História Antiga I. Alfredo Julien

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Transcrição:

História Antiga I Alfredo Julien São Cristóvão/SE 2011

História Antiga I Elaboração de Conteúdo Alfredo Julien Projeto Gráfico e Capa Hermeson Alves de Menezes Diagramação Neverton Correia da Silva Revisão Edvar Freire Caetano Ilustração Gerri Sherlock Araújo Copyright 2011, Universidade Federal de Sergipe / CESAD. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização por escrito da UFS. FICHA CATALOGRÁFICA PRODUZIDA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE S111t Julien, Alfredo. História Antiga I / Alfredo Julien -- São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, CESAD, 2011. 1. História Antiga. 2. Períodos. 3. Sociedade. CDU 94(81)

Presidente da República Dilma Vana Rousseff Ministro da Educação Fernando Haddad Reitor Josué Modesto dos Passos Subrinho Vice-Reitor Angelo Roberto Antoniolli Chefe de Gabinete Ednalva Freire Caetano Coordenador Geral da UAB/UFS Diretor do CESAD Antônio Ponciano Bezerra Vice-coordenador da UAB/UFS Vice-diretor do CESAD Fábio Alves dos Santos Diretoria Pedagógica Clotildes Farias de Sousa (Diretora) Diretoria Administrativa e Financeira Edélzio Alves Costa Júnior (Diretor) Sylvia Helena de Almeida Soares Valter Siqueira Alves Coordenação de Cursos Djalma Andrade (Coordenadora) Núcleo de Formação Continuada Rosemeire Marcedo Costa (Coordenadora) Núcleo de Serviços Gráficos e Audiovisuais Giselda dos Santos Barros Núcleo de Tecnologia da Informação João Eduardo Batista de Deus Anselmo Marcel da Conceição Souza Raimundo Araujo de Almeida Júnior Assessoria de Comunicação Edvar Freire Caetano Guilherme Borba Gouy Núcleo de Avaliação Hérica dos Santos Matos (Coordenadora) Carlos Alberto Vasconcelos Coordenadores de Curso Denis Menezes (Letras Português) Eduardo Farias (Administração) Haroldo Dorea (Química) Hassan Sherafat (Matemática) Hélio Mario Araújo (Geografi a) Lourival Santana (História) Marcelo Macedo (Física) Silmara Pantaleão (Ciências Biológicas) Coordenadores de Tutoria Edvan dos Santos Sousa (Física) Geraldo Ferreira Souza Júnior (Matemática) Ayslan Jorge Santos de Araujo (Administração) Carolina Nunes Goes (História) Rafael de Jesus Santana (Química) Gleise Campos Pinto Santana (Geografi a) Trícia C. P. de Sant ana (Ciências Biológicas) Vanessa Santos Góes (Letras Português) Lívia Carvalho Santos (Presencial) NÚCLEO DE MATERIAL DIDÁTICO Hermeson Menezes (Coordenador) Marcio Roberto de Oliveira Mendoça Neverton Correia da Silva Nycolas Menezes Melo UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE Cidade Universitária Prof. José Aloísio de Campos Av. Marechal Rondon, s/n - Jardim Rosa Elze CEP 49100-000 - São Cristóvão - SE Fone(79) 2105-6600 - Fax(79) 2105-6474

Sumário AULA 1 A História Antiga como período histórico... 07 AULA 2 Fundamentos político-culturais da divisão quadripartite... 17 AULA 3 História Antiga e a identidade cultural européia... 31 AULA 4 A cidade-estado mesopotâmica... 43 AULA 5 O Egito antigo... 55 AULA 6 A pólis grega... 67 AULA 7 Democracia e escravidão na grécia antiga... 79 AULA 8 Atenas: imperialismo, guerra e democracia... 89 AULA 9 A formação do império romano I... 99 AULA 10 A formação do império romano II...113

Aula 1 A HISTÓRIA ANTIGA COMO PERÍODO HISTÓRICO META Apresentar a História Antiga como período da divisão quadripartite da História. OBJETIVOS Ao fi nal desta aula, o aluno deverá: identifi car os períodos que compõem a divisão quadripartite da História; determinar os marcos históricos que constituem a divisão quadripartite; defi nir o conceito de marco histórico. Alfredo Julien

História Antiga I INTRODUÇÃO Caro ou cara aprendiz, apresentamos nossas boas-vindas à disciplina de História Antiga de nosso curso. Desejamos que, nessa viagem a um tempo tão recuado de nossa época, você possa não somente obter informações e desenvolver conhecimentos que o auxilie na sua formação como pessoa autônoma, capaz de desenvolver atividades profissionais com competência e de exercer sua cidadania de forma consciente e responsável. Esperamos também que se divirta, pois acreditamos que o saber e o prazer caminham juntos. Para atingir tal objetivo, procuraremos expor assuntos complexos com a maior delicadeza possível, para que possam (com o perdão da metáfora) ser degustados como se fossem doces finos e delicados e não como um remédio amargo e difícil de ser ingerido, ainda que necessário para o restabelecimento da saúde. 8

A História Antiga como período histórico Aula 1 Agora, para iniciarmos, como se estivesse em um sonho, imagine você em um corredor não muito comprido. Em um de seus lados, há quatro portas que servem de entrada para quatro salas distintas. Você está de frente para elas. De sua posição é possível ver, em cada uma das portas, uma placa, cada uma com uma inscrição. Na primeira porta consta entrada para a História Antiga. Na segunda, entrada para a História Medieval. Na terceira, entrada para a História Moderna. E na quarta e última, entrada para a História Contemporânea. (Fonte: www.phb.fap.com.br). Você então é tomado(a) de curiosidade. Fica pensando sobre o que significaria aquelas plaquinhas ou o que estaria guardado no interior daquelas salas, quando, de repente, de maneira inexplicável (lembre-se que se trata de um sonho) um homem, com um avental branco, aparece no corredor, caminhando em sua direção! Quando então ele se aproxima, você lhe pergunta a respeito daquelas salas e suas respectivas plaquinhas. O homem de branco ouve, porém não responde de imediato. Pára pensativamente, demonstrando com seu silêncio a importância e a seriedade da resposta que formulava. Então, após esse breve momento, ele responde: é assim que ordenamos e guardamos todos os acontecimentos do mundo. Nesse momento, você acorda e percebe que era um sonho! A história do sonho é uma forma visual para exemplificar um dos principais procedimentos adotados na prática do ensino de História como disciplina escolar e acadêmica: a sua divisão em quatro períodos históricos 9

História Antiga I distintos: História Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea, a famosa linha do tempo dividida em quatro períodos distintos. Os livros didáticos destinados à educação básica são periodizados dessa forma. E o nosso próprio curso de História da UAB/UFS também apresenta essa divisão. Trata-se de uma periodização clássica e amplamente utilizada. Vejamos abaixo como ela costumeiramente é apresentada. A DIVISÃO QUADRIPARTITE É UMA FORMA DE ORDE- NAR OS ACONTECIMENTOS DA HISTÓRIA HUMANA...dias de hoje Pré-história História Antiga História Médieval História Moderna História Conteporânia 4mil a.c. Invenção da escrita 476 d.c. Queda de Roma 1453 Queda de Constantinopla 1789 Rev.Francesa História Antiga: inicia-se aproximadamente em 4 mil anos a.c., com o advento da escrita, e estende-se até o ano da 476 d.c., com a queda de Roma. História Medieval: inicia-se em 476 e estende-se até o ano de 1453, com o fim da guerra dos cem anos e a tomada da cidade de Constantinopla pelos turcos otomanos. História Moderna: inicia-se em 1453 e estende-se até 1789, quando teve início a Revolução Francesa. História Contemporânea: inicia-se em 1789 e estende-se até os nossos dias. A linha do tempo quadripartite estabelece uma seqüência de períodos históricos que se inicia com a invenção da escrita e prolonga-se até os dias de hoje. A delimitação de cada período se faz pela utilização de eventos que servem de marcos. Assim, para o início da Idade Antiga, temos como marco histórico o aparecimento da escrita, sendo a queda do Império Romano do Ocidente, em 476, o seu marco final. Seguindo à Idade Antiga, temos a Idade Média, que tem como marco final, na maioria de nossos livros didáticos, a tomada de Constantinopla. Na seqüência, apresenta-se a Idade Moderna, que termina em 1789 com a Revolução Francesa, que por sua vez dá início à Idade Contemporânea. Coliseu. Roma. Fotografia. Autor desconhecido. (http://www.mobility.com.br). 10

A História Antiga como período histórico Aula 1 Os marcos históricos que delimitam os períodos são artificiais, já que o tempo histórico se desenrola em um contínuo, sem interrupções. Não é de um dia para outro que as sociedades humanas mudam. Elas se transformam lentamente, sem mesmo que a maioria de nós se dê conta. Tomemos como exemplo a passagem da Idade Antiga para a Medieval. O império Romano não caiu de uma hora para outra, sua decadência é fruto de um longo processo de transformações, que se iniciaram séculos antes de sua queda e perduraram séculos após ela. A data da queda do Império Romano em 476 é apenas uma escolha convencional e não reflete o processo contínuo das transformações históricas. A periodização estabelece cortes artificiais no fluxo histórico das transformações sociais. Ela é obra do historiador, de quem analisa os fatos e não elementos constitutivos dos próprios fatos. ATIVIDADES Vamos exercitar o conteúdo desenvolvido até aqui. Observe a linha do tempo reproduzida abaixo. Preencha as lacunas de acordo com o modelo da divisão quadripartite da história. As lacunas 1 e 6 já estão preenchidas, as outras são com você....dias de hoje 1 2 3 4 5 4mil a.c. 476 d.c. 1453 1789 1. Pré-História 2. 3. 4. 5. 6. Aparecimento da escrita 7. 8. 9. 11

História Antiga I COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES 2. Idade Antiga; 3. Idade Média; 4. Idade Moderna; 5. Idade Contemporânea; 7. Queda do Império Romano do Ocidente; 8. Final da Guerra dos Cem Anos e a Tomada de Constantinopla; 9. Revolução Francesa. Ver glossário no final da Aula O marco histórico que divide um período de outro é convencional e muitas vezes sequer é percebido pelos homens que o presenciaram como tal. Suas escolhas dependem do que nós hoje consideramos como sendo importante e não das coisas que os homens que viveram esses momentos pensaram a respeito. Por exemplo, Jacques Le Goff aponta que a deposição do imperador romano do ocidente, o jovem e desconhecido Rômulo, foi um fato quase desapercebido. Um acontecimento que não parece ter comovido os seus contemporâneos. Segundo ele, foi somente cinqüenta anos após a deposição que um bizantino escrevera em sua crônica: Odoacro, rei dos Godos, obtém Roma...O Império Romano do Ocidente, que Otávio Augusto, primeiro imperador, começou a governar no ano 709 de Roma, teve fim com o pequeno imperador Rômulo. Um fato que hoje é alçado à importância de marco histórico, em sua própria época sequer foi notado. A periodização histórica, portanto, é uma forma de ordenar os acontecimentos no tempo, demarcando-os com eventos que se consideram importantes para explicar os motivos que levaram a passagem de um período para o outro. É uma forma de classificação dos acontecimentos e condutas humanos com a intenção de se produzir uma explicação coerente das sucessões dos acontecimentos históricos. No caso da divisão quadripartite da história, a periodização tem por finalidade proporcionar uma visão geral da evolução histórica, dos primeiros tempos aos dias de hoje. Assim sabemos, por meio dela, que a História começa na Antiguidade, precedida por um longo período chamado de Pré-História. Segue-se pelo medievo, com suas características próprias, e chega até nós, Idade Contemporânea, passando pela Idade Moderna. Trata-se de uma linha do tempo que explica, de forma geral, a evolução dos acontecimentos que marcaram o que costumamos chamar de História Geral. Quais seriam, então, as principais características de cada período? Na Idade Antiga, temos o aparecimento das formas de vida civilizada. A civilização egípcia e mesopotâmica, com as suas complexas organizações sociais e manifestações culturais, são dois dos seus marcos iniciais. Tal período se estende até a civilização romana, considerada como o apogeu do mundo antigo, reunindo as principais conquistas materiais e espirituais desse período. 12

A História Antiga como período histórico Aula 1 A Idade Média é o momento em que ocorre a reorganização do mundo mediterrânico, após a queda do Império Romano. É nela, que ocorrem transformações importantes na Europa que sinalizam para novas formas de organização social: o aparecimento de cidades como centros de atividade artesanal e comercial e a formação dos Estado-nacionais europeus como França, Inglaterra, Portugal e Espanha. Foi a aliança de interesses comerciais aliada ao poderio das nascentes monarquias européias que tornou possível a expansão marítimo-comercial européia, levando os europeus a descobrirem o continente americano. A Idade Moderna é o período do apogeu das monarquias absolutistas européias e da organização do mundo colonial. É no final desse período que um lento processo de transformações sociais e econômicas levou à chamada Revolução Industrial e à Revolução Francesa. As revoluções Industrial e Francesa abriram as portas para a Idade Contemporânea, com suas principais formas econômicas, políticas e sociais: a difusão da mão de obra assalariada, o Estado Liberal e a economia capitalista. Assim, passando em resumo, teríamos o aparecimento das formas de vida civilizada, na Antiguidade. A formação das monarquias européias, na Idade Média. A expansão européia pelo mundo, com o colonialismo, na Idade Moderna. E, na Idade Contemporânea, como conseqüência das transformações ocorridas no período anterior: o predomínio da economia capitalista européia. ATIVIDADES Agora, antes de continuarmos, para que possamos ter certeza de que você compreendeu os principais conteúdos até aqui, propomos a seguinte atividade. Consultando um livro didático de nível médio, e tomando como base a descrição feita por nós das principais características de cada idade histórica da divisão quadripartite, identifique de que forma cada período se relaciona aos seus marco iniciais. 1. História Antiga (aparecimento da escrita) 2. História Medieval (queda do Império Romano do Ocidente) 3. História Moderna (Tomada de Constantinopla) 4. História Contemporânea (Revolução Francesa) 13

História Antiga I COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES 1. O aparecimento da escrita como marco inicial da História Antiga ligase a vários fatores. Um deles, e não menos importante, deve-se à crença positivista de que o estudo da história somente seria possível a partir de documentos escritos. Assim o aparecimento da escrita marcaria a divisão da História propriamente dita da Pré-história, período que somente poderia ser estudado a partir de suas evidências materiais. 2. A deposição de Rômulo em 476, último imperador romano do Ocidente, sinaliza de maneira clara a crise do Império Romano do Ocidente que levou à constituição da Europa feudal. 3. A Tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos é considerada marco iniciador da Idade Moderna devido à ligação que se costuma fazer entre ela e a expansão ultramarina européia. De acordo com tal interpretação, o domínio turco sobre a cidade teria bloqueado as linhas de comércio entre a Europa e o Oriente. A dificuldade de manter o comércio pelas rotas comerciais que utilizavam o Mar Mediterrâneo teria incentivado (lembre que isso é apenas uma teoria, por isso optamos pela conjugação teria incentivado, dando, deste modo, um caráter hipotético à frase) a busca de novas rotas comerciais pelo Atlântico, contornando o continente africano. 4. A Revolução Francesa é utilizada como marco da Idade Contemporânea no sentido de que ela representa o ápice da luta contra o absolutismo real da Idade Moderna, representando deste modo os ideais democráticos do Estado Liberal Burguês. CONCLUSÃO Depois dessa aula, deve ter ficado claro para você que a periodização quadripartite da história é uma forma de explicar a evolução dos acontecimentos no tempo, marcando seus eventos principais e distinguindo seus períodos com características distintas. A idéia de História Antiga como disciplina, e um período histórico definido, deve ser entendida nesse contexto, como um momento de uma periodização que tem por finalidade classificar, no tempo, a experiência humana, explicando sua história de maneira coerente e racional. A periodização histórica é uma forma de narrar os acontecimentos dando-lhes sentido e coerência. 14

A História Antiga como período histórico Aula 1 RESUMO A periodização quadripartite da história é uma prática comum no ensino de história. A divisão da história humana em Idade Antiga, Média, Moderna e Contemporânea está presente no dia a dia das salas de aula, na organização dos livros didáticos e mesmo na organização curricular dos cursos superiores de história. Nessa aula, procuramos discutir sua natureza como forma de classificar e ordenar os acontecimentos humanos de maneira linear e coerente, mostrando quais seriam as principais características da cada período e de que maneira seus marcos divisores se relacionam com cada período que eles demarcam. PRÓXIMA AULA Na próxima aula, teremos a oportunidade de discutir sob qual ponto de vista ideológico a divisão quadripartite da História se organiza, como também os significados históricos e culturais que cada uma das Idades e seus respectivos marcos representam. AUTO-AVALIAÇÃO 1. O que é a divisão quadripartite da História? 2. Quais são os períodos históricos apresentados na divisão quadripartite? 3. Quais são os marcos iniciais e finais da Idade Antiga? COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES 1. A divisão quadripartite da História é uma maneira de periodizar a história humana estabelecendo quatro idades, ou épocas históricas, distintas. 2. Os quatro períodos históricos apresentados na divisão quadripartite são: a Idade Antiga, Média, Moderna e Contemporânea. 3. O marco inicial da Idade Antiga é o aparecimento da escrita, datado de mais ou menos 4 mil a.c.. O marco final é a queda do Império Romano do Ocidente no ano de 476 d.c. 15

História Antiga I REFERÊNCIAS GUARINELLO, N.L. Uma morfologia da História: as formas da História Antiga. Politéia: história e sociedade, Vitória da Conquista, v. 3, n. 1, p. 41-61, 2003. GLÓSSARIO Jacques Le Goff: Renomado medievalista, Jacques Le Goff é um dos principais expoentes da Nova História. Abordando principalmente questões ligadas ao imaginário no medievo europeu, possui uma obra rica e variada, que hoje se constitui em referência básica nos estudos histó ricos, tanto pelo conhecimento que nos lega do me dievo europeu como pelas questões teóricas apresentadas em seus trabalhos. 16