MESORREGIÃO OESTE DO PARANÁ: PROGNÓSTICO INTRODUÇÃO

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Transcrição:

502 MESORREGIÃO OESTE DO PARANÁ: PROGNÓSTICO INTRODUÇÃO O estudo de diagnóstico sócio-econômico realizado para os municípios da Mesorregião Oeste do Paraná permitiu a elaboração deste documento. Na linguagem técnica de alguns ramos da ciência - especialmente a medicina - após um diagnóstico deve ser traçado um prognóstico. Sob esta óptica, este documento representaria o prognóstico sócio-econômico dos municípios estudados no diagnóstico. Dentro das Ciências Sociais, porém, a relação diagnóstico - prognóstico toma uma dimensão diferente da medicina. Nesta última, o paciente busca a consulta médica para ter um claro diagnóstico de sua doença e um prognóstico adequado, que elimine a enfermidade por completo e no menor tempo possível. Nas Ciências Sociais, o diagnóstico representaria o apontamento de potencialidades adquiridas e de pontos de estrangulamento surgidos durante o processo de interação da sociedade com o meio natural, ao longo de um período determinado. O prognóstico, por sua vez, seria uma forma indicativa de amenizar os pontos de estrangulamento verificados e de impulsionar as potencialidades adquiridas. Neste sentido, este documento busca indicar perspectivas de desenvolvimento para a Mesorregião Oeste do Paraná, porém, com o devido cuidado de não se constituir em um prognóstico médico, no qual a doença prontamente diagnosticada, será tratada rapidamente, com o medicamento mais apropriado, eliminando-a por completo. Neste trabalho são construídos cenários, discutidas possibilidades e estabelecido limites para o desenvolvimento sustentado desta porção do território brasileiro. Porém, as soluções não estão ao alcance imediato da sociedade, tão pouco, dependem de um agente externo (remédio). Mas sim, de várias ações integradas da sociedade regional, em conjunto com os governos estadual e federal.

503 2 PROCESSO DE POLARIZAÇÃO O processo de polarização consolidou o Município de Cascavel como o principal pólo regional. Em menor nível de centralidade, o Município de Foz do Iguaçu também é considerado um pólo regional. Além destes, os Municípios de Medianeira, Marechal Cândido Rondon, Assis Chateubriand e Palotina se consolidaram como sub-pólos regionais. As causas deste processo de polarização foram discutidas no diagnóstico, representando a soma de características da evolução sócio-econômica destes municípios. Desta forma, cabe discutir se esta dinâmica terá continuidade e de que forma este processo tenderá a ocorrer. As forças que tornaram Cascavel o pólo regional de maior centralidade ainda estão presentes e tendem a se manter. A sua centralidade, na área do agronegócio, é significativa, desde a presença de plantas agroindustriais, passando pela comercialização, até o desenvolvimento da oferta de serviços cada vez mais especializados nesta área. Porém, o que tornou Cascavel mais polarizada foi o desenvolvimento de atividades diversificadas e com elevado grau de complexidade, em nível regional. O comércio varejista é diversificado e consegue atender a praticamente toda a demanda regional, sem necessidade de recorrência a centros maiores, como Curitiba e São Paulo. O comércio atacadista também consegue atender às necessidades de grande parte do comércio varejista regional, além de atender outras regiões do Estado do Paraná e do País. O setor de serviços, porém, é o mais diversificado e especializado da Região, englobando os serviços de atendimento a saúde; educação; consultoria empresarial, nas mais diversas áreas; serviços financeiros, com a presença de várias instituições, entre outros. No Município está concentrada uma quantidade elevada de órgãos da administração pública estadual e federal. O caso de Foz do Iguaçu já não permite um consenso quanto à continuidade do processo de polarização. A evolução deste Município esteve, historicamente, ligada às fortes intervenções governamentais e a fatores exógenos e, no momento atual, a dinâmica apresentase fortemente ligada ao turismo e ao comércio fronteiriço. O comércio fronteiriço, dentro da atual perspectiva, depende das ações de política econômica do Brasil, Argentina e Paraguai, da evolução dos tratados do Mercosul e da constituição da ALCA. Desta forma, o futuro deste

504 comércio fica fora da esfera de decisão regional, o que dificulta a formação de expectativa sobre esta atividade no médio prazo. Já o turismo, apesar de depender de questões macroeconômicas, como a taxa de câmbio, encontra maior poder de intervenção local em seu desenvolvimento. Porém, os atrativos existentes ainda não são suficientes para manter o turista por mais tempo na Região. O desafio de Foz do Iguaçu seria estabelecer, efetivamente, uma programação turística com os demais municípios, principalmente os lindeiros, para que esta atividade tivesse o devido impulso e dinamizasse a geração de emprego e renda. Os municípios de Toledo, Medianeira, Marechal Cândido Rondon, Assis Chateubriand e Palotina, apresentam dinâmica própria, dependente do agronegócio, com tendência de manter a polarização sobre os municípios menores, com atividade econômica voltada para a agricultura. O processo de polarização existente e sua possível continuidade apontam para o agravamento da situação dos municípios de menor porte. Porém, dentro destes municípios existem duas classes distintas: a)aqueles que tendem a manter sua posição, por estarem inseridos dentro da dinâmica do agronegócio regional; e b) aqueles que estão fora da dinâmica do agronegócio, por seu território não permitir, integralmente, a agricultura moderna. 3 ASPECTOS ECONÔMICOS Os aspectos econômicos da Mesorregião Oeste do Paraná podem ser tratados de forma setorial. Porém, discutir separadamente a agropecuária, agroindústria e comercialização agrícola, foge da organização da cadeia produtiva. Desta forma, este segmento é tratado aqui como agronegócio. Os demais tópicos são a produção industrial (exceto a agroindústria), a atividade comercial e a atividade de prestação de serviços. Assim, esta seção divide-se em cinco partes na seqüência apresentada de assuntos, sendo a última seção uma síntese dos aspectos econômicos gerais da Região.

505 3.1 O Agronegócio. A mecanização da agricultura tornou a Região uma referência em quantidade e produtividade nas culturas de exportação, principalmente soja, milho e trigo. A comercialização desta produção estabeleceu uma infra-estrutura de beneficiamento, armazenagem e transporte desta produção. O desenvolvimento agroindustrial encontrou ambiente propício ao seu crescimento e consolidação. Algumas cadeias produtivas, dentro do agronegócio, são mais recentes, como a da mandioca e da criação de peixes. Estas têm buscado condições de consolidação em determinadas porções da Região. A cadeia produtora de aves obteve significativa expansão recente na Região, com investimentos de cooperativas. As demais cadeias existentes consolidaram-se e tem dinamizado a transformação industrial. A exceção fica com a atividade de esmagamento de soja, que perdeu totalmente o dinamismo na Região. Dentro deste quadro, as perspectivas apontam para a continuidade desta atividade como fundamental fonte geradora de renda regional. Os municípios que se inserem diretamente, em algum ponto desta cadeia, encontrarão condições para manter sua situação atual. Porém, o processo de polarização tende a diferenciar os ganhos entre os participantes desta dinâmica. Os municípios que concentram as unidades agroindustriais, tendem a absorver maior parte dos ganhos do agronegócio. Em contrapartida, os municípios que apresentam apenas atividades ligadas a agropecuária, mais especificamente à agricultura, tendem a absorver uma parcela menor da renda gerada. Os municípios menores têm diferentes graus de inserção na dinâmica do agronegócio. Alguns têm maior parte de seu território dedicado à agricultura moderna e ainda possuem alguma unidade agroindustrial. Outros não possuem unidades agroindustriais relevantes, mas acabam tendo parte significativa de seu território cultivado com agricultura moderna. Existem ainda, os municípios que não possuem unidade agroindustrial relevante e que possuem uma pequena parte de seu território com a agricultura moderna. Os municípios do último grupo são os que menos ganhariam com a continuidade do processo de desenvolvimento do agronegócio. Nesse sentido, percebe-se que a dinâmica do

506 agronegócio tende a criar impacto apenas na porção territorial da Região que é propicia a este tipo de atividade. Este processo colabora para o aparecimento dos chamados vazios econômicos. Os municípios integrantes destes vazios estariam fora desta dinâmica regional e necessitariam de alternativas para a atividade econômica. Estes municípios vêm atuando nas atividades de criação de aves e de pecuária leiteira, fato que têm contribuído para amenizar seus problemas, mas ainda fica muito aquém das necessidades colocadas. O que vem apontando com alternativa em outras regiões, com características semelhantes é a agricultura e pecuária orgânica. No Oeste de Santa Catarina e no Sudoeste do Paraná esta atividade ganhou um forte impulso com a organização dos pequenos produtores em cooperativas, contando com o apoio dos governos municipais e de órgãos governamentais, como a Emater. A dinâmica econômica destes municípios dependerá da inserção destes nas atividades do agronegócio que são possíveis, principalmente a criação de aves, a pecuária de leite e, em menor grau, a suinocultura. Sendo ainda relevante o incentivo à produção orgânica, como uma forte alternativa para o pequeno e médio produtor. A perspectiva de continuidade do desenvolvimento do agronegócio, nos moldes atuais, trás uma discussão importante para o futuro desta atividade e da Região. O impacto causado pela modernização tecnológica da agricultura e por todo o desenvolvimento posterior do agronegócio é um fato relativamente pouco discutido, mas que deverá tomar outra dimensão num futuro próximo. Os impactos ambientais percebidos trazem a seguinte questão: O processo de desmatamento, juntamente com a aplicação de produtos químicos altamente prejudiciais à fauna e a flora, até que ponto comprometeu o desenvolvimento da vida na região? Será que os avanços econômicos compensam estas perdas e todo o processo em vigor? As atividades agrícolas desenvolvidas até então não prejudicariam algumas vantagens competitivas que a Região ainda possui? O assunto toma outra perspectiva, quando se deixa a análise presente e se vislumbra o horizonte de longo prazo. A discussão presente nos países centrais é que, a posse de água

507 potável, de áreas de conservação da biodiversidade e de fontes de produção de energia renovável representará uma vantagem competitiva sem precedentes. Neste sentido, a Região Oeste do Paraná é altamente privilegiada, pois possui uma hidrografia abundante, incluindo o Lago de Itaipu, possui também uma das maiores reservas de biodiversidade, que é o Parque Nacional do Iguaçu e, ainda, possui a maior usina hidrelétrica do mundo, além de Salto Caxias, no Rio Iguaçu. Desta forma, a questão que segue é quanto às condições que o atual modelo de desenvolvimento sócio-econômico regional apresentaria para preservar estas vantagens até o momento, no qual estas seriam decisivas para a sociedade local? O que tem sido encaminhado em termos de conservação do solo e de reconstituição das matas ciliares têm conseguido proteger as nascentes e as reservas de água da Região? A preservação do Parque Nacional do Iguaçu tem sido realizada mais por ação da esfera federal do que pela esfera regional. Será que a preservação da biodiversidade não é importante para a Região? Caso seja importante, porque não se respeita a faixa de reservas legais nas propriedades? Estas também são importantes para a manutenção de determinados ecossistemas. Estas questões são mais bem discutidas na parte deste trabalho dedicado ao aspecto ambiental. Outro ponto que exige reflexão para a Região é quanto aos desdobramentos do agronegócio brasileiro. A expansão recente da agricultura moderna para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País tem colocado algumas questões sobre a continuidade do processo de expansão desta atividade na região Oeste do Paraná. As regiões recentemente ocupadas encontraram clima favorável, escala maior de produção, solo receptivo aos insumos, portanto de fertilidade adaptável, dando margem a uma produtividade significativa, comparável as alcançadas em regiões tradicionais, como o Oeste do Paraná. Na direção desta expansão da agricultura, desenvolve-se a agroindústria, com a instalação de plantas com maior escala de produção e, também, com tecnologia produtiva mais evoluída. Empresas do ramo de alimentos, com sede na Região Sul do País, estão se incluindo nesta dinâmica e têm implantado novas unidades produtivas nestas regiões e, conseqüentemente, modificado a forma de atuar em sua região de origem. Esta modificação é traduzida em estagnação dos investimentos produtivos, diminuição de escala de produção e até mesmo total deslocamento dos investimentos para as novas regiões.

508 Este processo pode indicar, no mínimo, um questionamento do agronegócio presente na Região Oeste do Paraná e, também, na Região Sul do País. Existe a ameaça iminente de dificuldades de expansão do agronegócio nesta Região? A resposta é que no médio prazo não há indicação de que isto possa ocorrer. 3.2 A Indústria A produção industrial, além da agroindústria, ocorre nos municípios com certo grau de polarização. Cascavel é o que mantém maior diversificação na produção industrial, atingindo nível considerável de ramos, porém, sem apresentar indústrias de grande porte. O mesmo ocorre com Medianeira que, sendo um centro produtor da indústria alimentícia, obtém destaque, também, na indústria de móveis e apresenta a existência de outros ramos industriais relevantes. O ponto que deve ser enfatizado aqui é o fato de não haver uma aglomeração industrial, semelhante ao que ocorre em outras regiões, tais como o Valo do Itajaí, em Santa Catarina e mesmo a Região Metropolitana de Curitiba. Algumas reivindicações realizadas perante os governos estadual e federal, exigem destes uma atitude mais determinada para garantir a instalação de indústrias de grande porte na Região. Estas iniciativas acabam por não considerar limitações significativas para o atendimento destas reivindicações. Inicialmente, pode-se colocar as limitações impostas pela Região não atender às condições mínimas para a localização industrial, tais como: distância em relação aos principais mercados consumidores, distância em relação às fontes de matéria-prima e ao porto, estrangulamento em praticamente todos os modais de transporte e escassez de mão-deobra especializada na produção industrial. Estas limitações são somadas à insuficiente organização dos municípios da Região para a atração e instalação de indústrias. Percebe-se um conjunto de ações isoladas de alguns municípios na busca de indústrias, o que implica em atomização do processo e ainda, competição inter-municípios, o que leva a resultados não significativos e estabelece perda, via custo de oportunidade, para toda a Região.

509 Um processo de industrialização regional, desatrelado da sua produção agropecuária, deverá seguir um tramite exaustivamente pensado e articulado, desde que se inicie pela resolução dos estrangulamentos apontados inicialmente. A partir deste então é que se pode empreender a atração responsável e mensurada de indústrias, que ainda estejam em conformidade com os cuidados com a preservação das potencialidades naturais levantadas anteriormente. 3.3 O Setor Comercial Ao longo do tempo, este setor foi se concentrando nas cidades de Cascavel e Foz do Iguaçu. Porém, com sensíveis diferenças entre as ações nas duas cidades. Em Cascavel, desenvolveu-se um significativo comércio varejista, que atende uma parcela considerável da demanda regional. No mesmo sentido, o comércio atacadista estruturou-se em diversos segmentos, atendendo às necessidades dos demais centros varejistas da Região Oeste do Paraná, de outras regiões do Estado e do País. A pergunta a ser feita é: como esta atividade adquiriu vantagem competitiva estando longe dos centros produtores das mercadorias vendidas? Ainda não se pode estabelecer uma resposta aceitável, mas o fato é que a competitividade existe e estas empresas encontram-se em crescimento, tanto pelo aumento do faturamento, quanto da área de abrangência. Em Foz do Iguaçu, o comércio atacadista desenvolveu-se atrelado a dinâmica de exportação e importação. As empresas constituídas, em sua grande maioria, realizam comércio com a Paraguai e Argentina, aproveitando a vantagem de estar na fronteira com estes países. Inclusive, nota-se a instalação de filiais de empresas de Cascavel, com o intuito de aproveitar esta vantagem geográfica para o comércio exterior. O tamanho da cidade de Foz do Iguaçu, bem como sua área de influência proporcionou o desenvolvimento de uma rede comercial varejista importante. Esta importância provoca sensível centralidade desta atividade no município e inibe a mesma nos municípios vizinhos.

510 Os municípios considerados sub-pólos, desempenham um papel importante quanto ao comércio varejista. Estes funcionam como centro intermediário de comércio, atendendo a necessidade de vários municípios menores, em itens de baixa complexidade. Porém, os itens de maior complexidade acabam sendo buscados em Cascavel ou Foz do Iguaçu. Nesta mesma direção, o comércio varejista nos municípios menores mantém uma demanda muito restrita, que faz esta atividade ser economicamente pouco significativa. O quadro atual do comércio varejista aponta para uma tendência em acentuar os aspectos de polarização em relação a Cascavel e Foz do Iguaçu. Porém, percebe-se, também, espaço para o crescimento do comércio nos centros intermediários, como Toledo, Marechal Cândido Rondon, Palotina e Medianeira. O quadro atual do comércio atacadista aponta para a polarização em Cascavel. Alguns fatores provocaram a perda de dinâmica do comércio atacadista de Foz do Iguaçu. O principal fator é que este depende de variáveis como taxa de câmbio e política de acordo de tarifas alfandegárias, que fogem da espera de decisão regional. A sinalização da dinâmica que vêm dos acordos comerciais com o Mercosul e das discussões da ALCA coloca Foz do Iguaçu numa posição de fragilidade, não deixando claro os desdobramentos futuros destas atividades comerciais com os paises fronteiriços. 3.4 O Setor de Prestação de Serviços A polarização na prestação de serviços é ainda mais destacada que nos demais setores. Cascavel e Foz do Iguaçu concentram grande parte dos serviços especializados, que são ofertados na Região. O primeiro destaque pode ser dado por estes dois centros hospedarem os principais órgãos da administração pública estadual e federal. Pode-se, também, destacar os serviços da área da saúde e educação, bem como os serviços financeiros, de consultoria empresarial e de profissionais liberais. O setor de prestação de serviços apresenta, em Foz do Iguaçu, uma infra-estrutura significativa para o atendimento do Turismo. Este setor enfrenta, na atualidade, alguns problemas de viabilidade, mas sua potencialidade é um fato presente.

511 Os setores de prestação de serviços em saúde, educação e turismo ganharão um espaço maior de discussão neste trabalho. Porém, com as necessidades despertadas pelo processo de globalização, observa-se uma tendência de crescimento da demanda de serviços em consultoria empresarial, bem como a necessidade de serviços prestados por profissionais liberais, como advogados, engenheiros, arquitetos, entre outros. 3.4.1 Turismo A atividade turística regional contribui para o desenvolvimento dos municípios promovendo transformações que podem alavancar a geração de empregos. A Região Oeste do Paraná já atrai milhares de visitantes anualmente com as Cataratas do Iguaçu e com a Usina de Itaipu. Entretanto, é ainda incipiente uma dinâmica turística mais regionalizada, considerando-se para isto o contexto histórico e geográfico em que cada município encontrase inserido. O que se verifica, são inúmeras diferenças presentes em cada região no que tange às condições geo-econômicas, sociais e culturais, caracterizando um Oeste do Paraná heterogêneo em sua constituição. Um novo arranjo espacial, ou seja, uma nova maneira de assimilar o território deve respeitar uma configuração ainda vinculada às atividades agrícolas e que não possui elevada mobilização coletiva no sentido de permitir uma re-orientação para outras atividades que não aquelas já realizadas, ou seja, há restrições a uma reconversão produtiva. O desafio, neste sentido, está em permitir que os lugares ingressem em roteiros de turismo regional, prolongando e densificando a rede de lugares com aptidões paisagísticas. Cabe, mediante as especificidades regionais, a abertura de novas áreas turísticas considerando atividades como: a pesca, parques temáticos, jogos e festivais, que enfatizem a cultura e a gastronomia locais. Isto possibilitaria a valorização dos espaços locais, podendo se constituir em uma importante fonte de renda para os municípios. Necessariamente, ocorre a construção de uma nova territorialização, impondo novos recortes que, velhas territorialidades não vislumbram em suas estruturas. Este, possivelmente, é o maior desafio a ser vencido nesta

512 Região: construir um território turístico através de uma ligação afetiva com o lugar, possibilitando para o Oeste do Paraná uma nova identidade, uma nova organização de seu espaço. Na região, o Reservatório da Usina Hidrelétrica de Itaipu, configura-se no locus mais favorável para o desenvolvimento de atividades turísticas integradas. Abrangendo o lado brasileiro (Foz do Iguaçu a Guaíra) são quinze municípios potencialmente aptos a desenvolver áreas turísticas, principalmente vinculadas ao ecoturismo. Cabe, efetivamente, o desenvolvimento de análises mais complexas para perceber o real significado desta atividade econômica na dinâmica regional, agindo como um instrumento para a melhoria da qualidade de vida da população. 4 ASPECTOS SOCIAIS O atendimento nas áreas de saúde e educação concentra grande parcela dos gastos públicos na área social. Porém, não se devem deixar para segundo plano os gastos com assistência social, habitação popular e saneamento básico. Neste sentido, esta seção será dividida em algumas sub-seções para tratar com mais propriedade a abrangência de assuntos nela tratada. 4.1 Educação O diagnóstico traçado nesta área apontou para alguns limites, mas, também, deixou marcada a presença de potencialidades. O quadro atual da educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, encontra-se, ainda, em processo de reformulação e adaptação à nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de dezembro de 1996. Esta Lei modificou as competências das esferas governamentais, redefiniu os níveis de ensino, criou novos critérios de financiamento, estabeleceu a necessidade de qualificação superior para os docentes, impôs diretrizes quanto a indicadores de oferta de ensino, o que exigiu uma mobilização nacional.

513 Na Região Oeste do Paraná, os municípios também tiveram que se adaptar a estas novas diretrizes. Alguns pontos das mudanças criaram impactos, diretamente na forma de organização dos municípios quanto a oferta da educação pública. A baixa relação de alunos por professor impulsionou o fechamento de diversas escolas rurais. Este fato, provocou o encarecimento do custo com transporte escolar dos municípios e impulsionou o processo de urbanização, verificado nos últimos anos. O processo de adaptação, ocorrido nos últimos anos, entre a oferta de responsabilidade do Município e do Estado, aponta para um problema de relativa complexidade. Os municípios ficaram com a responsabilidade de oferecer a educação infantil e as quatro primeiras séries do ensino fundamental. O Estado ficou com a incumbência de suprir as quatro séries finais do ensino fundamental e o ensino médio. A criação do FUNDEF (Fundo de Valorização do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério) estabeleceu uma forma restrita de administração dos gastos com educação. Este fundo direciona grande parte dos recursos, para o financiamento do ensino fundamental, o que cria algumas reações por parte das esferas governamentais. Nos municípios, o FUNDEF financia as ações com as quatro primeiras séries do ensino fundamental, o que cria alguns problemas quanto ao atendimento do transporte escolar e ao atendimento da educação infantil. O transporte escolar não pode ser custeado com os recursos do fundo, o que limita a atuação das prefeituras. A educação infantil foi estendida para a faixa etária de 0 a 6 anos, o que aumentou a necessidade de investimento em instalações mais adequadas ao ensino, do que eram as antigas creches, sendo que, também impulsionou a necessidade de contratação de profissionais, com nível adequado de qualificação para atuar neste segmento. Como o transporte escolar e a educação infantil não podem ser custeados com recursos do FUNDEF, os municípios acabam por não priorizar estes segmentos, o que cria um problema processual na aprendizagem, sem contar outros problemas sociais. Na rede estadual, a criação do FUNDEF também causou modificações na oferta. A atuação no ensino fundamental foi privilegiada, em detrimento do ensino médio. Percebe-se esta ocorrência pelo fechamento dos cursos profissionalizantes de nível médio. A justificativa

514 oficial seria a falta de demanda para estes cursos e, também, a criação dos cursos Pós-médios, uma formação profissionalizante alternativa ao ensino superior. Até este ponto discutiu-se a educação pública. Não que a oferta privada do ensino nestes níveis seja irrelevante, mas que a preponderância da oferta pública é gritante na Região Oeste do Paraná. A demanda por vagas na escola pública tem encontrado, em contrapartida, uma oferta suficiente no ensino fundamental. Porém, a educação infantil, principalmente, nos maiores centros, não consegue suprir as necessidades da população. O ensino médio não registra falta de atendimento significativa. Porém, percebe-se que a busca deste nível de ensino, principalmente nos municípios menores, tem sido difícultada pela distância percorrida pelos alunos. As escolas estão nas sedes dos municípios, o que tende a diminuir, consideravelmente, a procura por parte dos alunos. Nos centros maiores, a dinâmica populacional, discutida anteriormente, estabeleceu a necessidade de criação de vagas na educação infantil, ensino fundamental e médio. Esta criação ocorre limitada pelos problemas de financiamento apontados, que acabam privilegiando o atendimento ao ensino fundamental. Esta morosidade no atendimento e a pressão por vagas acabam por impulsionar o atendimento privado de ensino. O segmento que tem maior tendência de crescimento na rede privada é a educação infantil, principalmente pela pequena quantidade de vagas oferecidas pela rede pública. Percebe-se, também, uma tendência de crescimento ns oferta privada do ensino médio e, inclusive, do ensino fundamental. Esta dinâmica encontra respaldo no processo de polarização, pois a concentração maior de renda e população, em cidades como Cascavel, aumentam a demanda por serviços na área da educação privada. A dinâmica da educação superior ocorre por um processo diferente do tratado até então. A maior parte das vagas oferecidas encontra-se na rede privada e não na esfera pública. Sendo este um fenômeno recente na Região. A consolidação da UNIOESTE (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), enquanto Universidade foi de fundamental importância para a Região. Ainda mais, com sua

515 característica multi-campi, mantendo estrutura de oferta em Cascavel, Foz do Iguaçu, Toledo e Marechal Cândido Rondon. Porém, a oferta de vagas no ensino de graduação demonstrou ser insuficiente para o atendimento da demanda. Desta forma, houve a constituição de inúmeras instituições privadas, oferecendo vagas pra suprir a elevada demanda existente. Além do ensino público oferecido pela UNIOESTE, a Região conta, ainda, com um campus da UFPR (Universidade Federal do Paraná), em Palotina e com uma unidade do CEFET (Centro Federal de Ensino Tecnológico), em Medianeira. Esta verticalização observada no ensino pode ter sido impulsionada por alguns aspectos relevantes. Dentre vários, destacam-se: a) a exigência de qualificação superior para os docentes da educação infantil e do ensino fundamental, que impulsionou a demanda por graduação em pedagogia e, também, em todas as licenciaturas; e b) o processo de globalização exigiu a presença de profissionais liberais e da área de gestão empresarial, o que provocou a criação de inúmeros cursos na área de ciências sociais aplicadas, como Administração e Direito. O processo de expansão da oferta do ensino superior, por instituições privadas, criou uma significativa concentração em Cascavel e Foz do Iguaçu, para depois iniciar a expansão para os municípios médios, como Medianeira, São Miguel do Iguaçu, Toledo, Guaíra, Assis Chateaubriand e Marechal Cândido Rondon. O aumento de vagas realizado pelas instituições privadas de ensino, resolveu momentaneamente a demanda reprimida que havia. Porém, a Região tem como desafio, a criação de vagas para colocação destes profissionais no mercado de trabalho regional. Pois, o não aproveitamento destes profissionais na Região, poderá impulsionar uma migração para outras regiões do Estado, com maior capacidade de geração de emprego. Percebe-se que, mesmo com uma criação restrita de vagas para os profissionais de nível superior, ocorre uma adaptação dos empregadores em aumentar o grau de exigência de qualificação para a ocupação de vagas, antes direcionadas ao profissional de formação em nível médio. Mas, este processo ainda demonstra ser restrito e não adequado para o quadro de profissionais que estão sendo formados.

516 Dentro do quadro atual, englobando o ensino público e privado em nível superior, verifica-se que a capacidade de qualificação seria suficiente para responder às necessidades de desenvolvimento da Região. Esta capacidade independeria, inclusive, das necessidades de criação de cursos em áreas diferentes das já existentes, pois a versatilidade das instituições particulares proporcionaria o atendimento da demanda exigida. No caso das instituições públicas, apesar de ainda serem criados novos cursos, o quadro é de retração dos investimentos. Portanto, qualquer necessidade adicional de formação tende a ser suprida pela área privada. Como último ponto deste segmento, cabe discutir o ensino de pós-graduação. A Região recebeu uma grande quantidade de vagas para cursos de pós-graduação lato sensu. Estes cursos, têm como objetivo a formação profissional do indivíduo para atuação no universo empresarial e público. A expansão de vagas da graduação exige a formação de um número significativo de docentes, sendo necessário, portanto, a criação de cursos de pósgraduação stricto sensu, fato que ainda encontra-se no horizonte de longo prazo para a Região. Esta dificuldade poderá criar alguns pontos de estrangulamento na expansão verificada no ensino superior. 4.2 Saúde A dicotomia existente entre a saúde curativa e preventiva está presente na Região Oeste do Paraná, tomando contornos semelhantes ao que ocorre no restante do País. Os programas desenvolvidos na Região privilegiam a parte curativa, em detrimento da preventiva. Esta prática, comum em outras áreas do País, cria sérias limitações para obtenção de melhoria das condições de vida da população. A infra-estrutura de saúde curativa da Região constitui-se numa complexa rede de hospitais e clínicas nas mais diversas especialidades. Porém, a concentração destes serviços em Cascavel é evidente. Em Foz do Iguaçu, a infra-estrutura atende às necessidades locais, principalmente pelas especialidades e estrutura do Hospital Costa Cavalcanti. Municípios de porte médio, como Toledo, ainda conseguem realizar um significativo atendimento local e ainda outros municípios mais próximos.

517 Esta visão geral fica bastante modificada, ao se separar o atendimento público do atendimento privado. A rede de atendimento público, como na maior parte do País, não atende de forma suficiente às necessidades da população. A concentração dos serviços em Cascavel, Foz do Iguaçu e nos municípios médios, justificou a criação dos consórcios municipais de saúde. Estes consórcios buscam organizar o acesso da população aos centros de atendimento. Porém, os fracos laços de cooperação entre os municípios, aliados a uma estrutura subdimensionada e concentrada são fatores impeditivos para o funcionamento adequado destes consórcios e, conseqüentemente, do atendimento à população. Portanto, a solução dos problemas de saúde vai além do alcance deste setor. A articulação dos demais setores de serviços envolvidos no enfrentamento destes problemas, na Região Oeste do Paraná é, em parte, fragmentada, setorizada e desarticulada, muito embora as formulações legais, permitam uma ação integrada. A intersetorialidade ganha, assim, especial importância no enfrentamento contínuo dos problemas. Trabalhar intersetorialmente os problemas significa, num trabalho conjunto de vários setores do governo e com a participação de organizações não governamentais, identificar os principais problemas que incomodam uma comunidade, definir causas dos problemas e unir todas as forças para enfrentar essas causas. Para isto, a integração regional é prioritária, mas ainda encontra-se distante sua efetivação na Região Oeste do Paraná. Estas soluções envolverão não somente ações típicas dos serviços de saúde, mas, também, ações de saneamento, nutrição, educação ambiental, habitação, entre outros. Nesse caso, os serviços governamentais de saúde, a comunidade e as organizações como: pastoral da saúde, grupos ambientais e outros, deverão ser envolvidos na questão. As migrações regionais ou mesmo internacionais, que favorecem a uma concentração populacional nos centros urbanos, provocam um impacto muito grande no meio que as recebem, gerando desequilíbrios ambientais, impactos na demanda de serviços públicos e na distribuição de uso do solo. Na Região Oeste do Paraná, o contínuo crescimento demográfico de cidades como Cascavel e Foz do Iguaçu, prejudica o atendimento às condições básicas de vida da população, gerando dificuldades no atendimento de toda a demanda por serviços públicos gerada.

518 Apesar dos esforços empreendidos para melhoria do atendimento à saúde, verificados nos últimos anos, os programas de saúde preventiva contam, ainda, com condições insuficientes para estabelecer um padrão mínimo de qualidade de vida para a população regional. Há uma falta de preocupação com questões básicas ligadas ao tratamento de esgotos, coleta e depósito do lixo, habitação e alimentação, além dos problemas oriundos da forma de produção agropecuária realizado na Região. 5 ASPECTOS AMBIENTAIS A questão dos recursos ambientais e da ordenação do espaço regional possui, enquanto cenário tendencial, uma configuração que pode ser traduzida pelos seguintes aspectos: a) Com padrões de clima inalterados, a Região Oeste do Paraná deverá possibilitar o contínuo aumento da produção agroalimentar, ampliando-se a necessidade de fomentar ações voltadas a agroecologia. Os demais recursos naturais, em especial a flora, tendencialmente ainda vêm sofrendo o efeito combinado da degradação dos solos e da antropização, mesmo que atenuado pela parcial introdução de tecnologias eco-sensíveis nas atividades produtivas e por medidas de caráter mais abrangente de controle ambiental; b) A crescente urbanização e o aumento da demanda por água, decorrentes das atividades industriais, num cenário de médio prazo, possivelmente serão atendidas pelas potencialidades dos recursos hídricos regionais. Entretanto, para que isto seja efetivamente viabilizado, deve-se atentar para programas específicos de controle da poluição ambiental. Diante deste quadro, considera-se necessário o zoneamento ecológico-econômico da Região, orientando-a para a reorganização de seu meio rural e a modernização na busca de uma agropecuária agroecológica; bem como para o processo de urbanização em sentido amplo nele incluídas as atividades produtivas das cidades e para a infra-estrutura econômica e social. Estes são fatores capazes de condicionar e impulsionar, em caráter permanente, o desenvolvimento regional. Para o estabelecimento de um cenário desejado são necessárias as seguintes condições:

519 Otimização dos recursos hídricos isto preconiza o gerenciamento integrado das águas. Fator condicionante para a vida, sua disponibilidade é fortemente afetada pelo desperdício e pela má utilização. Apesar de sua abundância, a Região Oeste ainda não efetivou, à exceção da Itaipu Binacional, adequada institucionalização para o gerenciamento das águas, tanto de superfície como subterrâneas, objetivando conduzir a um aproveitamento ótimo do potencial e ao uso racional das águas. Cabe, nesta otimização, a obtenção de padrões desejáveis de sustentabilidade hídrica, evitando o desperdício na agricultura e na indústria. Conservação dos solos: isto sugere, fundamentalmente, a otimização da utilização sustentável para fins produtivos dos solos, conforme suas aptidões (respeitando as diretrizes de um zoneamento ecológico-econômico regional). Ampliação da biodiversidade: como fonte permanente de riqueza e bem-estar, envolvendo, de uma parte, a geração de conhecimento sobre a flora e a fauna e sua aplicação produtiva. É fundamental a transformação nas práticas agropecuárias tradicionais, com a introdução de tecnologias ecossensíveis, economicamente eficientes e compatíveis como um modelo de organização da vida rural que articule e integre as atividades agro-silvopastoris. Destaca-se, neste contexto, a recuperação, criação e manutenção das unidades de conservação, localizadas em áreas representativas dos variados ecossistemas regionais, identificadas com fundamento em estudos biogeográficos. O Parque Nacional do Iguaçu deve ser reforçado em sua infra-estrutura e capacidade de pesquisa, criando-se unidades complementares. A promoção do turismo ecológico pode constituir-se em fonte de renda capaz de financiar a manutenção das áreas de preservação, bem como o esforço da pesquisa. proteção e controle ambiental; constitui-se numa das formas mais eficazes para a preservação e proteção dos mananciais, bem como para assegurar a boa qualidade da água. Particularmente, são necessárias ações para proteção e renovação dos ecossistemas das bacias hidrográficas, em particular das matas ciliares; racionalização da ocupação e do uso do solo, bem como de seu manejo adequado, de forma a otimizar impactos indesejáveis sobre os recursos hídricos, tais como erosão e assoreamento e proteção das nascentes das águas.

520 O esclarecimento da sociedade sobre os efeitos ambientais das atividades humanas, através da educação ambiental, bem como o estímulo à participação comunitária em seu controle, são imprescindíveis para as respostas da comunidade em relação a tais questões. Portanto, o cenário aponta para a urgência na busca do necessário equilíbrio na exploração dos recursos naturais, particularmente dos não renováveis. As necessidades relacionadas ao desenvolvimento econômico vinculam-se a esta preservação e são condicionantes do desenvolvimento industrial e agroindustrial, das opções energéticas, dos grandes projetos de modernização agrícola, da infra-estrutura de transportes e do turismo e, principalmente, da urbanização. 6 INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES Com base no diagnóstico da infra-estrutura regional de transportes e suas demandas em nível estadual, aliada a estudos de projeção de tráfego e movimentação de mercadorias, entende-se que a Região precisa ser melhor atendida dentro dos programas governamentais que prevêem prioridades de investimentos e de destinação de recursos públicos. A localização geográfica, a distância de grandes centros de consumo (mercados e portos), e as características dos produtos (commodities e produtos de baixo valor agregado), bem como a precariedade atual e a escassez de investimentos futuros em rodovias de ligação regional, podem fazer dos transportes um importante ponto de estrangulamento para o desenvolvimento sustentado da Região, à medida em que implicar elevação dos custos de transportes e repercutir na perda de competitividade regional, da produção local e do potencial de atração de negócios. O contraponto implicaria, então, em investimentos prioritários, de acordo com os modais, considerados estratégicos: - Ferroviário: 1) sejam incentivados novos investimentos ferroviários no Estado como forma de reduzir o custo de transporte dos produtos, criando forças competitivas para a produção estadual, evitando a evasão de parte desta para outros portos, principalmente o Porto de São Francisco, concorrente mais próximo geograficamente, e que esta seja, também, uma forma de se contrapor aos

521 investimentos de outros estados, conseguindo, desta forma, atrair/manter cargas com origem em outros estados. Além do mais, a necessidade do desenvolvimento da ligação ferroviária com o Porto, está tornando-se premente; 2) sejam feitos os investimentos na correção dos estrangulamentos existentes; 3) seja construído o ramal da Ferroeste até Foz do Iguaçu e que haja a continuidade da construção da ferrovia até Guairá; - Rodoviário 4) seja revisto imediatamente o Planejamento de duplicação de rodovias paranaenses, expresso no Programa Anel de Integração, e que nele faça constar melhorias nas condições de tráfego das rodovias localizadas na parte ocidental do Estado, com ênfase nas regiões de Campo Mourão e Cascavel; 5) sejam destinados recursos e desenvolvido Plano Diretor regional para melhor diagnóstico das rodovias de interligação regional; - Portuário: 6) o Porto de Paranaguá prossiga firmemente na rota da modernização, com a conseqüente redução dos custos das operações portuárias, que é uma maneira viável para se reduzir os impactos contrários do pedágio e de tendência de aumento de outros custos associados ao transporte rodoviário; 7) aumento da capacidade de recepção e armazenagem no Porto para otimizar as operações de descarga e as condições de comercialização das safras; - Empresarial: 8) o desenvolvimento de empresas na área de logística agroindustrial, o que pode viabilizar o aumento nas cargas de retorno, que implica em redução dos fretes no escoamento da safra, e estruturas de armazenamento, para evitar os picos de demanda concentrada em alguns meses do ano; 9) incorporação de tecnologia nos terminais e nos veículos. As estratégias de desenvolvimento necessitam contar com uma adequada e eficiente infra-estrutura de transportes para construir a competitividade regional. Os meios para se atingir esse fim (o desenvolvimento) são a viabilização de custos menores na recepção de

522 matérias-primas e na distribuição dos produtos acabados e na movimentação de pessoas, com os desdobramentos na melhor qualidade de vida e das viagens. 7 INTERVENÇÃO DO SETOR PÚBLICO A atuação do setor público na Região Oeste do Paraná sempre foi preponderante para os rumos do desenvolvimento regional. A atuação do governo federal, estadual e municipal, provavelmente, deverá tomar um rumo diferente no futuro. A intervenção municipal, na realidade do Oeste do Paraná, vem ocorrendo desde a sua formação enquanto região. Porém exige-se um novo contorno para esta ação. As ações isoladas tendem a não permitir que os objetivos sejam atingidos na integridade esperada. Desta forma, o poder público municipal deverá buscar aliar às suas ações pontuais, ações articuladas com os demais municípios, criando uma rede para potencializar o impacto destas iniciativas. A perspectiva traçada no cenário anterior esbarra em alguns problemas existentes. Os pequenos municípios são altamente dependentes de transferências das outras esferas de governo. Isto limitaria os recursos disponíveis para realizar qualquer intervenção, porém, este fato seria um motivo a mais para ação de forma integrada, juntando os poucos recursos de vários municípios em ações que beneficiariam o conjunto. Os municípios maiores possuem um certo poder de geração de receitas próprias, porém, a concentração de população nestes exige um gasto proporcionalmente maior que os pequenos, para o atendimento dos serviços públicos. Este fato, também, demonstra a necessidade de se buscar ações integradas, pois os problemas enfrentados pelos centros maiores tendem a se agravar com o processo de polarização discutido anteriormente. Portanto, criar dinâmica nos municípios médios e pequenos também é interessante para os centros maiores, porque cria tendência de queda na atração, principalmente populacional, para estes locais. Os municípios lindeiros possuem recursos adicionais, vindos do recebimento de royalties pela produção de energia elétrica da Usina de Itaipu. Neste sentido, o poder de

523 intervenção na esfera econômica e social, daqueles que recebem valor proporcionalmente significativo, é maior que nos demais municípios. Assim, a forma de intervenção deve ser articulada, para que estes recursos, de presença determinada, possam render, não apenas benefícios imediatos para os que o recebem, mas, também, modificar as condições futuras dos mesmos e daqueles municípios que estiverem com eles articulados. A intervenção estadual na Região dependerá da transposição de algumas barreiras existentes. Dentre as barreiras, destaca-se: a) a baixa representatividade política da Região na Assembléia Legislativa e nos escalões do Executivo; b) falta de perspectiva de um programa de incentivo às atividades do agronegócio; c) falta de política de incentivos ao turismo regional; e d) ênfase no desenvolvimento da Região Metropolitana de Curitiba. Dentro do quadro atual, o Governo Estadual não indica perspectivas de intervenção efetiva na Região Oeste do Paraná, nem tão pouco, há indícios de que a Região desperte este interesse num curto prazo. A campanha política, para os cargos do executivo e legislativo estadual, não sinaliza melhora do quadro traçado anteriormente. Assim, coloca-se a necessidade da sociedade regional criar mecanismos que permitam o direcionamento de ações do Governo Estadual para a Região. Estes mecanismos dependem de um processo de organização ainda incipiente na Região. A intervenção federal na Região ocorreu por alguns fatores externos à própria dinâmica regional. A localização privilegiada de fronteira impulsionou diversos investimentos, como a construção da Ponte da Amizade e a pavimentação da BR 277, ainda na década de 1960, além da instalação de vários órgãos públicos federais para garantir a segurança e o funcionamento dos serviços na fronteira. A construção da Itaipu, na década de 1970, estabeleceu uma nova onda de investimentos federais que modificaram totalmente a realidade regional. Percebe-se, portanto, que as intervenções do Governo Federal, sempre ocorreram como parte de um plano maior, traçado pelo interesse estratégico do País. O questionamento que surge é se a Região ainda faria parte de planos estratégicos, que fomentassem uma nova onda de investimentos federais na Região.

524 A resposta para esta pergunta passa por diversos pontos, tais como: as perspectivas de retomada de ações com os países do Mercosul, as negociações de ingresso na ALCA, a importância quanto à posição das fronteiras com os países do Cone Sul, a dificuldade do governo federal em destinar recursos para investimentos e a prioridade de investimento em outras regiões. Prever o desenrolar destes pontos é uma tarefa pouco indicada para um cientista social, mais adequada para as ciências ocultas. Porém, pode-se tomar alguns indicativos vindos da experiência passada. O Mercosul, ao promover um maior volume de comércio com os países membros, dificultou as atividades comerciais desenvolvidas em Foz do Iguaçu, pois as transações passaram a ocorrer diretamente com os centros produtores. Caso sejam restabelecidas as negociações do Mercosul, que efetivamente crie uma área de livre comércio, haverá a necessidade de toda uma reorientação da atividade econômica desenvolvida na fronteira. O mesmo raciocínio deve ser realizado com as discussões de inserção do País na ALCA. A região de fronteira deverá inserir-se na nova dinâmica e aproveitar sua localização geográfica ou apenas apreciar o transporte da produção realizada em outras partes dos países? Percebe-se que este não é apenas o desafio de Foz do Iguaçu e da Região Oeste do Paraná, mas também de Ciudad de Leste, no Paraguai e Puerto Iguazu, na Argentina. Outro ponto que deve ser enfatizado refere-se às prioridades do Governo Federal. O conflito existente na Colômbia e a gigantesca fronteira deste País com a Amazônia, indicam a necessidade de um maior volume de investimentos naquela Região. Além disso, as obras de infra-estrutura nas áreas de energia e transporte para as regiões de expansão agropecuária e agroindustrial têm dominado o orçamento da União. Neste sentido, haveria possibilidade da Região Oeste do Paraná não ser contemplada por investimentos federais nos períodos futuros, caso permaneça o quadro atual.

525 8 ORGANIZAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO As iniciativas de desenvolvimento para a Região Oeste do Paraná devem ser buscadas por mecanismos de participação da sociedade nas decisões descentralizadas de planejamento e, buscando sempre o desenvolvimento integrado. Isto implica em responsabilidade política e técnica para validação dos processos e formulações políticas para a Região. Esta questão exige um amplo esforço de PARCERIA entre o Governo, em todos os seus níveis, as empresas privadas e a sociedade organizada. Parceria que pressupõe, ademais, uma nova abordagem para a estratégia regional, enfatizando mais as potencialidades que as limitações, privilegiando o consenso sobre a confrontação e buscando, de um modo geral, integrar as regiões periféricas no mesmo processo de transformação tecnológica, econômica, social e cultural dos locais centrais, o que deverá elevar toda a Região a novos patamares de desenvolvimento, no futuro próximo. Isto remete à necessidade cada vez maior de exercitar a capacidade criativa da sociedade. Em economia de mercado, só é possível deter as tendências estruturais ao centralismo econômico mediante ação política, a qual requer visão ampla do processo social. Somente a vontade política 1 pode evitar que a difusão da racionalidade econômica venha transformar um tecido social diversificado num amálgama de consumidores passivos. E essa vontade política entre nós é inseparável do federalismo. O problema institucional maior que se coloca à sociedade brasileira é exatamente esse de estimular a capacidade criativa em todos os segmentos, capacidade que entre nós tem raízes regionais. Não se pode ignorar que à sombra do centralismo enraizado nos longos períodos de governos ditatoriais o poder executivo foi ocupando mais espaço no campo das decisões substantivas, diluindo a ordem federativa. Grande parte dos dispêndios do governo federal já não decorre de autorização parlamentar, mas tem origem no arbítrio das autoridades administrativas. (FURTADO, 1999, p.53). A vontade política deve embasar-se em critérios técnicos para que se estabeleçam decisões coerentes e adaptadas à realidade regional. Para POLESE (1998, p. 109): Para 1 Grifo nosso.