Aplicação da espectrofotometria clássica e derivativa na determinação de domperidona em formulações farmacêuticas.

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Transcrição:

Aplicação da espectrofotometria clássica e derivativa na determinação de domperidona em formulações farmacêuticas. Jacira Izidório de Moura 1, Graziella Ciaramella Moita 2, Elaine Cristina Oliveira da Silva 3, Karen Lopes de Paiva 4 1 Mestrado em Química pela Universidade Federal do Piauí, Brasil(2011). e-mail: jaciraizidorio@ifma.edu.br. 2 Doutorado em Química Analítica pela Universidade Estadual de Campinas, Brasil(1996). e-mail: graziella@ufpi.edu.br. 3 Técnica em Analises Químicas pelo IFMA. 4 Estudante do Curso Técnico em Biocombustíveis IFMA Campus Zé Doca. Bolsista do IFMA. e-mail: karen_paiva126@hotmail.com. Resumo: A espectrofotometria clássica e derivativa são métodos simples, de fácil execução e economicamente viáveis para análise de domperidona em formulações farmacêuticas, podendo assim tornar-se um método válido para análise de acordo com as exigências de órgãos regulamentadores como a ANVISA. Este método foi aplicado para análise da domperidona seguindo todas as figuras de mérito exigidas para sua validação e os resultados revelaram que é um método seletivo, robusto, preciso (<5%) e exato, com recuperações entre 96-100%, podendo ser facilmente utilizado por farmácias de pequeno porte que desejam fazer o controle de qualidade de seus medicamentos e assim atender a necessidade individualizada de cada paciente. Palavras chave: domperidona, espectrofotometria derivativa, validação 1. INTRODUÇÃO A domperidona é um medicamento usado para estimular o funcionamento gastrintestinal, atuando no tratamento de distúrbios do aparelho digestivo como refluxo gastroesofágico, incluindo, esofagite, hérnia de hiato, azia, regurgitação e refluxo em adultos, neonatos e lactentes, doenças que estão se tornando cada vez mais comuns atualmente. Também pode ser utilizada contra náuseas e vômitos. Vários métodos analíticos são relatados para determinação quantitativa de domperidona incluindo HPLC, potenciometria e titulação (Kumar et al., 2009; Mali et al., 2010; Shabir, 2010). Alguns apresentam inconvenientes como um alto custo ou grande tempo envolvido nas análises, assim a espectrofotometria de ordem zero e derivativa podem surgir como um a alternativa simples e de baixo custo para farmácias de manipulação que queiram produzir e quantificar a domperidona (Ali et al., 2006). O controle de qualidade é de grande importância na produção de medicamentos, pois além de exigir o conhecimento e a aplicação de métodos certificados de análise, mostra a necessidade em determinar os teores de um princípio ativo em formulações farmacêuticas (ANVISA, 2003). Desta forma todo medicamento comercializado deve passar por um método certificado de análise para garantir o controle de qualidade, e assim segurança ao usuário. Assim é interessante o desenvolvimento de metodologias que sejam simples, de baixo custo e fácil execução para atender, principalmente, às farmácias de pequeno porte que desejam fazer o controle de qualidade de seus medicamentos, e um método alternativo é a espectrofotometria no UV-Visível. Para a quantificação do princípio ativo no medicamento, é necessário que seja realizado a validação do método analítico, pois ele visa garantir a confiabilidade dos resultados obtidos pelo método empregado (Skoog et al., 2002; Leite, 2002; Skoog et al., 2006). Segundo a ANVISA (2003), as figuras de mérito que devem ser avaliadas para a validação de um método espectrofotométrico aplicado à análise de medicamentos são: especificidade e seletividade, linearidade, intervalo, precisão, limite de detecção, limite de quantificação, exatidão e robustez. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 - Materiais e reagentes Foram utilizadas amostras comerciais dos comprimidos de domperidona e a substância química de referência da domperidona. Foi utilizado etanol (Nulear, Synth, Vetec) como solvente, e ácido

clorídrico e hidróxido de sódio (Vetec), usados para ajuste de ph. Para o estudo de seletividade fez-se uso de excipientes aplicados rotineiramente em farmácias de manipulação, tais como: dióxido de silício coloidal 200 (Henrifarma ), croscarmelose sódica (Mingai ), celulose microcristalina 102 (Pharma ), estearato de magnésio (Deg ), lactose malha 200 (Deg ) e talco (Pharma ). 2.2 - Equipamentos Para leitura espectrofotométrica utilizou-se um espectrofotômetro de duplo feixe (Hitachi, U- 3000,) cubetas de quartzo de 1 cm de caminho ótico. Para as medidas de massas fez-se uso de uma balança analítica Denver Instrument (APX 200), e para as medidas de ph utilizou-se micropipetas com volumes variando de 10-100 µl e 100-1000 µl, phmetro Quimis (Q400AS) e para cetrifugar as suspensões do placebo centrífuga Quimis (Q-222 TM). 2.3 - Métodos Realizou-se o teste de solubilidade em água, mistura água-etanol (1:1) e em etanol. Fez-se a varredura espectral de uma solução padrão de domperidona a 20 mg L -1 para análise do máximo(s) de absorção. Em seguida, realizou-se a leitura da absorbância de cinco soluções com concentrações de 10-30 mg L -1 para construção da curva de calibração e posterior análise de amostras. Nesta etapa foram estudadas algumas figuras de mérito do processo de validação. O teste de robustez foi realizado quanto a marca do solvente, ph e luz. Soluções de mesma concentração de domperidona foram preparadas utilizando-se etanol de três marcas de diferentes. Também foram preparadas soluções ácidas e básicas de domperidona, utilizando-se etanol como solvente. O teste de estabilidade foi realizado estocando-se uma solução padrão de domperidona a 20 mg L -1 em três frascos de mesmo volume, sendo um frasco transparente e os outros âmbares. O frasco transparente ficou exposto à luz direta, e um dos âmbares foi armazenado à temperatura ambiente, 25,0 ºC ± 4,0 o C, e o outro em geladeira a uma temperatura média de 3,9 C ± 0,2 o C. Realizou-se a varredura espectral das soluções a cada 20 minutos por um período de 2 h. Cada solução também foi analisada após 24 h. O limite de detecção (LD) e de quantificação (LQ) foram calculados utilizando-se as expressões LD = 3,3 s/b e LQ = 10 s/b, em que s é a estimativa do desvio padrão do sinal do branco e b é o coeficiente angular da curva de calibração (LEITE, 2002). Para avaliar se os excipientes interferem na determinação da domperidona, realizou-se a varredura espectral da suspensão contendo os principais excipientes utilizados em comprimidos manipulados. O teste de precisão foi realizado apenas em termos de repetitividade, utilizando-se soluções em triplicata e em três níveis de concentração. Já o teste de exatidão foi determinado pelo método de adição e recuperação de padrão de domperidona, correspondente a 50, 100 e 150 % do valor do fármaco na amostra. Os testes aplicando a espectrofotometria derivativa ainda estão em desenvolvimento. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Testes de solubilidade, robustez e estabilidade O teste de solubilidade revelou que a domperidona é pouco solúvel em água, porém facilmente solúvel em etanol. A mistura etanol e água (1:1) utilizada como solvente ainda deixou algumas partículas do fármaco em suspensão o que poderia provocar espalhamento da radiação ao ser realizado a leitura espectrofotométrica. O comportamento espectral foi estudado apenas em solvente etanol uma vez que a droga é pouco solúvel em água, porém facilmente solúvel em etanol. Foram preparadas soluções com concentrações variando entre 10 e 30 mg L -1 e em outras faixas de concentração. Não foram observadas variações no sinal analítico do fármaco quando se utilizou etanol de marcas diferentes. Neste solvente o fármaco apresenta duas bandas em torno 210,0 e 286,0 nm e um ombro em 231 nm (Figura 1). A banda próxima ao ultravioleta de vácuo foi (210 nm) desconsiderada para análise, pois nesta região o etanol já começa a absorver, além disso, o λ máx muda com a concentração resultando em uma reta com coeficiente de correlação (r) inadequado. O ombro (231 nm) também foi desconsiderado para análise, assim apenas a banda em 286,0 nm foi escolhida para realização do trabalho.

Absorbância 3,0 2,5 2,0 10 mg L -1 15 mg L -1 20 mg L -1 25 mg L -1 30 mg L -1 1,5 1,0 0,5 0,0. 200 250 300 350 400 Comprimento de onda (nm) Figura 1 - Espectros de absorção da domperidona no ultravioleta (10,0 30,0 mg.l-1) O teste de estabilidade revelou que o sinal analítico do espectro da domperidona se manteve estável durante o tempo em estudo (24 h), mesma para a solução estocada na presença de luz. Os ensaios da domperidona em meio ácido e básico não revelaram grandes variações no sinal analítico do espectro na faixa de ph estudado (ph 2,21-12), apenas pequenos deslocamentos foram observados. A Tabela 1 mostra as equação da reta e o coeficiente de correlação linear no máximo 286 nm e os resultados para análise de uma amostra a 20 mg L -1. Tabela 1 Dados referentes à análise da amostra λ max (nm) C m (mg L -1 ) SD (mg L -1 ) S R ( mg L -1 ) r Equação da reta 286,0 19,9 0,3 1,51 0,9997 A = 10-4 + 0,031C Parâmetros analíticos A Tabela 2 apresenta os parâmetros analíticos para análise do fármaco. As curva analítica (absorbância versus concentração) foi obtida a partir de 5 soluções padrão. Tabela 2 Dados referentes à análise da amostra Método Fármaco Equação da reta (λ, nm) r LD (mg L -1 ) LQ (mg L -1 ) domperidona 286,0 A = 10-4 + 0,031C 0,9997 0,59 1,80 O método foi linear até na faixa de concentração estudada. E ainda apresentou valores de LD e LQ abaixo do valor da menor concentração estudada. Teste de seletividade A solução do placebo contendo os principais excipientes utilizados em fármacos manipulados não apresentou sinal analítico pronunciado na mesma região que em que o fármaco absorve radiação, embora os excipientes não tenham apresentado boa solubilidade em etanol e por isso possam espalhar

radiação. A espectrofotometria derivativa aplicada revelou uma eliminação do pequeno sinal analítico apresentado na região em análise. Teste de precisão O ensaio de precisão revela o grau de proximidade entre ensaios independentes e repetidos de uma mesma amostra (RIBANI et al., 2004) e segundo a ANVISA os valores expressos em desvio padrão relativo (SR) não devem ultrapassar 5%. O teste de precisão realizado, em triplicata, e três níveis de concentração diferentes 10, 20 e 30 mg L -1 revelou valores de 0,35, 2,93 e 1,16%, respectivamente. Todos os valores obtidos estão dentro do estabelecido pela ANVI- SA (<5%). O método foi avaliado apenas nível de precisão intra-dia. Teste de exatidão A exatidão apresenta o grau de proximidade entre os resultados individuais obtidos para uma amostra e um valor verdadeiro. Segundo a ANVISA, o método escolhido para análise deve apresentar recuperações com valores entre 80 a 120%. Os ensaios de exatidão realizados em três níveis de concentração e em triplicata estão expressos na Tabela 3. Tabela 3 Teste de adição e recuperação do padrão de domperidona, em três níveis de concentração Fármacos Adicionada Recuperada (λ, nm) (mg L -1 ) (mg L -1 ) 10 9,9 99 % Recuperada (DPR) 286,0 nm 20 19,4 97 30 30 100 A aplicação da espectrofotometria derivativa em alguns testes já revela uma melhoria nos resultados de recuperação. 4. CONCLUSÕES O solvente etanol é o mais adequado para análise do fármaco; O teste de robustez revelou que não grande variações no sinal analítico do espectro frente a varrições de ph, luz marca de solvente. O valor da concentração para uma amostra foi bem próxima do valor verdadeiro; Os excipientes não interferem na análise; Os ensaios de precisão e exatidão apresentaram valores dentro da faixa estabelecida pela ANVISA; O método desenvolvido é simples, de baixo custo e pode ser rotineiramente utilizado na quantificação do fármaco; O desenvolvimento do projeto possibilitou associar o aprendizado no laboratório com as aulas teóricas da disciplina análise instrumental e estimulou o contato com o processo de controle de qualidade. Os estudos sobre a aplicação da espectrofotometria derivativa nos resultados de recuperação ainda estão sendo estudados, mas já revelam uma melhoria nos resultados de recuperação. REFERÊNCIAS ALI, M. S., et al. Stability indicating simultaneous determination of domperidone (DP),methylparaben (MP) and propylparaben by high performance liquid chromatography (HPLC). Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis. v. 41, p.358 365, 2006.

ANVISA. Resolução-RE n0 899, de 29 de maio de 2003. Disponível em: <http://elegis.anvisa.gov.br/leisref/public/showact.php?id=15132&word=>. Brasília, maio de 2003. KUMAR, K.G., et al. Novel potentiometric sensors for the selective determination of domperidone. J Appl Electrochem.v.40, p.65-71, 2009. LEITE, F. Validação em análise química. 4. ed. Campinas: Editora Átomo, 2002. 278 p. MALI, K. K., et al. Sodium Alginate Microspheres Containing Multicomponent Inclusion Complex of Domperidone. Latin American Journal of Pharmacy.v. 29, p.1199-1207, 2010. SHABIAR, G. A. Development and validation of a stability-indicating LC method for the determination of domperidone sorbic acid, and propylparaben in pharmaceutical formulatins. Journal of liquid chromatography & related technologies.v.33, p. 1802-1813, 2010. SKOOG, D. A., et al. Princípios de Análise Instrumental. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002. 836 p. SKOOG, D. A.; WEST, D. M.; HOLLER, F.J. Fundamentos de química analítica. 8. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006. 999 p.