Aula 6 Morfologia: Classes de palavras I (LG. 07) Professora Ana Luiza Ferancini Nogueira Cursinho Vitoriano 2015 Data: 14 de maio de 2015



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1 Aula 6 Morfologia: Classes de palavras I (LG. 07) Professora Ana Luiza Ferancini Nogueira Cursinho Vitoriano 2015 Data: 14 de maio de 2015 1. Classificação das palavras A finalidade desta aula é a de rever as dez classes gramaticais já estudadas durante anos no ensino fundamental e médio. Começaremos pelo substantivo, depois passaremos ao adjetivo, depois ao artigo e ao pronome, neste módulo. No próximo módulo veremos advérbios, conjunções, preposições, interjeições e, por fim, o verbo. 2. Substantivo Tradicionalmente, o substantivo é conceituado como palavra que nomeia um ser ou uma coisa. Na verdade, o substantivo tem uma função denominadora: ele serve para nomear diversas classes de entidades: os seres (reais ou imaginários), os objetos, os lugares (Alemanha), os grupos de seres, as ações (corrida, pescaria), os estados (alegria, tristeza), as qualidades (honestidade, sinceridade), as circunstâncias, as sensações, os sentimentos (raiva, amor), os fenômenos etc. A tabela a seguir apresenta, com mais detalhes, as entidades que o substantivo pode nomear: Tabela 1: Entidades que um substantivo pode denominar Tipo/ Exemplo Designação/características Avaliação 1ª ordem: Indivíduos (referência mais prototípica do nome) Em termos de existência. Homem (i) relativamente constantes (propriedades Gato Caneta perceptuais); (ii) localizadas em algum ponto no tempo e no espaço; (iii) observáveis publicamente. 2ª ordem: Estado-de-coisas (ações, processos, estados e posições) Em termos de realidade. Chegada Beleza Morte (i) localizadas no tempo; têm certa duração temporal; (ii) ocorrem (não existem; não são constantes). 3ª ordem: Proposições (construtos mentais: crenças, Em termos de

2 Ideia Crença 4ª ordem: Pergunta Afirmação Ordem expectativas e julgamentos) condições de verdade. (i) fora do espaço e do tempo; (ii) asseveradas, negadas, lembradas ou esquecidas; (iii) razão, mas não causa. (LYONS, 1978, P. 442-446, apud CAMACHO et al., 2009) Atos de fala (declarações, perguntas, ordens, Em termos de exclamações) condições de felicidade. (i) localizam-se no espaço e no tempo; (HENGEVELD, 1988, apud CAMACHO et al., 2009) 2.1. Classificação dos substantivos Quanto à estrutura e formação, os substantivos podem ser simples (céu) ou composto (arranha-céus), primitivo (pulso) ou derivado (pulseira). Exemplo: Chuva subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra. O substantivo chuva é formado por um único elemento ou radical. É um substantivo simples, ou seja, formado por um único elemento. Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. O substantivo guarda-chuva é formado por dois elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto, ou seja, aquele formado por dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo. Observe: Meu limão meu limoeiro, meu pé de jacarandá...

3 O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de nenhum outro dentro da língua portuguesa. Substantivo primitivo é, portanto, aquele que não deriva de nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa. Já o substantivo limoeiro é derivado, pois se originou a partir da palavra limão. Quanto à extensão (ou abrangência), a tradição gramatical define o substantivo comum como o designativo de qualquer unidade pertencente a um conjunto ou espécie (rio, constelação, oceano, obra, estudante, etc.). O substantivo comum é, em outras palavras, aquele que designa os seres de uma mesma espécie de forma genérica. Próprios são os substantivos designativos de uma unidade específica de um conjunto ou espécie (Amazonas, Ricardo, Atlântico etc.). São, em outras palavras, aqueles que designam os seres de uma mesma espécie de forma particular. Quanto à natureza do que é nomeado, o substantivo pode ser concreto ou abstrato. São concretos os substantivos que designam os seres e as coisas, os que existem por si, seja na realidade sensível, seja no domínio da imaginação (cabeça, mulher, doutor, janela, fada, Deus, saci, gnomo, mula sem cabeça etc.). Esses substantivos são os que designam seres palpáveis (caneta, homem, bola) ou do mundo da imaginação (que não deixam de ser entidades). De forma simplificada, os substantivos designam seres com existência própria e que são independentes de outros seres. São abstratos os demais substantivos, isto é, os que nomeiam ações, estados, qualidades, emoções, sentimentos (tristeza, simpatia, clareza, inveja, queda, ascensão, ataque, etc.). Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser para se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo abstrato. Os substantivos abstratos designam estados, qualidades, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser abstraídos, e sem os quais não podem existir. Existem, ainda, os substantivos coletivos, que servem para designar seres e coisas de uma mesma espécie : alcateia (de lobos), cáfila (de camelos), enxame (de abelhas), pinacoteca (de quadros) etc. De forma objetiva, é o substantivo comum que, mesmo estando no singular, designa um conjunto de seres da mesma espécie. Alguns substantivos e suas formas coletivas: abelha - enxame, cortiço, colmeia;

4 caminhão - frota; cão - matilha; cliente - clientela, freguesia; elefante - manada; estado - (quando unidos em nação) federação, confederação, república; estudante - (quando da mesma escola) classe, turma, (quando em grupo cantam ou tocam) estudantina, (quando em excursão dão concertos) tuna, (quando vivem na mesma casa) república; habitante - (em geral) povo, população, (quando de aldeia, de lugarejo) povoação; marinheiro - marujada, marinhagem, equipagem, tripulação; montanha - cordilheira, serra, serrania; ovelha - (em geral) rebanho, malhada; palavra - (em geral) vocabulário, (quando em ordem alfabética e seguida de significação) dicionário, léxico, (quando proferidas sem nexo) palavrório; pancada - pancadaria; peixe - (em geral e quando na água) cardume; (quando em viveiro) aquário; pena - (quando de ave) plumagem etc. Nota: o coletivo é um substantivo singular, mas com ideia de plural. 2.2. Flexão dos substantivos O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por exemplo, pode sofrer variações para indicar: Plural: meninos Feminino: menina Aumentativo: meninão Diminutivo: menininho Em geral, os substantivos apresentam flexões de gênero (masculino e feminino) e de número (singular e plural). A maior parte dos substantivos apresenta formas diferentes para a indicação de gênero; são os substantivos biformes: aluno/aluna, pai/mãe, cavaleiro/amazona etc. Há também os que têm apenas uma forma para os dois gêneros, são chamados substantivos uniformes e

5 podem ser comuns de dois (o/a estudante, o/a dentista), sobrecomuns (o cônjuge, a criança, a testemunha) ou epicenos (o jacaré macho/ o jacaré fêmea, a girafa macho/ a girafa fêmea): - Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar nomes de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está relacionado ao sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, uma para o masculino e outra para o feminino. Observe: gato - gata homem - mulher poeta - poetisa prefeito prefeita - Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam uma única forma, que serve tanto para o masculino quanto para o feminino. Classificam-se em: Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos. a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea. Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas. a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o indivíduo. Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pessoas por meio do artigo. o colega e a colega, o doente e a doente, o artista e a artista. Saiba que: - Substantivos de origem grega terminados em -ema ou - oma são masculinos. o fonema, o poema, o sistema, o sintoma, o teorema. - Existem certos substantivos que, variando de gênero, variam em seu significado. o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora); o capital (dinheiro) e a capital (cidade). 2.3. Formação dos substantivos biformes a) Regra geral: troca-se a terminação -o por -a. aluno - aluna

6 b) Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao masculino. freguês - freguesa c) Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de três formas: troca-se -ão por -oa. patrão - patroa troca-se -ão por -ã. campeão - campeã troca-se -ão por ona. solteirão - solteirona Exceções: barão - baronesa ladrão- ladra sultão - sultana d) Substantivos terminados em -or: acrescenta-se -a ao masculino. doutor - doutora troca-se -or por -triz: imperador imperatriz e) Substantivos que formam o feminino trocando o -e final por -a:

7 elefante - elefanta f) Substantivos que têm radicais diferentes no masculino e no feminino: bode - cabra boi vaca 2.4. Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes Epicenos: Observe: Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros. Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma para indicar o masculino e o feminino. Alguns nomes de animais apresentam uma só forma para designar os dois sexos. Esses substantivos são chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras macho e fêmea. A cobra macho picou o marinheiro/ A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. Sobrecomuns: Entregue as crianças à natureza. A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Exemplos: A criança chorona chamava-se João/ A criança chorona chamava-se Maria. Outros substantivos sobrecomuns: criatura/ cônjuge/ testemunha a criatura João é uma boa criatura. Maria é uma boa criatura.

8 o cônjuge: O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de Marcela faleceu. Comuns de Dois Gêneros: Observe: Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. O restante da notícia nos informa que se trata de um homem. A distinção de gênero pode ser feita através da análise do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substantivo. Exemplos: o colega - a colega o imigrante - a imigrante um jovem - uma jovem artista famoso - artista famosa repórter francês - repórter francesa 2.5. Flexão de Número do Substantivo Em português, há dois números gramaticais: o singular, que indica um ser ou um grupo de seres e o plural, que indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica do plural é o -s final. 2. 5. 1. Plural dos Substantivos Simples a) Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e n fazem o plural pelo acréscimo de s.

9 pai - pais ímã - ímãs hífen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon - cânones. b) Os substantivos terminados em m fazem o plural em ns. homem - homens. c) Os substantivos terminados em r e z fazem o plural pelo acréscimo de es. revólver - revólveres raiz - raízes Atenção: O plural de caráter é caracteres. d) Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se no plural, trocando o l por is. quintal - quintais caracol - caracóis hotel - hotéis Exceções: mal e males, cônsul e cônsules. e) Os substantivos terminados em il fazem o plural de duas maneiras: - Quando oxítonos, em is. canil - canis

10 - Quando paroxítonos, em eis. míssil - mísseis. f) Os substantivos terminados em s fazem o plural de duas maneiras: - Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o acréscimo de es. ás - ases retrós - retroses - Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariáveis. o lápis - os lápis o ônibus - os ônibus. g) Os substantivos terminados em ão fazem o plural de três maneiras. - substituindo o -ão por -ões: ação - ações - substituindo o -ão por -ães: cão - cães - substituindo o -ão por -ãos:

11 grão grãos cidadão cidadãos h) Os substantivos terminados em x ficam invariáveis. o látex - os látex. 2. 5. 2. Plural dos Substantivos Compostos A formação do plural dos substantivos compostos depende da forma como são grafados, do tipo de palavras que formam o composto e da relação que estabelecem entre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se como os substantivos simples: - aguardente e aguardentes - girassol e girassóis - pontapé e pontapés O plural dos substantivos compostos cujos elementos são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e discussões. As orientações a seguir podem nos ajudar: a) Flexionam-se os dois elementos, quando formados de: substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras b) Flexiona-se somente o segundo elemento, quando formados de: verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas palavra invariável + palavra variável = alto-falante e alto-falantes palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos c) Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando formados de:

12 substantivo + preposição + substantivo = água-de-colônia e águas-de-colônia substantivo + substantivo que funciona como determinante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do termo anterior. Exemplos: palavra-chave - palavras-chave bomba-relógio - bombas-relógio notícia-bomba - notícias-bomba homem-rã - homens-rã peixe-espada - peixes-espada d) Permanecem invariáveis, quando formados de: verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-rolhas 2.5.3. Plural das palavras substantivas As palavras substantivas são palavras de outras classes gramaticais usadas como substantivo e apresentam, no plural, as flexões próprias dos substantivos. Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos. Observação: Numerais substantivados terminados em s ou z não variam no plural. Exemplo: Nas provas de final de ano consegui muitos seis e alguns dez. 2.5.4. Plural dos diminutivos O substantivo é flexionado no plural, é retirado o s final e é acrescentado o sufixo diminutivo. Exemplos: - pãe(s)+zinhos= pãezinhos - animai(s) + zinhos=animaizinhos -mão(s)+zinhas = mãozinhas

13 2.5.5. Plural dos Nomes Próprios Personativos Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sempre que a terminação se preste à flexão. Os Napoleões também são derrotados. As Anas e Esteres. 2.5.6. Plural dos Substantivos Estrangeiros Substantivos ainda não aportuguesados devem ser escritos como na língua original, acrescentando-se s (exceto quando terminam em s ou z). - os shows, os shorts, os jazz Substantivos já aportuguesados são flexionados segundo as regras de flexão de número do português. os jipes, os chopes, os esportes, as toaletes. 2.5.7. Plural com mudança de timbre Alguns substantivos formam o plural com mudança de timbre da vogal tônica (o fechado/o aberto). É um fato fonético chamado metafonia. Exemplos: Corpo corpos (ó) Imposto impostos (ó) Osso ossos (ó) Olho olhos (ó) Tijolo tijolos (ó) Ovo ovos (ó) 2.5.8. Particularidades sobre o número dos substantivos a) Há substantivos que só se usam no singular:

14 o sul, o norte, o leste, o oeste, a fé, etc. b) Outros só no plural: as núpcias, os pêsames, as fezes c) Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do singular: Bem (virtude) - bens (riquezas) d) Usamos no singular, às vezes, substantivos com sentido de plural: Aqui morreu muito negro. Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas improvisadas. Juntou-se ali uma população de retirantes que, entre homem, mulher e menino, ia bem cinquenta mil. 2. 6. Flexão de grau dos substantivos Grau: propriedade de exprimir variação de tamanho dos substantivos. Subdivide-se em: - Grau normal: ser de tamanho considerado normal: casa. - Grau aumentativo: aumento do tamanho do ser. Pode ser analítico (quando o substantivo é acompanhado de um elemento que indica a proporção: casa grande), ou sintético (quando se acrescenta o morfema de aumentativo: casarão). - Grau diminuitivo: diminuição do ser. Pode ser analítico (carro pequeno) ou sintético (carrinho). 3. Artigo O artigo antecede mediata ou imediatamente o substantivo. Um fato terrível ocorreu. (imediato) Um terrível fato ocorreu. (mediato) A função do artigo é de especificar ou generalizar o conceito nomeado pelo substantivo ao qual se antepõe. No primeiro caso o artigo é definido e no segundo caso é indefinido.

15 3.1. Flexões do artigo O artigo flexiona-se em gênero e número de acordo com o substantivo a que se refere. Assim, os definidos são o, a, os, as e os indefinidos são um, uma, uns, umas. Exemplos: Eu matei o animal. Eu matei um animal. Combinações muito comuns de artigos e preposições: Preposições Artigos o, os a, as um, uns uma, umas a ao, aos à, às - - de do, dos da, das dum, duns duma, dumas em no, nos na, nas num, nuns numa, numas por (per) pelo, pelos pela, pelas - - Observação: Além de evitar problemas com o gênero e número dos substantivos, os artigos indefinidos e definidos servem para, respectivamente, construir ou identificar referências no texto, como podemos notar no exemplo a seguir, que nos apresenta o processo de construção de referente: Realmente deve ser uma delícia ter uma família gran/ bem grande com bastante gente... eu sou filha única... ah tenho um irmão de treze anos... mas gostaria demais de ter tido mais irmãos... [D2 SP 360] 4. Adjetivo Adjetivo é a classe de palavras que modifica substantivos, pronomes e orações, atribuindo-lhes característica e estado: Tal fato é lamentável. Aquilo é lamentável. É lamentável que tudo isso ocorra.

16 Note que o adjetivo lamentável modifica, respectivamente, um substantivo, um pronome e uma oração. 4.1. Classificação Considera-se a existência de adjetivos explicativos e restritivos. Explicativo é aquele que exprime característica inerente ao substantivo a que se refere ( Água mole em pedra dura... ). Restritivo é o adjetivo que particulariza o significado do substantivo (água gelada, pedra azul). Assim como os substantivos, os adjetivos podem ser simples (belo, brasileiro) ou compostos (belo-horizontino, luso-brasileiro). Podem ser primitivos (triste, pequeno) ou derivados (tristíssimo, pequenino). Chamam-se pátrios ou gentilícios os adjetivos que indicam origem relacionada a cidades, estados, regiões, países, continentes (paulistano, paulista, sulista, brasileiro, sul-americano, etc.). 4.2. Locução adjetiva Expressão formada por preposição e substantivo e que tem o papel de caracterizar, indicar origem, restringir, explicar, etc. Exemplos: Prisão em casa prisão domiciliar Teor de açúcar teor sacarino Reunião de alunos - reunião discente Assembleia de professores assembleia docente Outro exemplo: A população das cidades tem aumentado. A falta de planejamento urbano faz com que isso se torne um imenso problema. 4.3. Flexões Assim como o substantivo, o adjetivo pode flexionar-se em gênero e número. Quanto ao gênero, o adjetivo também pode ser biforme (belo/bela) ou uniforme (o gesto suave, a passagem suave; o programa ruim, a situação ruim, etc.).

17 Quanto à flexão de número, o plural do adjetivo simples assemelha-se à formação do plural do substantivo simples: garota/ garotas bela/belas. 4.4. Grau A maioria das gramáticas normativas considera a noção de grau como uma flexão, tanto no caso do substantivo quanto no do adjetivo. Na verdade, as formas sintéticas dos graus aumentativo, diminutivo e superlativo resultam de derivações sufixais e não envolvem acréscimo de desinências flexionais. As formas analíticas de aumentativo e diminutivo do substantivo envolvem determinações adjetivas (menino grande, menino pequeno). Nas formas do grau comparativo e do grau superlativo relativo, o adjetivo permanece invariável, sendo modificado por advérbios de intensidade. Observe: Graus do substantivo: Normal: menino Aumentativo: a) analítico: menino grande b) sintético: meninão (sufixação) Diminutivo: a) analítico: menino pequeno b) sintético: menininho (sufixação) Graus do adjetivo: Normal: grande Aumentativo: grandão (muito grande) Diminutivo: grandinho (pouco grande) Comparativo: a) de superioridade: André é maior ( mais grande ) que a irmã. b) de igualdade: André é tão grande quanto a irmã / André é tão grande quanto inteligente. c) de inferioridade: André é menos grande que a irmã (André é menor que a irmã) / André é menos grande que inteligente. Superlativo: a) absoluto analítico: André é muito grande.

18 b) absoluto sintético: André é grandíssimo. c) relativo de superioridade: André é o maior ( mais grande ) da classe. d) relativo de inferioridade: André é o menor ( menos grande ) da classe. 5. Numeral Os numerais têm o papel de quantificadores precisos (cinco, um terço) e referenciadores num ordenamento (primeiro, octogésimo nono). 5.1. Flexões Os numerais flexionam-se em número (singular e plural): um, dois, três; primeiro, primeiros; um terço, dois terços; duplo, duplos etc. Muitos se flexionam em gênero: um, uma, dois, duas; oitavo, oitava, nonagésimo novo, nonagésima nona. 5.2. Classificação Conforme a natureza da quantificação, os numerais classificam-se em cardinais (quantificação exata e inteira: um, dois, três, quatro, etc.), multiplicativos (simples, duplo ou dobro, triplo, quádruplo, quíntuplo, etc.) e fracionários (meio, um terço, um quarto, um décimo, um onze avos, um doze avos, um treze avos, um vinte avos, etc.). O numeral ordinal é referenciador: designa a posição de certo componente numa sequência ordenada (primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto, décimo primeiro, decimo novo, vigésimo, etc.). Observe o seguinte enunciado, presente em um anúncio publicitário: Faça hoje seu futuro ser dez! Nesse caso, o numeral cardinal dez não funciona como numeral, mas como adjetivo (que substitui o sintagma nominal nota dez ). A supressão do substantivo nota atribui todo o valor qualificativo de nota dez ao numeral dez, que passa, portanto, a funcionar como adjetivo. 6. Pronome [...] o menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.

19 - Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai. Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta, mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. Como isto não acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo. A caatinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor dos bichos moribundos. - Anda, excomungado. O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia aonde. [...] (Vidas Secas, Graciliano Ramos) Todas as palavras destacadas no texto, apesar de suas diferenças formais e funcionais, são pertencentes à mesma classe gramatical: a dos pronomes. Esses pronomes podem ser agrupados segundo alguns critérios: - Alguns modificam diretamente os substantivos: algumas pancadas, sua desgraça, esse obstáculo. Por determinarem o substantivo, cada um desses pronomes tem função adjetiva e, por isso, são chamados pronomes adjetivos. Porém, existem pronomes que não desempenham esse papel adjetivo, mas se referem a substantivo para retomá-los e substituí-los: - pôs-se a chorar = pronome que se refere ao menino mais velho - sentou-se no chão = pronome que se refere ao menino mais velho - gritou-lhe o pai = pronome que se refere ao menino mais velho - deitou-se = pronome que se refere ao menino mais velho - ainda lhe deu = pronome que se refere ao menino mais velho - que ele se levantasse = pronome que se refere ao menino mais velho - como isto não acontecesse = pronome que se refere ao fato de o menino não se levantar - estendia-se = pronome que se refere à caatinga - que eram ossadas = pronome que se refere às manchas brancas - não se mexeu = pronome que se refere ao pirralho

20 - Fabiano desejou matá-lo = pronome que se refere ao pirralho - responsabilizar alguém = pronome que se refere a uma pessoa indefinida - A seca aparecia-lhe = pronome que se refere ao Fabiano - irritava-o = pronome que se refere a Fabiano Os pronomes que se referem a substantivos e até a orações (conforme o exemplo com isto) e retomam-nos por substituição são denominados pronomes substantivos. Além desses dois critérios mais gerais para classificação dos pronomes, existem outros que levam a tradição gramatical a classifica-los em subclasses: - Pronomes pessoais: se, lhe, ele, -lo, o. - Possessivos: sua; - Demonstrativos: esse, isto; - Indefinidos: algumas, alguém; - Relativos: que; - Interrogativos (sem exemplos no excerto destacado). O que são os pronomes, afinal? A classe gramatical dos pronomes inclui vocábulos invariáveis (isto, que, alguém) ou variáveis em gênero e número (algumas, sua, esse, ele, o), e/ou variáveis em pessoa e caso (se, lhe, ele, o). Podem ter função adjetiva (ao modificar o substantivo) ou substantiva (ao substituí-lo). Pronome é, portanto, a palavra que se usa em lugar do nome, ou a ele se refere, ou ainda, que acompanha o nome qualificando-o de alguma forma. Exemplos: 1. A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos! [substituição do nome] 2. A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita! [referência ao nome] 3. Essa moça morava nos meus sonhos! [qualificação do nome] Grande parte dos pronomes não possuem significados fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a referência exata daquilo que está sendo colocado por meio dos pronomes no ato da comunicação. Com

21 exceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes têm por função principal apontar para as pessoas do discurso ou a elas se relacionar. 6.1. Classificação e flexões Pronomes Pessoais São aqueles que substituem os substantivos, indicando diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve assume os pronomes eu ou nós, usa os pronomes tu, vós, você ou vocês para designar a quem se dirige e ele, ela, eles ou elas para fazer referência à pessoa ou às pessoas de quem fala. Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto ou do caso oblíquo. Pronome Reto Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sentença, exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito. Nós lhe ofertamos flores. Os pronomes retos apresentam flexão de número, gênero (apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim configurado: - 1ª pessoa do singular: eu - 2ª pessoa do singular: tu - 3ª pessoa do singular: ele, ela - 1ª pessoa do plural: nós - 2ª pessoa do plural: vós - 3ª pessoa do plural: eles, elas Atenção: esses pronomes costumam ser usados como complementos verbais. Porém, frases como "Vi ele na rua" e "Encontrei ela na praça", comuns na língua oral cotidiana, não são aceitas pela gramática normativa, uma vez que, segundo a norma-culta, devem ser usados os

22 pronomes oblíquos correspondentes: "Vi-o na rua", "Encontrei-a na praça", "Trouxeram-me até aqui". Obs.: frequentemente observamos a omissão do pronome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias formas verbais marcam, através de suas desinências, as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto. Fizemos boa viagem. (Nós oculto) Pronome Oblíquo Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sentença, exerce a função de complemento verbal (objeto direto ou indireto) ou complemento nominal. Ofertaram-nos flores. (objeto indireto) Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função diversa que eles desempenham na oração: pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o complemento da oração. Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos. Pronome Oblíquo Átono São chamados átonos os pronomes oblíquos que não são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica fraca: Ele me deu um presente. O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim configurado: - 1ª pessoa do singular (eu): me - 2ª pessoa do singular (tu): te - 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, o, a, lhe - 1ª pessoa do plural (nós): nos - 2ª pessoa do plural (vós): vos

23-3ª pessoa do plural (eles, elas): se, os, as, lhes Observações: - O lhe é o único pronome oblíquo átono que já se apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união entre o pronome o ou a e preposição a ou para. Por acompanhar diretamente uma preposição, o pronome lhe exerce sempre a função de objeto indireto na oração. Comprei-lhe um carro. - Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos diretos como objetos indiretos. - Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como objetos diretos. Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas especiais depois de certas terminações verbais. Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a terminação verbal é suprimida. fiz + o = fi-lo fazeis + o = fazei-lo dizer + a = dizê-la Quando o verbo termina em som nasal, o pronome assume as formas no, nos, na, nas. viram + o: viram-no repõe + os = repõe-nos retém + a: retém-na tem + as = tem-nas Pronome Oblíquo Tônico Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos por preposições, em geral as preposições a, para, de e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica forte. O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim configurado: - 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo - 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo

24-3ª pessoa do singular (ele, ela): si, ele, ela - 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco - 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco - 3ª pessoa do plural (eles, elas): si, eles, elas Atenção: - Há construções em que a preposição, apesar de surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pronome, deverá ser do caso reto: Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. Não vá sem eu mandar. - A combinação da preposição "com" e alguns pronomes originou as formas especiais comigo, contigo, consigo, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos frequentemente exercem a função de adjunto adverbial de companhia: Ele carregava o documento consigo. Pronomes reflexivos São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação expressa pelo verbo. O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado: - 1ª pessoa do singular (eu): me, mim. Eu não me vanglorio disso. Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi. - 2ª pessoa do singular (tu): te, ti.

25 Assim tu te prejudicas. Conhece a ti mesmo. - 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo. Guilherme já se preparou. Ela deu a si um presente. Antônio conversou consigo mesmo. - 1ª pessoa do plural (nós): nos. Lavamo-nos no rio. - 2ª pessoa do plural (vós): vos. Vós vos beneficiastes com a esta conquista. - 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo. Eles se conheceram. Elas deram a si um dia de folga. OBS: o português falado e escrito no Brasil substituiu, quase totalmente, o pronome tu por você (que tem a morfologia de 3ª pessoa e não de 2ª, como o tu). O quadro abaixo sistematiza o que estudamos sobre pronome: RETO OBLÍQUO Átono Eu Me Mim Tu Te Ti Tônico

26 Ele, ela Se, o, a, lhe Si, ele, ela Nós Nos Nós Vós Vos Vós Eles, elas Se, os, as, lhes Si, eles, elas Pronomes Possessivos São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa possuída). Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular) Observe o quadro: NÚMERO PESSOA PRONOME singular primeira meu(s), minha(s) singular segunda teu(s), tua(s) singular terceira seu(s), sua(s) plural primeira nosso(s), nossa(s) plural segunda vosso(s), vossa(s) plural terceira seu(s), sua(s) Note que: A forma do possessivo depende da pessoa gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam com o objeto possuído. Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele momento difícil. Observações: 1 - A forma seu não é um possessivo quando resultar da alteração fonética da palavra senhor. - Muito obrigado, seu José. 2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam posse. Podem ter outros empregos, como: a) indicar afetividade.

27 - Não faça isso, minha filha. b) indicar cálculo aproximado. Ele já deve ter seus 40 anos. 3- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo concorda com o mais próximo. Trouxe-me seus livros e anotações. Pronomes demonstrativos Os pronomes demonstrativos são utilizados para explicitar a posição de uma certa palavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode ocorrer em termos de espaço, tempo ou discurso. No espaço: Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o carro está perto da pessoa que fala. Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o carro está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da pessoa que fala. Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que o carro está afastado da pessoa que fala e daquela com quem falo. No tempo: Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se refere ao ano presente. Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se refere a um passado próximo. Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele está se referindo a um passado distante. - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou invariáveis, observe: Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aquela(s). Invariáveis: isto, isso, aquilo. - Em frases como a seguinte, este se refere à pessoa mencionada em último lugar, aquele à mencionada em primeiro lugar (demonstrativo que retoma um referente dentro do discurso):

28 O referido deputado e o Dr. Alcides eram amigos íntimos: aquele casado, solteiro este. [ou então: este solteiro, aquele casado.] Pronomes indefinidos São palavras que se referem à terceira pessoa do discurso, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quantidade indeterminada. Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-plantadas. Não é difícil perceber que "alguém" indica uma pessoa de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser humano que seguramente existe, mas cuja identidade é desconhecida ou não se quer revelar. Os pronomes indefinidos classificam-se em: - Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lugar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo. Algo o incomoda? Quem avisa amigo é. - Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser expresso na frase, conferindolhe a noção de quantidade aproximada: Certas pessoas exercem várias profissões. Pronomes indefinidos Variáveis Algum, alguma Alguns, algumas Algo Alguém Invariáveis

29 Nenhum, nenhuma Todo, toda, todos, todas Certo, certa, certos, certas Outro, outra, outros, outras Muito, muita, muitos, muitas Bastante, bastantes Pouco, pouca, poucos, poucas Vários, várias Qualquer, quaisquer Tanto, tanta, tantos, tantas Quanto, quanta, quantos, quantas Ninguém Tudo Cada Outrem Nada Mais Demais Menos Ao observar atentamente os pronomes indefinidos, percebemos que existem alguns grupos que criam oposição de sentido. É o caso de: - algum/alguém/algo, que têm sentido afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm sentido negativo; - todo/tudo, que indicam uma totalidade afirmativa, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade negativa; - alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e algo/nada, que se referem à coisa; - certo, que particulariza, e qualquer, que generaliza. Pronome relativo São pronomes relativos aqueles que representam nomes já mencionados anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem as orações subordinadas adjetivas. O racismo é um sistema que afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros. (afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros = oração subordinada adjetiva). O pronome relativo "que" refere-se à palavra "sistema" e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra "sistema" é antecedente do pronome relativo que.

30 Quadro dos Pronomes Relativos Masculino Variáveis Feminino Invariáveis o qual cujo quanto os quais cujos quantos a qual cuja quanta as quais cujas quantas quem que onde Note que: a) O pronome que é o relativo de mais largo emprego, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser substituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for um substantivo. O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual) A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual) Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais) As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais) b) O pronome "quem" refere-se a pessoas e vem sempre precedido de preposição. É um professor a quem muito devemos. c) "Onde", como pronome relativo, sempre possui antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar. A casa onde morava foi assaltada. d) Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em que. Sinto saudades da época em que (quando) morávamos no exterior. Importância nada relativa Não é difícil perceber que os pronomes relativos são peças fundamentais à boa articulação de frases e textos: sua capacidade de atuar como pronomes e conectivos simultaneamente favorece a síntese e evita a repetição de termos.

31 Pronomes interrogativos São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos, referem-se à 3ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e variações), quanto (e variações). Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço. Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas preferes. Quantos passageiros desembarcaram? Pergunte quantos passageiros desembarcaram.