AUXÍLIO-DOENÇA - PROCEDIMENTOS LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA Sumário 1. Introdução 2. Conceito Auxílio-doença 2.1 Tipos de auxílio-doença 3. pagamento 4. Carência - Conceito 4.1 Independe de carência 4.2 Depende de carência 4.3 Doença pré-existente 4.4 Caso especial - Exemplo 5. Como requerer o auxílio-doença 5.1 Informações complementares 5.2 Modelo do requerimento 6. Data do benefício 7. Renda mensal 8. Contagem dos 15 dias - Afastamento após o dia do acidente 9. Reclamação trabalhista 10. Segurado que exerce duas atividades ou mais atividades 11. Possibilidade de transformação em aposentadoria por invalidez Mais de uma atividade 12. Pagamento dos 15 primeiros dias de afastamento 12.1 Novo afastamento Mesma doença 12.2 Exemplo 13. Cessação 14. Licença remunerada 14.1 Exemplo 15. Tabela de incidências Período de afastamento 15.1 Auxílio-doença comum 15.2 Auxílio-doença acidentário 1. INTRODUÇÃO Consideraremos as regras junto à Seguridade Social para a concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença, traçando seu conceito, requisitos e por fim sua concessão. 2. CONCEITO - AUXÍLIO-DOENÇA Trata-se do benefício previdenciário concedido ao segurado impedido de trabalhar por doença ou acidente. Lembra-se que o benefício de auxílio-doença será devido ao segurado que ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos. (Art. 71 do Decreto nº 3.048/1999) 2.1 Tipos de auxílio-doença Existem dois tipos de auxílio-doença, o comum ou previdenciário e o acidentário. O auxílio-doença comum ou previdenciário é aquele de origem traumática ou por exposição a agentes nocivos (físicos, químicos, biológicos ou associação de agentes), que resulte em lesão corporal ou perturbação funcional que cause a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade de trabalho.
O auxílio-doença acidentário é o que ocorre pelo exercício do trabalho, no caso do segurado empregado, exceto o doméstico, trabalhador avulso e segurado especial, e que provoque lesão corporal ou perturbação funcional que cause a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho ou a morte. Além do acidente ocorrido nas instalações da empresa ou do ambiente do trabalho do segurado especial, é também considerado acidente do trabalho o ocorrido no trajeto residência-trabalho-residência; acidente ocorrido em outro local, inclusive viagem, desde que a serviço da empresa; doença profissional; doença do trabalho; doença por contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade, entre outros. 3. OBRIGAÇÃO DO PAGAMENTO Para os trabalhadores com carteira assinada deverá seguir a tabela abaixo: SEGURADO EMPREGADO OBRIGAÇÃO DO PAGAMENTO Empregador Previdência Social Primeiros 15 dias A partir do 16º dia Para os trabalhadores contribuintes individuais e demais segurados: SEGURADO OBRIGAÇÃO DO PAGAMENTO Segurado Contribuinte Individual Segurado (empresário, profissionais liberais, trabalhadores por conta própria, entre outros) Previdência paga todo o período da doença ou do acidente, desde que o trabalhador tenha requerido o benefício, a partir da data da incapacidade. Para os trabalhadores domésticos: SEGURADO DOMÉSTICO OBRIGAÇÃO DO PAGAMENTO Segurado Contribuinte Doméstico Previdência paga todo o período da doença ou do acidente, desde que o trabalhador tenha requerido o benefício. (Art. 72, incisos I, II e III, do Decreto nº 3.048/1999) 4. CARÊNCIA - CONCEITO Entende-se por carência prevista na legislação previdenciária o tempo correspondente ao número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o segurado faça jus ao benefício, computando-se a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências. (Art. 26 do Decreto nº 3.048/1999) 4.1 Independe de carência
Inexiste o requisito número mínimo de contribuições exigidas para fazer jus ao auxíliodoença quando se tratar de acidente de qualquer natureza (por acidente de trabalho ou fora do trabalho). (Art. 71, 2º, do Decreto nº 3.048/1999) 4.2 Depende de carência Ressaltamos a existência da carência de doze contribuições mensais para os casos em que houver a incapacidade decorrente de doenças. 4.3 Doença pré-existente A existência de doenças ou lesões antes do segurado se filiar ao Regime Geral de Previdência Social utilizadas como causa para a concessão do benefício não é possível, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. 4.4 Caso especial - Exemplo O segurado que estiver incapacitado para o trabalho e ao requerer o benefício de auxílio-doença previdenciário constatar que perdeu a qualidade de segurado, sendo que já havia contribuído para a Previdência Social 20 anos. Supondo que o segurado retorne e contribua por mais 4 meses estará sujeito ao deferimento do benefício? Para ilustrar a questão temos as seguintes datas: Datas de recolhimentos período: 01/1980 a 01/2000 (20 anos) Data da incapacidade: 10.08.2006 Data da entrada do benefício: 10.12.2006 (4 meses após). Resposta: Observe que a incapacidade ocorreu no momento em que o segurado tinha perdido a qualidade de segurado, mesmo contribuindo com 4 meses contados a partir de 10.08.2006 (data da incapacidade), o segurado ainda não faz jus ao benefício por ter perdido a qualidade de segurado no momento de sua incapacidade e não preencher a carência mínima exigida por lei de 12 contribuições mensais. 5. COMO REQUERER O AUXÍLIO-DOENÇA O benefício pode ser solicitado via internet ou, se desejar, o segurado poderá ainda requerer o auxílio-doença e escolher a Agência da Previdência Social de seu Estado onde deverá comparecer para fazer a avaliação médico-pericial. Para requerer diretamente na Agência da Previdência Social, apresente os seguintes documentos: - atestado médico e/ou exames de laboratório (se houver); - atestado de afastamento de trabalho preenchido pela empresa com as informações referentes à data do último dia de trabalho, bem como de dependentes com direito a salário-família; - documento de identificação (Carteira de Identidade/Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS); - Cadastro de Pessoa Física (CPF) (não obrigatório); - PIS/PASEP. 5.1 Informações complementares Para requerer o benefício o segurado deverá informar: a) NIT - Número de Identificação do Trabalhador (PIS/PASEP/CICI), nome completo do(a) requerente, nome completo da mãe e data do nascimento; b) a categoria do trabalhador, se contribuinte individual, facultativo, trabalhador avulso, empregado(a) doméstico(a), empregado(a) e desempregado(a); c) data do último dia de trabalho no caso do(a) empregado(a), além do CNPJ da Empresa; d) CPF e nome do empregador no caso de empregado(a) doméstico(a).
Observação: O agendamento da Perícia Médica é feito automaticamente após o requerimento do auxílio-doença pela internet. 5.2 Modelo do requerimento Requerimento Auxílio-Doença. 6. DATA DO BENEFÍCIO O direito ao benefício de auxílio-doença, inclusive o decorrente de acidente do trabalho, deverá ser analisado com base na Data de Afastamento do Trabalho (DAT), ou na Data de Início da Incapacidade (DII), conforme o caso (alterado pela Instrução Normativa INSS/PRES nº 02, de 17 de outubro de 2005 - DOU de 18.10.2005). O direito ao benefício de auxílio-doença, inclusive o decorrente de acidente do trabalho, deverá ser analisado com base na DAT ou na DII, conforme o caso. Considera-se como Data de Afastamento do Trabalho (DAT) aquela em que for fixado o início da incapacidade para os segurados, empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual, facultativo, segurado especial e o desempregado. Nas situações em que o benefício for requerido após trinta dias contados da DAT ou da DII, conforme o caso, a Data do Início do Pagamento (DIP), será fixada na Data de Entrada do Requerimento (DER). Aplica-se o disposto acima aos benefícios requeridos a partir de 23 de novembro de 2000, data da publicação do Decreto nº 3.668/2000. 7. RENDA MENSAL A renda mensal do benefício de prestação continuada será calculada aplicando-se sobre o salário-de-benefício noventa e um por cento, que deverá ser contada da seguinte forma: a) a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade para o segurado empregado, exceto o doméstico (Redação dada pelo Decreto 3.265, de 29.11.1999); b) a contar da data do início da incapacidade, para os demais segurados; ou c) a contar da data de entrada do requerimento, quando requerido após o trigésimo dia do afastamento da atividade, para todos os segurados. 8. CONTAGEM DOS 15 DIAS - AFASTAMENTO APÓS O DIA DO ACIDENTE Quando o acidentado não se afastar do trabalho no dia do acidente, os quinze dias de responsabilidade da empresa pela sua remuneração integral serão contados a partir da data do afastamento. Não se aplica o disposto acima quando a previdência social tiver ciência de internação hospitalar ou tratamento ambulatorial devidamente comprovado pelo segurado mediante atestado que deverá ser apreciado pela perícia médica. 9. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA O auxílio-doença será devido durante o curso de reclamação trabalhista relacionada com a rescisão do contrato de trabalho, ou após a decisão final, desde que implementadas as condições mínimas para a concessão do benefício. 10. SEGURADO QUE EXERCE DUAS ATIVIDADES OU MAIS ATIVIDADES O auxílio-doença do segurado que exercer mais de uma atividade abrangida pela previdência social será devido mesmo no caso de incapacidade apenas para o exercício de uma delas, devendo a perícia médica ser conhecedora de todas as atividades que ele estiver exercendo. Lembramos que o auxílio-doença será concedido em relação à atividade para a qual o segurado estiver incapacitado, considerando-se para efeito de carência somente as contribuições relativas a essa atividade.
11. POSSIBILIDADE DE TRANSFORMAÇÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ MAIS DE UMA ATIVIDADE Tratando-se do segurado que exerça mais de uma atividade, ao se incapacitar definitivamente para apenas uma delas, deverá o benefício de auxílio-doença ser mantido indefinidamente, não cabendo sua transformação em aposentadoria por invalidez, enquanto essa incapacidade não se estender às demais atividades. (Art. 74 do Decreto nº 3.048/1999) 12. PAGAMENTO DOS 15 PRIMEIROS DIAS DE AFASTAMENTO Lembramos que durante os primeiros quinze dias consecutivos de afastamento da atividade por motivo de doença, incumbe à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário. (Art. 75 do Decreto 3.048/1999, redação dada pelo Decreto 3.265, de 29.11.1999) Quando a incapacidade ultrapassar quinze dias consecutivos, o segurado será encaminhado à perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social. 12.1 Novo afastamento Mesma doença Lembramos que ocorrendo a concessão de novo benefício decorrente da mesma doença, dentro de sessenta dias contados da cessação do benefício anterior, a empresa fica desobrigada do pagamento relativo aos quinze primeiros dias de afastamento, prorrogando-se o benefício anterior e descontando-se os dias trabalhados, se for o caso. 12.2 Exemplo O segurado se afasta por auxílio-doença em 20.10.2006 e cessa seu benefício em 20.12.2006. Pagamento pela empresa: dia 20.10.2006 ao dia 03.11.2006 (total 15 primeiros dias de afastamento) Pagamento pela Previdência Social: dia 04.11.2006 ao dia 20.12.2006 (16º dia em diante). Caso ocorra novo afastamento decorrente da mesma doença até o dia 18.02.2007, ou seja, até 60 dias da cessação do benefício anterior, o empregador está desobrigado de pagar os 15 primeiros dias novamente. Por outro lado, caso ocorra novo afastamento decorrente da mesma doença, ou seja, a partir do dia 19.02.2007, a empresa estará obrigada a pagar novamente os 15 primeiros dias. Se o segurado empregado, por motivo de doença, afastar-se do trabalho durante quinze dias, retornando à atividade no décimo sexto dia e, decorrente da mesma doença, voltar a se afastar dentro de sessenta dias desse retorno, fará jus ao auxíliodoença a partir da data do novo afastamento (nova redação dada pelo Decreto nº 5.545, de 22.09.2005 - DOU DE 23.09.2005). (Art. 75, 3º e 4º, ambos do Decreto nº 3.048/1999) 13. CESSAÇÃO O auxílio-doença cessa pela recuperação da capacidade para o trabalho ou pela transformação em aposentadoria por invalidez ou auxílio-acidente de qualquer natureza, neste caso se resultar sequela que implique redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. 14. LICENÇA REMUNERADA A empresa que, por força de acordo coletivo ou por liberalidade, garantir ao segurado licença remunerada ficará obrigada ao pagamento durante o período de auxílio-doença da eventual diferença entre o valor deste e a importância garantida pela licença. 14.1 Exemplo Benefício de R$ 1.000,00 Licença remunerada de R$ 1.500,00
Obrigação de completar com R$ 500,00 (Art. 80, parágrafo único, do Decreto nº 3.048/1999) 15. TABELA DE INCIDÊNCIAS - PERÍODO DE AFASTAMENTO 15.1 Auxílio-doença comum Auxílio-doença comum ou previdenciário FGTS INSS IRRF 15 primeiros dias SIM SIM SIM 16º dia em diante do afastamento NÃO NÃO NÃO 15.2 Auxílio-doença acidentário Auxílio-doença acidentário FGTS INSS IRRF 15 primeiros dias SIM NÃO NÃO 16º dia em diante do afastamento SIM NÃO NÃO (INSS - Fundamento legal: art. 28, 9º, a, da Lei nº 8.212/1991) (FGTS - Fundamento legal: art. 15, 6º, da Lei nº 8.036/1990) (IRRF - Fundamento legal: art. 9º da IN nº 15/2001 e art. 5º, XXI, da IN nº 15/2001)