A RESPONSABILIDADE PELO DESCUMPRIMENTO DE OFERTA EM CASO DE COMPRA COLETIVA.



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Transcrição:

A RESPONSABILIDADE PELO DESCUMPRIMENTO DE OFERTA EM CASO DE COMPRA COLETIVA. Camila Pereira 1 Deymes Cachoeira de Oliveira 2 SUMÁRIO Introdução. 1 O que são compras coletivas; 2 Qual a legislação aplicável; 3 Quais as partes envolvidas; 4. Quem é o fornecedor e consumidor; 5. É possível desistir; 6. Quem pode ser responsabilizado em caso de descumprimento da oferta; Considerações finais; Referência das fontes citadas. RESUMO Com a tecnologia cada dia sendo mais aprimorada, a nova estratégia do mercado vem através dos meios eletrônicos como a internet, realizar as negociações de forma mais fácil para as empresas divulgarem suas marcas, venderem seus produtos e serviços. Uma das inovações dessa maneira de venda foi às compras coletivas através do comercio eletrônico. Fazendo uma relação triangular entre consumidor, fornecedor e o comerciante. Atividade esta que vem crescendo cada dia mais. É recente no Brasil, e atende á todos os estados e respectivamente quase todas as cidades. Sistema que vem sendo bem utilizado e aceito pelos internautas. Mas, como toda invenção, gera responsabilidades sendo ela subsidiaria ou solidaria dependendo do caso em que se encontra, por isso buscase um equilíbrio no meio dessa relação. Palavras-chave: Compra coletiva. Comércio eletrônico. Código de defesa do consumidor. Fornecedor. Oferta. INTRODUÇÃO Este artigo dedica-se a estudar a Responsabilidade Civil no Descumprimento das Compras Coletivas, conforme os fundamentos jurídicos no Código Brasileiro de Defesa do Consumidor, Lei n 8.078, de 11 de Setembro de 1990. Trata-se de um tema moderno, que busca maior reconhecimento e excelência no ramo empresarial, utilizando-se como meio a internet, mais 1 Acadêmica do curso de Direito da Univali. e-mail: camila_cp6@hotmail.com. 2 Professor na Universidade do Vale do Itajaí, Mestrando em Ciência Jurídica na Universidade do Vale do Itajaí, e, e-mail: cachoeira@cc.adv.br. 331

especificadamente os sites de compras coletivas, com o intuito de ganhar clientes de uma forma criativa e segura, através de propagandas com ofertas consideradas inacreditáveis, atraindo assim, um numero maior de pessoas interessadas. Como todo negócio tem os dois lados da moeda, essa relação entre consumidor, fornecedor e comerciante gera obrigações para ambos os lados. Portanto, o presente artigo busca de alguma maneira orientar o consumidor sobre seus direitos e deveres ao efetuar uma compra através da internet, caso se arrependa ou aconteça algum descumprimento referente à oferta publicada no site. Pretende de forma simples, abordar o assunto e com isso chamar a atenção dos estudiosos dessa matéria, sobre a aplicação do Código do Consumidor dentro das obrigações nele situadas. Portanto o objetivo geral da pesquisa é contribuir para informação dos consumidores nas compras coletivas. Dessa maneira, os objetivos específicos foram, analisar a responsabilidade em caso de descumprimento de oferta; investigar qual legislação aplicável; descrever o que são compras coletivas. De acordo com a pesquisa, foram levantados os seguintes problemas: Tem legislação especifica? Qual? O consumidor tem direito a desistência? De quem é a responsabilidade em caso de descumprimento de oferta? Todavia, utilizando-se para responder, a metodologia através do método indutivo, com as técnicas de categoria, conceito operacional, pesquisa bibliográfica. 1 O QUE SÃO COMPRAS COLETIVAS? As compras coletivas são um tema atual, bastante discutido no meio jurídico, principalmente no Direito do Consumidor, por tratar-se de uma modalidade de Comercio Eletrônico, da sua facilidade em oferecer aos seus inúmeros adeptos, formas fáceis de adquirir produtos ou serviços através da internet, com grandes descontos abaixo da tabela usual do produto. Segundo Fábio Ulhoa Coelho 3 cita, Comércio eletrônico nada mais é, senão: (...) a venda de produtos (virtuais ou físicos) ou a prestação de serviços realizados em 3 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2004, v.1. 332

estabelecimento virtual. A oferta e o contrato são feitos por transmissão e recepção eletrônica de dados. O comércio eletrônico pode realizar-se através da rede mundial de computadores (comércio internáutico) ou fora dela. Dentro desse conceito de Comércio eletrônico, temos os sites que prestam o serviço de compras coletivas, através da estratégia de agilidade e economia nas vendas ganhando comissão por elas ao fazer a intermediação de maneira indireta entre o consumidor e o comerciante, como cita Dailton Felipini 4 : Para o usuário da internet, o sistema de compra coletiva é uma forma de adquirir produtos ou serviços com grandes descontos. Já para o comerciante, trata-se de uma ferramenta de marketing uma forma eficaz de trazer rapidamente um grande numero de compradores para o seu estabelecimento. Finalmente, para os empreendedores, a compra coletiva representa um novo segmento de negocio a ser explorado. Através do comércio eletrônico, vários sites de compras coletivas foram sendo criados, divulgados e popularizados, visando ganhar no total de compras, do que no lucro unitário de cada item e obtendo sucesso com o projeto. Sendo assim discorre Dailton Felipini 5, sobre compras coletivas, Sistema de compra no qual um grupo de pessoas adquire um produto com desconto em razão da maior quantidade de compradores. A divulgação e a comercialização da oferta são realizadas pela internet, (...) no qual o empreendedor cria um site de divulgação e venda de produtos em oferta e atua como intermediador entre os compradores e comerciantes. O modelo de negócio utilizado é o de corretagem. Em outras palavras, é um fenômeno de consumo on-line, que trás descontos inacreditáveis para um grupo de pessoas que estão cadastrados em um ou mais sites desse gênero de vendas, onde é estipulado pelo site e o comerciante um número mínimo de consumidores para ser validada a oferta divulgada. Quando não alcança tal percentual suficiente, é encerrada a oferta e com ela a devolução do dinheiro a quem escolheu e pagou. Tal modalidade que a cada dia ganha mais interessados cuja única razão é vender. 4 FELIPINI, Dailton. Compra coletiva: um guia para o comprador, o comerciante e o empreendedor. Rio de Janeiro: Brasport, 2011. 5 FELIPINI, Dailton. Compra coletiva: um guia para o comprador, o comerciante e o empreendedor. Rio de Janeiro: Brasport, 2011. 333

2 QUAL A LEGISLAÇÃO APLICAVEL? O Código brasileiro de defesa do consumidor, lei n. 8.078/90, prevê proteção à pessoa em qualquer relação de consumo, seja por adquirir o produto ou serviço, como destinatário final, e refere-se ao site de compras coletivas como o comerciante. Defesa do Consumidor, Como leciona Claudia Lima Marques 6, a respeito do Código de É código (todo construído sistemático) de proteção (ideia básica instrumental e organizadora do sistema de normas oriundas de varias disciplinas necessárias ao reequilíbrio e efetivação desta defesa e tutela especial) do Consumidor (sujeito de direitos protegido). Nessa perspectiva, ensina Celso Marcelo de Oliveira 7 Entende-se por Direito do Consumidor, o agrupamento de normas jurídicas que visam regular as relações estabelecidas entre a pessoa do consumidor e do fornecedor. Ao efetuar a compra, passa a existir temporariamente um pacto de obrigação de dar e receber a coisa, determinado de relação jurídica de consumo, como explana Cláudio Bonatto. 8 o vínculo que se estabelece entre um consumidor, destinatário final, e entes a ele equiparados, e um fornecedor profissional, decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um acidente de consumo, a qual sofre a incidência de norma jurídica específica, com o objetivo de harmonizar as interações naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa. Portanto o Código de Defesa do Consumidor é o ponto de equilíbrio nas relações de consumo, por trazer bem definido e distinto de que lado se encontra cada um, quais os prazos, obrigações, garantias do consumidor e do fornecedor frente a compra e venda. 6 MARQUES, Cláudia Lima. Comentários ao Condigo de Defesa do Consumidor. 3. ED.Rev., Atual e Ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. 7 OLIVEIRA, Celso Marcelo de. ADIN 2591: o direito do consumidor e os bancos. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2741 8 BONATTO, Cláudio; MORAES, Paulo Valério Dal Pai. Questões Controvertidas no Código de Defesa do Consumidor: principiologia, conceitos, contratos atuais. 5.ed.rev.atual. e ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009. 334

3 QUAIS AS PARTES ENVOLVIDAS? empreendedores. Os envolvidos são os compradores, comerciantes e O comprador ou consumidor, é a pessoa que visita o site, visualiza as propostas de produtos ou serviços, em grande maioria cadastra-se no site, tanto para efetuar a compra, no qual tem um prazo determinado para usar o cupom que adquiriu, quanto para receber em seu e-mail notificações de futuras ofertas. É o cliente, o consumidor final. Para Dailton Felipini 9, Comprador: (consumer) Internauta que adquire o produto ofertado pelo comerciante no site de compra coletiva. Já o comerciante, é o que utiliza o serviço do site de compra coletiva como marketing para sua empresa, e é o que possui o produto ou serviço e expõe no site por meio de contrato temporário, disponibilizando um numero de cupons para serem ofertados na pagina da internet, desejando obter mais clientes, logo visando lucro ao todo, após intermediação do site, ao comprador. Dessa maneira é o entendimento de Dailton Felipini 10 : Comerciante: (Merchant): fornecedor de determinado produto ou serviço que é disponibilizado ao mercado com um expressivo desconto por meio de um site de compra coletiva. Mas, para existir essa relação de consumo, como mencionado acima, temos o empreendedor, que é o intermediário e imediato nesse elo entre o comprador e comerciante, ou seja, tem os dois como seus clientes. Gerencia a compra e faz a divulgação e a venda. É a pagina comercial (site). Assim, dispõe Dailton Felipini 11 : Empreendedor: (site de compras coletivas) ter um bom lucro. Serve de intermediário entre as negociações. 9 É quem tem a garantia e a disponibilidade da oferta. 9 FELIPINI, Dailton. Compra coletiva: um guia para o comprador, o comerciante e o empreendedor. Rio de Janeiro: Brasport, 2011. 10 FELIPINI, Dailton. Compra coletiva: um guia para o comprador, o comerciante e o empreendedor. Rio de Janeiro: Brasport, 2011. 11 FELIPINI, Dailton. Compra coletiva: um guia para o comprador, o comerciante e o empreendedor. Rio de Janeiro: Brasport, 2011. 335

4 QUEM É O FORNECEDOR E CONSUMIDOR? Para chega-se à definição de fornecedor e consumidor, é necessário entender a relação que existem entre eles, para separar a responsabilidade, e então conceituar e fundamentar de acordo com o Código do Consumidor. Leciona Cavalieri Filho 12, que; A relação de consumo é a relação jurídica contratual ou extracontratual, que tem num polo o fornecedor e o consumidor, tendo por objeto a circulação de produtos e serviços. Havendo circulação de produtos e serviços entre o consumidor e o fornecedor, teremos relação de consumo regulada pelo Código de Defesa do consumidor. consumidor. Dessa maneira, passamos a conceituar e dividir o que é fornecedor e Ada Pellegrini 13, distingue os dois como, No pólo ativo da relação de consumo figura o fornecedor, assim, entendido o operador econômico, pessoa física ou jurídica, que participa do ciclo produtivo-distributivo, devolvendo a atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação exportação ou comercialização de produtos ou de prestação de serviços. No Polo passivo da mesma relação se encontra o consumidor, pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário (cf 2 ). Fundamentando tal conceito, temos no art. 3º caput do CDC 14 o conceito legal de fornecedor, dispondo: Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. 12 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. 9.Ed. São Paulo: Atlas, 2010. 13 PELLEGRINI, Ada Grinover. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor: Comentado pelos autores do Anteprojeto. 10.ED. Revista, Atualizada e Reformada Rio de Janeiro: Forense, 2011. 14 LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. disponível no site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm 336

Deixando bem especificado quais categorias se enquadram como fornecedores, e unindo os sites que efetuam as ofertas de vendas coletivas aos comerciantes que disponibilizam seus produtos. Portanto fornecedor não é só o site que oferta ás compras coletivas, mas, também o dono do produto ou do serviço, após efetuado a compra pelo site. Do outro lado temos o consumidor, que para muitos doutrinadores, é o destinatário final. De acordo com, Ada Pellegrini 15 ; O conceito de consumidor adotado pelo Código foi exclusivamente de caráter econômico, ou seja, levando-se em consideração tão somente personagem que no mercado de consumo adquire bens ou então contrata a prestação de serviços, como destinatários final, pressupondo-se que assim age com vistas ao atendimento de uma necessidade própria e não para o desenvolvimento de uma outra atividade negocial. Assim, procurou-se abstrair de tal conceituação componentes de natureza sociológica consumidor é qualquer individuo que frui ou se utiliza de bens e serviços e pertence a uma determinada categoria ou classe social. O consumidor não fica mais restringido a uma determinada categoria ou classe, pois o objetivo do site é ser popular, e atingir uma grande demanda, para isso não pode haver distinção entre as pessoas que utilizam esse meio de compra. De acordo com o artigo 29 de Código de Defesa do Consumidor 16, Art. 29 - Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. Claudia Lima Marques 17 leciona que, Destinatário final é aquele destinatário fático e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa jurídica ou física. Logo, segundo esta interpretação teleológica, não basta ser destinatário final fático do produto, retira-lo da cadeia de produção, leva-lo para o escritório ou residência, é necessário ser o destinatário final e econômico do bem, não adquiri-lo para revenda, não adquiri-lo para uso 15 PELLEGRINI, Ada Grinover. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor: Comentado pelos autores do Anteprojeto. 10.ED. Revista, Atualizada e Reformada Rio de Janeiro: Forense, 2011. 16 LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. Disponível no site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm 17 Marques, Claudia Lima. Contratos no código e defesa do consumidor. 4.ed. São Paulo: revista dos tribunais, 2002, 337

profissional, pois bem seria novamente um instrumento de produção, cujo preço será incluído no preço final do profissional que o adquiriu. Neste caso, não haveria a exigida destinação final do produto ou do serviço. Portanto o consumidor é aquele que não passa o produto para frente, ou seja, não vende novamente, utiliza para si. Pois, caso vende-se, não entraria no conceito de destinatário final, e seria mais um intermediário nessa relação de consumo. Claro que pode comprar um produto ou serviço e presentear alguém, comprar por uma pessoa que não é cadastrada ou não se encaixa na forma de pagamento expressa no site, porém não pode modificar o valor, se não passa a ser fornecedor, conforme o entendimento no Código de Defesa do Consumidor e no entendimento doutrinário. 5 É POSSIVEL DESISTIR? É cabível a faculdade de desistência, conforme prega o Código de Defesa do Consumidor 18 no seu artigo 49 e parágrafo único: Art. 49 - O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 07 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio. Parágrafo único - Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados. Tal norma foi criada, como forma de proteção ao consumidor, quando este efetua uma compra, no caso pela internet, e ao receber tal pedido, não é o esperado, ou arrepende-se de tal ato. Por isso lhe é dado um tempo, conforme artigo 49 do Código do Consumidor, acima citado. De uma forma ou de outra, a verdade é que no período de sete dias o consumidor que adquire produto ou serviço ou assina algum contrato pode desistir do negócio. Desse modo, explana Rizzatto Nunes 19, sobre a reflexão, 18 LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. disponível no site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm 338

Fala-se em prazo de reflexão porque se pressupõe que como a aquisição não partiu de uma decisão ativa, plena, do consumidor, e também como este ainda não tocou concretamente o produto ou testou o serviço, pode querer desistir do negócio depois que avaliou melhor. Ou em outros termos, a lei dá oportunidade para que o consumidor, uma vez tendo recebido o produto ou testado o serviço, possa, no prazo de sete dias, desistir da aquisição feita. O aspecto relevante é a proteção do consumidor nesse tipo de aquisição. O CDC, exatamente para proteger o consumidor nas compras (...) estabeleceu o direito de desistência a favor do consumidor. (...)Ressalte-se que a norma não exige qualquer justificativa por parte do consumidor: basta a manifestação objetiva da desistência, pura e simplesmente. No intimo, o consumidor terá suas razões para desistir, mas elas não contame não precisam ser anunciadas. Ele pode não ter simplesmente gostado da cor do tapete adquirido pelo telefone na oferta feita pela TV, ou foi seu tamanho que ele verificou ser improprio. O consumidor pode apenas não querer gastar o que iria custar o bem. Ou se arrepender mesmo. O fato é que nada disso importa. Basta manifestar objetivamente a desistência. Mediante as implicações apresentadas anteriormente por Rizzato Nunes, crê-se que o cancelamento, da compra no período pré estabelecido, é uma formalidade amparada por lei, sendo que o comerciário tem o dever de cumpri-la de maneira correta, não indagando o seu consumidor, de maneira alguma, desde que está seja feita dentro dos prazos determinados por lei ou pelo comerciário, assim temos o prazo de reflexão que tende amparar o cliente a partir de sua compra, tendo em vista que o mesmo no entusiasmo do momento pode, ter feito uma compra indesejada, contudo tem-se esse período onde a compra pode ser reavaliada e posteriormente cancelada como apresenta o citado autor: Ada Pellegrini Grinover 20 ensina que: Contagem do prazo de reflexão conta-se o prazo de reflexão a partir da conclusão do contrato de consumo ou do ato de recebimento do produto ou serviço. Aplica-se, na contagem do prazo, o art 132 e parágrafos do Código Civil, excluindo se o dia do inicio e incluindo-se o do final. Não se inicia nenhum prazo em feriado ou dia não útil e, se o dia do vencimento cair em dia não útil ou feriado, prorroga-se o prazo para o dia útil imediato. Se o produto ou serviço for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato, a partir dai é que se conta o prazo para o exercimento do direito de arrependimento. Caso o contrato seja 19 NUNES, Luís Antônio Rizzatto. Curso de Direito do Consumidor. 6.ED.Rev.e Atual. São Paulo: Saraiva 2011 20 PELLEGRINI, Ada Grinover. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor: Comentado pelos autores do Anteprojeto. 10. ED. Revista, Atualizada e Reformada Rio de Janeiro: Forense, 2011. 339

assinado num dia e o produto ou serviço entregue ou prestado em época posterior, o prazo de reflexão tem inicio a partir da efetiva entrega do produto ou prestação do serviço. (...) Não teria sentido, portanto, contar-se o curto prazo de reflexão a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios, ocorrendo a surpresa do consumidor somente quando efetivamente recebesse o produto em suas mãos. Nesse sentido, o consumidor deve precaver-se, procurando atualizar-se sobre seus direitos e garantias pertinentes em caso de desistência por qualquer que seja o motivo para não perde o prazo. Segundo Cláudia Lima Marques 21, o direito de arrependimento foi instituído para proteger a declaração de vontade do consumidor, para que essa possa ser decidida e refletida com calma, de forma a resguardá-la das técnicas agressivas de vendas a domicílio. Portanto é recomendado ao consumidor, ao solicitar o pedido de compra, analisar minuciosamente todos os detalhes pertinentes quanto a obrigação, desde a descrição do bem ou serviço até os dados da empresa do site e do produto. Conforme destaca Cavalieri Filho 22, Todas as responsabilidades pré-contratuais podem ocorrer nesse prazo de reflexão. Se nesses sete dias o produto apresentar algum vício ou ocorrer um dano pelo fato do produto, o fornecedor terá que indenizar normalmente, pelas regras do CDC. Ele não vai poder dizer que se tratava de um mero comodato e que o comprador ainda não havia assumido a posição de consumidor. Haverá contrato de compra e venda perfeito e acabado, pelo que o fornecedor terá de responder integralmente pelo contrato nesse período de reflexão. (...) Durante o prazo de reflexão, repita-se, a compra está perfeita e acabada, o comprador é o proprietário da coisa, e esta perece para o dono. Assim, por exemplo, se comprei um microcomputador (notebook) pela internet e enquanto o experimento, no prazo de reflexão, ele vem a ser furtado ou destruído em um acidente, aí já não mais posso me arrepender. Sofro os riscos normais do proprietário, os riscos da força maior e do caso fortuito.(...) Existem casos, de algumas empresas aumentarem o prazo para reflexão, porem cabe ao consumidor basear-se no mínimo legal, para 21 MARQUES, Claudia Lima. Contratos no Código e Defesa do Consumidor. 5. ED. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. 22 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Direito do Consumidor. São Paulo: Atlas, 2008. 340

resguarda seu direito, caso em que não consiga provar que teve o beneficio de prazo maior que estabelece a lei. Se houver furto, roubo ou perda do objeto, depende do caso, como se o fornecedor foi notificado da desistência e aconteceu um desses imprevistos, e o consumidor fez o boletim de ocorrência, cabe exclusivamente ao fornecedor o prejuízo e responsabilidade. Caso contrario as despesas são inteiramente do consumidor. Conforme destaca Rizzatto Nunes 23, Com o implemento do setor, os vendedores passaram a ofertar prazo maior do que sete dias para reflexão e desistência. São vários os anunciantes que garantem 10, 15 e até 30 dias para a desistência do negocio. Nesses casos, como a oferta vincula o fornecedor e como o prazo de 7 dias do art 49 é um mínimo legal, nada impede que seja ampliado pelo fornecedor. (...)O consumidor não precisa justificar-se. Porem necessita manifestar objetivamente a desistência. Como de regra, o prazo de 7 dias é curto e, portanto escoa rapidamente, o consumidor tem de ser cauteloso. A lei não obriga a nenhuma maneira especifica de manifestação da desistência. Ora, como para comprar basta que o consumidor utilize o telefone, ou a internet, ou o correio, para desistir tambem pode fazê-lo: a) Avisando o fornecedor pelo telefone; b) Comunicando-o pela internet; c) Notificando-o por correspondência por meio de correio; d) Por carta entregue pessoalmente no domicilio do fornecedor, de seu preposto ou representante; e) Por telegrama enviado pelo posto do correio ou por telefone (fonegrama); f) Por notificação via cartório de títulos e documentos, caso queira; etc. De acordo com o pensamento de Rizzatto Nunes 24, Como o prazo é sempre contado a favor do consumidor e como ele (consumidor) não dispõe dos meios (nem os controla) para garantir que a desistência chegue ao fornecedor no prazo (até porque, como se sabe, na maior parte das opções de aviso, o consumidor depende de outro fornecedor: correio, companhia telefônica, provedor da internet, cartório), deve-se contar o prazo como o da remessa do aviso. 23 NUNES, Luís Antônio Rizzatto. Curso de Direito do Consumidor. 6.ED.Rev.e Atual. São Paulo: Saraiva, 2011. 24 NUNES, Luís Antônio Rizzatto. Curso de Direito do Consumidor. 6.ED.Rev.e Atual. São Paulo: Saraiva, 2011. 341

Portanto, o prazo estabelecido de sete dias é para manifestação objetiva da desistência, e tem validade obviamente se respeitado conforme estabelecidos os prazos na lei, independentemente se o fornecedor tomou ciência após o prazo. Tal direito é visto como se o fato não tivesse existido. Exemplo, determinada pessoa ao efetuar uma compra, recebe o produto em casa, e ao se deparar com ele resolve desistir, não querer mais, dentro do prazo que lhe cabe, acionando o fornecedor e avisando que quer a devolução do dinheiro, e está enviando o produto novamente. Não cabe ao fornecedor questionar ou tentar fazer uma troca, a vontade do agente é reaver o dinheiro. No prazo, tem a garantia de devolução imediata. Quanto á devolução do produto, cabe ao fornecedor disponibilizar alguém que venha buscar tal objeto, ou ressarcir a despesa do consumidor na devolução, pois, não é cabível ao consumidor, nenhuma despesa do tipo. Afinal, pode acontecer algum imprevisto no decorrer do caminho, e o consumidor não será responsabilizado, depois de ter notificado o fornecedor, da desistência. 6 QUEM PODE SER RESPONSABILIZADO EM CASO DE DESCUMPRIMENTO DA OFERTA? Em caso de Descumprimento da oferta publicada, a responsabilidade cabe ao fornecedor, conforme dispõe o artigo 34 e 35 do Código de Defesa do consumidor 25 : Art. 34 - O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus propostos ou representantes autônomos. Art. 35 - Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia e eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos. 25 LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. disponível no site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm 342

Cavalieri Filho 26 comenta o referido artigo da seguinte forma: A responsabilidade estabelecida no Código de defesa do consumidor é objetiva, fundada no dever e segurança do fornecedor em relação os produtos e serviços lançados no mercado de consumo, razão pela qual não seria também demasiado afirmar que, a partir dele, a responsabilidade objetiva, que era exceção em nosso direito, passou a ter um campo e incidência mais vasto do que a própria responsabilidade subjetiva. O fornecedor é a empresa que detêm o produto ou que irá prestar o serviço, e nessa situação enquadra-se também como fornecedor o site de ofertas de compras coletivas. No entendimento de Claudia Lima Marques 27, O art 35 é bem claro ao especificar que, se o empresário recusar dar cumprimento à sua oferta, consumidor poderá exigir o cumprimento forçado da obrigação. Nota-se aqui que o CDC pressupõe o fechamento do contrato em virtude da simples manifestação do consumidor aceitando a oferta. Já em relação a compra coletiva, Claudia Lima Marques 28 entende ser oportuno aplicar o artigo 35 do Código de Defesa do Consumidor, de modo a sanear condutas irregulares no mercado, conforme se segue: A utilização do art 35 em ações coletivas (não necessariamente de origem contratual), visando o cumprimento da promessa feita através da publicidade, teria efeitos verdadeiramente saneadores no mercado, evitando publicidades falsas. Todavia, quando a oferta divulgada não é cumprida, a propaganda no site se torna ilícita, ocasionando danos, referentes ao desrespeito ao consumidor, infringindo o principio da boa fé. Portanto Claudia Marques 29 explica, No inc.iii do art 35 fica ainda mais clara a suposição, no sistema do CDC, da conclusão do contrato entre fornecedor ofertante e consumidor. Este inc III, refere-se ao direito de rescindir o contrato. Logo, se a rescisão tiver por motivo a recusa do 26 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. 9.Ed. São Paulo: Atlas, 2010. 27 MARQUES, Cláudia Lima. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 3. ED.Rev., Atual e Ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010 28 MARQUES, Cláudia Lima. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 3. ED.Rev., Atual e Ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. 29 MARQUES, Cláudia Lima. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 3. ED.Rev., Atual e Ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. 343

fornecedor de dar cumprimento à sua oferta, oferta esta que representa agora o conteúdo do contrato firmado, o CDC assegura ao consumidor o direito de ver ressarcidas as suas eventuais perdas (restituição da quantia paga, monetariamente atualizada, qualquer outro dano emergente e lucro cessantes). Para que o consumidor consiga o ressarcimento dos valores demandados, é preciso saber a quem responsabilizar, afinal, na hora de reclamar um fica passando a responsabilidade para o outro, e ninguém assume o erro pelo fato ocorrido. Quando por eventualidade se tratar de publicidade, a responsabilidade é objetiva do site, ou seja, o erro foi somente dele e ficou claro e evidente, logo o site terá que se retratar com o consumidor de alguma maneira, e cabe ao autor (consumidor) provar o conteúdo originalmente divulgado. Na preciosa lição de Alberto do Amaral Junior 30, O principio da vinculação publicitaria realiza-se de dois modos diversos. Se o fornecedor deixar de cumprir o que prometeu, o consumidor poderá escolher entre o cumprimento forçado da obrigação de outro bem de consumo. Se o contrato já tiver sido concluído, deixando contudo de mencionar algum elemento previsto na oferta ou publicidade, é licito ao consumidor exigir a sua rescisão, com restituição da quantia paga, mais perdas e danos. Se o dano for causado por que o serviço não foi feito como mencionado no site, ou não veio o produto conforme ilustração no site como fornecido pelo comerciante, à responsabilidade recai objetivamente sobre o comerciante. Assim menciona Alberto do Amaral Junior 31, Mas não só ele, pois o anunciante indireto, aquele se aproveita do anuncio de terceiro (o comerciante, por exemplo, em relação ao anuncio do fabricante), também pode ser responsabilizado, em especial quando representante do anunciante direto ou na hipótese de utilizar, no seu estabelecimento, o anuncio em questão. Quando ocorrer determinado dano, causado por vicio ou defeito na qualidade de bens ou serviços, além de atingir o próprio consumidor, afetar terceiro alheio à própria relação jurídica de consumo. Juntamente para tutelar os direitos e os interesses daquele, integrante ou não da relação de consumo, que sofreu 30 JUNIOR, Alberto do Amaral. Responsabilidade pelos Vícios do produto no Código de Defesa do Consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1991. 31 JUNIOR, Alberto do Amaral. Responsabilidade pelos Vícios do produto no Código de Defesa do Consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1991. 344

dano ou prejuízo, dispõe o art 17 do CDC que para os efeitos desta seção (da responsabilidade pelo fato do produto ou serviço), equipara-se aos consumidores todas as vitimas do evento. Desta feita, como dito acima, o cumprimento é do fornecedor, contudo, esporadicamente atinge o comerciante, consequentemente afetando o consumidor. O Código de Defesa do Consumidor 32, no art. 12 dispõe: Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. Percebe-se que, nos casos em que não for cumprida a oferta divulgada, tanto o fornecedor do bem ou serviço, quanto o site que divulgou a oferta pode ser responsabilizado pelo fato do descumprimento, cabendo a ele atender a vontade do consumidor, como optar pela troca ou ressarcimento do valor. Caso isso não aconteça, o consumidor pode ir ao Procon, ou abrir um processo pelo dano que lhe foi causado. Ou, ainda, quando o produto ou serviço adquirido não apresentar conformidades, além destes, o fabricante poderá responder pela ação. CONSIDERAÇÕES FINAIS O Código do consumidor, apesar de ser desde 1990, e não trazer expresso um artigo que trate sobre as compras coletivas, que é outro tema novíssimo e 32 LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. disponível no site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm 345

bastante comentado no meio jurídico. Mas em alguns artigos consegue-se proteger o consumidor dos danos, sejam eles já causados ou futuros. A impressão que se tem da lei 8.078/90 de que ela é totalmente objetiva e direta ao tratar sobre consumidor e fornecedor. Tanto é que descreve minuciosamente apontando o conceito de consumidor e alegando que ele é vulnerável e que de alguma maneira será ressarcido, e também ao fornecedor que é totalmente responsável, claro, em alguns casos, a culpa recai sobre o consumidor, na maioria das vezes quando é provada a culpa ou quando assim a lei determina. É evidente que o prejuízo não é só do consumidor, mas nesse tipo de negociação ele fica de mãos atadas, não sabendo a quem recorrer, e como ser ressarcido por tal dano, afinal nesses casos, os fornecedores usam do contrato que foi firmado. Mesmo que não tenha prejuízo, mas o consumidor desejar desistir do produto, é possível, dentro do prazo determinado de sete dias, podendo essa desistência ser no ultimo dia. Cabe a ele comunicar ao fornecedor que não quer mais o produto, e pedir que venham buscar, afinal, se ele enviar, ainda terá despesa de se deslocar, e pagar pela entrega do produto. Lembrando que no meio dessa desistência, se em caso de perda, furto, roubo, ele tenha notificado o fornecedor, e feito o boletim de ocorrências de tal evento, nada acarretará ao consumidor. Caso contrário, o prejuízo é seu. Portanto o presente artigo vem de uma forma sintetizar a Responsabilidade Civil pelo Descumprimento de Oferta em Caso de Compra Coletiva, atentando o consumidor sobre seus direitos, e alertando ao aderir a essa modalidade, que o Código de defesa do Consumidor, tem todos os aparatos para responsabilizar os prestadores de serviços e produtos. Dessa maneira, todas as hipóteses foram confirmadas, como a legislação aplicável é o Código de defesa do consumidor, é aplicável a responsabilidade em caso de descumprimento de oferta, e a desistência do produto ou serviço. REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS BONATTO, Cláudio; MORAES, Paulo Valério Dal Pai. Questões Controvertidas no Código de Defesa do Consumidor: principiologia, conceitos, contratos atuais. 5 ed. Rev. Atual. e Ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009. BRASIL. LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. disponível no site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Direito do Consumidor. São Paulo: Atlas, 2008. CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2010. COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2004, v.1. 346

FELIPINI, Dailton. Compra coletiva: um guia para o comprador, o comerciante e o empreendedor. Rio de Janeiro: Brasport, 2011. JUNIOR, Alberto do Amaral. Responsabilidade pelos Vícios do produto no Código de Defesa do Consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1991. MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor: o novo regime das relações contratuais. 4 ed. Rev. Atual e ampliada. incluindo mais de 1.000 decisões jurisprudenciais. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002. MARQUES, Cláudia Lima. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 3. ED.Rev., Atual e Ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. NUNES, Luís Antônio Rizzatto. Curso de Direito do Consumidor. 6 ed. Rev. e Atual. São Paulo: Saraiva, 2011. OLIVEIRA, Celso Marcelo de. ADIN 2591: o direito do consumidor e os bancos. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2741 PELLEGRINI, Ada Grinover. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor: Comentado pelos autores do Anteprojeto. 10.ED. Revista, Atualizada e Reformada Rio de Janeiro: Forense, 2011. 347