RELATÓRIO DE VIVÊNCIA

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Transcrição:

RELATÓRIO DE VIVÊNCIA Acadêmica: Rebeca Eloy de Melo Curso: Enfermagem Instituição: Universidade Federal do Tocantins - UFT

RELATÓRIO DE VIVÊNCIA DA ACADÊMICA DE ENFERMAGEM ORIUNDA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS REBECA ELOY DE MELO O VER-SUS nos estimula a formação de trabalhadores para o SUS, comprometidos eticamente com os princípios e diretrizes do sistema e que se entendam como atores sociais, agentes políticos, capazes de promover transformações. Ele possibilita o despertar de uma visão ampliada do conceito de saúde, abordando temáticas sobre Educação Permanente em Saúde, quadrilátero da formação, aprendizagem significativa, interdisciplinaridade, Redes de Atenção à Saúde, reforma política, discussão de gêneros, movimentos sociais, questões que estão intrinsecamente relacionadas à saúde, ao SUS. O VER-SUS chegou ao meu conhecimento através dos meus próprios colegas de faculdade, que são bem envolvidos com o programa, ouvi relatos de experiências, e quão enriquecedor era participar desta vivência. Consegui ser selecionada para a segunda edição, mas por problemas de saúde não pude fazer parte da equipe naquele momento. Me inscrevi novamente para a terceira edição e consegui participar. Cheguei ao hotel Eduardu s as 08 horas da manhã como previamente foi combinado, fomos alocados em nossos quartos e nos direcionamos a van, que na qual nos levou até a Universidade Federal do Tocantins, onde fomos recepcionados pela comissão organizadora e facilitadores, nos apresentamos, e conhecemos através deles um pouco mais do programa, tivemos uma dinâmica do balão onde sorteamos os nossos protegidos, e fizemos a customização de uma camiseta branca com o nome VER-SUS e frases que nos levavam a pensar no nosso Sistema Único de Saúde. A vivência é dividida em grupos e a noite discutimos sobre o lugar que visitamos e trocamos experiências com os demais colegas através de uma roda de conversas. Fui selecionada para a Tribo Javaé e o Ipê Rosa. O primeiro momento de vivência que tivemos aconteceu no período vespertino do dia 11/01, no próprio hotel os líderes dos Ipês fizeram chamada e organizaram suas equipes para os destinos traçados. O Ipê rosa visitou o Hemocentro HEMOTO. Fomos recebidos pelo Professor Marildo de Sousa Ribeiro (Gerente de Controle de Qualidade, Biólogo em Saúde, Biomédico e Gestor Ambiental HCP). O mesmo partilhou um pouco de seus conhecimentos com a nossa equipe de viventes. O hemocentro recebe o doador e coleta-se a bolsa. São coletados hemocomponentes onde se é analisado a amostra, sendo realizada por toda equipe de saúde. O local onde visitamos é considerado Hemorrede do Estado do Tocantins e tem como missão atender com qualidade a demanda da população do estado do Tocantins, quanto a assistência hematológica/hemoterápica e estimular o ensino e pesquisa em seus serviços. O local possui completo preparo para receber pacientes hematológicos (sangue anticoagulante, plasma). A equipe faz também coleta por aférese, onde só é coletado as hemácias ou plaquetas, ou glóbulos brancos e se devolve o restante ao paciente. Existem dois tipos de coleta que se chamam randomizada e tradicional. No laboratório do HEMOTO é realizado exames de sífilis, chagas, hepatite B ou C, HIV, HTLV 1 e 2. Para extração das substâncias necessárias o sangue é submetido ao

processo de centrifugação. E todo sistema é regido por uma gestão ambiental. A quantidade de sangue a ser retirado varia de acordo com o peso e altura do paciente e o aparelho utilizado para coleta recebe manutenção da coleta por aférice de acordo com o tipo da coleta realizada e assim cada um no seu tempo. Já no segundo dia pela manhã, visitamos o CAPES II, local onde se recebe pacientes com Transtorno Mental Psíquico e Grave. O local foi fundado como NAPS em 1998 e como CAPES em 2000, possui cerca de 320 pacientes cadastrados e por dia atendem cerca de 20 a 25 pacientes. A equipe que nos recebeu relatou a existência de déficit de profissionais e materiais, inclusive medicamentos controlados. Para os pacientes cadastrados na instituição é de direito ter passe livre no sistema urbano de movimentação, para facilitar a ida do indivíduo ao local. Geralmente a medicação é dada a família ou responsável do cadastrado, pois nesse momento há orientação dos horários e como administra-los. Os profissionais da unidade se dividem por quadras, assim como também funciona em uma UBS com o agente comunitário de Saúde. O atendimento do local é de 07 às 18h. O modelo seguido para atendimento a população é centrado no Hospital Psiquiátrico. Temos cadastrados para apoio no CAPES residentes de enfermagem, assistência social e farmácia. E as ações executadas pela equipe são visita domiciliar, matriciamento, buscativa, atendimento individual e em grupo, visita institucional, entre outras. No segundo dia na parte da tarde, fomos a Unidade Básica de Saúde UBS da quadra 210 Sul. Fomos recebidos pela enfermeira residente Layanne Carneiro onde logo na recepção já nos mostrou e evidenciou que o sistema utilizado pelo SUS que se chama (E-SUS) cai a todo momento, tendo muita das vezes que fazer todo o trabalho manualmente, ou também, quando se necessita de dados salvos no sistema não se tem acesso nesses momentos. A mesma relata que a sistematização é boa mas trabalhosa e não da a segurança necessária devido a esta instabilidade no sistema. Existe uma falha muito grande na administração, principalmente na recepção quando se recebe o paciente, quanto a orientação sobre o não atendimento devido a área de abrangência. Nesta unidade visitada a maioria dos pacientes são sus-dependentes. É ofertado no local/unidade a coleta de sangue, urina e fezes para exames solicitados. Diariamente é feito o pedido de curativos que nunca chegam a unidade. Os profissionais se sentem traídos pelo governo que sempre promete o pagamento do PMAC, que é um verba destinada ao investimento na UBS através de investigação do rendimento e bom funcionamento da mesma. No terceiro dia pela manhã, visitamos o NASF SUL (Núcleo de Assistência a Saúde da Família). É um serviço que integra vários profissionais de diferentes formações e especialidades no apoio as Equipes do Saúde da Família (ESF). O NASF presta apoio matricial à Estratégia Saúde da Família nas USFs e seus profissionais, nas ações de prevenção de agravos e promoção da saúde no seu território e em populações específicas como comunidades ribeirinhas, fluviais, consultório de rua, etc. As unidades de saúde da família que são apoiadas pelo NASF SUL são as USF do Jardim Taquarí e USF José Lúcio de Carvalho. Os objetivos do NASF são aumentar efetivamente a resolutividade e a qualidade da Atenção Básica, baseados nas diretrizes: cuidado continuado e longitudinal, próximo da população e na perspectiva da integralidade. A unidade conta com uma enfermeira, dois assistentes sociais, dois fisioterapeutas, dois psicólogos e um nutricionista, com 3 consultórios odontológicos

onde somente um funciona, e se tem a demanda de 64 pacientes por dia, sendo aproximadamente 20 atendimentos por turno. A principal demanda da unidade é a saúde mental. O NASF SUL desenvolve atividades de apoio matricial nas ações educativas, educação permanente dos profissionais da USF, ações de promoção da saúde no território, ações intersetoriais com os demais serviços (CRAS, escolas, conselhos tutelares, centros comunitários e outros), atendimentos individuais e compartilhados, bem como discussão de casos. Após a visita ao NASF SUL, fomos ter uma roda de conversas com o atual governador do estado, Marcelo Miranda. Fomos ao Palácio Araguaia apresentar ao governador o resultado das observações anotadas nas visitas às unidades de saúde pública da capital, através da interação e participação com os profissionais. A partir dessa reunião foi possível conhecer a magnitude do VER-SUS, de fundamental importância para a humanização da saúde no nosso país No terceiro dia pela tarde, fomos ao CSSR (Centro de Saúde Sexual e Reprodutiva). O local utiliza o Sistema Acessor Público para manuseio dentro da unidade. O atendimento é direcionado a gestação de alto risco, laqueadura, vasectomia, etc. Inaugurado em setembro de 2002 a equipe conta com médicos, nutricionistas, psicólogos e enfermeiros. Quando o homem opta por realizar a vasectomia, ele passa por toda equipe de saúde e sempre deve estar acompanhado da esposa, para o acordo mútuo da atitude, após aprovação de toda documentação e a realização da cirurgia o paciente precisa ter cerca de 20 a 25 ejaculações para se livrar completamente dos espermatozoides que ainda ficam no canal. Para as mulheres, antes de fazer a laqueadura, recomenda-se o uso do diafragma ou dil, dependendo do caso. A equipe também conta com atendimento para infertilidade. No quarto dia pela manhã visitamos o DSEI (Distrito Sanitário Especial Indígena). Criada em 19 de Outubro de 2010 a mesma orienta o desenvolvimento de ações de atenção integral a saúde indígena e de educação em saúde segundo as peculiaridades, perfil epidemiológico e a condição sanitária de casa distrito sanitário especial indígena. O local é a área do Ministério da Saúde responsável por coordenar a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas e todo o processo de gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS), no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A missão da secretaria é implementar um novo modelo de gestão e de atenção no âmbito do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, articulado com o SUS (SasiSUS), descentralizado, com autonomia administrativa, orçamentária, financeira e responsabilidade sanitária dos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). Após a visita no DSEI, fomos a capadócia (Assentamento São João), onde observamos a precariedade do local, falta de saneamento básico, de estrutura básica de vida, diversas casas feitas na lona, madeira, em um diálogo com uma criança a mesma alegou que tinha acabado de almoçar farinha com açúcar. A energia do local é traga através de gambiarras com a cidade, já que o distrito fica após o município do Taquari. Uma mãe nos relatou que tem dificuldades de mandar o filho de nove anos a escola, já que só possui uma bicicleta como meio de transporte, e mais três filhos pequenos para cuidar, o local onde mora fica distante da escola da criança para deixala ir sozinha, um dos fatos relatados pela maioria da população é a falta de segurança,

usuários de drogas andam por ali, pessoas armadas, situação esta que os deixa inseguros mesmo dentro de suas próprias casas. No quarto dia a tarde, visitamos o Laboratório Municipal, onde nos foi apresentada a unidade. No local acontecem coletas de linfa e LTA. O material é separado e colocado em ependórios e são encaminhados para o LACEN. Essas funções são desempenhadas por técnicos de laboratório. O local conta com uma sala de microscopia bem equipada. Para vir até o local o paciente precisa ser encaminhado da UBS, o resultado dos exames são disponibilizados através do GAU. O LACEN que encaminha o material para o laboratório municipal. Existe no local um aparelho de última geração para realização de testes de hepatite que nunca foi utilizado pois os kits necessários para a realização do exame neste aparelho nunca chegaram na unidade. O sistema utilizado pelo local é o GAL (Gerenciador de Ambiente Laboratorial). No quinto dia pela manhã, fomos a UPA SUL (Unidade de Pronto Atendimento). A unidade conta com três salas para que aconteça a classificação de risco, é realizado no local ultrassom, raio x, há uma estrutura pronta para atender esses casos, mas em casos mais agravantes o paciente é encaminhado ao HGP. O enfermeiro que nos atendeu relatou que o PSF não funciona corretamente na unidade. A equipe é composta por 7 enfermeiros, 23 técnicos em enfermagem, 7 odontólogos, médicos, assistentes sociais, bioquímicos e técnicos em radiografia. Tivemos também a oportunidade de conversar um pouco com a odontóloga de plantão, Dra. Micheline, apaixonada por nosso SUS, nos mostrou todo equipamento disponível para o seu trabalho, equipamentos que inclusive não estão disponíveis em muitas clínicas particulares, de última geração, a mesma alega também que nunca existe falta de material para a odontologia. No quinto dia a tarde, fomos ao Hospital e Maternidade Dona Regina. Ao chegar ao local o choque foi inevitável frente à péssima infraestrutura do prédio. Mayana, enfermeira obstetra, teve uma conversa com o grupo e nos mostrou que o Hospital apoia completamente o parto humanizado. A ala de pré-parto nos foi apresentada, o ambiente é escuro para a estimulação da ocitocina e consequentemente das contrações, as alas das pacientes são individuais, separadas por uma parede e possuem uma cortina que pode ser fechada para manter a privacidade da paciente, que por lei, tem direito a um acompanhante 24 horas por dia. Durante o parto para aproximar mais ainda o vínculo do acompanhante com a mamãe, a equipe que esta acompanhando o procedimento do nascimento do bebê permite que o mesmo corte o cordão umbilical da criança após o nascimento. Somente se dá prioridade a cesárea quando existe falha na indução do trabalho de parto, ou gravidez de risco. A equipe conta com o apoio de um cirurgião dentista, que nos casos das crianças que nascem com o palato deformado ou até mesmo com algum dente, já recebe ali o atendimento do mesmo, sendo realizado o procedimento cirúrgico no bebê. Na discussão com uma enfermeira nos foi dito que existe sim a falta de medicação, luvas, vacinas. Quando pode se tomam providências para improvisar, já chegaram ao ponto de levar de suas próprias casas luvas. Mas nos casos das medicações e vacinas, mediante a crise, o que resta é torcer para que tudo seja solucionado o quanto antes. Conversamos com uma mãe em pós parto e a mesma relatou que o filho ainda não tomou nenhuma vacina, que a unidade relata que esta

em falta, apesar da unidade ser referência no estado do Tocantins. Apesar dessas intercorrências tivemos a oportunidade de conhecer outras alas do hospital como o Banco de Leite Humano, que parece mágico, mas necessita muito dos recipientes de armazenamento que ficam em falta muitas vezes. Existem campanhas no município de Palmas para arrecadação destes quanto a situação esta crítica, mas o hospital é sempre receptivo a doações e o mesmo faz toda a higienização do recipiente. Não poderia deixar de falar do Projeto canguru, é um ala do hospital onde crianças prématuras ficam ali locadas juntamente com suas mães, as crianças ficam posicionadas na barriga pele a pele, até que ganhe peso suficiente, e assim os laços acabam se estreitando juntamente com o aleitamento materno. Conversamos com a nutricionista de plantão, que inclusive nos deu um gás para nunca desistirmos e prosseguirmos nessa carreira da saúde que está necessitada de profissionais capacitados e competentes. A parte nutricional do hospital é administrada por uma empresa terceirizada chamada Litucera, são eles que administram toda essa parte e ela supervisiona. Os pacientes reclamam de quase sempre o lanche ser biscoito cream craker com suco, mas é essa a opção que se tem com a verba repassada pelo governo, afirma a mesma. Mas sempre procura-se através de algumas alternativas mudar o cardápio ou variar, mas isso depende de um apoio governamental. Uma proposta de intervenção que eu como futura profissional da saúde posso ter é primeiramente saber em quem estou votando para cuidar e administrar estas unidades de atendimento, pois se falta material, existe uma má administração, ou desvio de verbas. A estrutura do local é realmente preocupante, prédio velho, com a pintura antiga, descascada, alguns locais no teto do hospital com mofo. São situações que somente o poder público pode mudar, enquanto isso nós profissionais vamos trabalhando tentando dar o nosso melhor com o que o governo consegue nos oferecer. Os profissionais que lá trabalham são apaixonados pelo nosso Sistema Único de Saúde, e todos dão o seu sangue por uma administração e cuidados melhores ao paciente. No sexto dia pela manhã fomos ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra). Na visita pode-se observar que não existe saneamento básico no local, a água que eles utilizam fica a uns 100 metros do local de moradia num poço, dali tiram água para tomar banho, fazer comida, lavar a roupa, tudo é retirado daquele local. O serviço de saúde não chega até ali, não existe um agente comunitário de saúde para acompanhar o local. Quando precisam de algum atendimento precisam se deslocar a cidade mais próxima. No sexto dia a tarde, fomos a Aldeia Salto da tribo Xerente em Tocantínia. Fomos até a casa do Cacique, que falou um pouco da realidade da aldeia, as crianças até os 10 anos aprendem a língua indígena, somente após isso começam a aprender o português na escola. A aldeia conta com uma UBS, composta por profissionais indígenas, quando necessitam de algum atendimento mais específico, são encaminhados para o Hospital de Miracema ou Lajeado. No sétimo dia na parte da tarde fomos em Taquaruçu na cachoeira do Roncador, para um momento de lazer e também de distração após uma semana intensa de atividades, ao voltar de lá nos reunimos novamente no hotel para a revelação do anjo e encerramento das atividades. Todos os dias quando chegávamos no hotel após o período vespertino, tínhamos uma roda de conversas para debater

tudo o que vivenciamos no dia e ter a troca de experiências com os colegas. Em um dia tivemos um quiz de perguntas e respostas que foi bastante enriquecedor sobre o SUS e seu funcionamento com propostas de intervenções baseadas no que vivenciamos. A disputa foi entre as tribos. ANEXOS DAS VIVÊNCIAS