Métodos para o condicionamento fisiológico de sementes de cebola

Documentos relacionados
Efeito do estresse hídrico e térmico na germinação e crescimento de plântulas de cenoura

Condicionamento osmótico de sementes de abóbora, com diferentes agentes osmóticos e germinação sob diferentes temperaturas.

Condicionamento osmótico e desempenho fisiológico de sementes de rúcula

CURVA DE ABSORÇÃO DE ÁGUA EM SEMENTES DE MAMONA.

KIKUTI ALP; MARCOS FILHO J Condicionamento fisiológico de sementes de couve-flor. Horticultura Brasileira. 27:

Avaliação do vigor de sementes de abobrinha (Cucurbita pepo) pelo teste de tetrazólio.

Influência do número de horas de envelhecimento acelerado sobre o vigor de sementes de cenoura.

TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA EM DIFERENTES ESTRUTURAS DE SEMENTES DE SOJA 1. INTRODUÇÃO

HIDROCONDICIONAMENTO E RECOBRIMENTO DE SEMENTES DE CEBOLA COM POLÍMEROS, MICRONUTRIENTES, AMINOÁCIDO E FUNGICIDA. 1. INTRODUÇÃO

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

Efeitos do condicionamento osmótico e da secagem na germinação de sementes de jiló.

Avaliação de Tratamentos Utilizados na Superação de Dormência, em Sementes de Quiabo.

EMBEBIÇÃO E GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE CENOURA CONDICIONADAS FISIOLOGICAMENTE SOB SITUAÇÕES AMBIENTAIS ADVERSAS

VIGOR DE SEMENTES DE CENOURA DETERMINADO PELO software SVIS. CARROT SEEDS VIGOR DETERMINED BY SVIS software. Apresentação: Pôster

TESTE DE DETERIORAÇÃO CONTROLADA PARA AVALIAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES DE PIMENTÃO

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

Teste de Envelhecimento Acelerado em Sementes de Erva-Doce.

ENVELHECIMENTO ACELERADO EM LOTES DE SEMENTES DE CENOURA ENVOLVENDO TEMPERATURA E TEMPOS DE EXPOSIÇÃO Apresentação: Pôster

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE MELANCIA EM DIFERENTES TEMPERATURAS 1. INTRODUÇÃO

TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA INDIVIDUAL NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA*

INFLUÊNCIA DA GERMINAÇÃO DA SEMENTE E DA DENSIDADE DE SEMEADURA NO ESTABELECIMENTO DO ESTANDE E NA PRODUTIVIDADE DE MILHO 1

Bragantia ISSN: Instituto Agronômico de Campinas Brasil

Introdução. Graduanda em agronomia, UFERSA, 2. Mestranda em Fitotecnia, UFERSA, 3

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

CONDICIONAMENTO DE SEMENTES

CONDICIONAMENTO DE SEMENTES

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Germinação de sementes e desenvolvimento inicial de plântulas de pepino em diferentes tipos de substratos.

USO DE SOLUÇÃO SATURADA DE SAL NO TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE PIMENTA DOCE

Germinação de Sementes de Milho, com Diferentes Níveis de Vigor, em Resposta à Diferentes Temperaturas

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE CEBOLA SUBMETIDAS A CONDICIONAMENTO OSMÓTICO

Influência da Adubação Orgânica e com NPK, em Solo de Resíduo de Mineração, na Germinação de Sementes de Amendoim.

EFEITO DO CONDICIONAMENTO OSMÓTICO SOBRE A GERMINAÇÃO E O VIGOR DE SEMENTES DE ALGODÃO.

EFEITO DO TIPO DE SUBSTRATO NA GERMINAÇÃO E VIGOR DE SEMENTES DE AMENDOIM (Arachis hypogaea L.)

TESTES DE VIGOR 22/05/ INTRODUÇÃO O QUE É A QUALIDADE DAS SEMENTES? É CARACTERIZADA PELOS ATRIBUTOS GENÉTICO, FÍSICO, FISIOLÓGICO E SANITÁRIO

CONDICIONAMENTO FISIOLóGICO DE SEMENTES DE PEPINO

CONDICIONAMENTO DE SEMENTES

NOTA CIENTÍFICA ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE BERINJELA 1

EFEITO DO ACONDICIONAMENTO E DO ARMAZENAMENTO SOBRE A QUALIDADE FISIOLÓGICA DAS SEMENTES DE FEIJÃO-CAUPI

TESTES DE ENVELHECIMENTO ACELERADO E DE DETERIORAÇÃO CONTROLADA PARA AVALIAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES DE SOJA

Métodos para a secagem de sementes de cebola submetidas ao condicionamento

Emergência e Florescimento em Acessos de Melancia

EFEITOS DA GIBERELINA E DA SECAGEM NO CONDICIONAMENTO OSMÓTICO SOBRE A VIABILIDADE E O VIGOR DE SEMENTES DE MAMÃO (Carica papaya L.

Germinação de Sementes de Cebola em Ambiente Enriquecido com Dióxido de Carbono

Efeito do tamanho e do peso específico na qualidade fisiológica de sementes de pinhão-manso (Jatropha curcas L.)

COMPARAÇÃO ENTRE TESTES DE VIGOR PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE TOMATE

ENVELHECIMENTO ACELERADO COMO TESTE DE VIGOR PARA SEMENTES DE FEIJÃO-CAUPI

Velocidade de germinação de Sementes de Milho Híbrido submetidas a Estresse Hídrico em Diferentes Temperaturas.

CONDICIONAMENTO FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE PEPINO 1

TESTE DE VIGOR EM SEMENTES DE CEBOLA. Apresentação: Pôster

Efeitos de potenciais hídricos do substrato e teores de água das sementes na germinação de feijão

Teste de condutividade elétrica na avaliação do potencial fisiológico de sementes de berinjela

UTILIZAÇÃO DE RAIOS-X NA AVALIAÇÃO DE DANOS INTERNOS E SEUS EFEITOS NA QUALIDADE DE SEMENTES DE MAMONA (Ricinus communis L)

ENVELHECIMENTO ACELERADO E DETERIORAÇÃO CONTROLADA EM SEMENTES DE TOMATE

Germination of seeds of Bauhinia cheilantha (Caesalpinaceae) and Myracrodruon urundeuva (Anacardiaceae) submitted to salt stress

ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE BRÓCOLIS (Brassica oleracea L. var. italica Plenk)

Armazenamento de sementes de salsa osmocondicionadas

CONCEITUAÇÃO DE VIGOR DE SEMENTES EM SEUS MÚLTIPLOS ASPECTOS. Julio Marcos Filho Tecnologia de Sementes Depto. Produção Vegetal USP/ESALQ

Germinação de Sementes de Milho-Doce sob Diferentes Temperaturas.

CONDICIONAMENTO FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE CENOURA E PIMENTÃO

TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE LENTILHA 1

TESTE DE GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE SANSÃO-DO-CAMPO (Mimosa caesalpiniaefolia Benth. FABACEAE-MIMOSOIDEAE) 1

Palavras-chave: lentilha; vigor; germinação.

Coeficiente de Variação do Tempo e Freqüência de Emergência de Sementes de Sorgo Osmocondicionadas com PEG-6000

Condicionamento fisiológico de sementes de couve-flor e desempenho das plantas em campo

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE CAFÉ SUBMETIDAS A DIFERENTES TEMPOS DE HIDRATAÇÃO EM ÁGUA

CONDICIONAMENTO FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE PEPINO 1

Embebição, condicionamento fisiológico e efeito do hipoclorito de sódio na germinação de sementes de alface.

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE SORGO PELO TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO 1

Higino Marcos Lopes 1 Bruna Rafaela da Silva Menezes 2 Elania Rodrigues Silva 3 André Luís Mendes de Silva 4

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE SEMENTES DE MAMONA PELO TESTE DE RAIOS X.

DESEMPENHO DE SEMENTES DE ALGODÃO SUBMETIDAS A DIFERENTES TIPOS DE ESTRESSES 1

ESTADO ENERGÉTICO DA ÁGUA NA GERMINAÇÃO DE SEMENTE DE SOJA 1

KÁSSIA DE ASSIS PEREIRA ARMONDES CONDICIONAMENTO OSMÓTICO E DESEMPENHO DE SEMENTES DE REPOLHO COM DIFERENTES NÍVEIS DE VIGOR

Diferentes Temperaturas E Substratos Para Germinação De Sementes De Mimosa caesalpiniifolia Benth

Emergência de Pimenta sob o Aumento da Concentração de CO 2

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE ALFACE SUBMETIDAS A CONDICIONAMENTO OSMÓTICO DURANTE O ARMAZENAMENTO

Produção de Mudas de Melancia em Bandejas sob Diferentes Substratos.

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE LOTES COMERCIAS DE SEMENTES DE ABOBRINHA (Cucurbita pepo L).

SETUBAL JW; DA SILVA FA; BELFORT CC; VALE MV; CARVALHO MWL. 2011; SILVA JDL. Pré-embebição de sementes de quiabo em diferentes potenciais osmóticos.

ESTUDO COMPARATIVO DE POPULAÇÕES SEGREGANTES DE DIFERENTES CRUZAMENTOS EM SOJA A COMPARISON OF SEGREGANT POPULATIONS FROM DIFFERENT SOYBEAN CROSSES

EFEITO DA IDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA NOS RESULTADOS DO TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO.

CONDICIONAMENTO FISIOLÓGICO E VIGOR DE SEMENTES DE MAXIXE 1

Germinação e Vigor de Sementes de Milho Armazenadas nas Condições Ambientais do Sul do Tocantins

PRÉ-CONDICIONAMENTO DE SEMENTES DE QUIABO: EFEITOS NA QUALIDADE FISIOLÓGICA E NO POTENCIAL DE ARMAZENAMENTO 1

CONDICIONAMENTO OSMÓTICO EM SEMENTES DE MAXIXE (Cucumis anguria L.)

Condicionamento osmótico na qualidade fisiológica de sementes de cebola

ADEQUAÇÃO DA METODOLOGIA DO TESTE DE DETERIORAÇÃO CONTROLADA PARA SEMENTES DE BRÓCOLIS (Brassica oleracea L. - var. Itálica) 1

DANO POR EMBEBIÇÃO EM SEMENTES DE SOJA: PROBLEMAS COM O TESTE DE GERMINAÇÃO

TRATAMENTO FUNGICIDA EM SEMENTE DE MILHO SUPER-DOCE 1

Ciência Rural ISSN: Universidade Federal de Santa Maria Brasil

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA (Ricinus communis L.) CULTIVAR NORDESTINA, SOB DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO.

TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE ERVA-DOCE 1

Revista Terra & Cultura: Cadernos de Ensino e Pesquisa

Semina: Ciências Agrárias ISSN: X Universidade Estadual de Londrina Brasil

Efeito do estresse salino no vigor e na germinação das sementes e desenvolvimento inicial de plântulas de cenoura.

PRÉ-HIDRATAÇÃO EM SEMENTES DE ALGODÃO E EFICIÊNCIA DO TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO 1

Causas de GL IVE TMG PGER IVE TMG PGER

CONDICIONAMENTO FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE PEPINO E

Transcrição:

Métodos para o condicionamento fisiológico de sementes de cebola Roseli Fátima Caseiro 1 ; Mark A. Bennett 2 Julio Marcos Filho 1 1 Universidade de São Paulo - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - Departamento de Produção Vegetal, C. Postal 09, 13418-900 Piracicaba SP. Bolsista FAPESP. 2 The Ohio State University Dept. of Horticulture and Crop Science 43210 Columbus Ohio- EUA. 3 Bolsista CNPq RESUMO O condicionamento fisiológico de sementes, representado pelo osmocondicionamento, matricondicionamento e hidrocondicionamento, tem sido considerado por vários pesquisadores como uma alternativa viável para favorecer o desempenho de sementes em campo, especialmente quanto à velocidade de germinação. A presente pesquisa foi realizada com o objetivo de comparar diferentes procedimentos para o condicionamento de seis lotes de sementes de cebola. Para tanto, foram conduzidos: a) osmocondicionamento em soluções aeradas de polietileno glicol, submetendo-se amostras de sementes a potenciais de -0,05 MPa e -1,0 MPa, durante 24 e 48 horas; b) hidrocondicionamento, hidratando-se as sementes entre camadas de 2, 4 ou 6 folhas de papel-toalha durante 48 e 96 horas; c) método do tambor, em que as quantidades de água adicionadas e o período de hidratação foram variáveis de acordo com o lote de sementes. Todos os tratamentos foram conduzidos a 15 o C e também a 25 o C, para o método do tambor; os efeitos foram avaliados pela percentagem e velocidade de germinação. As respostas ao condicionamento variaram entre os lotes e, em geral, os lotes com menor potencial fisiológico não apresentaram reação. O procedimento mais prático foi verificado para o método do tambor, permitindo a hidratação eficiente e uniforme. No entanto, este método promoveu redução da percentagem e velocidade de germinação da maioria dos lotes. O hidrocondicionamento foi o método mais favorável, beneficiando a velocidade de germinação de todos os lotes, especialemente quando as sementes foram hidratadas durante 96 horas. Palavras-chave: Allium cepa; hidrocondicionamento; osmocondicionamento; germinação; vigor. ABSTRACT Comparison of three priming procedures for onion seed lots This study compared the effect of osmopriming (aerated PEG 8000 solution), hydropriming and drum priming on percentage and speed of germination, using six lots of onion (Allium cepa) seeds. For the osmopriming method, osmotic potentials of 0.5 MPa and 1.0 MPa and imbibition periods of 24 and 48 h were used. In the hydropriming method, seeds were moistened between 2, 4 or 6 layers of paper towel, for 48 or 96 h. In the drum priming

technique, the optimal amount of water added and treatment period varied among seed lots, which exhibited a wide variation of germination and vigour. All treatments were carried out at 15ºC (drum priming was also conducted at 25ºC). The response to priming methods varied among seed lots and, in general, less vigorous onion seed lots did not respond well to priming treatments. The most practical technique was drum priming, which allowed efficient and uniform seed hydration but the hydropriming technique was the best method for improve speed of germination for all six lots evaluated, especially when 96 h of priming was used. Keywords: Allium cepa, seed; vigor; performance 2 A utilização de sementes de alta qualidade é um dos fatores mais importantes para assegurar germinação rápida, uniforme e, conseqüentemente, o estabelecimento de estande constituído por plântulas vigorosas. Essa condição é essencial para o desempenho adequado das plantas e a obtenção de rendimentos agrícolas elevados e produto com padrão de qualidade condizente com as exigências do mercado. Esses fatos são ainda mais importantes em culturas de ciclo relativamente curto, como as hortaliças. A pesquisa tem sugerido alternativas para favorecer o desempenho das sementes em campo, especialmente durante a emergência das plântulas, procurando contribuir para a redução do período de exposição das sementes a condições menos adequadas de ambiente. Dentre essas possibilidades, destaca-se o condicionamento fisiológico, que consiste na hidratação controlada e ativação do metabolismo da semente em etapas anteriores à da protrusão da raiz primária. As técnicas mais estudadas com essa finalidade compõem as diferentes modalidades de condicionamento fisiológico (McDonald, 1999). As respostas das sementes têm sido variáveis, em função do tipo de tratamento realizado, ou seja, osmo, hidro ou matricondicionamento. O método do tambor praticamente não foi utilizado para sementes de cebola. Diante do exposto, este trabalho foi conduzido com o objetivo de estudar a eficiência de diferentes procedimentos para o condicionamento fisiológico de sementes de cebola, avaliados por sua influência na velocidade e percentagem de germinação. MATERIAL E MÉTODOS Utilizaram-se seis lotes de sementes do cultivar Granex, com diferenças acentuadas no potencial fisiológico, identificadas por testes de germinação (percentagem e velocidade) e envelhecimento acelerado.

Inicialmente, determinou-se a marcha de absorção de água das sementes,com quatro repetições de 1,0 g de sementes hidratadas entre folhas de papel-toalha, a 20 o C, e pesagens com intervalos de 60 minutos, até a protrusão da raiz primária. Posteriormente, compararam-se diferentes procedimentos para o condicionamento fisiológico, a saber: a) osmocondicionamento: hidratação das sementes em soluções de polietileno glicol 8000, sob potenciais de -0,5 MPa e -1,0 MPa, durante 24 e 48 horas, a 15 o C e aeração artificial; b) hidrocondicionamento: sementes distribuídas entre camadas de duas, quatro ou seis folhas de papel-toalha hidratadas com quantidade de água equivalente a 2,5 vezes o peso do substrato seco, a 15 o C, durante 48 e 96 horas; c) método do tambor: foram estabelecidos a quantidade de sementes a serem tratadas, o volume de água necessário para que as sementes atingissem o grau de umidade desejado, o período de cada ciclo de hidratação e o número de ciclos, a 15 o C e a 25 o C (Warren & Bennett, 1997). Foram adotados quatro ciclos de hidratação, com aplicação de 3,2 ml de água em cada ciclo, durante 24 horas; os dois primeiros ciclos foram de 120 minutos cada e, os dois finais, de 60 minutos. Após os tratamentos condicionadores, efetuou-se a determinação do grau de umidade (estufa a 105 o C, durante 24 horas) e a germinação. Esta foi conduzida a 20 o C, distribuindose as sementes sobre papel-toalha convenientemente umedecido. As contagens foram realizadas diariamente, determinando-se a velocidade (Maguire, 1962) e a percentagem média de germinação para cada lote. A análise estatística foi conduzida de acordo com delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições, avaliando-se os efeitos de tratamentos sobre a velocidade e percentagem de germinação. A comparação de médias foi efetuada pelo método de Tukey (p<0,05). 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A caracterização inicial dos lotes identificou diferenças no potencial fisiológico dos lotes avaliados (superior para os lotes 2, 3 e 6), com apenas um deles (lote 4) apresentando qualidade muito baixa (Tabela 1). Essa situação é interessante, pois permite comparações de materiais com qualidade distinta e a tentativa de estabelecer limites para a resposta das sementes ao condicionamento fisiológico, pois é provável que as amostras de qualidade muito alta ou muito baixa não apresentem reação aos tratamentos condicionadores. A determinação da marcha de absorção de água mostrou que o grau de umidade das sementes dos diferentes lotes não variou acentuadamente (44,3% a 48,3%) na época de

protrusão da raiz primária. Houve, porém, ampla variação (24 a 60 horas) no período de embebição necessário para que as sementes atingissem esses graus de umidade. Por esse motivo, concluiu-se, nessa etapa, que o grau de umidade é o parâmetro mais eficiente para definir o procedimento para a hidratação durante o condicionamento; o uso do período de embebição como balisador do tratamento pode promover a obtenção de resultados distorcidos. Os estudos preliminares sobre a utilização do método do tambor para o condicionamento fisiológico das sementes revelaram resultados promissores (Tabela 1). No entanto, quando comparado ao condicionamento osmótico e, principalmente, ao hidrocondicionamento, ficou em nítida desvantagem (Tabela 3). A comparação de procedimentos para o condicionamento fisiológico de sementes de cebola evidenciou claramente que, além do potencial fisiológico, a seleção do método a ser empregado e do procedimento adotado para cada um deles são fatores essenciais para assegurar o sucesso do tratamento. Nessa etapa, o hidrocondicionamento proporcionou os resultados mais favoráveis, especialmente quanto à velocidade de germinação. O método do tambor, apesar de promover a hidratação uniforme das sementes e de sua praticidade, não mostrou a eficiência presumida durante os testes preliminares: houve redução drástica da percentagem e velocidade de germinação de quatro dos seis lotes avaliados. O condicionamento osmótico mostrou resultados menos favoráveis à velocidade de germinação que o hidrocondicionamento. 4 REFERÊNCIAS Maguire, J.D. Speed of germination aid in selection and evaluation for seedling emergence and vigor. Crop Science, v. 2, n.1, p. 176-177, 1962 McDonald, M.B. Seed deterioration: physiology, repair and assessment. Seed Science and Technology, v. 27, n. 2, p. 177-237, 1999 Warren, J.E.; Bennett, M.A. Seed hydration using the drum priming system. Hort Science, v. 32, n. 7, p. 1220-1222, 1997

Tabela 1. Testes de germinação, de velocidade de germinação, envelhecimento acelerado, índice de velocidade de germinação durante o teste de EA e grau de umidade, de seis lotes de sementes híbridas de cebola, cultivar Granex 33. 5 Lotes Veloc. (Índice) Envelhec. Acelerado Grau de Umidade 1 78 b* 5,46 b 18,0 a 7,9 2 7,39 a 11,0 bc 9,1 3 91 a 8,13 a 17,0 ab 8,5 4 41 c 2,47 c 1,0 d 8,8 5 79 b 5,82 b 1,0 d 8,5 6 7,30 a 9,0 c 8,5 (*) Comparação de médias dentro de cada coluna (teste de Tukey, p<0,05) Tabela 2. Porcentagem de germinação, índice de velocidade de germinação e grau de umidade de sementes de cebola, condicionadas ou não pelo método do tambor. Tratamento Velocidade de germinação Grau de umidade Sementes não tratadas 82 a 7,29 b 9,4 Método do tambor 9,94 a 43,5 (*) Comparação de médias dentro de cada coluna (teste de Tukey, p<0,05)

Tabela 3. Percentagem e índice de velocidade de germinação e grau de umidade de sementes de cebola do cultivar Granex 33, submetidas a processos de condicionamento fisiológico. Parâmetro Lote 1 Lote 2 Lote 3 Lote 4 Lote 5 Lote 6 Veloc. Germ. Lote 1 Lote 2 Lote 3 Lote 4 Lote 5 Lote 6 Umidade Lote 1 Lote 2 Lote 3 Lote 4 Lote 5 Lote 6 Testem. 78 b 91 a 41 a 79 a 5,5 e 7,4 d 8,1 c 2,5 a 5,8 b 7,3 b 7,9 9,1 8,5 8,8 8,5 8,5 Osmocondicionamento Hidrocondicionamento Método Tambor 0,5/24 0,5/48 1,0/24 1,0/48 2/48 2/96 4/48 4/96 6/48 6/96 15 o C 25 o C 84 a 31 ab 74 b 7,1 cd 7,5 d 8,4 c 1,8 ab 5,7 b 6,2c 41,9 40,5 41,6 39,3 40,4 40,1 35 ab 78 ab 7,4 c 8,1 cd 9,0 bc 2,4 a 6,0 ab 6,7 bc 45,7 44,2 46,4 43,8 44,2 43,7 83 ab 26 b b 6,7 d 7,4 d 7,6 cd 1,5 b 5,5 b 6,1c 38,9 38,6 39,6 37,2 38,0 38,3 39 a 81 a 81 a 7,6 c 8,2 cd 8,5 c 2,3 a 5,8 b 6,8 bc 43,7 42,5 44,1 42,3 42,0 41,7 82 ab 21 b 75 a 75 ab 9,5 b 9,9 b 9,5 bc 1,4 b 6,1 ab 7,1 bc 45,4 43,4 44,7 43,1 44,3 43,4 32 ab 79 a 81 a 10,5 ab 11,5 a 13,1 a 2,6 a 7,8 a 9,4 a 48,0 47,0 49,3 46,5 46,6 45,5 83 ab 83 ab 32 ab 70 b 9,3 b 8,6 c 10,3 b 2,2 a 6,7 ab 7,0 bc 45,7 45,7 45,4 42,4 43,3 42,6 89 a b 31 ab 77 a 74 b 10,4 ab 11,8 a 12,2 a 2,4 a 7,6 a 8,6 ab 49,1 47,7 48,8 46,4 46,7 45,3 82 ab 28 b 75 a 67 bc 9,0 b 9,2 bc 9,9 b 1,7 ab 6,2 ab 6,6 c 45,6 44,2 46,5 43,6 44,7 43,5 75 b 30 ab 71 ab 72 b 11,3 a 12,5 a 11,7 ab 2,3 a 7,0 a 8,8 ab 49,2 46,7 49,3 46,0 46,8 45,2 82 ab 75 b 67 bc 05 c 69 b 65 c 9,5 b 7,4 d 6,3 d 0,4 c 5,5 b 6,2 c 46,8 46,7 42,7 45,5 43,5 43,3 57 c 06 c 48 c 54 c 7,8 c 9,5 b 4,6 e 0,3 c 3,5 c 4,6 d 48,2 46,8 47,4 44,7 45,0 42,9 (*) Comparação de médias dentro de cada linha (teste de Tukey, p<0,05)