LIVRAMENTO CONDICIONAL Arts. 83 a 90 do CP e 131 e s. da LEP. Consagrado no CP de 1890, mas com efetiva aplicação pelo Decreto 16.665 de 1924. É mais uma tentativa de diminuir os efeitos negativos da prisão. É uma medida alternativa. É uma antecipação da liberdade do condenado, sob condições. Conceitos: Incidente na execução da pena privativa de liberdade, consiste em uma antecipação provisória da liberdade do condenado, satisfeitos certos requisitos e mediante determinadas condições. (Capez) É a libertação antecipada do condenado, mediante o cumprimento de certas condições, pelo prazo restante da pena que deveria cumprir. (Trigueiros Neto)
Natureza jurídica: - forma de execução da pena privativa de liberdade (fase final) - direito público subjetivo do condenado - medida penal restritiva da liberdade (STJ) A Doutrina brasileira, em grande maioria, vê no instituto um direito público subjetivo do condenado. Daí, o juiz não tem a faculdade de aplicar ou não o livramento condicional, é obrigado a concedê-lo se presentes os seus requisitos. Mais atualizado é o entendimento de que o livramento condicional é medida penal restritiva de liberdade. Diferença entre sursis e livramento condicional No sursis o condenado não inicia o cumprimento de PPL, pois sua execução é suspensa, mediante condições. Já, no livramento condicional, o condenado inicia o cumprimento da PPL e, posteriormente, obtém o direito de cumprir o restante em liberdade, mediante condições.
Logo, o sursis suspende a execução da PPL, enquanto o livramento condicional pressupõe a sua execução. No sursis o período de prova não corresponde à pena imposta, e no livramento condicional corresponde ao restante da pena. Requisitos ou pressupostos Objetivos: a) Qualidade da pena: privativa de liberdade. b) Quantidade da pena: igual ou superior a 2 (dois) anos. c) Reparação do dano: salvo efetiva impossibilidade (art. 83, IV). É uma obrigação civil decorrente da sentença penal condenatória, e o condenado que não puder repará-lo, deverá fazer prova efetiva de sua incapacidade. A pobreza não deve ser demonstrada por mero atestado, e não basta a simples apresentação de certidão negativa de ação indenizatória proposta pela vítima, pois é ato de iniciativa do condenado.
d) Cumprimento de parte da pena: - mais de 1/3 se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes (art. 83, I); - entre 1/3 e a metade se tiver maus antecedentes, mas não for reincidente em crime doloso; - mais da metade se for reincidente em crime doloso (art. 83, II); - mais de 2/3 nos casos de condenação por crime hediondo ou assemelhado (tortura, tráfico de drogas e terrorismo), se não for reincidente específico em crimes dessa natureza (art. 83, V). Soma das penas (art. 84): é permitida para atingir esse limite mínimo (2 anos), mesmo que aplicadas em processos distintos. PPL que não atingir esse mínimo, não poderá ser objeto de LC. São computadas também, via detração penal (art. 42), a prisão provisória, a administrativa e a internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico. A pena remida pelo trabalho também é considerada (art. 128 da LEP).
Não é necessário que o condenado passe pelos três regimes penais, isto é, que esteja cumprindo pena no regime aberto. Todos esses elementos são considerados para integralizar o tempo mínimo de pena cumprida para o LC. Subjetivos: a) Comportamento satisfatório durante a execução da pena. b) Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído. c) Aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto (a, b e c art. 83, III). d) Nos crimes dolosos mediante violência ou grave ameaça, o benefício fica sujeito à verificação da cessação de periculosidade do agente (art. 83, único art. 112, 2º da LEP o juiz tem a faculdade de requerer exame criminológico). e) Nos crimes da Lei 8.072/90, não ser reincidente específico.
Condições do livramento Obrigatórias: art. 132, 1º da LEP - proibição de se ausentar da comarca sem comunicação ao juiz; - comparecimento periódico para justificar atividade; - obter ocupação lícita dentro de um prazo razoável. Facultativas: art. 132, 2º da LEP - não mudar de residência sem comunicação ao juiz; - recolher-se em hora fixada; - não frequentar determinados lugares. Judiciais: outras condições fixadas a critério do juiz (art. 85, CP). O juiz também pode modificar as condições (art. 144, LEP). - p. ex. não praticar nova infração penal, que não é prevista no CP nem na LEP, e também não é causa de revogação. Legais indiretas: são as causas de revogação. Art. 137 da LEP: cerimônia do livramento condicional (advertência). Período de prova: o restante da pena. Revogação Obrigatória: art. 86 - se o liberado sofrer condenação irrecorrível a PPL por crime praticado durante (I) ou antes (II) do benefício.
Facultativa: art. 87 - se o liberado sofrer condenação irrecorrível, por crime ou contravenção, a pena não privativa de liberdade (multa ou restritiva de direitos). - se o liberado descumprir condições impostas (obrigatórias, facultativas ou judiciais). Se o juiz não quiser revogar o LC, poderá advertir novamente o réu ou agravar as condições impostas (art. 140, único da LEP). Efeitos da revogação do LC a) se houver condenação irrecorrível por crime praticado durante o benefício (o agente traiu a confiança do juízo) art. 137, LEP: - não caberá soma das penas; - não será computado o período em que esteve solto; - terá que cumprir o restante da pena. b) se houver condenação irrecorrível por crime anterior ao benefício (o agente não traiu a confiança do juízo) art. 141, LEP: - a pena do crime anterior poderá ser somada ao restante da pena para efeito de novo LC (art. 84); - será computado o período em que esteve solto (art. 88).
c) se houver descumprimento das condições impostas (traiu a confiança do juízo): - não será computado o período em que esteve solto; - não poderá obter novo LC em relação à mesma pena. Suspensão do LC art. 145 da LEP - se praticar outra infração penal durante a vigência do benefício. - a revogação dependerá da decisão final. Extinção da pena - se ao término do período de prova o sujeito estiver sendo processado por crime cometido durante o LC, haverá prorrogação automática (art. 89 do CP); - ao término do período de prova, não havendo revogação, a pena privativa de liberdade deve ser declarada extinta (art. 146 da LEP e 90 do CP).