Produtividade e Crescimento no Brasil Recente:

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Transcrição:

Produtividade e Crescimento no Brasil Recente: Algumas Evidências e Perguntas em Aberto Marcos de Barros Lisboa em colaboração com Samuel Pessôa e Zeina Abdel Latif e assistência de Bruno Komatsu

ARGUMENTO A produtividade historicamente cresce a taxas modestas no Brasil. A década de 2000, entretanto, assistiu a maior crescimento econômico em grande parte decorrente de maiores ganhos de produtividade. Existem evidências de forte correlação entre o crescimento dos valores das commodities e o crescimento econômico, porém não dos termos de troca. A indústria não colaborou para esse maior crescimento total da produtividade. O agronegócio e os setores de serviços financeiro, por sua vez, lideraram o maior crescimento da produtividade do trabalho. No caso agronegócio esse crescimento parece decorrer de melhorias na tecnologia de produção e ganhos de escala. No caso do setor de serviços financeiros, evidência microeconômica aponta o impacto positivo de reformas institucionais sobre a sua produtividade.

ARGUMENTO Quais as evidências disponíveis? Qual o papel das políticas públicas? Algumas perguntas e possíveis testes empíricos. A agenda da produtividade: Quanto não sabemos? Podemos reduzir a chance de reproduzir erros do passado?

DECOMPOSIÇÃO DO CRESCIMENTO PIB Capital Utilização Trabalho PTF 1999-2002 2,7 1,0-0,1 1,5 0,2 2003-2010 4,0 1,0 0,3 1,3 1,3 DIF Lula-FHC 1,3 0,0 0,4-0,2 1,2

DECOMPOSIÇÃO DO CRESCIMENTO Por que o trabalho contribui tão pouco para o maior crescimento no governo Lula? 1. A queda da taxa de desemprego no Brasil como um todo não foi de 12% para 6% mas sim de 9% para 6%. 2. No período Lula já vivenciávamos o período descendente do bônus demográfico. A taxa de crescimento da PIA foi menor do período Lula (15%) do que no período FHC (20%). A série de horas trabalhadas, empregadas para o exercício de decomposição de crescimento, foi construída cruzando-se os dados anuais da PNAD que são referentes ao mês de setembro de cada ano e cobrem todo o território nacional, com a série mensal da PME que cobre as principais regiões metropolitanas.

DECOMPOSIÇÃO DO CRESCIMENTO Termos de troca não explicam os ganhos de produtividade: Ganhos de termos de troca não provocam efeitos de primeira ordem sobre a atividade; Os termos de troca não se elevaram muito até a crise de 2008. Apenas após a recuperação em V da economia mundial em 2009, passamos a usufruir de grandes ganhos de termos de troca. O choque positivo de termos de troca ocorreu mais intensamente a seguida à crise do subprime; Não parece haver precedência da elevação dos termos de troca sobre a aceleração do crescimento.

CHOQUE EXTERNO A melhora dos termos de troca, permitiu o acesso à poupança externa, financiando nosso maior crescimento, impulsionado pelos ganhos de produtividade; Entre 2004 e 2012, excluída a acumulação de estoques, o crescimento do PIB a preços constantes foi de 4,7% ao ano, enquanto a absorção doméstica cresceu 5,8%; A diferença de 1,1% ao ano acumulada a partir de 2004 representa, ao fim destes 8 anos, 6,6% do PIB de 2012; Nesse mesmo período, a necessidade de financiamento externo saiu de -1,2% para 2,7% do PIB. O restante para completar os 6,6% do PIB foi obtido com os ganhos dos termos de troca.

1997.I 1997.III 1998.I 1998.III 1999.I 1999.III 2000.I 2000.III 2001.I 2001.III 2002.I 2002.III 2003.I 2003.III 2004.I 2004.III 2005.I 2005.III 2006.I 2006.III 2007.I 2007.III 2008.I 2008.III 2009.I 2009.III 2010.I 2010.III 2011.I 2011.III 2012.I 2012.III TERMOS DE TROCA E CRESCIMENTO Taxa de crescimento do produto real e dos termos de troca Trimestre contra mesmo trimestre, ano anterior 20 15 Termos de troca PIB 10 5 0-5 -10-15

DECOMPOSIÇÃO DO CRESCIMENTO Pastore mostra forte correlação entre os preços de commodities e o crescimento econômico nas últimas duas décadas. Além disso, os resultados indicam que não se pode rejeitar que os preços dos commodities causaram a variação do PIB. Existe algum mecanismo de transmissão dos preços dos commodities para a produtividade total dos fatores?

DECOMPOSIÇÃO DO CRESCIMENTO Evolução da produtividade do trabalho Do 4º TRI 2003-3ºTRI 2004 ao 4º TRI 2009-3ºTRI 2010 Do 4º TRI 2009-3ºTRI 2010 ao 4º TRI 2011-3ºTRI 2012 PIB PIB PIB 4,5 População Ocupada 2,4 Produtividade 2,1 0,000000 PIB 1,7 População Ocupada 1,8 Produtividade -0,1 0,000000

DECOMPOSIÇÃO DO CRESCIMENTO Evolução da produtividade do trabalho Do 1º TRI 2004-4ºTRI 2004 ao 1º TRI 2010-4ºTRI 2011 Do 1º TRI 2010-4ºTRI 2010 ao 1º TRI 2012-4ºTRI 2012 Indústria Indústria Extrativa, de Transformação e Construção Total SIUP PIB 2,5 5,1 3,0 População Ocupada 2,6 4,4 3,2 Produtividade -0,1 0,6-0,2 0,000000 0,000000 0,000000 PIB -0,8 1,9-0,2 População Ocupada 0,1 4,2 1,5 Para Produtividade incluir informações no rodapé -0,9 do slide, acesse: -2,3-1,7 EXIBIR->MESTRE->SLIDE 0,000000 MESTRE 0,000000 0,000000

DECOMPOSIÇÃO DO CRESCIMENTO Evolução da produtividade do trabalho Do 1º TRI 2004-4ºTRI 2004 ao 1º TRI 2010-4ºTRI 2011 Do 1º TRI 2010-4ºTRI 2010 ao 1º TRI 2012-4ºTRI 2012 Serviços Intermediação Adminstração Comércio Outros Serviços Total Financeira Pública PIB 5,6 6,4 2,3 4,2 4,6 População Ocupada 2,4 3,7 3,0 3,8 3,3 Produtividade 3,2 2,6-0,7 0,4 1,3 0,000000 0,000000 0,000000 0,000000 0,000000 PIB 1,5 1,3 2,2 1,6 1,6 População Ocupada 1,7 3,9 2,0 0,8 1,4 Produtividade -0,2-2,6 0,1 0,8 0,2 0,000000 0,000000 0,000000 0,000000 0,000000

PRODUTIVIDADE DO AGRONEGÓCIO No caso do agronegócio, o desenvolvimento tecnológico auxiliou no crescimento da produtividade. (Gasques, Bastos, Valdez, Bacchi, 2012). Além disso, a liberalização dos anos 1990 e o maior acesso a melhores insumos para a produção levaram ao aumento dos investimentos de grandes produtores (Chaddad e Jank, 2006). A modernização e concentração do setor resultaram em ganhos de produtividade nas décadas de 1990 e 2000: Entre 1975-2011, o índice de insumo para o agronegócio cresceu 9%, enquanto a produção de crescimento cresceu 295%, com o aumento estimado de produtividade de 263%. O forte crescimento Para incluir informações da produção, no rodapé do slide, ocorreu acesse: a partir dos anos 90, chegando a crescer EXIBIR->MESTRE->SLIDE quase 5,7% ao MESTRE ano na década de 2000.

Desde o fim dos anos 1990, o setor tem se beneficiado de ganhos de escala acompanhada da difusão de melhores técnicas de gestão e da governança das empresas, como o caso estudado por Chaddad e Rodriguez-Alcala (2013). Os ganhos de escala significaram aumento de técnicas capital intensivas, além da consolidação em diversos setores. Surpreendentemente, a política agrícola no Brasil é conduzida por dois Ministérios, tendo aumentado significativamente os recursos para a pequena produção, o que significa incentivo a redução da produtividade do setor. (Chaddad, Jank e Nakahodo, 2006). Política para Para aumento incluir informações de produtividade: no rodapé do slide, acesse: ampliar a difusão de novas tecnologias de produção EXIBIR->MESTRE->SLIDE e de gestão, redução MESTRE da insegurança institucional, e políticas públicas em aspectos que implicam externalidades, como rastreabilidade (Chaddad, Jank e Nakahodo, 2006).

EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE DO TRABALHO 5,0% Variação Anual da Produtividade do Trabalho (%) por Setor - 2000 a 2009 4,0% 3,0% 2,0% 1,0% 0,0% -1,0% -2,0% Agropecuária Indústria Extrativa Indústria de Transformação Prod. e distr. Eletricidade, Gás, Água, Esgoto e Limpeza Urb. Construção Civil Comércio Transporte, Armazenagem e Correio Serviços de Informação Int. financeira, seguros e prev. comp. Atividades imobiliárias e aluguéis Outros serviços Adm., Saúde e Educação Públicas e Seg. Social Total 2000-2009

EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE DO TRABALHO 160 Evolução da Produtividade por Setor (2000 = 100) - 2000 a 2009 150 140 130 120 110 100 90 Agropecuária Indústria Extrativa Indústria de Transformação Prod. e distr. Eletricidade, Gás, Água, Esgoto e Limpeza Urb. Construção Civil Comércio Transporte, Armazenagem e Correio Serviços de Informação Int. financeira, seguros e prev. comp. Atividades imobiliárias e aluguéis Outros serviços Adm., Saúde e Educação Públicas e Seg. Social Total 80 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Total Agropecuária Indústrias Extrativas Indústrias de Tranformação Prod. e distr. eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza Urb. Construção Civil Comércio Transporte, armazenagem e correio Serviços de informação Int. financeira, seguros e previd. comp. Atividades imobiliárias e aluguéis Outros Serviços Adm., Educação e Saúde Públicas e Seg. Social DECOMPOSIÇÃO DA EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE DO TRABALHO 70% Efeito Tecnológico e Efeito Composição por Setor 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% -10% -20% -30% -40% Ef. Tecnológico Ef. Composição

REFORMAS E GANHOS DE PRODUTIVIDADE Hipótese Institucionalista é a melhor explicação disponível para as diferenças observadas na produtividade total dos fatores entre os países: As instituições constituem as regras do jogo e alinham o retorno privado das ações dos agentes econômicos ao retorno social; Com instituições adequadas garantem o alinhamento do setor privado aos retornos sociais. Sistematicamente, indicadores relacionando eficiência institucional, desenvolvimento do mercado de crédito e de capitais e regras que procuram alinhar benefícios privados aos retornos sociais não podem ser excluídas como relacionadas com a diferença observada da produtividade Para incluir total informações dos fatores no rodapé entre do slide, os diversos acesse: países.

REFORMAS E GANHOS DE PRODUTIVIDADE O Brasil passou por profundas reformas institucionais desde o fim dos anos 1980: A estabilidade econômica, a negociação das dívidas dos bancos estaduais, e a lei de responsabilidade fiscal resultaram em maior segurança sobre o ambiente econômico; Exemplo de reforma institucional com impacto sobre a produtividade: abertura comercial, que permite a maior especialização da economia nos setores mais produtivos, e o maior acesso a insumos e bens de capital mais eficientes; De forma similar, o desenvolvimento de novas tecnologias, como o realizado Para pela incluir informações EMBRAPA, no rodapé tem do slide, impacto acesse: produtividade e EXIBIR->MESTRE->SLIDE o crescimento. MESTRE relevante sobre a

REFORMAS E GANHOS DE PRODUTIVIDADE Além disso, foram realizadas diversas reformas microeconômicas sobre os instrumentos de poupança e crédito, como: PGBL/VGBL, crédito consignado e Letras de Crédito para o agronegócio e o mercado imobiliário; Reformulação de procedimentos de modo a melhorar a execução de garantias e a reduzir a insegurança jurídica, como o patrimônio de afetação e a alienação fiduciária; Desenvolvimento do mercado de capitais permitiu o acesso das empresas a novos mecanismos de captação de recursos; A queda do Para monopólio incluir informações público no rodapé no resseguro, do slide, acesse: as reformas nos códigos de execução de dívidas EXIBIR->MESTRE->SLIDE e a nova lei de MESTRE falências melhoraram o ambiente de negócios e o acesso a novos mecanismos de financiamento.

REFORMAS E GANHOS DE PRODUTIVIDADE Parte da aceleração da taxa de crescimento da produtividade em alguns setores, como serviços financeiros, parece decorrer da maturação das reformas institucionais; Similaridade com a sequencia do período militar: PAEG Milagre - crise externa - desenvolvimentismo baixo crescimento? A diferença é democracia: procedimentos para reformas institucionais tornam processo mais lento, porém mais sólido. Em muitos casos, o impacto das reformas sobre a produtividade é menos intuitivo, como no caso do mercado de crédito ou das regras para resolução de conflito. A expansão eficiente do crédito tem claro impacto sobre a demanda. Porém, por qual mecanismo essas reformas institucionais podem afetar a produtividade?

REFORMAS E GANHOS DE PRODUTIVIDADE O desenho institucional afeta a qualidade das garantias nas operações de crédito. Qualidade, nesse caso, significa facilidade e baixo custo de execução em caso de inadimplência. Melhores garantias reduzem os problemas decorrentes de seleção adversa e de risco moral, resultando em maior eficiência na concessão de crédito e menores taxas de juros, tanto pela menor perda em caso de inadimplência, quanto pelo seu menor risco de ocorrência Exemplo: crédito consignado

REFORMAS E GANHOS DE PRODUTIVIDADE Diferença das taxas de juros mensais: consignado e crédito pessoal Crédito Pessoal* (1) Crédito Consignado (2) (1) - (2) dez-05 5,31 2,75 2,6 dez-09 4,09 2,12 2,0 jul-12 3,41 1,69 1,7 *Exclui consignado e rotativos. Fonte: BACEN

REFORMAS E GANHOS DE PRODUTIVIDADE A introdução do consignado, portanto, significou ganho de produtividade na atividade de oferecer crédito. Existem efeitos adicionais da melhor qualidade do crédito consignado. Segundo Madeira, Rangel e Rodrigues (2010), o crédito consignado aumenta em 1,1 ponto percentual a escolha de o tomador se tornar empreendedor, o que significa um aumento de 20% dessa escolha. Esse efeito é maior no caso dos indivíduos que estão trabalhando, 25%. Além disso, a probabilidade de contratação de mais de um trabalhador aumenta perto de 45%

REFORMAS E GANHOS DE PRODUTIVIDADE Melhores regras para a alienação fiduciária de automóveis, a partir de 2005, levaram a uma queda dos spreads e aumentaram o prazo dos empréstimos, além de ampliarem o acesso ao crédito, incorporando pessoas antes excluídas pelo seu maior risco (Assunção, Benmelech e Silva, 2012). Em uma amostra com os tomadores menos arriscados, o spread caiu 11,5% em relação à média, e houve aumento do número de parcelas de 5,9%. A Probabilidade de financiamento de carros novos aumentou entre 22,9% e 29,1%. Por fim, a renda média dos tomadores de crédito caiu 3,2%, além de aumentar a fração de clientes com maior risco, resultando no que os autores qualificam como democratização do acesso ao crédito.

REFORMAS E GANHOS DE PRODUTIVIDADE

REFORMA E GANHOS DE PRODUTIVIDADE: LEI DE FALÊNCIAS A nova lei de falências reduziu os incentivos a pedidos de concordata. Empresas em dificuldades passaram a ser incentivadas a participar de um processo de negociação com seus credores (reestruturação de dívidas). Além disso, o novo processo, também alterou o comportamento das empresas saudáveis, tendo em vista as conseqüências, caso as dívidas venham a se revelar insustentáveis. Funchal (2008) documenta que o custo de capital para as empresas caiu em média 22%, enquanto o crédito aumentou 39%, sendo 79% nas operações de longo prazo. Os pedidos de falências caiu a cerca da metade depois da nova lei, segundo Araújo e Funchal (2009).

REFORMA E GANHOS DE PRODUTIVIDADE

REFORMA E GANHOS DE PRODUTIVIDADE: LEI DE FALÊNCIAS Ponticelli (2012) testou o impacto da nova lei de falências sobre a produtividade das empresas e o seu acesso ao mercado de crédito. Informações disponibilizadas pelo Conselho Nacional de Justiça: indicadores de eficiência e agilidade das varas judiciais que tratam de casos de falência. Após a nova lei, as firmas operando nas varas com maior eficiência tiveram aumento significativamente maior do investimento e da produtividade, além de maior crescimento dos salários. Além disso, existe evidência de que esse efeito decorre da maior utilização de recursos externos, como empréstimos, para financiar o investimento em novas tecnologias. A maior confiança na qualidade das garantias de crédito, teria permitido a sua expansão, com impacto positivo sobre a produtividade e o crescimento.

EFICIÊNCIA NA CONCESSÃO DE CRÉDITO E PRODUTIVIDADE Crédito: tecnologia de transformar depósitos em recursos controlados pelo risco. Melhora da tecnologia significa, em particular, redução do risco de perdas com inadimplência e maior eficiência do uso dos instrumentos. Moll (2012), Moll, Townsend e Zhorin (2012), e Itskhoki e Moll (2013): Maior eficiência na tecnologia para conceder crédito para empresas em muitos casos é equivalente a maior produtividade total dos fatores. Além disso, ineficiências na concessão de crédito podem levar a pior alocação de recursos e menor nível de renda.

REFORMAS E GANHOS DE PRODUTIVIDADE Melhoras institucionais, podem resultar no maior crescimento da produtividade dos setores beneficiados, em decorrência de regras que asseguram maior eficiência. Exemplo: redução dos incentivos à informalidade com o desenvolvimento do mercado de capitais, ou a redução da cumulatividade do PIS/Cofins, que condiciona o crédito tributário ao pagamento de impostos por parte dos fornecedores. Teste possível: mudança tributária sobre indústria de informática na década passada, utilizando-se como controle setores similares de consumo ausentes de reforma.

REFORMAS E GANHOS DE PRODUTIVIDADE Empresas informais têm que se manter à margem do fisco, reduzindo a sua capacidade de crescimento e ganhos de escala. Além disso, as empresas formais acabam sendo prejudicadas pela concorrência das informais, que compensam menor eficiência com o menor pagamento de impostos. Na medida em que os benefícios da informalidade são reduzidos por mudanças institucionais, aumenta o percentual de empresas formalizadas e o aproveitamento dos ganhos de escala, maior produtividade, consolidações e crescimento. Pergunta (requer micro dados das empresas): por que ocorreu aumento da formalização do comércio varejista e dos serviços a partir de meados da década de 2000? Quais as causas das consolidações e do aumento do valor de mercado das empresas?

AS DIFICULDADES COM O INVESTIMENTO EM INFRAESTRUTURA Desempenho oposto da produtividade na indústria de transformação. Conjectura: parte relevante desse comportamento da produtividade decorre das dificuldades para a realização de investimentos mais complexos, qualificados pelos requerimentos necessários, os múltiplos órgãos de controle e os processos de avaliação dos seus impactos. Essas dificuldades afetam, em particular, os setores de infraestrutura, encarecendo seu investimento e reduzindo sua capacidade de crescimento, como em energia, agravadas pelo aumento dos encargos e impostos indiretos; Os maiores custos da infraestrutura têm efeitos difusos sobre toda a atividade produtiva, sobretudo quem a utiliza em maior escala no seu processo produtivo, como boa parte da indústria de transformação.

AS DIFICULDADES COM O INVESTIMENTO EM INFRAESTRUTURA Dificuldades com marco institucional para investimentos: Quais as contrapartidas necessárias aos impactos sobre o meio ambiente dos investimentos ou as indenizações aos grupos prejudicados pela sua ocorrência? Qual o papel de cada órgão de controle, e quais as competências das agências reguladoras? Qual a validade, por exemplo, de normativos do Banco Central sobre tarifas bancárias ou do IBAMA sobre os impactos ambientais de novos projetos?

AS DIFICULDADES COM O INVESTIMENTO EM INFRAESTRUTURA Insegurança sobre as normas, requerimentos e procedimentos termina por resultar em prolongados, e custosos, processos judiciais, levando até ao fechamento de mercados. Mesmo dispositivos legais estabelecidos conforme os procedimentos existentes são reavaliados com freqüência, como normas trabalhistas, muitas vezes com conseqüências retroativas sobre os contratos e as suas obrigações. Quanto mais complexo o empreendimento e maior o número de grupos impactados, mais difícil a resolução de conflitos. A indefinição sobre critérios e responsabilidade pela concessão de licenças e sobre mecanismos Para incluir de informações indenização no rodapé para do grandes slide, acesse: obras gera insegurança e incerteza sobre o processo EXIBIR->MESTRE->SLIDE de investimento MESTRE e implicam custos adicionais aos novos projetos, como os custos de observância das obrigações legais.

PERGUNTAS EM ABERTO Parte dos ganhos setoriais de produtividade na últimas duas décadas parece ter decorrido de acesso a melhores tecnologias, maior concorrência e redução de assimetria de informação. Qual a relevância das pesquisas da Embrapa e quais as razões do seu aparente sucesso? Qual o peso das consolidações do agronegócio nos anos 1990 e das economias de escala? Qual o peso da maior eficiência da concessão de crédito no crescimento das empresas e ganho de produtividade? Existe algum canal de transmissão entre melhores preços de commodities e ganhos de produtividade? Qual o peso relativo das mudanças microeconômicas versus o melhor ambiente macroeconômico no maior crescimento da PFT na década passada?

PERGUNTAS EM ABERTO Existe evidência do maior acesso a bens de capital e melhores insumos sobre a produtividade das empresas (Lisboa, Menezes-Filho, Schoor 2011; Mesquita (s.d.) e Mundler 2002). Após a liberalização dos anos 1990, houve progressivo aumento da proteção à produção doméstica. Qual o impacto desse processo sobre a produtividade da indústria? Quais as características das políticas de desenvolvimento mais bem sucedidas, como o desenvolvimento tecnológico no agronegócio? Qual o peso das reformas institucionais sobre o desenvolvimento dos mecanismos de financiamento? Qual o peso das Para reformas incluir informações tributárias no rodapé e do do slide, desenvolvimento acesse: do mercado de capitais sobre a formalização EXIBIR->MESTRE->SLIDE das empresas MESTRE e os ganhos de produtividade? Qual o impacto da realocação do emprego entre setores ou firmas para o aumento da produtividade?

PERGUNTAS EM ABERTO Diferenças locais na aplicação das leis e na política pública e pode permitir mensurar papel das instituições sobre o investimento e o bem estar social. Exemplo: privatização saneamento e mortalidade infantil (Saiani, 2012). Exemplo: lei de falência e qualidade da concessão do crédito (Ponticelli, 2012). Possíveis temas de pesquisa: Regulação municipal para telecomunicações e qualidade do serviço; Complexidade dos códigos de obras e áreas abandonadas; Práticas do judiciário e desenvolvimento dos mercados de crédito e trabalho; Políticas de desenvolvimento local, interesses criados e seus resultados; Políticas públicas, Para incluir avaliação informações no independente, rodapé do slide, acesse: mecanismos de gestão e indicadores sociais; Grupos de interesse existentes, modernização das políticas públicas e suas consequências.

Automóveis, camionetas e utilitários Caminhões e ônibus Refino de petróleo e coque Perfumaria, higiene e limpeza Pecuária e pesca Petróleo e gás natural Celulose e produtos de papel Agricultura, silvicultura, exploração florestal Artigos do vestuário e acessórios Peças e acessórios para veículos automotores EVOLUÇÃO DAS TARIFAS EFETIVAS 200 Tarifas Efetivas (%) Líquidas de Imposto, por Setor 150 100 50 0-50 Tarifa Ef. líquida de impostos 2000 (%) Tarifa Efetiva 2005 (%)

Automóveis, camionetas e utilitários Caminhões e ônibus Refino de petróleo e coque Perfumaria, higiene e limpeza Pecuária e pesca Petróleo e gás natural Celulose e produtos de papel Agricultura, silvicultura, exploração florestal Artigos do vestuário e acessórios Peças e acessórios para veículos automotores EVOLUÇÃO DAS TARIFAS EFETIVAS 200 Tarifas Efetivas (%) por Setor 150 100 50 0-50 Tarifa Efetiva 2000 (%) Tarifa Efetiva 2005 (%)