CARACTERIZAÇÃO ALIMENTAR DO ACARÁ (Geophagus brasiliensis) NA LAGOA DOS TROPEIROS, MINAS GERAIS.

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Transcrição:

165 CARACTERIZAÇÃO ALIMENTAR DO ACARÁ (Geophagus brasiliensis) NA LAGOA DOS TROPEIROS, MINAS GERAIS. Stefani, P. M. 1, Reis, S. A. 2 e Rocha, O. 3 1 Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de São Carlos; pat_stef@hotmail.com 2 Curso de ciências Biológicas, Universidade Federal de São Carlos; dre-reis@hotmail.com 3 Departamento de Ecologia e biologia Evolutiva, Universidade Federal de São Carlos; doro@power.ufscar.br RESUMO O hábito alimentar de Geophagus brasiliensis foi estudado por meio da análise do conteúdo gástrico de 18 espécimens, obtidos durante coletas realizadas em dezembro de 2006 e abril de 2007, na Lagoa dos Tropeiros-MG. O espectro alimentar foi avaliado pelos métodos de freqüência de ocorrência e volumétrica. Os resultados indicaram uma dieta onívora, composta predominantemente por material vegetal, insetos aquáticos, particularmente larvas de Chironomidae, e Ostracoda (Cyprinotus sp). ABSTRACT The feeding habits of Geophagus brasiliensis was studied through the analysis of gastric contents of 18 specimens obtained during samplings performed in December 2006 and April 2007 at the Lagoa dos Tropeiros - MG. The feeding spectrum was evaluated using the methods of occurrence and volumetric frequency. The results indicated an omnivorous diet, predominantly composed of plant material, aquatic insects, particularly Chironomidae worms, and Ostracoda (Cyprinotus sp). INTRODUÇÃO/OBJETIVO Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824) (Osteichthyes, Cichlidae), popularmente denominado de cará, acará ou papa-terra é um habitante natural de ambientes lênticos, como lagos e reservatórios, lagoas (Assumpção et al., 2005), lagoas de planície de inundação (Meschiatti, 1995), e também ambientes lóticos como riachos (Sabino e Castro, 1990; Agostinho e Júlio Jr., 1999) e rios (Barrella et al., 1994; Uieda,1995). Nestes ambientes ocupa predominantemente regiões remansosas, apresentando atividade diurna e orientação visual (Sabino e Castro, 1990). O objetivo deste trabalho foi pesquisar quais recursos alimentares estão sendo utilizados pela população de Geophagus brasiliensis na Lagoa dos Tropeiros-MG.

166 MATERIAL E MÉTODOS A Lagoa dos Tropeiros está localizada no estado de Minas Gerais entre as coordenadas 20 o 33 57,82 S e 46 o 03 06,25 W. É uma lagoa rasa, com profundidade máxima de 3,0 m, área de 0,378 Km 2 e um perímetro de 2,632 Km. Os exemplares foram coletados em dezembro de 2006 e abril de 2007 com peneiras e redes de espera, utilizando-se redes com malhagens de 3, 5 e 7 cm entre nós opostos. As redes de espera foram colocadas no período da tarde, às 18 horas, e retiradas na manhã seguinte, permanecendo 12 horas no local. Os espécimes coletados foram fixados em formol 10% ainda no campo. O material fixado foi posteriormente submetido à biometria (comprimento padrão, comprimento total e peso corporal). Para o estudo da dieta os estômagos foram extraídos e conservados em álcool 70% para posterior análise. Com o estômago aberto foi determinado visualmente o grau de repleção, segundo o critério estabelecido por Herrán (1988). Os itens alimentares retirados do estômago foram analisados sob microscópio estereoscópico com identificação até o menor nível taxonômico possível, utilizando-se chaves de identificação específicas para cada grupo. Os conteúdos gástricos foram quantitativamente analisados de acordo com os métodos de freqüência de ocorrência (Hynes,1950) e o método volumétrico (Hyslop, 1980). RESULTADOS/DISCUSSÃO Foram analisados 18 estômagos de Geophagus brasiliensis (comprimento padrão variando entre 3,8 cm e 15,2 cm). Dos 18 estômagos estudados, 1 estômago foi encontrado completamente cheio de alimento (grau de repleção: 4) e 3 foram encontrados totalmente vazios (grau de repleção: 0) (Figura 1). Lagoa dos Tropeiros (N=18) 10 8 6 4 2 0 vazio grau 1 grau 2 grau 3 grau 4 Grau de repleção Figura 1: Grau de repleção dos estômagos de G. brasiliensis coletados em dezembro de 2006 e abril de 2007 na Lagoa dos Tropeiros-MG. Os porcentuais de frequência de ocorrência (Tabela 2) revelaram maior consumo de vegetais (60%), restos de insetos (46%), larvas de quironomídeos (40%) e Cyprinotus sp (Ostracoda) (40%). Por outro lado, com base nos valores porcentuais da frequência do

167 volume (V%) observou-se que os recursos mais representativos foram as larvas de quironomídeos (76,47%), os restos de outros insetos (9,58%) e ninfas de Odonata (3,87%). Em termos de abundância numérica dos itens destacaram-se vegetais (N=281), larvas de peixes (N=74) e larvas de quironomídeos (N=64). Tabela 2: Freqüência de ocorrência (F%), Freqüência de volume (V%) e Abundância dos itens encontrados no conteúdo estomacal da espécie G.brasiliensis na Lagoa dos Tropeiros, MG. Itens Alimentares Freqüência de ocorrência (F%) Freqüência de volume (V%) Abundância Vegetal Superior Restos vegetais 80 1,63 281 Sementes 6,66 0,02 1 Insetos aquáticos Odonata (ninfa) 26,6 3,87 9 Trichoptera (larva) 20 0,01 4 Ephemeroptera 13,3 0,05 10 Diptera Chrironomidae (larva) 40 76,47 64 Restos de Insecta 46,6 9,58 - Outros invertebrados aquáticos Ostracoda Cyprinotus sp 40 3,41 40 não identificado 13,3 1,70 20 Copepoda Cyclopoida 6,66 0,49 2 Cladocera 20 0,85 9 Acarina Hydracarina 13,3 0,01 2 Anostraca 6,66-1 Malacostraca Decapoda 13,3-1 Peixe Ovos 13,3 1,44 56 Larvas 20 0,58 74 Escamas 26,6-8 Restos não identificados 13,3 - - A dieta composta predominantemente por vegetais, invertebrados aquáticos, larvas de peixes e escamas, caracterizou um forrageamento diversificado de G. brasiliensis sobre os recursos bentônicos na lagoa estudada. O espectro alimentar descrito anteriormente foi similar ao reportado para G. brasiliensis, tanto em ambientes naturais de riachos como em reservatórios. Em um riacho de floresta Atlântica, os principais itens alimentares desta espécie foram respectivamente, insetos aquáticos (F%=40), detritos (F%=40) e algas (F%=20) (Sabino e Castro,1990). No reservatório de Monte Alegre-SP, os alimentos consumidos por G. brasiliensis foram sedimentos (F%=78), insetos aquáticos (F%=75) e escamas de peixes (F%=50) (Arcifa e Meschiatti, 1993).

168 CONCLUSÃO O consumo de itens diversificados como vegetais, larvas de quironomídeos, Ostracoda (Cyprinotus sp), microcrustáceos Cladocera, escamas de peixes e alevinos, caracterizando uma dieta onívora para Geophagus brasiliensis durante o período estudado, na Lagoa dos Tropeiros, MG. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARCIFA, M. S.; MESCHIATTI, A. J. Distribution and feeding ecology of fishes in a Brazilian reservoirs: Lake Monte Alegre, Interciencia, Caracas, v.18, n. 6, p.302-313, 1993. AGOSTINHO, A.A. et al. Patterns of colonization in neotropical reservoirs, and prognoses on aging. In:TUNDISI, J.G.; STRASKRABA, M. (Ed.). Theoretica reservoir ecology and its applications. São Carlos: International Institute of Ecology-IEE; Leiden: Backhuys Publishers, 1999. cap.11, p. 227-265. ASSUMPÇÃO et al. Análise do conteúdo estomacal de Cichla ocellaris e Pygocentrus nattereri (espécies introduzidas) e Geophagus brasiliensis e Astyanax bimaculatus (espécies nativas) de lagos do Vale do Rio Doce-MG e sua implicações. In: ROCHA, O; ESPÍNDOLA, E. L. G.; FENERICH-VERANI, N.; VERANI, J.R.; RIETZLER, A. C. (Orgs.). Espécies invasoras em águas doces: estudos de caso e propostas de manejo. 416 p, 2005. BARRELLA, W.; BEAUMORD, A. C.; PETRERE Jr, M. Comparacion de la comunidad de peces de los rios Manso (MT) y Jacaré Pepira (SP), Brazil. Acta Biol. Venez. 15(2):11-20, 1994. HERRÁN, R. A. Analisis de contenidos estomacales em peces. Revision bibliografica de los objetivo y la metodologia. If. Tec. Inst. Esp. Ocenaograf. 63: 1-73, 1988. HYNES, H. B. N. The food of freshwater sticklebacks (Gasterosteus aculeatus and Pigosteus pungitius), with a review of method used in studies of the food of fishes. Journal Anim. Ecol., 19:36-56, 1950. HYSLOP, E. J. Stomach content analysis a review of methods and their application. Journal Fish. Biol. 17:411-429, 1980. MESCHIATTI, A. J. Alimentação da Comunidade de peixes de uma lagoa marginal do rio Mogi-Guaçu, SP. Acta Limnologica Brasiliensia. V.3, p-115-137, 1995. SABINO, J. & CASTRO, R.M.C. Alimentação, período de atividade e distribuição espacial dos peixes de um riacho da floresta Atlântica (Sudeste do Brasil). Rev Bras. Biol. (50):23-36, 1990.

UIEDA, V. S. Comunidade de peixes de um rio litorâneo: Composição, Habitat e Hábitos. 1995. Tese (doutorado), Unicamp, Campinas (SP). 169