeado pelo juízo 'a quo'. Admissibilidade. A impugnação do laudo pericial só é cabível quando demonstrada ausência de conhecimento técnico ou específico do profissional. Ademais, o juiz é o destinatário da prova cabendo a ele decidir acerca da sua produção. Exegese do artigo 130 do Código de Processo Civil. Decisão mantida. Recurso não provido. (AI nº Agravo de instrumento nº 0176414-33.2012.8.26.0000 25ª Câm. Rei. Des. Marcondes D'Angelo J. em 12.12.2012) PERITO - SUBSTITUIÇÃO - CONHECIMENTO TÉCNICO E CIENTÍFICO - CARÊNCIA INOCORRÊNCIA - INADMISSIBILIDADE - A substituição do Perito Judicial só é cabível quando demonstrada a ausência de conhecimento técnico ou científico, ou, por outro lado quando verificada sua omissão no cumprimento do encargo que lhe foi assinado. (AI 817.189-00/2-1ª Câm. - Rel. Juiz PRADO PEREIRA - J. 8.10.2003 ). "EXECUÇÃO - PENHORA AVALIAÇÃO - NOMEAÇÃO DE PERITO - PESSOA DE CONFIANÇA DO JUIZ - ADMISSIBILIDADE. A nomeação de avaliador judicial exclusivamente na pessoa de engenheiro encontra respaldo em respeitável corrente da doutrina o, nada obstante os diversos Julgados deste E. Tribunal que consideram adequada a realização da avaliação de imóvel por corretor de imóveis, o que prepondera é a regra de nomeação de pessoa de estrita confiança do Juiz, Bem por isso não há sentido obrigar a Magistrada a substituir o experto nomeado, máxime quando ostenta ele plenas condições técnicas para execução da perícia". (Al nº 751.744-00/1 8ª Câm. - Rei. Juiz KIOITSI CHICUTA - J. 29.7.2002). Enfim, resta claro que a avaliação do imóvel não deve ser repetida, posto que realizada por auxiliar do Juiz, cujos atos gozam da presunção de adequação. As exceções estão descritas no artigo 683 do Código de Processo Civil, que autoriza a Agravo de Instrumento nº 0269569-90.2012.8.26.0000 4
realização de nova avaliação, dentre outras hipóteses, caso se verifique que houve majoração ou diminuição do valor do bem, fato este não demonstrado nos autos. Demais, ressalta-se que, em última análise, o juiz é o destinatário da prova, cabendo a ele a aferição da necessidade de sua produção. Atento ao norte contido no artigo 130, do Código de Processo Civil, cabe ao juiz efetivamente comandar a instrução do processo, determinando a realização das provas essenciais e indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias, pois, como observa o insigne processualista e desembargador João Batista Lopes (in RT 716/46): o juiz moderno não é um 'convidado de pedra', mas diretor material do processo exercendo poder de estímulo e de intervenção com o escopo de assegurar a igualdade substancial das partes e a prestação jurisdicional qualificada. E, no Egrégio Superior Tribunal de Justiça outro não é o posicionamento a respeito do tema: O ônus da prova é da parte (art. 333, CPC); sendo o juiz destinatário incumbe-lhe verificar da sua necessidade, ou não,... dentro da sua convicção, para chegar ao esclarecimento da verdade. (REsp. nº76.389/ba, rel. Min. Milton Luiz Pereira, in DJU de 7.10.96. No mesmo sentido: REsp. nº 97.943/BA, rel. Min. Franciulli Netto, j. 15.03.2001, DJU de 18.2.2002, p.280; REsp. nº 79.362/MG, rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, j. 10.6.97, DJU de 4.8.97, p. 34.742; RMS 6.280/AM, rel. Min. José de Jesus Filho, j. 21.11.96, DJU 16.12.96, p. 50.748). 3. Itis positis, pelo meu voto, nega-se provimento ao recurso. VANDERCI ÁLVARES Relator Agravo de Instrumento nº 0269569-90.2012.8.26.0000 5