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Transcrição:

Página 1122 PROGRAMAS DE APLICAÇÃO DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DE RAMULOSE (COLLETOTRICHUM GOSSYPII VAR. CEPHALOSPORIOIDES) E MANCHA DE RAMULARIA (RAMULARIA AREOLA) EM ALGODOEIRO NO MATO GROSSO Daniel Cassetari Neto (UFMT/FAMEV / casetari@terra.com.br), Andréia Quixabeira Machado (UNIVAG/GPA-CAB), Edson Ricardo de Andrade Júnior (IMA/MT), Eduardo Dias Vidotti 1 (UFMT/FAMEV), Vinicius Eduardo Rivelini* (UFMT/FAMEV), Andressa Rodrigues Garcia* (UFMT/FAMEV), Anmyna Soraia de Oliveira (UNIVAG/GPA-CAB) RESUMO Com objetivo de avaliar o efeito de diferentes programas de aplicação de fungicidas no controle da ramulose e da mancha de ramularia instalou-se o ensaio no município de Jaciara, MT, utilizando a variedade FMT 701. Foram avaliados 8 tratamentos compostos por diferentes programas de aplicação de fungicidas dos grupos químicos triazóis, benzimidazóis e estrubirulinas, com 4 repetições, em blocos ao acaso. As aplicações dos fungicidas foram feitas em intervalos de 7 a 15 dias, de acordo com o programa avaliado. Foram realizadas avaliações observando a severidade das doenças. Todos os programas de aplicação de fungicidas reduziram a severidade da ramulose e da mancha de ramularia. Palavras-chave: algodão, ramulose, mancha de ramularia, fungicidas. INTRODUÇÃO O cerrado brasileiro consolidou-se como maior região produtora de algodão do Brasil. O crescimento em área plantada e o aumento da produção trouxeram grandes benefícios em curto prazo para os produtores da região. Todavia, essa expansão revelou novos problemas, tais como o aumento da intensidade de doenças já relatadas e o surgimento de novas doenças. (ARAÚJO, 2003). Não são registrados na literatura, dados consistentes sobre perdas na produtividade provocadas por agentes patogênicos na cultura do algodão. Os maiores danos provocados pelas doenças do algodão no Brasil têm sido observados nos Estados da região Centro-Oeste e em alguns Estados da região Nordeste (IAMAMOTO, 2007). 1 * Bolsista PIBIC/CNPq

Página 1123 O fungo Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides agente causal da ramulose pode ser transportado e transmitido via sementes de algodão contaminadas, sendo a semente, portanto, a principal via de disseminação do patógeno. No campo, o patógeno pode sobreviver em restos culturais e a disseminação dos esporos do fungo é realizada por meio de respingos da água das chuvas ou irrigação. As condições climáticas favoráveis à ocorrência da ramulose são umidade relativa do ar elevada, geralmente acima de 80%, alta pluviosidade, temperatura entre 25 C e 30 C e dias nublados (CHITARRA, 2007). Quando variedades suscetíveis são cultivadas em condições climáticas favoráveis, como as observadas em algumas regiões do estado do Mato Grosso como Primavera do Leste, Campo Verde, Rondonópolis, Serra da Petrovina e Cáceres (região Centro-Sul), Nova Mutum, Sorriso e Sinop (região Norte), Campo Novo do Parecis, Brasnorte e Sapezal (região médio Norte), os sintomas da ramulose do algodoeiro se acentuam no início da fase vegetativa da cultura, resultando em alta severidade da doença e elevada perda na produção (IAMAMOTO, 2007). A mancha de ramularia, causada por Ramularia areola Atk, considerada como doença de ocorrência no final de ciclo da cultura, tem surgido nas fases iniciais da lavoura, sendo considerada hoje uma das doenças de maior importância da cultura no cerrado brasileiro, visto que demanda o maior número de aplicações de fungicidas na região (CHITARRA, 2007; SUASSUNA et al., 2006). Os sintomas iniciais caracterizam-se por manchas deformadas de coloração branco-azulada na face inferior das folhas mais velhas. Nas lesões mais velhas de formato angular, ocorre intensa esporulação do patógeno, de coloração branca e aspecto pulverulento. As lesões multiplicam-se e coalecem, tomando quase todo o limbo foliar e causando desfolha precoce (SUASSUNA et al., 2006). A dispersão do patógeno é bastante rápida e perdas significativas podem ocorrer se intervenções de controle não forem adotadas em tempo hábil. O controle químico desponta como uma das táticas de manejo que reduzem a taxa de progresso da doença no campo (CHITARRA, 2007). O objetivo deste trabalho foi avaliar diferentes programas de aplicação de fungicidas no controle de ramulose e da mancha de ramularia em algodoeiro no Mato Grosso. MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi instalado na fazenda Santo Expedito, em Jaciara, MT, em 22/01/2009 utilizando-se a cultivar FMT 701. A fim de garantir uma distribuição uniforme da ramulose em todo o experimento, o fungo C. gossypii var. cephalosporioides foi inoculado na instalação do experimento através da pulverização de

Página 1124 2 x 10 5 conídios/ml de suspensão. A ocorrência de R. areola foi natural e uniforme em todo o experimento. Os programas avaliados, as doses e épocas de aplicação encontram-se na Tabela 1. Tabela 1. Tratamentos avaliados no controle da ramulose e mancha de ramularia em algodão, cultivar FMT 701. Jaciara, MT. 2009. Tratamentos Doses Épocas de aplicação (ml pc/ha) (dias após a emergência) 1. Testemunha - - 2. ABC. Azoxystrobin+ Ciproconazole 300** A = 45 B = 60 C = 75 3. ABC. Tebuconazole + Trifloxystrobin * A = 45 B = 60 C = 75 D.Tetraconazole 4. ABC. Tebuconazole + Trifloxystrobin 600* A = 45 B = 60 C = 75 5. 6. 7. 8. AB. Tebuconazole + Trifloxystrobin + Carbendazin C. Tebuconazole + Trifloxystrobin A. Tebuconazole + Trifloxystrobin + Carbendazin B. Tebuconazole + Trifloxystrobin + Carbendazin C. Tebuconazole + Trifloxystrobin + Carbendazin A. Tebuconazole + Trifloxystrobin + Carbendazin B. Tebuconazole + Trifloxystrobin + Carbendazin C. Tebuconazole + Trifloxystrobin + Carbendazin AB. Azoxystrobin+ Ciproconazole C. Fentin Acetato de Estanho + Carbendazim D. Ciproconazole + Picoxystrobin *adição de Áureo = 0,25%v/v **adição de Nimbus = 0,5%v/v. 600 ** 400 + 800 ** A = 45 B = 60 C = 75 A = 45 B = 52 C = 60 D = 75 A = 45 B = 52 C = 75 A = 45 B = 52 C = 75 As avaliações de severidade da ramulose e da mancha de ramularia foram realizadas de acordo com escalas de Costa e Fraga Júnior (1937) e Cassetari Neto e Machado (2000), respectivamente. Os tratamentos foram aplicados através de pulverizações com CO2 costal de pressão constante, com barra de 2 m e 4 bicos tipo cone vazio e um volume de aplicação de 200 L/ha. As condições climáticas estavam favoráveis no momento das pulverizações, com médias de umidade relativa do ar em 85% e temperatura em 25ºC. A adubação, calagem, o tratamento de sementes e o controle de pragas e plantas daninhas foram feitos de acordo com as recomendações técnicas para a cultura.

Página 1125 O ensaio constou de 8 tratamentos dispostos em blocos ao acaso com 4 repetições. As parcelas foram compostas por 10 linhas de 5,0 m de comprimento espaçadas de 0,90 m. Área útil composta pelas 6 linhas centrais com 5,0 m de comprimento. O contraste de médias para comparar os tratamentos nos parâmetros avaliados foi realizado pelo teste de F. As médias entre os tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey (P 0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na primeira avaliação da severidade de Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides no momento da aplicação, não foi observada diferença entre os tratamentos. Observou-se distribuição uniforme do patógeno na área do ensaio, com níveis leves de infecção (Tabela 2). Na segunda avaliação, referente à primeira aplicação dos tratamentos, observou-se que o tratamento 5 proporcionou a maior redução da severidade da ramulose. Na terceira e quarta avaliação verificou-se menor nível de severidade da ramulose nas parcelas do tratamento 6. Na última avaliação realizada aos 127 dias após a emergência, observou-se que os tratamentos 4, 5 e 6 mantiveram os menores níveis de infecção de ramulose (Tabela 2). Segundo Cassetari Neto e Machado (2005), no controle químico da ramulose é importante que o fungicida permita a manutenção de um baixo número de plantas com lesões necróticas em forma de estrela nas folhas do ponteiro. Resultados relatados por Cassetari Neto et al., (2007), Cassetari Neto e Machado (2005) e Iamamoto (2007) têm comprovado a eficiência de fungicidas dos grupos Benzimidazóis, Triazóis e Estrobilurinas, além de suas misturas, na redução dos índices de ramulose em algodão, quando aplicados em plantas com lesões nas folhas. Tabela 2. Severidade de ramulose na cultivar FMT 701, inoculada com Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides, submetida a diferentes programas de fungicidas. Jaciara, MT. 2009. Tratamentos Severidade de ramulose 45* 60 80 95 127 1 0,68 ** ns 1,30** c 3,33 d 3,90 f 4,10 d 2 0,45 0,43 b 1,38 c 2,05 e 2,45 c 3 0,48 0,33 ab 1,30 c 1,40 d 1,93 ab 4 0,45 0,28 ab 0,60 ab 0,83 bc 1,55 a 5 0,43 0,15 a 0,93 abc 0,53 ab 1,53 a 6 0,43 0,23 ab 0,40 a 0,45 a 1,58 a 7 0,40 0,30 ab 0,55 ab 0,80 bc 1,73 ab 8 0,43 0,50 b 1,10 bc 0,93 c 2,00 b DMS - - 0,65 0,31 0,41 CV (%) 5,98 6,38 22,69 9,55 7,98 Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey (5%). *dias após a emergência; **Dados transformados raiz (x+0,5); ns = não significativo.

Página 1126 Na primeira avaliação da severidade de Ramularia areola no momento da aplicação, não foi observada diferença entre os tratamentos. Observou-se distribuição uniforme do patógeno na área do ensaio, com níveis leves de infecção (Tabela 3). Tabela 3. Severidade da mancha de ramularia na cultivar FMT 701 submetida a diferentes programas de fungicidas. Jaciara, MT. 2009. Severidade (% de infecção) Tratamentos 127*** 60* 80 95 Inferior Médio Superior 1 1,00** ns 9,00** b 11,75 d 42,75 e 31,00 c 9,50 c 2 1,00 3,25 a 5,88 c 20,00 bc 9, a 0,38 a 3 0,50 3,00 a 5,75 bc 29,25 d 17,50 b 5,75 b 4 1,50 1,00 a 3,25 ab 28,00 cd 17,00 b 5,75 b 5 1,25 2,25 a 1,88 a 19,25 b 11,75 ab 4,13 b 6 0,75 1,00 a 1,50 a 14,25 ab 8,50 a 3,75 b 7 0,75 1,00 a 4,63 bc 7,88 a 4,75 a 0,00 a 8 0,25 4,00 a 3,38 abc 9,00 a 5,00 a 0,50 a DMS - - 2,51 8,47 7,35 2,40 CV (%) 34,19 22,47 22,15 16,68 23,48 27,11 Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey (5%). *dias após a emergência; **Dados transformados raiz (x+0,5); *** leitura realizada nos terços inferior, médio e superior das plantas; ns = não significativo. Na segunda avaliação da severidade da mancha de ramularia, referente ao efeito da primeira aplicação dos tratamentos, observou-se que todos os tratamentos avaliados foram eficientes no controle da mancha de ramularia em relação à testemunha. Após a segunda aplicação dos fungicidas foi observado que os programas representadas pelos tratamentos 5 e 6, proporcionaram as maiores reduções de severidade da mancha de ramularia. Na última avaliação da severidade da mancha de ramularia considerada nos diferentes terços da planta, observou-se que no terço inferior os tratamentos 7 e 8 mantiveram as menores severidades da doença. No terço médio, verificou-se os menores níveis de infecção nas parcelas que pulverizadas com os tratamentos 2, 6, 7 e 8. Já no terço superior somente os tratamentos 2, 7 e 8 mantiveram a severidade em níveis abaixo de 1% de infecção (Tabela 3). Segundo Cassetari Neto e Machado (2005), níveis de infecção por R. areola abaixo de 5% da área foliar da planta não resultam em perdas de produtividade. Portanto, fungicidas que alcancem níveis de controle próximos a este patamar devem ser considerados eficientes. Os resultados obtidos neste experimento mostram que o controle químico da mancha de ramularia no algodoeiro avaliado nas condições do Mato Grosso tem sido possível, devido à eficiência de fungicidas sistêmicos.

Página 1127 Resultados obtidos por Cassetari Neto et al., (2007), Cassetari Neto e Machado (2005) e Iamamoto (2007) confirmam a eficiência de fungicidas dos grupos Estanhados, Benzimidazóis, Triazóis e Estrobilurinas, no controle da mancha de ramularia. Segundo Suassuna et al. (2006), o uso alternado de fungicidas com diferentes princípios ativos, representa uma estratégia eficaz para se evitar o aumento da freqüência de isolados resistentes dentro da população de R. areola. CONCLUSÃO Com base nos resultados obtidos e nas condições em que foi realizado este trabalho podemos concluir que: Os programas Tebuconazole + Trifloxystrobin + Áureo (600 + 300 ml/ha)/ Tebuconazole + Trifloxystrobin + Áureo (600 + 300 ml/ha)/ Tebuconazole + Trifloxystrobin + Áureo (600 + 300 ml/ha)/tetraconazole ( ml/ha), Tebuconazole + Trifloxystrobin + Carbendazin + Áureo (600 + 800 + 300 ml/ha)/ Tebuconazole + Trifloxystrobin + Carbendazin + Áureo (600 + 800 + 300 ml/ha)/tebuconazole + Trifloxystrobin + Áureo (600 + 300 ml/ha)/tetraconazole ( ml/ha) e Tebuconazole + Trifloxystrobin + Carbendazin + Áureo (600 + 800 + 300 ml/ha)/ Tebuconazole + Trifloxystrobin + Carbendazin + Áureo (600 + 800 + 300 ml/ha)/ Tebuconazole + Trifloxystrobin + Carbendazin + Áureo (600 + 800 + 300 ml/ha)/ Tetraconazole ( ml/ha) proporcionaram as maiores reduções na severidade da ramulose na cultivar FMT 701; A aplicação dos programas de fungicidas Tebuconazole + Trifloxystrobin + Carbendazin + Áureo (600 + 800 + 300 ml/ha)/ Tebuconazole + Trifloxystrobin + Carbendazin + Áureo (600 + 800 + 300 ml/ha)/ Tebuconazole + Trifloxystrobin + Carbendazin + Áureo (600 + 800 + 300 ml/ha)/ Tetraconazole ( ml/ha) e Azoxystrobin+ Ciproconazole + Nimbus ( + ml/ha)/ Azoxystrobin+ Ciproconazole + Nimbus ( + ml/ha)/fentin Acetato de Estanho + Carbendazim (400 + 800 ml/ha)/ciproconazole + Picoxystrobin + Nimbus ( + ml/ha), proporcionaram as maiores reduções na severidade da mancha de ramularia na cultivar FMT 701; CONTRIBUIÇÃO PRÁTICA E CIENTÍFICA DO TRABALHO Oferecer ao produtor um leque maior de opções de tratamento químico para a redução dos danos provocados por Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides e Ramularia areola em lavouras de algodão;

Página 1128 Permitir a utilização de diferentes ingredientes ativos em programas de manejo da ramulose e mancha de ramularia visando à redução dos riscos do desenvolvimento de populações de patógenos resistentes aos fungicidas recomendados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, A. E. Algodão em perigo. Revista Cultivar Grandes Culturas. Caderno Técnico. n. 54, p. 3-10. 2003. CASSETARI NETO, D.; MACHADO, A. Q. Diagnose e controle de doenças do algodão. Cuiabá: UFMT/FAMEV. 2000. 55 p. CASSETARI NETO, D.; MACHADO, A. Q. Doenças do algodoeiro diagnose e controle. Várzea Grande. UNIVAG/UFMT. 2005. 47 p. CASSETARI NETO, D.; MACHADO, A. Q.; ANDRADE JÚNIOR, E. R.; COSTA, A. A.; KRUG, R.; CASSETARI, L. S. Aplicação seqüencial de fungicidas no controle de ramulose (Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides) e mancha de ramularia (ramularia areola) em algodoeiro no Mato Grosso. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 6., 2007, Uberlândia. Anais... Campina Grande: Embrapa Algodão; 2007. 1 CD- ROM. CHITARRA, L. G. Identificação e controle das principais doenças do algodoeiro. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2007. 65 p. (Embrapa Algodão. Cartilha, 2). COSTA, A. S.; FRAGA JÚNIOR, C. G. Superbrotamento ou ramulose do algodoeiro. Campinas, Instituto Agronômico de Campinas. 1937. 23 p. (Boletim Técnico, 19). IAMAMOTO, M. M. Doenças do algodoeiro interação patógeno hospedeiro. Jaboticabal: Funep. 2007. 62 p. SUASSUNA, N. D.; COUTINHO, W. M.; FERREIRA, A. C. de B. Manejo da mancha de ramularia em algodoeiro. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2006. 4 p. (Embrapa Algodão. Comunicado Técnico, 272).