FELICIDADE CLANDESTINA

Documentos relacionados
Nota. Felicidade Clandestina Clarice Lispector. By admin May 17, Comments

DATA: 02 / 05 / 2016 I ETAPA AVALIAÇÃO ESPECIAL DE LÍNGUA PORTUGUESA 5.º ANO/EF ALUNO(A): N.º: TURMA:

Colégio Santa Dorotéia

PROVA II - LÍNGUA PORTUGUESA

NOME DO ALUNO (A): Nº : DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA - 7º ANO MANHÃ/TARDE JUNHO/2013 PROFESSORA: CERÊMAR DE FÁTIMA ESTUDO DIRIGIDO - 1 /2 BIMESTRES

ROTEIRO ORIGINAL 2º bimestre do 9º Ano do Ensino Fundamental: 2º CICLO

COLÉGIO XIX DE MARÇO excelência em educação

A ICONICIDADE EM CLARICE LISPECTOR: UMA CLANDESTINA FELICIDADE

FORMAÇÃO CONTINUADA SEEDUC APERFEIÇOAMENTO EM LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA - 9 EF. Beatriz Medina e Silva

FORMAÇÃO CONTINUADA - SEEDUC Aperfeiçoamento em Língua Portuguesa e Literatura / 9 EF / 2º Bimestre / 2º Ciclo

Aula 2 TIPO TEXTUAL NARRATIVO

N o de inscrição do candidato COPIE NO CARTÃO-RESPOSTA

O CÂNONE LITERÁRIO NA EJA

1ª PARTE: MÚLTIPLAESCOLHA

FELICIDADE CLADESTINA DE CLARICE LISPECTOR: AS RELAÇÕES DE PODER

Por. Eduardo Valladares (Caroline Tostes)

O tipo textual descritivo

FELICIDADE CLANDESTINA

Diante de leituras, estudos e reflexões, é possível notarmos que, por muito tempo, a literatura exerceu um papel hegemônico na sociedade, con-

FELICIDADE CLANDESTINA

CADERNOS DO CNLF, VOL. XII, Nº 17 QUESTÕES LINGUÍSTICAS E GRAMATICAIS

Fico às vezes reduzida ao essencial, quer dizer, só meu coração bate. (Clarice Lispector)

CENTRO DE HUMANIDADES CAMPUS III DEPARTAMENTO DE LETRAS CURSO DE LICENCIATURA PLENA LETRAS BRENDA SILVA DO NASCIMENTO

FEVEREIRO / MARÇO / ABRIL

Fazer uma roda de conversa com os alunos com o tema: Quem gosta de ler? Conversar com

LISTA DE RECUPERAÇÃO DE LINGUAGENS 7º ANO CARLA

DATA: 08 / 05 / 2015 I ETAPA AVALIAÇÃO ESPECIAL DE LÍNGUA PORTUGUESA 8.º ANO/EF ALUNO(A): N.º: TURMA:

DATA: / / 2015 I ETAPA AVALIAÇÃO ESPECIAL DE EDUCAÇÃO RELIGIOSA 5.º ANO/EF ALUNO(A): N.º: TURMA: PROFESSOR (A): VALOR: 8,0 MÉDIA: 4,8 RESULTADO: %

O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR: POR UMA COMPREENSÃO GLOBAL DO TEXTO RESUMO

Revista Sul-Americana de Filosofia da Educação RESAFE 36

DATA: 27 / 09 / 2014 II ETAPA AVALIAÇÃO DE RECUPERAÇÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA 5.º ANO/EF ALUNO(A): Nº: TURMA:

A EXPERIÊNCIA EDUCATIVA DE CLARICE LISPECTOR NO CONTO FELICIDADE CLANDESTINA A PARTIR DA ÓTICA DE WALTER BENJAMIN

Capítulo 1 - O vencedor

FUNDAMENTAL COMPLETO

Interpretação e Produção de Textos

DATA: 11/03/ EDITAL 001/2011

Reflexões sobre a leitura, a histeria e a feminilidade em Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DA APRENDIZAGEM ADA 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL / 1º BIMESTRE 2019 MATEMÁTICA (A) 3 (B) 3 (C) 3 (D) 3

PORTUGUÊS. Professor Nei Xavier

DATA: 26 / 09 / 2014 II ETAPA AVALIAÇÃO DE RECUPERAÇÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA 1.º ANO/EM ALUNO(A): Nº: TURMA:

FELICIDADE CLANDESTINA E RESTOS DO CARNAVAL, DE CLARICE LISPECTOR: A CONSTRUÇÃO DAS PERSONAGENS-PROTAGONISTAS INFANTIS

DATA: 02 / 05 / 2016 I ETAPA AVALIAÇÃO ESPECIAL DE LÍNGUA PORTUGUESA 3.º ANO/EF ALUNO(A): N.º: TURMA:

As questões de 1 a 7 referem-se ao texto Vitamina B reduz risco de câncer, retirado da Revista Veja.

Colégio Santa Dorotéia

DATA: 03 / 05 / 2017 I ETAPA AVALIAÇÃO ESPECIAL DE LÍNGUA PORTUGUESA 3.º ANO/EF ALUNO(A): N.º: TURMA:

REGULAMENTO. Atenção Condição de anulação da prova: Retângulos preenc

O CRUZAMENTO DE IDÉIAS E ANALOGIAS ENTRE VIRGÍNIA WOOLF E CLARICE LISPECTOR

DATA: 02 / 12 / 2013 III ETAPA AVALIAÇÃO ESPECIAL DE LÍNGUA PORTUGUESA 3.º ANO/EF ALUNO(A): N.º: TURMA:

O menino que aprendeu a ver Ruth Rocha

Aventuras de uma gota d água

O tipo textual descritivo

ASSOCIAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DO ALTO URUGUAI CATARINENSE AMAUC EDITAL DE PROCESSO SELETIVO Nº 001/2017 PREFEITURA MUNICIPAL DE IRANI - SC CARGO: MÚSICA

Interpretação e Produção de Textos

DATA: / / 2013 III ETAPA AVALIAÇÃO ESPECIAL DE EDUCAÇÃO RELIGIOSA 4.º ANO/EF ALUNO(A): N.º: TURMA: PROFESSOR(A): VALOR: 10,0 MÉDIA: 6,0 RESULTADO: %

Pois olhe, Paulo, você não pode imaginar o que aconteceu com aquele coelho. Se você pensa que ele falava, está enganado. Nunca disse uma só palavra

O Dono da Bola. Leia com atenção o texto a seguir.

Funções da linguagem

ROTEIRO DE ATIVIDADES- ORIGINAL- VERSÃO REVISADA 9º Ano do Ensino Fundamental / 2º Bimestre /2º Ciclo

ASSOCIAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DO ALTO URUGUAI CATARINENSE AMAUC EDITAL DE PROCESSO SELETIVO Nº 001/2017 PREFEITURA MUNICIPAL DE IRANI - SC CARGO: LEITURA

A minha vida sempre foi imaginar. Queria ter um irmãozinho para brincar...

Colégio Santa Dorotéia Disciplina: Língua Portuguesa / ORIENTAÇÃO DE ESTUDOS Ano: 2º - Ensino Fundamental - Data: 8 / 11 / 2018

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA (LECTIO DIVINA) REFLEXÕES DE FREI CARLOS MESTERS,, O. CARM REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

A conta-gotas. Ana Carolina Carvalho

BEM TE VIU, BEM TEVÊ

DATA: / / 2015 III ETAPA AVALIAÇÃO DE EDUCAÇÃO RELIGIOSA 9.º ANO/EF ALUNO(A): N.º: TURMA: ALUNO(A): N.º: TURMA: ALUNO(A): N.º: TURMA: O SER HUMANO

''TU DUM, TU DUM, TU DUM'' este era o barulho do coração de uma mulher que estava prestes a ter um filho, o clima estava tenso, Médicos correndo de

QUE(M) ME FEZ LEITOR? MEMÓRIAS PARA PENSAR O LETRAMENTO LITERÁRIO OLIVEIRA, E. R. (UFSC-Florianópolis). 1. Introdução

Leitura, essa felicidade clandestina RESUMO

UMA HISTÓRIA PARA CLARICE

COLÉGIO NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS SIMULADO/2018 1º SIMULADO BLOCO I ETAPA I - 1º ANO

Colégio Santa Dorotéia

UNIDADE: DATA: 28 / 11 / 2015 III ETAPA AVALIAÇÃO ESPECIAL DE LÍNGUA PORTUGUESA 2.º ANO/EF ALUNO(A): N.º: TURMA:

Declaração Universal dos Direitos Humanos

Fragmentos de Amor Eduardo Baqueiro

Colégio Santa Dorotéia

Ignácio de Loyola Brandão. o menino que. perguntava. ilustrações de Mariana Newlands

III ETAPA AVALIAÇÃO ESPECIAL DE LÍNGUA PORTUGUESA 6.º ANO/EF ALUNO(A): N.º: TURMA:

A minha vida sempre foi imaginar. Queria ter um irmãozinho para brincar...

ASSOCIAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DO ALTO URUGUAI CATARINENSE AMAUC EDITAL DE PROCESSO SELETIVO Nº 001/2017 PREFEITURA MUNICIPAL DE IRANI - SC

Contos Clarice Lispector

5º ano. Atividade de Estudo de Português. Leia o texto abaixo. A DISCIPLINA DO AMOR

1. A língua portuguesa é viva. Palavras e expressões surgem, outras são esquecidas e algumas até somem.

O melhor amigo Interpretação de Texto para 4º e 5º Ano

DATA: 04 / 05 / 2013 I ETAPA AVALIAÇÃO ESPECIAL DE LÍNGUA PORTUGUESA 4.º ANO/EF ALUNO(A): N.º: TURMA:

UM DIA CHEIO. Língua Portuguesa. 6º Ano do Ensino Fundamental II. Nome: Maria Clara Gonçalves dos Santos. Professora: Maristela Mendes de Sousa Lara

DATA: 30 / 11 / 2016 III ETAPA AVALIAÇÃO ESPECIAL DE LÍNGUA PORTUGUESA 4.º ANO/EF ALUNO(A): N.º: TURMA: VALOR: 10,0. A máquina do tempo

DATA: 06 / 12 / 2011 III ETAPA AVALIAÇÃO ESPECIAL DE MATEMÁTICA 4.º ANO/EF ALUNO(A): N.º: TURMA: PROFESSOR(A): VALOR: 10,0 MÉDIA: 6,0 RESULTADO: %

CARGO: ENSINO FUNDAMENTAL I (1º ao 5º Ano)

DATA: 05 / 05 / 2016 I ETAPA AVALIAÇÃO ESPECIAL DE LÍNGUA PORTUGUESA 8.º ANO/EF ALUNO(A): N.º: TURMA:

COLÉGIO NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS SIMULADO/2019 1º SIMULADO BLOCO I ETAPA I - 1º ANO

GABRIEL E AS VISITAS ESPECIAIS

Funções da linguagem

Olhares. Rosângela Trajano. 2 - Por que não permitimos que os outros se aproximem de nós? 4 O que são as coisas mais simples do mundo para você?

ASSOCIAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DO ALTO URUGUAI CATARINENSE AMAUC EDITAL DE PROCESSO SELETIVO Nº 001/2017 PREFEITURA MUNICIPAL DE IRANI - SC CARGO: JUDÔ

ROTEIRO DE RECUPERAÇÃO I ETAPA LETIVA GEOGRAFIA 3.º ANO/EF

A RETEXTUALIZAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL NO ENSINO FUNDAMENTAL

AFUGANCHO UNIDADE: DATA: 19 / 08 / 2017 II ETAPA AVALIAÇÃO ESPECIAL DE LÍNGUA PORTUGUESA 3.º ANO/EF TEXTO I

02. Observe, compare os alimentos das refeições representadas abaixo e responda. Refeição 1 Refeição 2

O Rapaz e a Guitarra Mágica

Transcrição:

SOCIEDADE MINEIRA DE CULTURA Mantenedora da PUC Minas e do COLÉGIO SANTA MARIA UNIDADE: DATA: 28 / / 205 III ETAPA AVALIAÇÃO ESPECIAL DE LÍNGUA PORTUGUESA 3.º ANO/EM ALUNO(A): Nº: TURMA: PROFESSOR(A): VALOR: 6,0 MÉDIA: 3,6 RESULTADO: % Leia o texto a seguir e responda às questões de 0 a 04. FELICIDADE CLANDESTINA Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. [...] Tinha um busto enorme; enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade". Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia. Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. [...] Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam. No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo. E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que

ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados. Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler! E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer. Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindoo contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo. Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocálo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante. LISPECTOR, Clarice. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 998. p. 9-2. QUESTÃO 0 Redija um texto para demonstrar o contraste entre as descrições física e psicológica da narradora e da filha do dono da livraria. 2

QUESTÃO 02 A) Após a leitura do conto Felicidade Clandestina, nota-se que o título permite ao leitor confirmar a relação entre o título e conteúdo do texto. Justifique essa afirmativa com elementos da narrativa. QUESTÃO 03 É possível reconhecer a literatura de Clarice Lispector não apenas como um mero exercício estético, mas como um meio para compreender a própria alma humana. Qual reflexão sobre o comportamento humano o conto Felicidade clandestina apresenta? Justifique sua resposta com elementos do texto. QUESTÃO 04 Em Felicidade Clandestina, a personagem narradora ficou encantada e bastante alegre ao saber que a filha do dono da livraria lhe emprestaria o livro As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Diante de tal felicidade a menina faz a seguinte declaração: Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam. Essa declaração é formada por um período composto por coordenação ou subordinação? Justifique sua resposta, considerando a classificação das orações. 3

QUESTÃO 05 Releia os períodos a seguir. I. (...) informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. II. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria A) As orações sublinhadas nos períodos acima possuem a mesma classificação? Justifique sua resposta. Leia esta tira. B) O humor da tira relaciona-se a uma estrutura coordenada e subordinada. Justifique essa afirmativa, classificando as orações. QUESTÃO 06 (ITA-SP) Leia o texto seguinte: Levantamento inédito com dados da Receita revela quantos são, quanto ganham e no que trabalham OS RICOS BRASILEIROS QUE PAGAM IMPOSTOS. (...) Entre os nove que ganham mais de 0 milhões por ano, há cinco empresários, dois 4

empregados do setor privado, um que vive de rendas. O outro, QUEM DIRIA, é servidor público. (Veja, 2/7/2000.) A) Se a vírgula fosse empregada na oração presente no trecho em destaque, no primeiro parágrafo, haveria alteração de sentido? Justifique sua resposta. B) Por que o emprego da vírgula é obrigatório no trecho em destaque, no segundo parágrafo? O que esse trecho permite inferir? AOL/VAMR/gmf 5