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Transcrição:

Processo n 1313/14.OTTLSB.L1 Acordam os Juízes da Secção Social do Tribunal da Relação de Lisboa: Relatório Nos presentes autos de execução de sentença que R, residente no B, n 22, 3 Esq, 1100-081 Lisboa, propôs contra G, Lda, com sede na Rua, n 3 S, 2800-077 Almada, em 16.03.2016 foi proferida a seguinte decisão: " Comprova-se nos autos que a executada nestes autos, foi declarado insolvente, por sentença transitada em julgado, sendo que o processo em causa por decisão transitada em julgado datada de 18/11/2015 foi declarado encerrado por insuficiência de bens da massa insolvente, nos termos do disposto nos artigos 230, n 1 alínea d) e 232 do CIRE. Decidindo: Após o encerramento da insolvência não há lugar ao prosseguimento da execução intentada contra o insolvente, de acordo com o disposto no artigo 88, n 3 do CIRE, norma essa que estabelece que as acções executivas suspensas, por força da declaração de insolvência, nos termos do n 1, extinguem-se logo que o processo de insolvência seja encerrado nos termos previstos nas alíneas a) e d) do n 1 do art 230, salvo para efeitos do exercício do direito de reversão legalmente previsto. Em face de quanto ficou exarado, e considerando o que vem disposto no art. 88 n 3 do C.LR.E., por motivo de impossibilidade superveniente da lide, julgo a execução extinta ponderando que a situação de insolvência do executado impede o prosseguimento da execução contra si - (cfr.artigos 277, alínea e) e 849 n 1 alínea 1), do Código de Processo Civil, todos por força do disposto no artigo 98 -A do Código de Processo de Trabalho). Custas pela massa insolvente do executado (artigo 536, n 3 segunda parte do CPC). Registe e notifique."

Inconformada, a Autora interpôs recurso e juntou três documentos. A Mina Juiz do tribunal a quo, considerando que, face ao fundamento da extinção da execução, as conclusões eram obscuras e não procediam às especificações previstas no n 2 do artigo 639 do CPC, convidou a recorrente/exequente a completá-las e a esclarecê-las no prazo de 5 dias. A recorrente juntou novo requerimento de interposição de recurso e alegações, concluindo nos seguintes termos: Deve ser revogada a decisão porque o Requerimento Executivo tem um comprovativo, tem uma assinatura digital. A Secretaria do Tribunal sempre se mostrou alheia, apesar de terem conferido a data do envio do Requerimento Executivo, a própria assinatura, bem como cartão de Inscrição na Ordem dos Advogados. Depois remeteram-se ao silêncio. - O envio deixou rastro: um comprovativo e um Requerimento Executivo, no dia 18 de Março de 2015. - Foram questões que o Tribunal "a quo" deveria ter analisado, após múltiplas deslocações e informações dadas à Secretaria do Tribunal, sem êxito. - A propositura da acção foi anterior à declaração de insolvência. Termina pedindo que seja revogada a decisão recorrida. Não consta dos autos que tenham sido apresentadas contra-alegações. O recurso foi admitido na forma, com o modo de subida e efeito adequados. Subidos os autos a este Tribunal, a Exm.a Senhora Procuradora-Geral Adjunta, emitiu parecer considerando, em síntese, que, independentemente da data de instauração da execução, 18.03.2015 ou 18.11.2015, face ao disposto no n 3 do artigo 88 do CIRE, a execução sempre teria de ser declarada extinta por inutilidade superveniente da lide, tal como foi decidido pelo tribunal a quo, pelo que o recurso deverá improceder. Notificada a parte do referido parecer, não respondeu. Colhidos os vistos, cumpre apreciar e decidir. - Questão prévia da admissibilidade dos documentos juntos com as alegações.

Com as alegações juntou a recorrente três documentos (2 comprovativos de entrega de requerimento executivo e requerimento de execução de decisão judicial condenatória). Com a sua junção pretende a recorrente provar que anteriormente ao requerimento executivo que deu início à presente execução, outro foi entregue no tribunal em 18.3.2015, ou seja, em data anterior à declaração de insolvência da executada. Ora, de acordo com o n 1 do artigo 651 do CPC "As partes podem juntar documentos às alegações nas situações excecionais a que se refere o artigo 425 ou no caso de a junção se ter tornado necessária em virtude do julgamento proferido na 1 instância." De acordo com o artigo 425 do CPC, " Depois do encerramento da discussão só são admitidos, no caso de recurso, os documentos cuja apresentação não tenha sido possível até àquele momento." Regressando ao caso, constata-se que a recorrente não invocou qualquer impossibilidade de apresentação dos documentos em causa em momento anterior à prolação da decisão que julgou extinta a instância, nem nunca anteriormente à decisão proferida nos autos suscitou, no seu âmbito, qualquer questão relativa à entrega de outro requerimento executivo. Por outro lado, também não vislumbramos que a junção dos documentos em causa se tenha tornado necessária em virtude do julgamento proferido na Ia instância dado que, tendo já sido declarado o encerramento do processo de insolvência e tendo a presente execução sido instaurada em momento posterior a essa decisão, não releva para a decisão a proferir nestes autos a circunstância de ter existido um outro requerimento executivo com data anterior à declaração de insolvência e de encerramento do processo de insolvência da executada. Em consequência, por não se revelar pertinente para a decisão, não se admite os documentos juntos com as alegações que deverão ser desentranhados e entregues à parte.

* Objecto do recurso Sendo o âmbito do recurso limitado pelas questões suscitadas pelo recorrente nas conclusões das suas alegações (arts. 635 n 4 e 639 do CPC, ex vi do n 1 do artigo 87 do CPT), sem prejuízo da apreciação das questões que são de conhecimento oficioso (art.608 n 2 do CPC), nestes autos a única questão a apreciar cinge-se a saber se não devia ter sido declarada extinta a instância executiva. Fundamentação de facto Os factos com relevância para a decisão são os que decorrem do relatório que antecede para o qual se remete e, por resultarem dos documentos juntos aos autos, os seguintes: - Aos 07.07.2015 foi proferida sentença, transitada em julgado em 03.08.2015, de declaração de insolvência da executada (fls.20, 22 e 23 e 27). - A decisão de encerramento do processo foi determinada por inexistência de bens a apreender, à não oposição de qualquer dos credores e não ter sido usada a faculdade prevista pelo artigo 232 n 2 do CIRE.(fls.21 e 24). - A presente execução foi intentada no dia 29 de Novembro de 2015 (fls.5, 13 e 17) Fundamentação de direito Apreciemos, então, se deve ser revogada a decisão recorrida, sendo certo que a recorrente estriba-se no facto de ter entregue outro requerimento executivo com data anterior à declaração de insolvência da executada, o que obstaria a que fosse proferido o despacho recorrido que, em seu entender, não se deve manter. Como já acima dissemos, a entrega de outro requerimento executivo não releva para a decisão desta causa. Senão vejamos: Dispõe o artigo 88 do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas (CIRE): 1- A declaração de insolvência determina a suspensão de quaisquer diligências

executivas ou providências requeridas pelos credores da insolvência que atinjam os bens integrantes da massa insolvente e obsta à instauração ou ao prosseguimento de qualquer acção executiva intentada pelos credores da insolvência; porém, se houver outros executados, a execução prossegue contra estes. 2 - Tratando-se de execuções que prossigam contra outros executados e não hajam de ser apensadas ao processo nos termos do n. 2 do artigo 85. 0, é apenas extraído, e remetido para apensação, traslado do processado relativo ao insolvente. 3 - As ações executivas suspensas nos termos do n. 1 extinguem-se, quanto ao executado insolvente, logo que o processo de insolvência seja encerrado nos termos previstos nas alíneas a) e d) do n. 1 do artigo 230. 0, salvo para efeitos do exercício do direito de reversão legalmente previsto. " Assim, do n 1 deste normativo decorre que a declaração de insolvência determina: - a suspensão de quaisquer diligências executivas ou providências requeridas pelos credores da insolvência que atinjam os bens integrantes da massa insolvente; - obsta à instauração ou ao prosseguimento de qualquer acção executiva intentada pelos credores da insolvência; - apenas se houver outros executados, a execução prossegue contra estes. E do n 3 do mesmo preceito legal resulta que as acções executivas suspensas por virtude da declaração de insolvência extinguem-se quanto ao executado insolvente logo que o processo de insolvência seja encerrado após a realização do rateio final, sem prejuízo do n 6 do artigo 239 ou quando o administrador da insolvência constate a insuficiência da massa insolvente para satisfazer as custas do processo e as restantes dívidas da massa insolvente. Ora, da análise dos autos logo ressalta que a presente instância executiva nunca foi declarada suspensa pelo que, face ao teor do número 3 do artigo 88 do CIRE, colocar-se-ia a questão de saber se lhe é aplicável, ou não, tal normativo. Quanto a esta questão perfilhamos o entendimento plasmado no Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra de 03.11.2015, pesquisa em www.dgsi.pt em cujo

sumário se escreve: "1.A ausência de prévia declaração de suspensão duma execução nos termos do disposto no artigo 88. 0, n. 1, do CIRE não obsta a que se decrete a sua extinção, desde que verificados os requisitos a que se alude no seu n. 3. 2.Assim, apesar de não ter sido declarada a suspensão da instância executiva nos termos do disposto no artigo 88. 0, n. 1, do CIRE, pode a mesma ser declarada extinta, quanto à executada insolvente, ao abrigo do disposto no seu n. 3, por o processo de insolvência ter sido encerrado por insuficiência da massa insolvente. Consequentemente, apesar da presente execução não ter sido declarada suspensa tal não obstava, em abstracto, a que pudesse ser declarada extinta ao abrigo do n 3 do artigo 88 do CIRE, caso se verificassem os restantes pressupostos aí referidos. Contudo, tendo o requerimento executivo que instruiu a execução dado entrada no tribunal a quo em 29.11.2015, ou seja, em data posterior à declaração de insolvência e do encerramento do processo, jamais aquela poderia ter sido declarada suspensa. Sucede, ainda, que um dos pressupostos de aplicação do n 3 do artigo 88 do CIRE é que a execução tenha sido intentada antes de declarado encerrado o processo de insolvência, o que não acontece no caso em apreço. Assim, tendo a execução sido intentada depois de declarado o encerramento do processo de insolvência, entendemos que ao caso não é aplicável o n 3 do artigo 88 do CIRE, mas sim o disposto no seu artigo 233, norma que rege os efeitos do encerramento do processo de insolvência. Assim, de acordo com esta norma: "1 - Encerrado o processo: a) Cessam todos os efeitos que resultam da declaração de insolvência, recuperando designadamente o devedor o direito de disposição dos seus bens e a livre gestão dos seus negócios, sem prejuízo dos efeitos da qualificação da insolvência como culposa e do disposto no artigo seguinte; b) Cessam as atribuições da comissão de credores e do administrador da

insolvência, com excepção das referentes à apresentação de contas e das conferidas, se for o caso, pelo plano de insolvência; c) Os credores da insolvência poderão exercer os seus direitos contra o devedor sem outras restrições que não as constantes do eventual plano de insolvência e plano de pagamentos e do n.' 1 do artigo 242. 0, constituindo para o efeito título executivo a sentença homologatória do plano de pagamentos, bem como a sentença de verificação de créditos ou a decisão proferida em acção de verificação ulterior, em conjugação, se for o caso, com a sentença homologatória do plano de insolvência." E como se escreve no Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa de 19.12.2012, in www.dgsi.pt "I- Com o encerramento do processo o devedor recupera o direito de disposição dos seus bens e a livre gestão dos seus negócios - cfr. art. 233 n 1 a). II - Encerrado o processo de insolvência cessam todos os efeitos que resultam da declaração de insolvência, podendo os credores exercer os seus direitos contra o devedor sem restrições, excepto as constantes do plano de insolvência aprovado e plano de pagamentos e do art. 242 n I do mesmo diploma legal - art. 233, als. a), e c), e os credores da massa podem reclamar do devedor os seus direitos não satisfeitos (cfr. alínea d) do n I do art. 233 ). III - Tal significa que, na grande maioria dos casos, as execuções poderão retomar o seu rumo, podendo ser instauradas novas execuções contra o insolvente, assim como novas acções declarativas." No mesmo sentido pronuncia-se o acórdão do Tribunal da Relação do Porto de 8.7.2015, igual pesquisa, em cujo sumário se afirma: "1- Encerrado o processo de insolvência, todos os credores da massa insolvente, sem restrição, podem exercer os seus direitos contra o devedor e reclamar os seus direitos não satisfeitos. II - Não se verifica a inutilidade da lide na execução interposta contra a executada, após o encerramento do processo de insolvência." Em conclusão, permitindo as alíneas a) e c) do n 1 do artigo 233 do CIRE que, depois de encerrado o processo de insolvência o insolvente recupere, entre outros,

o direito de disposição dos seus bens e a livre gestão dos seus negócios, sem prejuízo dos efeitos da qualificação da insolvência como culposa e que, por seu lado, os credores da insolvência possam exercer os seus direitos contra o devedor sem outras restrições que não as constantes de eventual plano de recuperação e do n 1 do artigo 242, tal significa que respeitadas tais restrições podem os credores intentar contra o devedor as acções executivas e declarativas necessárias ao exercício dos seus direitos. Assim, tendo a presente execução sido instaurada em 29.11.2015, isto é, após a declaração de encerramento do processo de insolvência da executada e não resultando dos autos que tenha sido aprovado plano de recuperação não se verifica, pois, uma situação de inutilidade superveniente da lide que fundamente a extinção da presente instância executiva. Consequentemente, deverá ser julgado procedente o recurso e revogada a decisão recorrida que deverá ser substituída por outra que determine o prosseguimento dos ulteriores termos do processo. Decisão Em face do exposto, acorda-se em julgar procedente o recurso e revoga-se a decisão recorrida que deverá ser substituída por outra que determine o prosseguimento dos ulteriores termos do processo. Sem custas. Lisboa, 12 de Outubro de 2016 Maria Celina de Jesus de Nóbrega Paula de Jesus Jorge dos Santos Claudino Seara Paixão Sumário: Permitindo as alíneas a) e c) do n 1 do artigo 233 do CIRE que, depois de encerrado o processo de insolvência o insolvente recupere, entre outros, o direito de disposição dos seus bens e a livre gestão dos seus negócios, sem prejuízo dos efeitos

da qualificação da insolvência como culposa e que, por seu lado, os credores da insolvência possam exercer os seus direitos contra o devedor sem outras restrições que não as constantes de eventual plano de recuperação e do n 1 do artigo 242, tal significa que respeitadas tais restrições podem os credores intentar contra o devedor as acções executivas e declarativas necessárias ao exercício dos seus direitos.