29º Seminário de Extensão Universitária da Região Sul FÍSICA DA UNIVERSIDADE À COMUNIDADE LUZ E COR NA ARTE E NA CIÊNCIA

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Transcrição:

FÍSICA DA UNIVERSIDADE À COMUNIDADE LUZ E COR NA ARTE E NA CIÊNCIA Área temática: Educação Luiz Antônio Bastos Bernardes (Coordenador da Ação de Extensão) Autores: Silvio Luiz Rutz da Silva 1, Luiz Antônio Bastos Bernardes 2, Luiz Américo Alves Pereira 3, Antônio José Camargo 4, Luiz Felipe Gonçalves 5, Marcos Damian Simão 6 Palavras-chave: divulgação científica, experimentos de física, interação. Resumo As pessoas têm buscado compreender melhor os aspectos científicos agregados ao nosso dia-a-dia, impulsionadas pela ampla difusão dos recursos tecnológicos resultantes de avanços científicos. Visando contribuir para a superação de tais carências, o projeto nos últimos anos vem desenvolvendo ações através de exposições em escolas, praças e ambientes de circulação pública, tais como feiras e shoppings. Almeja-se com as atividades a formação cultural e científica e a conscientização sobre as incidências e reflexos da Ciência e da Tecnologia. Introdução O projeto de extensão Física - da Universidade à Comunidade, desde sua primeira execução em 1999, tem como objetivo estabelecer uma ligação direta entre a comunidade e o Departamento de Física da UEPG. As atividades oferecidas por este projeto são: cursos de nivelamento em Matemática básica e cursos sobre temas que complementam a formação dos acadêmicos dos cursos de Física e áreas afins; cursos, oficinas e palestras para professores do Ensino Fundamental e Médio (EFM); monitorias para alunos do EFM; participação no projeto Cidadão do Futuro ; iniciação científica para alunos do EFM; montagem de laboratórios de Física em escolas da rede pública; divulgação dos cursos de Física da UEPG nas escolas; realização de experimentos de Física em lugares públicos em várias cidades do estado do Paraná (DA SILVA, 2009). 1 Departamento de Física (DEFIS), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Doutor. 2 DEFIS, UEPG, Doutor. bernardes@uepg.br 3 DEFIS, UEPG, Doutor. 4 DEFIS, UEPG, Mestre. 5 Bolsista de extensão, Acadêmico Licenciatura em Física, DEFIS, UEPG. 6 Bolsista de extensão, Acadêmico Licenciatura em Física, DEFIS, UEPG.

A natureza pública da Universidade se confirma na proporção em que diferentes setores da população usufruam dos resultados produzidos pela atividade acadêmica, o que não significa ter que, necessariamente, frequentar seus cursos regulares. A extensão é parte indispensável do pensar e fazer universitários, e conduz ao compromisso social da Universidade de inserção nas ações de promoção e garantia dos valores democráticos, de igualdade e desenvolvimento social. Assim a extensão se coloca como prática acadêmica que objetiva interligar a Universidade, em suas atividades de ensino e pesquisa, com as demandas da sociedade (BRASIL, 2001). Jacobucci (2008) relata que, nos últimos anos, tem sido frequente a utilização por pesquisadores brasileiros de diferentes expressões para a necessidade de aproximar a Ciência e a população, sendo elas: alfabetização científica, letramento científico, divulgação científica, comunicação científica, popularização da ciência. No exterior, apesar de esses termos serem também utilizados, está em voga a expressão cultura científica. Para Sabbatini (2004) a expressão cultura científica contém, em seu campo de significações, a ideia de que o processo que envolve o desenvolvimento científico é um processo cultural. Quer seja ele considerado do ponto de vista de sua produção, de sua difusão entre pares ou na dinâmica social do ensino e da educação, ou ainda do ponto de vista de sua divulgação na sociedade, como um todo, para o estabelecimento das relações críticas necessárias entre o cidadão e os valores culturais, de seu tempo e de sua história. A construção de uma cultura científica na Sociedade a extensão universitária constitui-se no caminho de aproximação entre a Universidade, aqui entendida como geradora de conhecimento científico, e a Sociedade. Isto se dá porque as diversas formas de extensão possibilitam a compreensão dos métodos utilizados para se produzir o conhecimento científico, e disseminam noções dos conteúdos abordados pela Ciência e permitem o estabelecimento de relações entre a Ciência e a Sociedade, que juntos passam a fazer parte da cultura, modificando a forma como as pessoas veem o mundo (JACOBUCCI, 2008). As relações entre ciência e arte Na literatura existe uma quantidade significativa de trabalhos que tratam das diversas possibilidades de relações entre ciência e arte. No artigo Ciência e arte: relações improváveis? Reis, Guerra e Braga (2006) discutem as relações entre ciência e arte, principalmente entre física e pintura, com o objetivo de apresentar uma abordagem cultural para a ciência. Para estes autores: As concepções artísticas e científicas são coerentes, levando a interpretações semelhantes a respeito do funcionamento do universo. Artistas e cientistas (ou filósofos naturais) percebem o mundo da mesma forma, apenas representam-no com linguagens diferentes. No Renascimento, é clara a relação arte ciência. Muitos são os nomes que misturam os dois campos: Brunelleschi, Pisanello, Leonardo, Dürer e até mesmo Galileu. E é importante salientar que a invenção da perspectiva e do claro-escuro foi extremamente importante, até mesmo crucial, para tornar possíveis as observações empíricas e os registros acurados que fundamentam a ciência moderna. (2006, p.73)

Segundo Reis, Guerra e Braga as relações salientadas não buscam uma relação causal entre ciência e arte, mas sim uma visão mais significativa do que é o processo de construção do conhecimento (2006, p.72). Já Carvalho (2006) em seu trabalho Física, Astronomia, Teatro e Dança busca enfatizar a importância da relação entre Ciência e Arte. Para a autora: Há profundas relações entre uma e outra que raramente são trabalhadas, mas deveriam sê-lo, pois a maneira como se apresenta o contexto cultural atualmente, decorrente da nova visão de mundo inaugurada pela física moderna, pede que o homem construa novas formas de sentir, pensar e agir que possibilitem a construção de novas formas de ensinar e aprender, de maneira a contemplar essas relações (2006, p.11). Como reforço às suas ideias Carvalho cita as palavras de Pujol 7 (apud CARVALHO, 2006, p.11), A ciência fornece a motivação racional, que nutre a intuição estética e artística, e a arte oferece instrumentos intuitivos para se apropriar dos conceitos que a Ciência propõe. Lopes (2005) no trabalho Luz, arte, ciência... ação! busca refletir sobre as principais interações entre teatro, ciência e tecnologia, ao longo da história do teatro a partir dos modos com que essas interações podem estar presentes no cotidiano. Segundo a autora: No campo da arte teatral, podemos verificar interações com a ciência e a tecnologia em diferentes níveis. Não apenas novas tecnologias foram incorporadas à cena teatral, mas também, com Bertolt Brecht, houve a pretensão de incorporar aspectos da metodologia científica aos métodos de criação teatral (2005, p.401). Para Lopes (2005, p.403) nas artes plásticas a relação entre arte e ciência também é antiga, especialmente no renascimento: Os pintores da época aplicavam princípios da matemática para conferir ilusão de volume, textura e proporção harmoniosas, no intuito de reproduzir as feições anatomicamente corretas, em uma tentativa de retratar fielmente o corpo humano. Ianni (2004) no trabalho Variações sobre arte e ciência propõe aproximações entre ciência e arte por meio de linguagens e narrativas singulares, dotadas de características próprias a estas modalidades de conhecimento. Por sua vez Zanetic (2006) no artigo Física e Arte: uma ponte entre duas culturas discute o trabalho com atividades interdisciplinares envolvendo física e arte, esta representada pela literatura e por letras de música, ressaltando a importância da física na construção de um diálogo inteligente com o mundo. Neste trabalho descrevemos uma atividade extensionista que busca tratar das relações entre a ciência e arte a partir de uma discussão sobre como a ciência contribui para a expressão artística, a partir da compreensão dos fundamentos físicos da luz e da cor e sua utilização na composição artística de obras de pintura e da fotografia. Por exemplo, mostramos como os contrastes entre luz e sombra são importantes na composição dos quadros de gênios do Barroco tais como Caravaggio; identificamos a presença de fenômenos óticos como reflexão e difração em pinturas fundamentais do Impressionismo e do Pontilhismo; e mostramos a importância da utilização de cores complementares nas obras de vários mestres da pintura. 7 Rosa Pujol, Alambique 32, 15 (2002).

Metodologia O projeto de extensão Física: da Universidade à Comunidade busca sensibilizar o público através de atividades, onde a observação e a reflexão operam como meio de conduzir a uma aprendizagem dos fundamentos da Ciência e suas aplicações. Apresentam-se objetos que ilustrem realizações técnicas e científicas em ligação com os desenvolvimentos da Ciência e em especial da Física. Estas demonstrações são realizadas por professores do Departamento de Física da UEPG, e por monitores (alunos dos cursos de Licenciatura em Física e de Bacharelado em Física) preparados para tal finalidade. As principais metodologias utilizadas são: aulas expositivas, contando com a monitoria de acadêmicos; oficinas de aulas experimentais sobre temas de Física aplicada ao cotidiano; oficinas sobre temas relacionados com Física que sejam apresentados no noticiário de jornais; preparação e apresentação de experimentos de Física, com participação dos acadêmicos, para apresentação em lugares públicos. Uma destas oficinas ofertadas à comunidade pelo projeto é composta de experimentos sobre a natureza física da luz e da cor onde se busca discutir sua utilização nas Ciências especialmente na biofísica (física da visão) e nas artes plásticas como um elemento de estudo importante para a composição das obras através de estudo de caso. As atividades experimentais propostas envolvem a observação de pinturas e fotografias onde se dá ênfase à importância de estudos prévios sobre luz e cor na composição de obras de arte; demonstração do fenômeno da difração da luz usando um feixe de raios laser e uma fenda de largura variável e também em orifícios para observar a figura de difração após o feixe de laser passar por pequenos orifícios; experimento sobre a composição de cores utilizando lanternas com filtros das cores primárias. Por fim procede-se a demonstração do poder de resolução do olho humano quando colocamos na frente da lente de um projetor, uma moldura de slide com papel alumínio com dois orifícios, para simular duas fontes pontuais. Outro slide feito com uma cartolina preta perfurada é mantido na frente do olho do observador. Observando as duas fontes pontuais por meio desse material, com um único orifício, verificamos a distância a partir da qual as duas fontes não são mais vistas separadamente. Conclusões O projeto já atingiu mais de cento e oitenta mil pessoas em várias cidades do Paraná, através da atividade Viajando com a Física, na qual os acadêmicos tiveram uma excelente oportunidade de conhecer a realidade social das cidades visitadas; fortalecimento da ligação entre o DEFIS-UEPG e os professores e alunos do EFM dos Campos Gerais; atualização de professores do EFM na área de Ensino de Física; melhoria dos vínculos entre a UEPG e o governo do estado do Paraná através da ativa participação no projeto Paraná em Ação ; curso de extensão Equações Diferenciais Aplicadas à Física, o qual resultou em um livro de mesmo nome, editado pela Editora UEPG, desde 1999, com grande sucesso. De modo a complementar as áreas de ação englobadas pelo projeto, temos desenvolvido atividades voltadas para a discussão da relação da Ciência com outras áreas do conhecimento, como exemplo podemos citar a exibição e discussão de

séries científicas. Nesta atividade, além dos aspectos relativos à Ciência, também discutimos aqueles relativos à produção artística das mesmas. Neste mesmo sentido temos ofertado oficinas como a aqui relatada onde buscamos sedimentar os princípios físicos envolvidos ressaltando a importância de sua utilização adequada nas outras áreas do conhecimento. Referências BRASIL. Plano Nacional de Extensão Universitária. Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras e SESu / MEC, Brasil, 2001. CARVALHO, S. H. M. de.. Física, Astronomia, Teatro e Dança. Física na Escola, v. 7, n. 1, 2006, p.11-16. DA SILVA, S. L. R.; BERNARDES, L. A. B.; CAMARGO, A. J. e PEREIRA, L. A. A.. Física - da universidade à comunidade. Revista Conexão UEPG, Ponta Grossa, edição 05, 2009, p.79-83. IANNI, O.. Variações sobre arte e ciência. Tempo Social USP, vol.16, junho 2004, p.7-23. JACOBUCCI, D. F. C.. Contribuições dos espaços não-formais de educação para a formação da cultura científica. Em Extensão, Uberlândia, vol.7, 2008, p.55-66. REIS, J. C.; GUERRA, A.; BRAGA, M.. Ciência e arte: relações improváveis?. História, Ciências, Saúde Manguinhos, v. 13, (suplemento), outubro 2006, p.71-87. LOPES, T.. Luz, arte, ciência... ação!. História, Ciências, Saúde Manguinhos, v. 12 (suplemento), 2005, p.401-18. SABBATINI, M.. Alfabetização e Cultura Científica: conceitos convergentes? Revista Digital Ciência e Comunicação, vol.1, n.1, 20 de dezembro de 2004. Disponível em: <http://www.jornalismocientifico.com.br/revista/01/artigos/artigo5.asp>. Acesso em 15 de maio de 2011. ZANETIC, J.. Física e Arte: uma ponte entre duas culturas. Pro-Posições, vol.17, n.1 (49) - jan./abr. 2006, p.39-57.