MOSCA, J.L., PIZA, I.M.T., LIMA, G.P.P. Marcadores bioquímicos de maturação em pós-colheita de três variedades de melão. Horticultura Brasileira, Brasília, v.19, Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, suplemento CD-ROM, julho 2001. Marcadores bioquímicos de maturação em pós-colheita de três variedades de melão. José Luiz Mosca 1, Isabela M. Toledo Piza 2, Giuseppina P. P. Lima 2. 1 UNESP/FCA. EMBRAPA Agroindústria Tropical, Fortaleza CE, CP. 3761, CEP 60 511 110. E-mail: mosca@cnpat.embrapa.br; 2 Instituto de Bioquímica IB, FCA UNESP, Botucatu - SP. RESUMO O presente trabalho teve como objetivo estudar a atividade da enzima peroxidase em diferentes porções de três variedades de melão. Realizou-se análise da atividade da peroxidase, sólidos solúveis totais (SST), acidez total titulável (ATT) e ph. A atividade da peroxidase na porção próxima ao pedúnculo (ápice) de melões da variedade Amarela T- 6 diferiu significativamente e foi maior em relação ao Gália 4953 e Orange. Resultados semelhantes foram observados na porção mediana, em relação à variação significativa, porém a atividade da variedade Amarela foi menor. Os SST e ph mantiveram os maiores valores no melão Orange e ATT no Amarelo. Palavras-chave: Cucumis melo L., Peroxidase, Pós-colheita. ABSTRACT Biochemical markers for post harvest maturity in three melon cultivars. The objectives of this work was to study the peroxidase activity in three different parts and varieties of melon. It was evaluated the peroxidase activity, total soluble solids, total titrable acidity and ph. The peroxidase activity in the apex of melon in Yellow variety show striking differences and was larger than amont found in the Galia and Orange. Similar results were observed in the medium part, of the fruit but with smaller activity. The SST and ph values were large in Orange melon and total titrable acidity in Yellow. Keywords: Cucumis melo L, peroxidase, post-harvest. C ultivares de melão são freqüentemente avaliadas quanto à resistência às doenças e pragas (Flores & Alvarez, 1996; Mc Grigh, 1994). Apesar da
importância de se conhecer os genótipos quanto à produção e qualidade do fruto, são poucos os trabalhos que exploram estas características. A enzima peroxidase e IAA-oxidase vem sendo muito estudada em frutos climatéricos e não-climatéricos apresentando aumento de atividade em todos os frutos durante a maturação. A peroxidase mostrou aumento somente nos frutos climatéricos, isto é, aumento da atividade com o progresso da maturação e amadurecimento (Frenkel, 1972). O presente trabalho teve como objetivo estudar a atividade da enzima peroxidase em diferentes porções de três tipos de melão.
MATERIAL E MÉTODOS Frutos de melão (Cucumis melo L.) foram adquiridos na Central de Abastecimento de São Paulo (CEAGESP), e transportados por via rodoviária para o Laboratório do Departamento de Química, IB, de Bioquímica da UNESP. Foram utilizados três tipos de melão: Valenciano Amarelo (Cucumis melo var. inodorus) cv. T-6, rendilhado net melon (Cucumis melo var. reticulatus) cv.galia 4953 e Orange. As amostras foram divididas em três partes, ápice (inserção do pedúnculo), parte central e base, e processadas sem a casca para análise da atividade da peroxidase, sólidos solúveis totais, acidez total titulável e ph. Quatro gramas (4g) de polpa foram homogeneizadas em 20 ml de tampão fostato de potássio 0,2 ph 6,7 e centrifugados a 10.000 x rpm por 20 minutos à 4ºC, obtendo-se dessa maneira o extrato bruto. O sobrenadante foi utilizado para determinar da enzima peroxidase (Lima, 1994). A atividade específica da peroxidase foi expressa em µmol de H 2 O 2 decomposto. minuto -1.mg de proteína -1. A determinação do conteúdo de sólidos solúveis totais (SST) foi feita na polpa, através da leitura em refratômetro digital (ATAGO Digital refractometer PR - 101), segundo técnica recomendada pela A. O. A. C. (1975). A acidez total titulável (ATT) foi determinada em 5 gramas de polpa diluída em 50 ml de água destilada e através de titulação com NaOH a 0,1 M e expressa em porcentagem de ácido cítrico (A. O. A. C., 1975). O ph foi determinado utizando-se medidor de ph (Hanna Instruments HI 9321 Microprocessador phmeter), cuja leitura foi realizada diretamente na polpa (A. O. A. C., 1975). O delineamento experimental utilizado constou de três tipos de melão com 5 repetições, sendo que cada repetição continha 3 frutos. As médias foram comparadas pelo teste Tukey ao nível de 5% de significância. RESULTADOS E DISCUSSÃO A peroxidase pode ser tomada como indicador de amadurecimento e senescência em diversos tecidos vegetais. A atividade da peroxidase na porção próxima ao pedúnculo (ápice) de melões da variedade Amarela (Tabela 1) diferiu significativamente e foi maior em relação ao Gália
4953 e Orange. Resultados semelhantes foram observados na porção mediana, em relação à variação significativa, porém a atividade da variedade Amarela foi menor. Tabela 1. Atividade da peroxidase (EC 1.11.1.7), teor de sólidos solúveis totais, acidez total titulável e ph, em diferentes partes do melão. Parte do MELÃO Análise Fruto Amarelo Melão Orange Gália 4953 PEROXIDASE (µmol de H 2 O 2 decomposto. minuto -1.mg de proteína -1 ) SST (ºBrix), ph ATT (%ácido cítrico) Ápice 0,519 0,427 0,468 Meio 0,295 0,335 0,353 Base 1,076 0,864 0,584 Ápice 6,733 7,233 6,133 Meio 7,633 7,433 6,667 Base 6,7 7,5 6,333 Ápice 5,323 6,403 5,627 Meio 5,35 6,193 5,603 Base 5,483 6,2 5,573 Ápice 0,143 0,117 0,117 Meio 0,15 0,12 0,117 Base 0,12 0,093 0,1 Na parte basal ocorreu diferença significativa entre as três variedades, sendo a maior atividade observada no melão Amarelo e a menor no Orange e ainda todos os frutos apresentaram as maiores atividades neste ponto (basal). Dessa foram, partindo do pressuposto que a porção basal é o local onde provavelmente se inicia o amadurecimento, no caso de futuros estudos sobre a melhor época de colheita de melões dessas variedades, o local mais adequado para a retirada de tecidos para análises seria a porção mediana. De acordo com a Tabela 1, os SST e ph mantiveram os maiores valores no melão Orange. e ATT no Amarelo. Com base nestas análises não podemos afirmar qual a
melhor porção do fruto indicadora de amadurecimento, pois não foram observadas diferenças significativas. Nas condições em que o experimento foi realizado, a porção basal foi identificada como o local onde provavelmente se inicia o amadurecimento, deste modo, para análises bioquímicas indicadoras de estádios de amadurecimento, a porção mediana deverá ser considerada a região mais adequada para retirada da amostra. LITERATURA CITADA A.O.A.C. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official methods of analysis of the Association of Official Analytical Chemists. 12 a ed. Washingtonp.1975, 1094. FLORES, E., ALVAREZ, J. N. Nature of resistance of seven melon lines to Sphaerothea fulginea. Plant Pathology, v.45, n.1, p. 155-60, 1996. FRENKEL, C. Involvement of peroxidase and indole-3-acetic acid oxidase isozymes from pear, tomato, and blueberry fruit ripening. Pl. Physiol., v. 49, p. 757-63, 1972. LIMA, G. P. P. Efeito do cálcio sobre o teor de poliaminas, peroxidase e nitrato redutase em s de arroz (Oryza sativa L.vc. IAC 4440). Botucatu, 1994, 85 p. Tese (Doutorado em Ciências Biólogicas). Universidade Estadual Paulista. Mc CREICH, J. D., ELMSTROM, G. G. W., SIMMONS, A. M., WOLF, D. W. Silverleaf whitefly on melons in Califórnia, Florida, South Carolina and Texas. Cucurbitaceae 94: Evalution and enhancement of Cucurbit germplsm, Sth. Padre Island, Texas Subtrop. Agric. Center, 31,1994.