ALIMENTAÇÃO DE OLIGOSARCUS PINTOI (TELEOSTEI, CHARACIDAE) NA REPRESA DO BEIJA-FLOR, RESERVA DO JATAÍ-SP.

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1 170 ALIMENTAÇÃO DE OLIGOSARCUS PINTOI (TELEOSTEI, CHARACIDAE) NA REPRESA DO BEIJA-FLOR, RESERVA DO JATAÍ-SP. Daniela Fernandes 1*, Marcela Roquetti Velludo 1, Tatiane Ferraz Luiz 1, Elisa Martins de Oliveira 1, Nelsy Fenerich Verani 1, Alberto Carvalho Peret 1 1 UFSCar, Departamento de Hidrobiologia, Laboratório de Dinâmica de Populações. 1 * danieco@yahoo.com.br RESUMO O presente trabalho teve por objetivo caracterizar e analisar a dieta de Oligosarcus pintoi na Represa do Beija-flor, situada na reserva ecológica do Jataí-SP, a qual é caracterizada como ecossistema rio-planície de inundação sujeito a alagamentos periódicos pela cheia do rio Mogi-guaçú. Os peixes capturados no período entre foram levados ao laboratório e submetidos à medida biométrica, e ao peso total (em g), sendo os estômagos conservados em formol 4% depois de pesados. A repleção estomacal foi inferida numa escala de 1-3 (vazios-cheios). Os conteúdos dos estômagos foram examinados e submetidos ao método de freqüência de ocorrência (Fi), e o volume pelo método volumétrico. Constatou-se com os 17 estômagos analisados que a espécie possui hábito alimentar principalmente carnívoro/insetívoro utilizando principalmente fontes alóctones, ingestão provavelmente casual de vegetal e tendêncais oportunistas e à onivoria. ABSTRACT The present paper has the objective to characterize and analyses the Oligosarcus pintoi diet in the Beija -flor, situated in the ecological reserve Jataí-SP, that is characterized like and flooding river-plan ecosystem subject do periodical floods by the Mogi-Guaçu river. The fish caught in the period between was taken to the laboratory and submitted to biometrical measure and total weight (in g) and the stomachs were exanimate and submitted to the attendance occurrence method (Fi) and the volume by the volumetrically method. It was noted with the 17 stomach analyzed that the species has the habit to feed mostly with carnivorous/insectivorous using mostly alóctones sources, ingestion probably casual of vegetables and opportunists tendencies to omnivorous INTRODUÇÃO Ecossistemas rio-planicie de inundação estão sujeitos a alagamentos periódicos, que selecionam adaptações nos organismos e comunidades neles existentes (WELCOMME, 1979; JUNK, 1982). As adaptações dos organismos parecem estar limitadas às explorações dos recursos da zona de transição correspondente aos ambientes aquático-terrestre. Em áreas alagáveis, as flutuações hídricas influenciam tanto o espectro quanto o ritmo alimentar

2 171 dos peixes, promovendo, na época das cheias, maior riqueza de alimento, com conseqüente modificação nos recursos alimentares (HAHN et al., 1997). O presente trabalho foi realizado na Represa do Beija-flor a qual está inserida na Estação Ecológica do Jataí, que segundo Esteves (1992), é uma das mais importantes unidades de conservação do Estado de São Paulo, comportando um complexo de lagoas marginais sob influência da inundação periódica do rio Mogi-Guaçu.. A Represa como o próprio nome diz, é um lago artificial formado pelo represamento do córrego do Beija-flor, e como tal possui características diferentes das demais lagoas, apesar de manter constante contato com o córrego que por sua vez se liga ao rio. Espécies migratórias que sobem o rio Mogi-Guaçu usam a represa como área de descanso e possível alimentação assim como usam as lagoas marginais. O estudo da alimentação dessas espécies se faz importante no conhecimento de sua ecologia e estratégias de manejo. O presente trabalho tem como objetivo, caracterizar e identificar a da dieta de Oligosarcus pintoi, espécie de meia água que captura a presa por emboscada, e devido a grande abertura bucal costumam ingerir suas presas inteiras (CASTRO & CASATTI, 1997), na Represa do Beija-flor. MATERIAL E MÉTODOS Os peixes da Represa do Beija-flor foram capturados mensalmente pelo período de 3 anos (entre 2005 e 2007) com o auxílio de redes de espera de diferentes tamanhos de malha (2cm 7cm) colocadas ao meio-dia e visitadas a cada seis horas sendo recolhidas 24 horas depois. Foram distribuídas seis redes ao longo da margem esquerda da represa. Em laboratório, os peixes foram submetidos à medida biométrica, e ao peso total (em g). Para o estudo da alimentação os estômagos foram pesados e fixados em formol 4%. A repleção estomacal foi inferida pela vista externa atribuindo-se valores numa escala de 1 a 3 (de vazios até completamente cheios). Análise do conteúdo estomacal Os conteúdos dos estômagos foram examinados e submetidos ao método de freqüência de ocorrência (Fi). Este método, segundo Windell (1968) e Hyslop (1980), corresponde ao percentual de cada item em relação ao somatório do número total de ocorrências de cada um dos itens. O volume foi obtido pelo método volumétrico, que consiste em colocar os conteúdos estomacais em uma proveta e medir o volume de água deslocado.

3 172 RESULTADO E DISCUSSÕES Nos 17 estômagos analisados foram encontrados 4 principais itens alimentares (gráfico I), sendo dois de origem vegetal e dois de origem animal. Os insetos, incluindo larvas, himenópteros e aranhas tiveram participação predominante (47%) o que demonstra que Oligosarcus pintoi possui hábito alimentar principalmente carnívoro/insetívoro. Os fragmentos vegetais encontrados em 6 dos estômagos analisados, tiveram participação relativa na dieta baixa (15%) indicando uma ingestão casual durante a predação de pequenos invertebrados. Um alimento que por não fazer parte do sistema teve participação significativa (19%) foi a quirela, o que pode ser devido a pesca feita na Represa e ao oportunismo da espécie que na ausência do alimento preferido usou-a como fonte alimentar. Dentre as fontes de alimento animal os insetos foram de maior freqüência, como himenópteros, apoidea, aracnídeos, apesar de também haver crustáceos (fonte autóctone), o que indica uma fonte de alimentação alóctone. Cassati (2002) cita que Oligosarcus pintoi é um predador de emboscada, se alimentando preferencialmente de fontes alóctones (insetos) o que corrobora com os resultados encontrados, outros trabalhos com o gênero Oligosarcus (BOTELHO et.al 2006; SANTOS et. al 2004) também o indicam como uma espécie estritamente carnívora não havendo nenhum dado sobre itens vegetais. Fig I :Gráfico de Índices Alimentares.

4 173 CONCLUSÕES Por não haver muitos estudos da dieta de Oligosarcus pintoi, recomenda-se que mais estudos deverão ser realizados, pois ao contrário do que consta na literatura essa espécie demonstra ser oportunista com tendências a onivoria e não um carnívoro estrito. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOTELHO, M.L.L.A., GOMIERO, LEANDRO MILLER., BRAGA, FRANCISCO MANOEL DE SOUZA. Feeding of Oligosarcus hepsetus (Cuvier, 1829) (Characiformes) in theserra do Mar State Park - Santa Virgínia Unit, São Paulo, Brazil. Braz. J. Biol., v67(4): p , 2007 CASATTI, LILIAN. Alimentação dos Peixes em um Riacho do Parque Estadual Morro do Diabo, Bacia do Alto Rio Paraná, sudeste do Brasil. Biota Neotropica, v2 (n2) p CASTRO, RICARDO MACEDO CORRÊA. & CASATTI, LILIAN The fish fauna from a small forest stream of the upper Paraná River basin, Southeastern Brasil. Ichthyol. Explor. Freshwaters 7: p ESTEVES, KATHARINA EICHBAUM. Alimentação de cinco espécies forrageiras (Pisces, Characidae) em uma lagoa marginal do rio Mogi-Guaçu, SP. São Carlos, p. Tese de doutorado Universidade federal de São Carlos. HAHN, NORMA SEGATTI., FUGI, ROSEMARA., ALMEIDA, VERA. LUCIA LESCANO DE., et al. Dieta e atividade alimentar de peixes do reservatório de Segredo. Pp In: A.A. Gomes, L.C. (eds.). Rservatório de segredo:bases ecológicas para o manejo. EDUEM. 387p., 1997a. HYNES, HUGH BERNARD NOEL.; The food of freshwater sticklebacks (Gasterosteus aculeatus and Pygosteus pungitius) with a review of methods used in studies of the food fishes. J. ANIM. ECOL., 19: p HYSLOP, E.J.; Stomach content analysis - a review of methods and their application. J. FISH. BIOL., v.17: p KAWAKAMI, EMIKO & VAZZOLER, GELSO.; Método gráfico e estimativa de índice alimentar aplicado no estudo de alimentação de peixes. BOL. INST. OCEANOGR., São Paulo, v. 29 (n2):

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