Aluno- N nº. Professora Vera Bomfim Data / / Turma PROPOSTAS DE REDAÇÃO PARA O RECESSO DE CARNAVAL

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Transcrição:

3 a EM REDAÇÃO Aluno- N nº Professora Vera Bomfim Data / / Turma Proposta 1 PROPOSTAS DE REDAÇÃO PARA O RECESSO DE CARNAVAL É preferível praticar ou sofrer uma injustiça? O quadro do pintor francês Jacques Louis David retrata os últimos momentos de Sócrates, tranquilo, pronto a beber a cicuta (um veneno), consolando os amigos que choravam por ele. Para Sócrates, o célebre filósofo da Grécia antiga, a felicidade só podia ser conquistada por meio da virtude. Ao menos, esse é um dos assuntos que ele aborda, nos diálogos escritos por Platão, seu discípulo, que registrou a atuação e as ideias de seu mestre. Em um trecho célebre de um desses diálogos platônicos, Sócrates afirma que é preferível sofrer uma injustiça do que praticá-la. Como você interpreta essa afirmação do filósofo? Concorda ou não concorda com ele? Parece-lhe que essa ideia permanece atual nos dias de hoje? Veja a passagem do diálogo intitulado "Górgias" em que se encontra a opção socrática. Para conhecer um pouco da vida e das ideias de Sócrates, leia o texto que integra esta proposta de redação. Depois, redija uma dissertação sobre a resposta que você daria à questão acima formulada, expondo seu ponto de vista e defendendo-o com argumentos. Texto 1 O diálogo Sócrates É que o maior dos males é cometer alguma injustiça. Polo Esse é o maior? Não é sofrer injustiça?

Sócrates De forma alguma. Polo Então, preferirias sofrer alguma injustiça a praticá-la? Sócrates Por meu gosto, nem uma coisa nem outra; porém, se me visse obrigado a optar entre praticar alguma injustiça ou sofrê-la, preferiria sofrê-la, não praticá-la. (Górgias, Platão, tradução de Carlos Alberto Nunes) O filósofo Sócrates (469 a.c./399 a.c Atenas) é considerado um dos principais filósofos de toda a história do pensamento ocidental. Era filho de um escultor e de uma parteira. Recebeu uma educação clássica, que incluía ginástica, música e gramática, mas pouco se sabe a respeito de sua juventude. Adulto, vivia de maneira humilde, percorrendo descalço as ruas de Atenas. Tornou-se o modelo, a personificação do filósofo, isto é, do "amigo do sabedoria" (que é o significado da palavra "filósofo", em grego). Passou a ensinar em praça pública, sem cobrar nada por isso, ao contrário do que faziam os sofistas, que ensinavam a ganhar prestígio político e posição social por meio da retórica. Para eles não importava se o conteúdo dos discursos era falso ou verdadeiro. O importante era vencer o debate. Górgias era um dos mestres nesse tipo de ensino. Opondo-se ao sofista, Sócrates acreditava que "a verdade não admite contestação". Por isso, o método socrático consistia em fazer perguntas que conduzissem o discípulo à descoberta da verdade. Sócrates reformulou a filosofia grega, fazendo com que a busca de conhecimento, antes centrada no estudo da natureza, passasse a ocupar-se do homem e das suas ações. Ou seja, para o filósofo, o que contava era que seus concidadãos procurassem a virtude. Para ele, a formação do caráter tinha como finalidade a ética, condição essencial da felicidade. Aos 70 anos, Sócrates foi considerado um perigo para a cidade de Atenas e levado a julgamento. Elaborou sua própria defesa, comentando e refutando as acusações (falsas) de corromper a juventude e não venerar os deuses atenienses. Foi instado a deixar de lado suas ideias. No entanto, preferiu morrer a renegá-las e abandonar o seu modo de vida. Condenado à morte, ingeriu tranquilamente a cicuta - um veneno comum na época. (UOL Educação)

Proposta 2 Pós-verdade, opinião pública e democracia O presidente eleito dos EUA Donald Trump e o Brexit - a saída do Reino Unido da União Europeia - são exemplos de como a pós-verdade age sobre a opinião pública Você já ouviu falar em "pós-verdade"? Pode ser que não, mas se você está conectado com a realidade atual, mesmo sem perceber, certamente teve contato com fatos "pós-verdade" ou considerou "verdadeiros" alguns fatos que não passam de versões e interpretações dos acontecimentos, embora possam ser considerados "reais". Na coletânea de textos que informa esta proposta de redação, há elementos para compreender melhor a palavra e o seu significado. Levando isso em consideração, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre uma época em que se multiplica o papel da pós-verdade, tornando a opinião pública mais vulnerável do que nunca à manipulação. Que consequências isso teria para as sociedades humanas? O que a pós-verdade pode fazer com a democracia? De que modo a maioria das pessoas poderia se defender para, como se diz popularmente, não comprar gato por lebre? Pós-verdade O Dicionário de Oxford acaba de nos dar uma valiosa contribuição para entender o mundo em que vivemos. Escolheu como palavra do ano uma expressão pouco conhecida: pós-verdade. É um adjetivo. Não chega a ser novo. Tem uma década, pelo menos. Mas os estudiosos de Oxford perceberam que nos últimos tempos seu uso passou a ser mais frequente: em artigos acadêmicos, por escritores, nos jornais e, finalmente, nas ruas. Pela definição do dicionário, pós-verdade quer dizer "algo que denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência para definir a opinião pública do que o apelo à emoção ou crenças pessoais". Em outros termos: a verdade perdeu o valor. Não nos guiamos mais pelos fatos. Mas pelo que escolhemos ou queremos acreditar que é a verdade. (...)

O terreno da internet tem se revelado fértil para a propagação de mentiras sempre interessadas, trincheira dos haters. Levamos tanto tempo para estabelecer uma visão "científica" dos fatos, construir a isenção do jornalista, a independência editorial e, de repente, vemos que o debate político se dá entre "socos e pontapés". A pós-verdade arrasta a política, o jornalismo, a justiça, a economia, a nossa vida pessoal... [Luiz Cláudio Latgé, o Globo] Inclinação cerebral O semanário "The Economist" deu a capa de sua última edição para uma interessante reportagem sobre a política "pós-verdade". Ilustra o conceito com Donald Trump afirmando que Barack Obama é o criador do Estado Islâmico e a campanha do Brexit dizendo que a permanência do Reino Unido na União Europeia custa US$ 470 milhões por semana aos cofres britânicos. Não é preciso mais do que alguns neurônios e um computador para descobrir que ambas as afirmações são falsas, mas, ainda assim, elas prosperaram. Obviamente, a centenária publicação reconhece que governantes sempre mentiram, mas conjectura que vivemos uma era em que está ficando cada vez mais fácil para políticos inventar qualquer coisa e se dar bem. Parte do problema é a natureza humana. Nossos cérebros têm uma perigosa inclinação por acreditar naquilo que nossos sentimentos dizem que está certo e evitam o trabalho de conferir a veracidade das teses de que gostamos. E, se nunca foi fácil estabelecer o que pode ser considerado um fato na política, isso está se tornando cada vez mais difícil. Para "The Economist" são dois os motivos. Primeiro, instituições que se encarregavam de facilitar a formação de consensos como escolas, ciência, Justiça e mídia vêm sendo vistas com mais desconfiança pelo público. Além disso, passamos a nos informar através de algoritmos que, em vez de nos expor ao contraditório, nos enterram cada vez mais fundo naquelas versões que já estávamos mais dispostos a acreditar. Daí aos reinos mágicos é só um pulinho. [Hélio Schwartsman, Folha de S. Paulo, editado] Cognição preguiçosa A pós-verdade é um caso típico de aplicação da teoria da "cognição preguiçosa", criada pelo psicólogo e prêmio Nobel Daniel Kahneman, para quem as pessoas tendem a ignorar fatos, dados e eventos que obriguem o cérebro a um esforço adicional. Aqui no Brasil, a pós-verdade é nítida no caso das investigações da Lava Jato. Separar o joio do trigo no emaranhado de versões e contraversões produzidas pelas delações premiadas é bem complicado. Há poucas dúvidas sobre a existência de esquemas de propinas, caixa dois eleitoral, superfaturamento, formação de cartéis e enriquecimento de suspeitos, mas provar cada um deles com base em evidências é uma operação complexa e demorada. Em alguns casos até inviável dada a sofisticação dos esquemas adotados pelos suspeitos de corrupção. Mas como existe o interesse político envolvendo a questão e como existe a "cognição preguiçosa", as convicções passam a ocupar o espaço das evidências e provas. A dicotomia jurídica clássica entre o

legal e o ilegal passa a ser substituída por justificativas tipo "domínio do fato", ou seja, convicções construídas a partir da repetição massiva de percepções individuais ou corporativas, pelos meios de comunicação. [Observatório da Imprensa, editado] Orientações Seu texto deve ser escrito na norma culta da língua portuguesa; Deve ter uma estrutura dissertativo-argumentativa; A redação deve ter no mínimo 25 e no máximo 30 linhas escritas De preferência dê um título à sua redação.