Curso de Mediação e Conciliação- Resolução 125/2010 CNJ

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Transcrição:

Curso de Mediação e Conciliação- Resolução 125/2010 CNJ

ÉTICA NA MEDIAÇÃO

SIGNIFICADO DAS PALAVRAS ÉTICA E MORAL A palavra ética vem do Grego ethos que significa modo de ser ou caráter. Já a palavra moral tem origem no termo latino morales que significa relativo aos costumes.

CONCEITOS DE ÉTICA E MORAL Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano ao tentar explicar as regras morais de forma racional, fundamentada, científica e teórica. É uma reflexão sobre a moral. Moral é o conjunto de regras aplicadas no cotidiano e usadas continuamente por cada cidadão. Essas regras orientam cada indivíduo, norteando as suas ações e os seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau.

PRINCÍPIOS DO CÓDIGO DE ÉTICA DO MEDIADOR da neutralidade e imparcialidade de intervenção a aptidão técnica da autonomia de vontades ou consensualismo processual da decisão informada da confidencialidade do empoderamento da validação fundamentais dos Juizados Especiais (informalidade, simplicidade, economia processual, celeridade, oralidade, flexibilidade processual)

Princípio da neutralidade e imparcialidade de intervenção. O princípio da neutralidade e imparcialidade de intervenção determina que, o medidor no exercício da sua função proceda com neutralidade, sendo que deve estar isento de vinculações étnicas ou sociais com qualquer das partes, bem como se abstendo de tomar partido no curso da autocomposição. A sensação da imparcialidade de intervenção deve ser percebida pelas próprias partes, cabendo ao mediador conduzir o processo de forma a assegurar tal percepção.

Princípio da consciência relativa ao processo. As partes devem compreender as consequências de sua participação no processo de conciliação ou mediação, bem como a liberdade de encerrar a mediação a qualquer momento. Este princípio recomenda que as partes sejam estimuladas a tratarem a conciliação ou mediação como uma efetiva oportunidade para se comunicarem de forma franca e direta, pois, considerando a confidencialidade do que é debatido em mediação, elas somente têm a ganhar com essa comunicação aberta. Nas conciliações ou mediações judiciais, algumas partes demonstram receio de que o mediador conte ao magistrado os pontos debatidos na mediação e, cabe ao(s) mediador(es) explicar adequadamente o funcionamento do processo de mediação e assegurar às partes a confidencialidade da sessão para que elas possam desenvolver adequada consciência quanto a esse processo autocompositivo.

Princípio do consensualismo processual Estabelece que somente deve haver mediação se houver o consentimento espontâneo das partes. Alguns ordenamentos jurídicos estabelecerem a obrigatoriedade da autocomposição, como em alguns casos, multas para as partes que não aceitarem determinadas propostas de acordos, porém a participação voluntária, para a maior parte da doutrina especializada entende que é necessária, em especial em países que ainda não desenvolveram uma cultura autocompositiva adequada, para a obtenção de resultados legítimos. Vale ressaltar que, no Brasil, com o advento do novo Código de Processo Civil, a obrigatoriedade está condicionada ao comparecimento na primeira reunião se for extrajudicial ou na manifestação expressa por petição, de que não quer submeter-se aos procedimentos autocompositivos, e ainda em sede de Juizados Especiais consiste tão somente na presença das partes na sessão de conciliação dessa forma, as partes não estão obrigadas a conciliar.

Princípio da confidencialidade Este princípio garante as partes que todas as informações constantes nas comunicações realizadas na autocomposição não poderão ser ventiladas fora desse processo nem poderão ser apresentadas como provas no eventual julgamento do caso, nem em outros processos judiciais, não podendo os profissionais envolvidos servirem como testemunha acerca de fato relacionado com seu ofício como facilitador de comunicações. Esta questão do sigilo, concede as partes um conforto que proporciona uma melhora da comunicação, bem como a construção de uma confiança entre os disputantes. Portanto, a disposição de se expressar com franqueza é essencial à eficácia do processo, isso porque para que as partes possam se comunicar com maior liberdade há de ser garantido o sigilo profissional, para evitar o uso dessas informações em um ulterior julgamento.

Princípio do empoderamento Este princípio estabelece a necessidade de haver um componente educativo no desenvolvimento do processo de conciliação ou mediação para ser usado em suas relações futuras. Considerando que o mediador restabelece a comunicação entre as partes, espera-se em razão do princípio do empoderamento que, após uma adequada autocomposição, as partes tenham aprendido, ainda que parcialmente, algum conjunto de técnicas de negociação e aperfeiçoado as suas formas de comunicação tornando-a mais eficiente inclusive em outros contextos.

Princípio da validação Esse princípio preconiza a necessidade de reconhecimento mútuo de interesses e sentimentos visando a uma aproximação real das partes e uma consequente humanização do conflito decorrente da maior empatia e compreensão. A participação de um terceiro neutro ao conflito no decorrer do processo direciona cada parte para que tome consciência dos seus interesses, sentimentos, necessidades, desejos e valores, e para que cada uma venha a entender como e porque algumas das soluções ventiladas satisfazem ou não as suas necessidades. Outrossim, ao ensinar as partes sobre a melhor maneira de se comunicar, de examinar as questões controvertidas e de negociar com a outra parte, o conciliador ou mediador, está capacitando as partes, habilitando-as a lidar não somente com o conflito em análise, mas também com futuras controvérsias.

Princípio da simplicidade A simplicidade traduz-se na desburocratização das formas, bem como aproveitamento dos atos que não comprometam o fim buscado (instrumentalidade das formas) objetivando sempre descomplicar o procedimento, tornando-o totalmente compreensivo às partes. Como nos juizados especiais o procedimento deve ser simples, natural, sem aparato, franco e espontâneo, a fim de deixar os interessados à vontade para exporem seus objetivos. Demais princípios Todos os demais princípios que se aplicarem a auto-composição na solução do conflito.

Sheila Assis de Almeida sheila.angelica@uol.com.br wats app: (11) 98600-6677