O TRABALHO INFORMAL NO CENTRO DE FORTALEZA-CEARÁ. Graduada em Serviço Social pela Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza - Fametro

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Fiscal Sociologia do Trabalho Material de Apoio 2 Haroldo Guimarães Copyright. Curso Agora Eu Passo - Todos os direitos reservados ao autor.

Transcrição:

CONEXÃO FAMETRO: 1 ÉTICA, CIDADANIA E SUSTENTABILIDADE XII SEMANA ACADÊMICA ISSN: 2357-8645 O TRABALHO INFORMAL NO CENTRO DE FORTALEZA-CEARÁ Aldenice Bezerra de Oliveira Graduada em Serviço Social pela Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza - Fametro E-mail: aldeniceara@hotmail.com. Maria José Martins Galvão Graduada em Serviço Social pela Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza - Fametro Pós-graduanda em Educação, Diversidade e Inclusão Social pela Universidade Católica Dom Bosco - UCDB. E-mail: mary.galv@hotmail.com Evânia Maria Oliveira Severiano Assistente Social. Professora de Serviço Social da Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza - Fametro E-mail: evaniaseveriano@gmail.com RESUMO Título da Sessão Temática: Constituição, Cidadania e Efetivação de Direitos Este artigo tem como discussão central o trabalho informal. Trazemos para o debate discussões fundamentais que nos permitirão compreender algumas das particularidades que envolvem o cotidiano desses trabalhadores, assim como as motivações que os levaram a ingressar e permanecer no trabalho informal. A pesquisa foi de natureza qualitativa com uso de dados quantitativos. A pesquisa foi realizada com trabalhadores informais do centro da cidade de Fortaleza, Ceará, especificamente os da Rua General Sampaio. Palavras-chave: Trabalho. Trabalho informal. Setor informal 1 INTRODUÇÃO Este artigo tem como discussão central apresentar o trabalhador informal, mostrando as peculiaridades desse tipo de trabalho e quem está imerso nessa realidade. Nossa pesquisa foi realizada com trabalhadores

2 informais do centro da cidade de Fortaleza-Ceará, especificamente os da Rua General Sampaio. Para esse estudo utilizamos dados qualitativos e quantitativos, fundamentados em pesquisa bibliográfica, documental e de campo. Realizamos a pesquisa de campo com abordagem direta aos sujeitos em seus respectivos locais de trabalho. Diante de uma visão crítica sobre a realidade estudada trazemos para o debate discussões fundamentais que nos permitirão compreender algumas das particularidades que envolvem o cotidiano desses trabalhadores, assim como as motivações que os levaram a ingressar e permanecer no trabalho informal. 2 O HOMEM E SUA RELAÇÃO HISTÓRICA COM O TRABALHO Refletindo de acordo com Karl Marx, entendemos que o trabalho consiste na interação consciente do homem ao transformar a natureza para a satisfação de suas necessidades. Em outras palavras, podemos compreender que o trabalho é uma dimensão social que rege a vida humana em sociedade. Netto e Braz (2009) complementam essa discussão quando expõem que o trabalho, além de ser uma atividade biológica, é também uma atividade coletiva. De acordo com os referidos autores é preciso reconhecer que: 1) o trabalho requer o uso de instrumentos para transformação da natureza; 2) o homem é dotado de consciência e; 3) cada vez mais o homem cria novas necessidades. O homem, portanto atribui significados/finalidades a seu trabalho, não agindo pelo instinto como os demais animais da natureza. O trabalho é, de acordo com Lessa (2012, p. 26). [...] a atividade de transformação da natureza pela qual o homem constrói, concomitantemente, a si próprio como indivíduo e a totalidade social da qual é partícipe. É a categoria decisiva da autoconstrução humana, da elevação dos homens a níveis cada vez mais desenvolvidos de socialidade. O trabalho em si, é um processo constituinte da configuração histórica das sociedades e do ser humano em sua dimensão histórico-social. No entanto, pode-se compreender que o trabalho veio ao longo da trajetória da sociedade rompendo com essa concepção de tempos atrás (NETTO; BRAZ, 2009). Nessa dimensão pensemos na conjuntura que vem se consolidando a

3 partir do sistema capitalista - o que envolve profundamente as relações cotidianas homem/trabalho/capital. Com a transformação dos modos de produção, com a expropriação da força de trabalho do homem pelo capital, a dimensão que nos referimos anteriormente assume novas configurações. O homem/trabalhador, não mais transforma a natureza somente a partir de suas necessidades, em prol de si e da comunidade, mas a partir das necessidades impostas pelo capital. Seu trabalho passa a ser assalariado, gerador de lucro e de mais-valia. Desta forma configura-se o trabalho no sistema capitalista de produção. Conforme Antunes e Alves (2004, p.336) [...] a classe trabalhadora hoje compreende a totalidade dos assalariados, homens e mulheres que vivem da venda da sua força de trabalho a classe-que-vive-do-trabalho. Sabe-se que, no sistema capitalista, o trabalhador é expropriado dos meios de produção, sendo obrigado a vender sua força de trabalho para os donos desses meios de produção (os capitalistas), para terem condições mínimas de sobrevivência no sistema do capital. Um dado importante a ser destacado é que ocorreram mudanças circunstanciais no mundo do trabalho, principalmente a partir dos anos de 1990. Com a imposição da ideologia neoliberal há uma constante desregulação dos direitos, assim como o desemprego crescente na sociedade brasileira. [...] ocorrendo uma redução do proletariado industrial, fabril, tradicional, manual, estável e especializado, herdeiro da era da indústria verticalizada de tipo taylorista e fordista. Esse proletariado vem diminuindo com a reestruturação produtiva do capital, dando lugar a formas mais desregulamentadas de trabalho, reduzindo fortemente o conjunto de trabalhadores estáveis que se estruturavam por meio de empregos formais. (ANTUNES; ALVES, 2004, p. 336) Diante de um quadro de constantes desregulamentações trabalhistas, precarização, exploração e perda de direitos, o desemprego crescente e a falta de vagas de emprego obriga o homem a procurar novas formas de sobrevivência no sistema do capital. Essas são algumas das particularidades que vem direcionando o homem a buscar pela sua sobrevivência e de sua família por vias do trabalho informal. 3 TRABALHADORES INFORMAIS DA RUA GENERAL SAMPAIO

4 Antes de discorrermos sobre o trabalho informal é preciso conhecer alguns traços que marcam os sujeitos que trabalham nesse ramo de atividade. Compreende-se por trabalhadores informais, ambulantes e/ou camelôs, como geralmente são chamadas, as pessoas que buscam seu sustento por meio de atividades desenvolvidas sem a regulamentação burocrático-legal a que se referem à contratação pelos setores das: indústrias, fábricas, lojas de conveniência, supermercados, entidades governamentais, entre outras. São, portanto trabalhadores que não tem carteira assinada e que trabalham com a dinâmica da economia informal, e geralmente em locais com grandes concentrações de pessoas - em Fortaleza são regidos por um Decreto Municipal, o de nº 9300 de 1994. O Centro da cidade de Fortaleza é atualmente um dos locais onde há um número significativo de trabalhadores no ramo da informalidade - esse foi o lócus de nossa pesquisa, especificamente a Rua General Sampaio. É um dos espaços públicos que geralmente tem grande fluxo de pessoas comprando mercadorias, dentre estas, as oferecidas pelos trabalhadores informais que fazem desse seu lugar de trabalho. A Rua General Sampaio apresenta diversas modalidades de trabalho informal, desde a venda de itens alimentícios, peças de vestuário de roupas adulto e infantil, itens eletrônicos, de higiene e limpeza, brinquedos, dentre outros. 4 RESULTADOS DA PESQUISA A partir da coleta de dados apresentaremos um breve perfil dos trabalhadores informais da Rua General Sampaio e prosseguimos com alguns questionamentos que foram feitos a eles em relação ao trabalho informal. A pesquisa foi realizada com vinte e cinco desses trabalhadores. Averiguamos que o perfil dos trabalhadores informais revela que a maioria é do sexo feminino, representando (56%). É importante refletirmos a partir de Antunes e Alves (2004) - que há um aumento do trabalho feminino na contemporaneidade - o trabalho precarizado e desregulamentado, dentre estes

5 se situa o trabalho informal. Em relação à idade dos entrevistados, constatamos que (72%) dos trabalhadores pesquisados têm entre 31 e 50 anos de idade. Se compararmos ao estudo realizado por Severiano (2004) no Centro de Fortaleza, percebe-se que além de marcar o perfil do trabalhador informal, essa faixa etária de trabalhadores informais aumentou em (12,6%). Em relação ao estado civil dos pesquisados, constata-se que (40%) são casados; (24%) em união estável; (20%) são solteiros; outros (12%) são divorciados e apenas (4%) são viúvos. Os dados mostram também que (76%) desses sujeitos tem filhos. Tratando-se do nível de escolaridade, a pesquisa mostra que (40%) dos pesquisados cursaram o ensino médio e outros (12%) não chegaram a concluílo. Em relação ao fundamental, averigua-se que (28%) concluiu essa modalidade de ensino e; outros (12%) não. Constata-se também que a maioria dos pesquisados advém da rede pública de ensino, representando um percentual de (96%). Analisando a formação escolar e o tipo de escola frequentada (pelos que tiveram a possibilidade de um dia frequentarem a escola), a pesquisa revela que esses trabalhadores são sujeitos pertencentes às classes desfavorecida da sociedade. Um dos questionamentos levantados pela pesquisa foi: Quais as motivações que os levaram a escolha desse tipo de trabalho? Como resposta obtivemos que a maioria, (63%) disse ter escolhido o trabalho informal para ser dono de seu próprio negócio; (16%) foram motivados pelo desemprego, outros (6%) responderam que estão no trabalho informal por duas razões: primeiro pelo desemprego e segundo, pela oportunidade de serem donos de seu próprio negócio. E outros, responderam que estão nesse ramo de atividade pela: falta de estudos (5%); falta de estudos/flexibilidade de horários (5%) e; falta de estudos/ter seu próprio negócio (5%). Essa realidade evidencia que uma das percepções do trabalhador informal em relação a seu trabalho, o que o levou a inserir-se nesse ramo de atividade - foi à condição de ser dono do próprio negócio. Em relação ao entendimento desses trabalhadores, concordamos com Lira (2006) que vem destacar que essa é uma falsa ilusão de trabalho associado ao

6 empreendedorismo. Quanto a renda mensal, constatou-se que a maior parte (56%) ganha de 1 a 2 salários mínimos, outros (32%) de 2 a 3 SM, (8%) ganha até 1 SM e; representam apenas (4%) os que alcançam mensalmente um valor acima de três salários. Outro dado levantado sobre esses trabalhadores está relacionado ao tempo em que estão no trabalho informal. Os dados mostram que (44%) está nesse ramo de atividade de 10 a 20 anos. Os que estão de 5 a 9 anos representam (16%) e; de 21 a 30 anos (16%). São (12%) os que trabalham nesse ramo de atividade entre 2 e 5 anos; e (4%) os que estão a menos de dois anos. E outros (8%) representam os que estão nesse ramo de 31 a 40 anos. Ao serem perguntados se pretendiam sair do trabalho informal a maioria (68%) respondeu que deseja continuar trabalhando dessa forma, na informalidade. Pochmann (2000) em estudo sobre o trabalho informal destaca algumas das características que nos fazem compreender parte do contexto revelado por nossos entrevistados. O autor destaca que muitas pessoas vivem da informalidade em decorrência do desemprego; de poderem atuar em várias áreas, desde a venda de produtos até a catação de lixo, porém a renda é muito baixa; um dos fatores que também aumentam o trabalho informal é a burocracia trabalhista. Essa é uma realidade que se apresenta também na cidade de Fortaleza, lugar de nossa pesquisa, e nos mostra as características que envolvem o trabalho informal e algumas das condições apresentadas por ele, trata de mostrar as relações que envolvem o setor da informalidade, as condições precárias de trabalho e as peculiaridades que o marcam. Constatamos que esse tipo de trabalho pelo entendimento dos trabalhadores informais, os permite: ser dono do próprio negócio, portanto ser o próprio patrão, ter flexibilidade de horários e poder cuidar dos filhos (fala da maioria das mulheres) e outras atividades além de trabalhar. Embora eles tenham relatado também sobre as dificuldades apresentadas nesse tipo de trabalho como muitas vezes o preconceito, a violência por parte dos fiscais da prefeitura (o que eles chamam de rapa), a falta de banheiro, o sol e a chuva, a maioria deles não pretende deixar o trabalho informal.

7 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Discutimos sobre as peculiaridades desse tipo de trabalho, mostrando quem são os sujeitos que estão imersos nessa realidade. O trabalho informal é uma das condições fortemente apresentadas na sociedade e que leva geralmente aqueles que não conseguem entrar no emprego formal, mas não somente por essa razão, buscar meios de sobrevivência na informalidade. Essa foi uma das particularidades reveladas nas linhas deste trabalho. Outra peculiaridade desse setor é que esses trabalhadores não tem vínculo empregatício regido por Leis e/ou regulamentações nacionais e mesmo assim eles não desejam largar esse tipo de trabalho. Existe somente um Decreto municipal que dispõe sobre esse tipo de trabalho o nº 9300/1994. REFERÊNCIAS ANTUNES, Ricardo; ALVES, Giovanni. As mutações no mundo do trabalho na era da mundialização do capital. Educ. Soc. Vol. 25, n. 87. Maio/ago. 2004. LESSA, Sérgio. Mundo dos homens: trabalho e ser social. São Paulo: Instituto Lukács, 2012. LIRA, Izabel Cristina Dias. Trabalho informal como alternativa ao desemprego: desmistificando a informalidade. In: YAZBEK. Maria Carmelita (Org). Políticas públicas de trabalho e renda no Brasil contemporâneo. São Paulo: Cortez, 2006. p. 130-160. NETTO, José Paulo; BRAZ, Marcelo. Economia política: uma introdução crítica. (Biblioteca básica de serviço social). 5 ed. São Paulo: Cortez, 2009. POCHMANN, Márcio. Mapa do trabalho informal: perfil socioeconômico dos trabalhadores informais na cidade de São Paulo. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2000. SEVERIANO, Evânia Maria Oliveira. Previdência social e trabalho informal. Dissertação de mestrado. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará, 2004.